1201 - MANUEL CAMBALACHO

Ao nascer no íntimo de uma família com forte tradições no futebol nacional, sobrinho de Octávio Cambalacho e Osvaldo Cambalacho, a escolha do jovem Manuel pelo “jogo da bola”, a poucos haveria de surpreender. Depois de entrar para as “escolas” do Seixal Futebol Clube, emblema da sua e da terra natal dos aludidos tios maternos, a evolução do atacante logo deixaria destapar um intérprete de boas qualidades. Tal facto, após escalar alguns degraus no crescimento enquanto atleta, seria aferido pela chamada à selecção de juniores da Associação de Futebol de Setúbal. Porém, com o conjunto sediado no Campo do Bravo a militar nos escalões secundários, a sua promoção à equipa principal afastá-lo-ia, durante alguns anos, dos principais palcos do desporto português.
Com os emblemas da Margem Sul a alimentarem a sua preponderância no contexto competitivo nacional, o Seixal haveria de “apontar baterias” a objectivos de monta maior. Nesse sentido, a temporada de 1961/62, com Manuel Cambalacho a sublinhar a sua importância na linha ofensiva do clube, traria o primeiro grande troféu aos escaparates da agremiação e, por conseguinte, ao palmarés do avançado. A edição de estreia da Taça Ribeiro dos Reis, com o extremo-direito a titular, encaminharia o clube para o derradeiro desafio da competição. Numa partida disputada no Estádio do Restelo, os “Rapazes do Bravo” bateriam, por 4-2, os transmontanos do Vila Real e atravessariam o Rio Tejo na posse do recém-criado troféu.
Já na temporada de 1962/63, o Seixal viveria um dos episódios mais importantes da sua existência. Depois de terminar o campeonato no posto cimeiro da Zona Sul da 2ª divisão, a posição na tabela classificativa traduzir-se-ia pela subida de escalão. Com a colectividade e o atacante a estrearem-se no patamar maior, as exibições de Manuel Cambalacho haveriam de receber rasgados elogios. Como um dos titulares e ao marcar presença em 21 jornadas, o extremo tornar-se-ia num dos pilares da dura luta pela manutenção. Conseguida a permanência, o desafio traçado para 1964/65 terminaria de forma antagónica ao da campanha anterior e a descida tornar-se-ia numa fatal inevitabilidade. Ainda assim, momentos houve dignos de figurar, pelo menos, como uma curiosidade. Numa das piores prestações colectivas do ano, a goleada sofrida no Estádio da Luz por 11-3, numa campanha em que o Benfica sofreria apenas 8 golos “caseiros”, destacaria o avançado pelos 2 remates certeiros.
Numa vida dedicada ao Seixal Futebol Clube, o avançado, após terminar a caminhada de futebolista, continuaria ligado ao emblema. Durante vários anos dedicar-se-ia às responsabilidades de dirigente, às tarefas de treinador nas camadas jovens e fundaria a equipa de veteranos. Fora dos estádios, faria parte do elenco da Rádio Baía, como comentador desportivo. Para terminar, impossível não fazer referência às homenagens. Primeiro, o galardão entregue pela Federação Portuguesa de Futebol, que premiaria a totalidade de uma carreira competitiva sem punições. Por fim, a distinção da Câmara de Municipal do Seixal que, em 1996, entregaria a Manuel Cambalacho a medalha de Mérito Desportivo.

Sem comentários: