1503 - BELO

José António Pinto Belo estrear-se-ia na equipa principal da Académica de Coimbra no decorrer da temporada de 1966/67. Lançado por Mário Wilson numa partida a contar para a Taça de Portugal, o defesa, na época de arranque enquanto sénior, acabaria ultrapassado por outros elementos mais tarimbados, casos de Rui Rodrigues, Curado e Vieira Nunes. Porém, de forma progressiva, o jovem praticante começaria a ganhar algum espaço nas manobras tácticas da “Briosa”. Com a evolução a mostrá-lo como um dos bons elementos daquela que viria a ser a época de ouro do conjunto conimbricense, o atleta também participaria em momentos históricos para o emblema beirão. O primeiro desses episódios emergiria com a primeira participação dos “Estudantes” nas competições de índole continental. Inseridos na edição de 1968/69 da Taça das Cidades com Feira, o jogador seria chamado à peleja da 1ª eliminatória e, com a sorte a ditar um embate frente aos gauleses do Olympique Lyon, a sua entrada em campo aconteceria na 2ª mão, na vitória caseira por 1-0.
Nas provas sob a alçada organizativa da UEFA é impossível esquecermo-nos da brilhante campanha da Académica de Coimbra na Taça dos Vencedores das Taças de 1969/70. Na referida competição, Belo participaria em metade das partidas que levariam os “Estudantes” até aos quartos-de-final. Todavia, essa inolvidável participação seria resultado de outro momento de extrema importância, não só desportiva, mas igualmente de cariz político. Com a luta estudantil no auge, o defesa-central seria um dos elementos da “Briosa” que, escalonado por Francisco Andrade, entraria em campo no derradeiro desafio da Taça de Portugal de 1968/69 – “Na final, soubemos dizer a todos os portugueses de que lado estávamos nesse tão sensível momento político. Soubemos afrontar o velho regime, de 'peito feito', perante dezenas e dezenas de milhares de portugueses”*.
Apesar da derrota frente ao Benfica, a aludida partida da apelidada “Prova Rainha”, disputada no Estádio do Jamor, serviria, ainda mais, para sublinhar Belo como um dos grandes símbolos da Académica de Coimbra. Claro que muitos mais aspectos serviriam para gravar o nome do defesa-central nos anais da colectividade coimbrã. Uma dessas facetas, incontornável na essência do clube, seria o seu estatuto de estudante-atleta. Como aluno da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, o brilhantismo conseguido como estudante, mesmo tendo em conta a honrosa carreira desportiva, seria bem superior aos êxitos alcançados como futebolista. Nesse trajecto competitivo, que incluiria 1 internacional pelos juniores de Portugal, Belo vestiria a camisola negra por 13 temporadas e só deixaria a “Briosa” com o termo da campanha de 1978/79.
Antes de “pendurar as chuteiras”, Belo viajaria até à Região do Oeste e no Ginásio de Alcobaça, depois de cumprida a temporada de 1979/80, decidiria ser a hora certa para pôr termo à carreira de atleta. De seguida abraçaria uma série de diferentes cargos, nos quais estão os papéis como Vereador da Câmara Municipal de Coimbra, Presidente-Administrador das Comissões de Conciliação e Julgamento, Assessor do Secretário-Adjunto para os Assuntos Sociais do Governo de Macau, Assessor Principal do Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho, Secretário-Geral da Provedoria de Justiça ou Inspector Superior Principal do quadro de pessoal técnico de inspecção do trabalho. Ligado ao futebol, há também a referir o seu trabalho como Assessor Jurídico do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, como Presidente do Núcleo de Veteranos da Académica de Coimbra ou ainda como Vice-Presidente da Casa Académica de Lisboa.

*retirado do artigo publicado a 16/04/2019, em www.dn.pt

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