1345 - VIEIRA NUNES

Com a formação feita nas “escolas” do FC Porto, Vieira Nunes conseguiria estrear-se no patamar sénior, na temporada de 1964/65, com as cores da Académica. Contudo, a mudança para a cidade de Coimbra, com o objectivo primeiro de dar continuidade aos estudos, integraria o defesa-central num plantel riquíssimo. Num conjunto que, só no sector mais recuado, contava com nomes míticos como Mário Torres, Rui Rodrigues, António Marques ou ainda Curado, o jovem praticante encontraria bastantes dificuldades para alcançar um lugar no “onze” orientado por Mário Wilson. Ainda assim, o jogador, tido como um elemento extremamente inteligente, haveria de participar em momentos de inolvidável importância para a história da “Briosa”.
Sem ser um elemento de fulcral preponderância nos desenhos tácticos da equipa beirã, Vieira Nunes tomaria o seu lugar numa das mais incríveis campanhas da Académica. Com os “Estudantes” a lutar pelos lugares cimeiros das competições nacionais, a temporada de 1966/67 terminaria com a agremiação coimbrã no 2º posto do Campeonato Nacional e com a participação na final da Taça de Portugal. No derradeiro jogo da prova, o defesa seria escolhido para o alinhamento inicial que, frente ao Vitória Futebol Clube, acabaria por não conseguir levar de vencido o aludido desafio. Já na época de 1968/69, finalmente como um elemento, no grupo de trabalho, a auferir do estatuto de titular, o atleta voltaria a entrar em campo no derradeiro embate da apelidada “Prova Rainha”. No Estádio do Jamor, na tarde que ficaria marcada pelo protesto estudantil contra o vigente regime totalitarista, o jogador, mais uma vez, veria o troféu a ser entregue ao adversário, dessa feita, o Benfica.
Com tamanhas prestações colectivas e com os desempenhos individuais a levá-lo a uma evolução ascendente, outros horizontes começariam a abrir-se à caminhada do defesa-central. Uma dessas portas acabaria por ser a da Federação Portuguesa de Futebol. Ao serviço das “esperanças” lusas, actuais sub-21, Vieira Nunes, na primeira e única internacionalização da sua carreira, seria chamado a uma peleja frente a Espanha. Na partida disputada no Estádio de Alvalade, a 22 de Novembro de 1967, teria como companheiros Damas, Artur Jorge, Pavão, Toni, Tomé ou Vítor Batista. Presente no seio de uma equipa recheada de craques, a sua participação no eixo defensivo, acabaria a contribuir para o empate a duas bolas.
Com o termo da ligação de 5 temporadas à Académica de Coimbra, o passo seguinte no seu trajecto clubístico levá-lo-ia a retornar à “Cidade Invicta”. De regresso ao FC Porto, como reforço para 1969/70, Vieira Nunes, numa campanha em que teria três treinadores diferentes, conseguiria manter-se como um dos elementos a merecer a confiança tanto de Elek Schwartz, de Vieirinha e de Tommy Docherty. Curiosamente, depois do arranque auspicioso, o defesa só voltaria a ter uma tão grande preponderância no “onze” dos “Azuis e Brancos”, na época de 1974/75, o último ano em que representaria os “Dragões”. Pelo meio, um episódio bem curioso que, em Janeiro de 1970, no Brasil e na inauguração da casa do São Paulo, inscreveria o seu nome como o do primeiro atleta a marcar no famoso Estádio do Morumbi.
Com o final da carreira ainda a contar com passagens de uma temporada ao serviço do Sporting de Braga e, depois do Minho, com mais uma campanha com a camisola do Salgueiros, não demoraria muito mais tempo para que Vieira Nunes passasse a abraçar as funções de treinador. Como técnico-principal, num trajecto que começaria em 1979 e ultrapassaria a viragem do milénio, destaque para as campanhas realizadas na 1ª divisão. Desse modo, há que nomear as experiências à frente do Sporting da Covilhã e do “O Elvas” CAD, como as de maior realce.

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