1510 - PEPE

Descoberto nas camadas jovens do Corinthians Alagoano, Kleper Laveran de Lima Ferreira, popularizado no mundo do futebol como Pepe, haveria de chegar ao Marítimo na temporada de 2001/02. Ao começar pela equipa “B”, o defesa-central depressa revelaria qualidades para integrar o plantel principal dos “Leões do Almirante Reis”. Ainda durante a campanha de chegada à Madeira, o jogador, sob a alçada de Nelo Vingada, faria a estreia na 1ª divisão portuguesa. Já na época seguinte, com o crescimento revelado, o atleta, mesmo com algumas partidas cumpridas pelo conjunto secundário dos “Insulares”, instalar-se-ia na primeira equipa e acabaria o ano desportivo aferido como uma das grandes promessas a actuar no futebol luso.
O potencial revelado levá-lo-ia a treinar, no início da temporada de 2002/03 com o Sporting. Contudo, algo haveria de falhar nas negociações e a mudança acabaria por abortar – “As coisas estavam acordadas. O período de experiência que o Sporting tinha pedido ao Marítimo estava a terminar e pelo que o treinador do Sporting (Boloni) me disse, queriam contratar-me. Já estava no ponto de procurar casa em Lisboa, mas à tarde o presidente do Marítimo ligou e disse-me que tinha um voo a determinada hora e tinha de regressar ao Funchal, porque não tinham chegado a acordo. Meti-me no avião e fui...”*.
Apesar da normal desilusão, Pepe manteria uma atitude inabalável e cumprida mais uma temporada ao serviço do Marítimo, a oportunidade para transitar para um emblema de outra monta voltaria a surgir. Dessa feita, o interessado seria o FC Porto e o defesa-central acabaria apresentado como reforço dos “Dragões” para a campanha de 2004/05. Os 3 anos passados na “Cidade Invicta”, muito para além dos títulos colectivos ganhos, serviriam para catapultar o jogador para um nível ainda superior. Com as vitórias em 2 Campeonatos Nacionais, 1 Taça de Portugal e 1 Supertaça a abrilhantarem o seu palmarés, seria a vez do Real Madrid vir a interessar-se no concurso do atleta. A transferência aconteceria na preparação da época de 2007/08 e os “Merengues”, numa ligação de uma década, tornar-se-iam no emblema mais representativo da sua carreira.
Seria no começo da ligação à agremiação da capital espanhola que Pepe, de naturalidade brasileira, veria o seu processo de naturalização concluído. Ao puder optar por duas selecções, a escolha do defesa-central recairia na equipa portuguesa. Com a estreia, pela mão de Luíz Felipe Scolari, a acontecer a 21 de Novembro de 2007, a partida frente à Finlândia marcaria o arranque de uma caminhada que, para além das 141 internacionalizações, levaria o atleta a participar nas fases finais dos mais importantes certames a nível global. Nesse campo, num total de 4 Mundiais, 5 Europeus, 1 Taça das Confederações e 1 Liga das Nações, o destaque iria naturalmente para os títulos conquistados. Com a presença na final, o primeiro triunfo emergiria no Euro 2016. Sensivelmente 3 anos após o referido sucesso, viria a “final four” da edição de 2019 da Liga das Nações e, do certame disputado em Portugal, surgiria o segundo troféu ganho com a “camisola das quinas”.
Ao serviço do Real Madrid também seriam os troféus que maior destaque mereceriam. Quase sempre tido como um dos nomes imprescindíveis no alinhamento inicial da equipa, Pepe, que durante esse longo período, para além de partilhar o balneário com inúmeros craques bem conhecidos do futebol português, ainda jogaria ao lado de Cristiano Ronaldo, Fábio Coentrão e Ricardo Carvalho, seria um dos pilares do sucesso “madridista” dentro e fora de portas. Mais uma vez a enriquecer um currículo já deveras faustoso, o atleta adicionaria ao palmarés pessoal as vitórias em 3 La Ligas, 2 Copas del Rey, 2 Supercopas, 3 Ligas dos Campeões, 1 Supertaça da UEFA e 2 Campeonatos do Mundo de Clubes da FIFA.
Apesar do êxito alcançado em Espanha, a ligação ao Real Madrid conheceria o fim com o tremo da temporada de 2016/17. Seguir-se-ia a experiência de ano e meio ao serviço do Besiktas, onde encontraria Ricardo Quaresma. Contudo, por razão da fraca situação financeira do clube, a ligação ao emblema turco terminaria abruptamente, dando azo ao seu regresso ao FC Porto. De volta aos “Azuis e Brancos” na abertura do “Mercado de Inverno de 2019”, o defesa-central, mesmo como um veterano da modalidade, não deixaria de, mais uma vez, assumir a titularidade dos “Dragões”. Assim conseguiria manter-se durante as campanhas seguintes, mesmo que as últimas épocas já tenham revelado algumas debilidades em termos de lesões. Ainda assim, conservar-se-ia em bom plano até ao final das provas agendadas para 2023/24, com o Europeu disputado na Alemanha a registar as suas derradeiras aparições como futebolista.

*retirado do artigo publicado a 11/04/2016, em www.ojogo.pt

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