1452 - HOMERO SERPA

Se existem nomes, de estatura imensurável, que tiverem a habilidade de, com a obra erigida, alimentar a consciência desportiva de um povo, Homero Serpa, com indubitável nobreza e enorme sabedoria, soube ser uma dessas figuras. A atestar a grandeza do trabalho por si apresentado, posso aludir, como a primeira de muitas provas, a reconhecida relação ao Belenenses. No entanto, apesar de assumida a paixão – porque não? – nunca esse laço afectou a imparcialidade do seu pensamento e, mormente, a isenção dos seus textos.
Apesar de outras ligações ao desporto, por exemplo como nadador, foi na escrita jornalística que Homero Serpa conseguiria almejar grande relevo e merecidos louvores. Tendo cooperado com diversos títulos, o maior destaque nessas colaborações, depois de participar no jornal do Belenenses, viria em 1955 com a sua entrada na “A Bola”. Naquele que ainda é, aos dias de hoje, um dos principais cabeçalhos da imprensa portuguesa, a publicação fundada, a par de Vicente de Melo, por outros dois grandes vultos do futebol luso, isto é, Cândido de Oliveira e Ribeiro dos Reis, serviria de principal alicerce à incontornabilidade com que no tempo presente, e igualmente em tempos futuros, o seu nome é citado.
Para além de um imenso rol de funções sabiamente desempenhadas no jornalismo, há a destacar, como principal interesse neste pequeno texto de alusão à sua preenchida vida, a ligação ao comando técnico da equipa sénior do Belenenses. Nesse sentido, numa época de 1970/71, iniciada com Joaquim Meirim como timoneiro principal, os maus desempenhos colectivos levariam os dirigentes do clube a repensar a estratégia erguida no encetar da referida campanha. Com a troca de treinadores a acontecer no rescaldo da 18ª ronda do Campeonato Nacional da 1ª divisão, a solução encontrada para a desejada salvação do emblema a disputar as contendas caseiras no Estádio do Restelo, emergiria de uma surpreendente dupla. Convidado Mourinho Félix para, em paralelo com o exercício de guarda-redes, assumir as tarefas relacionadas com os trabalhos efectuados em campo, a Homero Serpa, na empreitada a comandar o destino dos “Azuis”, caberia o cargo de Director Técnico.
Mesmo sem grande experiência nas respectivas incumbências, o par, usando os bons recursos disponíveis, casos de Freitas, Alfredo Quaresma, Estêvão, Alfredo Murça, João Cardoso, Godinho, Quinito, entre outros, conseguiria, no que ainda havia der sobrar da época, alimentar de ânimo um grupo de trabalho a revelar incontestável categoria. A partir do momento em que viriam a assumir o repto lançado pelos corpos directivos do Belenenses, até ao termo da prova de maior relevo no calendário futebolístico luso, Homero Serpa e Mourinho Félix levariam o emblema da “Cruz de Cristo” a uma senda positiva e que, na sua essência, afastaria a agremiação lisboeta de uma hipotética e indesejada descida de escalão.

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