1672 - JOSÉ RAFAEL

Com o percurso formativo feito no Farense, seria ainda inscrito como júnior que José António Silvestre Rafael acabaria chamado, por Manuel Oliveira, aos trabalhos da equipa principal. Nessa campanha de 1975/76, o avançado-centro, caracterizado por ser um praticante veloz, de enorme agilidade e com enorme faro para o golo, daria os primeiros passos numa carreira a entregá-lo, logo na época seguinte e resultado da despromoção do clube, às pelejas da 2ª divisão. No entanto, apesar do percalço competitivo, a cotação do jovem atleta não sairia beliscada e a prova surgiria, pouco tempo depois, com a chamada aos sub-18 de Portugal.
Com a primeira aparição a acontecer, pelas mãos de Peres Bandeira, a 26 de Outubro de 1976, as boas prestações que conseguiria com a “camisola das quinas” levá-lo-iam a manter-se como um dos elementos com presença assídua nas convocatórias das selecções. Ainda no escalão referido no termo do parágrafo anterior, o jogador conseguiria mais umas quantas chamadas, com a edição de 1977 do Torneio Internacional de Cannes a constituir o apogeu dessa experiência. Seguir-se-iam, bem mais à frente na carreira, as convocatórias para os “olímpicos”. Todavia, seria a passagem pelo conjunto “A” luso que mais embelezaria o currículo do ponta-de-lança. Nesse contexto, com José Torres como principal timoneiro, o atacante participaria na Fase de Apuramento para o Mundial de 1986 e surgiria, a 12 de Outubro de 1985, como um dos goleadores na vitória, por 3-2, frente a Malta. Passados uns dias voltaria a marcar presença em campo e, no inolvidável triunfo forasteiro frente à Republica Federal da Alemanha, ajudaria a selar a qualificação para o certame organizado no México.
Com o Farense longe dos principais palcos do futebol luso, as temporadas a seguir à primeira chamada de José Rafael à equipa principal seriam cumpridas no escalão secundário. Ainda assim, o avançado não ficaria afectado por tal desígnio e continuaria a revelar enormes habilidades futebolísticas. Nesse sentido, em 1977/78, o ponta-de-lança, que a meio da referida campanha deixaria o Algarve para uma curta passagem por Toronto e pelo First Portuguese, ainda conseguiria consagrar-se como o melhor marcador do conjunto do Sotavento. Pouco tempo depois da experiência na Canadian National Soccer League, dar-se-ia o regresso aos “Leões de Faro” e o atacante, algum tempo depois de voltar a Portugal, teria a oportunidade de fazer a estreia na 1ª divisão.
Apesar de ter regressado para representar o Farense, seria a transferência para o Portimonense a dar-lhe a oportunidade de conseguir exibir-se entre os “grandes”. Apresentado como reforço do plantel de 1979/80 dos “Alvi-negros”, onde voltaria a encontrar-se com Manuel Oliveira, José Rafael, por razão do Serviço Militar Obrigatório, não revelaria, na experiência de 2 anos, números condizentes com o seu real valor. Seria necessária nova mudança de emblema para que esses parâmetros emergissem como uma realidade segura. No Amora a partir de 1981/82, época em que a colectividade da Margem Sul faria a estreia na 1ª divisão, a sua passagem de 2 campanhas pela Medideira levá-lo-ia a consagrar-se como um dos bons intérpretes a exibir-se no mais alto patamar português. Tal acréscimo de valor fá-lo-ia ser cobiçado por diversas agremiações. Contudo, apesar de tentado por Académica de Coimbra, Vitória Sport Clube e Beira-Mar, seria a “paixão” pelo emblema onde havia cumprido toda a formação a apelar ao seu coração.
Titular no Farense de 1983/84, onde faria parte de um tridente ofensivo também composto por Gil e por César, José Rafael, apesar das belíssimas exibições, veria uma grave lesão a comprometer o seu desempenho. Ainda assim, o fim das provas agendadas para a campanha aludida no começo deste parágrafo, empurrá-lo-ia para uma nova colectividade. Com a entrada no Boavista, onde, em 1984/85, passaria a ser orientado por Mário Wilson, o avançado-centro, mesmo com a concorrência de colegas como Filipovic ou Coelho, conseguiria destacar-se. Tal relevo faria com que o avançado-centro iniciasse no Bessa, com as chamadas à selecção “A” e o convite para ingressar no Sporting como os pináculos desse capítulo, o melhor trecho da sua carreira. Também nesse contexto, com as “Panteras” na luta pelos lugares cimeiros do Campeonato Nacional, as competições organizadas pela UEFA passariam igualmente a fazer parte do seu percurso. Todavia, outra mazela física voltaria a assolá-lo durante aquela que viria a tornar-se na derradeira época realizada pelos “Axadrezados” e o avançado, cumprida a temporada de 1986/87, deixaria a “Cidade Invicta”.
Seguir-se-ia o Vitória Futebol Clube de 1987/88, a partilha do balneário com Jordão ou Manuel Fernandes e a ruptura do tendão de Aquiles. Mais uma lesão, com muitas complicações no pós-operatório a comprometer a recuperação, levaria a que José Rafael, mesmo com uma mudança a meio da temporada de 1988/89 para o Belenenses, não mais jogasse futebol. O terrível desfecho impeliria o atleta para um final precoce da carreira e, com apenas 30 anos de idade, acabaria por “pendurar as chuteiras”.

Sem comentários: