Ainda antes de ser promovido a sénior, Daniel da Cruz Carvalho, tanto no Sporting, como nas chamadas às jovens equipas da selecção lusa, já era visto como um dos melhores talentos a emergir do futebol português. Aliás, um dos momentos inesquecíveis da carreira do avançado, vivido no seu ano de estreia como elemento do conjunto principal leonino, surgiria ao serviço de Portugal, no Mundial sub-20 de 1995, disputado no Qatar. Esse lance memorável, cópia de uma jogada idealizada por Alex Fergusson quando, nos anos 80, orientava o Aberdeen, passar-se-ia na marcação de um livre, numa zona lateral do campo, próxima da grande área adversária. Com Bruno Caires a seu lado, fingindo ambos ter a intenção de marcar o castigo, acabariam os dois por correr em simultâneo para a bola, esbarrando um no outro e empurrando-se mutuamente. No meio desse pequeno engodo, com a distracção dos defesas holandeses, Dani cobraria o livre rapidamente e, ao centrar a bola para a área, encontraria ao segundo poste a cabeça de Agostinho que, dessa maneira, transformaria a manha em golo.
Também no Sporting, as suas qualidades futebolísticas eram apreciadas. Com uma técnica e compreensão do jogo excepcionais, uma capacidade de passe primorosa e instinto suficiente para conseguir uma boa dose de golos, o médio-ofensivo começaria a destacar-se também por outras razões. Como rapidamente seria entendido pelos responsáveis leoninos, o jovem craque tinha começado a ganhar o gosto pela vida boémia, aparecendo muitas vezes nos treinos, segundo constaria, vindo directamente das noitadas. No intuito de desviá-lo do círculo de amigos e tentações noctívagas, o responsáveis pelo “Leão” decidiriam enviá-lo para Londres para, num empréstimo, rodar no West Ham United. No entanto, apesar do objectivo ser a sua reabilitação, rapidamente o jovem atleta conseguiria descobrir onde viver os seus divertimentos fora-de-horas e Harry Redknapp, depois de Dani chegar atrasado a um treino, decidiria dispensá-lo. Há, porém, uma outra versão, a contada pelo antigo futebolista. O jogador chegaria a dizer que a súbita desmotivação terá emergido aquando da surpreendente decisão do técnico inglês de, até ao final dessa temporada de 1995/96, não mais chamá-lo a jogo. A razão nada teria a ver com as prestações do médio, mas pelo facto do “manager” não querer a sua valorização para, no final da referida campanha, puder negociar a compra do seu passe por uma quantia mais baixa.
Verdade ou não, o certo é que, no Verão de 1996, os neerlandeses do Ajax tomariam a decisão de apostar no internacional português. Apesar de nunca conseguir afastar-se da fama de "playboy", em Amesterdão Dani passaria os melhores anos como profissional de futebol. Nos Países Baixos, o médio-ofensivo, para além de conquistar 1 Campeonato e 2 Taças, começaria a jogar, mesmo sem chegar a ser visto como um titular indiscutível, com bastante regularidade. Ainda assim, mesmo com os números a justificarem a sua continuidade, a meio da época de 1999/00 dar-se-ia o seu regresso a Portugal. Todavia, apesar das promessas do atleta, a assegurar a chegada ao Benfica como forma de ajudar o emblema da Luz, a sua carreia de "Águia" ao peito haveria de ser curta. Mais uma vez, os entreténs à margem da actividade profissional estorvariam o seu desempenho competitivo e ao fim de 5 partidas apenas surgiria um processo disciplinar e o consequente despedimento de Dani.
Já a última etapa de Dani no futebol, temos de ser sinceros, devê-la-ia à admiração de Paulo Futre. Com a esperança de recuperar o talentoso médio-ofensivo, a antiga estrela do futebol nacional, à altura dirigente do Atlético de Madrid, estenderia a mão ao atleta e levá-lo-ia, em 2000/01, para capital espanhola. Apesar dos "Colchoneros" estarem na 2ª divisão, Dani parecia estar a enveredar pelo caminho certo. Contudo, em nada havia mudado e nem o susto pregado por Paulo Futre fá-lo-ia preferir os relvados às discotecas e aos clubes nocturnos - “«Filho de uma grande p..., cab... de m.... Vai ser a primeira e última vez que jogas. Vou buscar uma pistola durante o jogo, seu filho da p... E quando terminares não te vou dar um tiro no joelho. Vou dar-te um tiro nos dois joelhos e nos dois pés. Cab... de m... Passaste todos os limites» (...) Levantei-me, dei a volta à secretária com a pistola na mão e desatei aos gritos: Qual é o joelho que queres, cab...? O direito ou o esquerdo. Diz-me filho da p...”*.
Conclusão: para aqueles que tinham esperanças de ver o médio emergir como uma grande estrela, a desilusão deve ter sido enorme quando Dani, com apenas 27 anos, resignado ao facto do futebol não ser a sua paixão, decidiria pôr cobro à carreira como profissional. Hoje em dia, o antigo jogador voltou a estar mais próximo do futebol, não dentro de campo, nem sequer a orientar uma equipa, mas como comentador de programas desportivos no canal de televisão TVI.
*retirado do artigo publicado em www.cmjornal.pt, a 2/05/2011
Também no Sporting, as suas qualidades futebolísticas eram apreciadas. Com uma técnica e compreensão do jogo excepcionais, uma capacidade de passe primorosa e instinto suficiente para conseguir uma boa dose de golos, o médio-ofensivo começaria a destacar-se também por outras razões. Como rapidamente seria entendido pelos responsáveis leoninos, o jovem craque tinha começado a ganhar o gosto pela vida boémia, aparecendo muitas vezes nos treinos, segundo constaria, vindo directamente das noitadas. No intuito de desviá-lo do círculo de amigos e tentações noctívagas, o responsáveis pelo “Leão” decidiriam enviá-lo para Londres para, num empréstimo, rodar no West Ham United. No entanto, apesar do objectivo ser a sua reabilitação, rapidamente o jovem atleta conseguiria descobrir onde viver os seus divertimentos fora-de-horas e Harry Redknapp, depois de Dani chegar atrasado a um treino, decidiria dispensá-lo. Há, porém, uma outra versão, a contada pelo antigo futebolista. O jogador chegaria a dizer que a súbita desmotivação terá emergido aquando da surpreendente decisão do técnico inglês de, até ao final dessa temporada de 1995/96, não mais chamá-lo a jogo. A razão nada teria a ver com as prestações do médio, mas pelo facto do “manager” não querer a sua valorização para, no final da referida campanha, puder negociar a compra do seu passe por uma quantia mais baixa.
Verdade ou não, o certo é que, no Verão de 1996, os neerlandeses do Ajax tomariam a decisão de apostar no internacional português. Apesar de nunca conseguir afastar-se da fama de "playboy", em Amesterdão Dani passaria os melhores anos como profissional de futebol. Nos Países Baixos, o médio-ofensivo, para além de conquistar 1 Campeonato e 2 Taças, começaria a jogar, mesmo sem chegar a ser visto como um titular indiscutível, com bastante regularidade. Ainda assim, mesmo com os números a justificarem a sua continuidade, a meio da época de 1999/00 dar-se-ia o seu regresso a Portugal. Todavia, apesar das promessas do atleta, a assegurar a chegada ao Benfica como forma de ajudar o emblema da Luz, a sua carreia de "Águia" ao peito haveria de ser curta. Mais uma vez, os entreténs à margem da actividade profissional estorvariam o seu desempenho competitivo e ao fim de 5 partidas apenas surgiria um processo disciplinar e o consequente despedimento de Dani.
Já a última etapa de Dani no futebol, temos de ser sinceros, devê-la-ia à admiração de Paulo Futre. Com a esperança de recuperar o talentoso médio-ofensivo, a antiga estrela do futebol nacional, à altura dirigente do Atlético de Madrid, estenderia a mão ao atleta e levá-lo-ia, em 2000/01, para capital espanhola. Apesar dos "Colchoneros" estarem na 2ª divisão, Dani parecia estar a enveredar pelo caminho certo. Contudo, em nada havia mudado e nem o susto pregado por Paulo Futre fá-lo-ia preferir os relvados às discotecas e aos clubes nocturnos - “«Filho de uma grande p..., cab... de m.... Vai ser a primeira e última vez que jogas. Vou buscar uma pistola durante o jogo, seu filho da p... E quando terminares não te vou dar um tiro no joelho. Vou dar-te um tiro nos dois joelhos e nos dois pés. Cab... de m... Passaste todos os limites» (...) Levantei-me, dei a volta à secretária com a pistola na mão e desatei aos gritos: Qual é o joelho que queres, cab...? O direito ou o esquerdo. Diz-me filho da p...”*.
Conclusão: para aqueles que tinham esperanças de ver o médio emergir como uma grande estrela, a desilusão deve ter sido enorme quando Dani, com apenas 27 anos, resignado ao facto do futebol não ser a sua paixão, decidiria pôr cobro à carreira como profissional. Hoje em dia, o antigo jogador voltou a estar mais próximo do futebol, não dentro de campo, nem sequer a orientar uma equipa, mas como comentador de programas desportivos no canal de televisão TVI.
*retirado do artigo publicado em www.cmjornal.pt, a 2/05/2011
5 comentários:
Só mesmo num país como a Holanda é que o podiam aceitar. Desconhecia o convite do Futre, há mais pormenores? Que fez ele exactamente para merecer tal reprimenda?
Fez, basicamente, o mesmo que foi fazendo ao longo da carreira... borga!!!!
Já agora, não podes partilhar aqui o vídeo do famoso livre??
~http://www.youtube.com/watch?v=k23YeT_hXqA
Podes ver o golo aqui nesta pequena entrevista... é logo como começa.
Também podes ver o "original", o tal idealizado por Alex Fergusson, um pouco antes do minuto 7 ...
http://www.youtube.com/watch?v=XA-N9Opv9k0
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