1301 - ERNESTO

Algarvio, natural de Portimão, seria no Esperança de Lagos que Ernesto de Sousa terminaria a formação. Ao destacar-se como um dos melhores intérpretes da equipa que viria a vencer o Campeonato de Juniores do Barlavento, o avançado, valorizado pela agilidade revelada dentro de campo e pelo instinto goleador, na altura de fazer a transição para o patamar sénior, aceitaria o convite do Serpa e, como elemento do plantel de 1959/60, passaria a disputar a 2ª divisão. A época passada no emblema alentejano, seria suficiente para que um dos emblemas de topo visse no jovem atacante um bom reforço. No entanto, a mudança para a CUF na campanha de 1960/61 não traria os resultados esperados e as 2 temporadas do jogador na colectividade do Lavradio seriam de extrema discrição.
O revés desse par de temporadas no emblema da Margem Sul do Rio Tejo levá-lo-ia a descer alguns patamares competitivos e a rubricar um contrato com o Tramagal. A competir na 3ª divisão, Ernesto voltaria a apresentar números bem auspiciosos. A partir de 1963/64 já com as cores do União de Tomar, mais do que manter-se no escalão referido no início do parágrafo, o avançado continuaria a alimentar a senda goleadora, tornando-se num dos principais pilares da subida da equipa à 2ª divisão. As duas temporadas cumpridas na agremiação nabantina levá-lo-iam, mais uma vez, a ser aferido como um elemento valoroso. A aposta, dessa feita, viria da Académica de Coimbra e a mudança para a “Cidade dos Estudantes” transformar-se-ia numa das etapas áureas da sua carreira.
Com a transferência para a “Briosa” a acontecer na temporada de 1965/66, depois da infrutífera passagem pela CUF, o avançado lá conseguiria estrear-se na 1ª divisão. Contudo, mesmo sem ter competido no patamar máximo do futebol português, Ernesto adaptar-se-ia rapidamente à nova realidade. Numa equipa recheada de craques, casos de Rocha, Artur Jorge, Jorge Humberto ou Crispim, ainda assim o atacante mereceria a preferência do treinador Mário Wilson. Como um dos mais utilizados do plantel da Académica, também os golos fariam dele um dos elementos a merecer as mais notáveis avaliações. Nos 3 anos passados em Coimbra, o atacante ajudaria o colectivo a erguer campanhas de excelência. Participaria no 2º lugar e no 4º posto alcançados no Campeonato Nacional, respectivamente, em 1966/67 e 1967/68, e seria chamado à titularidade na final da Taça de Portugal de 1966/67, perdida frente ao Vitória Futebol Clube, mas onde contribuiria com um golo para o resultado final de 3-2.
O período passado na Beira Litoral, para além do já referido, traria outras distinções à sua carreira. Uma delas seria a chamada aos trabalhos das equipas sob a alçada da Federação Portuguesa de Futebol. Para envergar a “camisola das quinas”, Ernesto seria integrado no conjunto “B”. A única internacionalização consegui-la-ia a 22 de Março de 1967, numa deslocação à Bélgica, onde, no Stade du Pays de Charleroi, disputaria uma partida de preparação frente à congénere local.
Depois de 94 jogos oficiais e 64 golos concretizado pela Académica, seria o Sporting a interessar-se pela sua contratação. Com a entrada em Alvalade a acontecer na campanha de 1968/69, Ernesto, mesmo a distanciar-se dos números obtidos em Coimbra, ainda teria uma primeira campanha de bom nível. Todavia, a contratação de Fernando Vaz para o comando técnico leonino, tiraria o protagonismo ao avançado. Apesar de pertencer ao grupo que, nesse ano de 1969/70, viria vencer o Campeonato Nacional, o avançado participaria apenas na disputa da Taça de Honra da Associação de Futebol de Lisboa e, por essa razão, ficaria de fora do rol de atletas vencedores da principal prova do calendário futebolístico luso.
Seguir-se-ia o regresso ao Algarve e, sem deixar a 1ª divisão, 2 temporadas no Farense. Numa carreira a passos largos a aproximar-se do fim, Ernesto ainda representaria o Portimonense. Após o fim da carreira, licenciado em Engenharia Mecânica, passaria a trabalhar como alto-cargo dos Serviços Municipalizados da Câmara Municipal de Lagos e, posteriormente, como quadro da EDP.

2 comentários:

Francisco Carvalho Domingues disse...

Possante, muito lutador, remate fácil, muito boa qualidade nas tabelinhas com Artur Jorge, foi o elemento perfeito para, juntamente com o homem do "pontapé-moinho", constituir a dupla mais perfeita de avançados que creio ter alinhado na Académica de Coimbra. Isso aconteceu nas épocas de 66/67 e 67/68, que foram épocas de "ouro" para a História da Briosa. Ernesto deixou saudades, cumpriu em absoluto o paradigma do atleta da Académica, sendo também um brioso estudante, tendo obtido a sua Licenciatura em Engenharia, com a qual, findos os anos de juventude e prática desportiva, foi um técnico superior em entidades diversas.

cromosemcaderneta@gmail.com disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Tenho uma enorme estima pela Académica, até porque era o clube dos meus avós. Relativamente a esses anos gloriosos, é com uma enorme pena que veja a "Briosa" de hoje tão longe desses momentos, um emblema que contava com grandes jogadores e que também tinham interesse em dar continuidade aos estudos. Num mundo onde tudo está invertido, o dinheiro vale quase tudo!
Espero, em breve, voltar a ver a Académica onde merece estar ou seja, na 1ª divisão.

Forte Abraço;

Bruno Vitória