1514 - ABALROADO

Terminada a formação nas “escolas” do GD CUF, seria também no emblema do Barreiro que Francisco Abalroado, na campanha de 1957/58, faria a transição para o universo sénior. Após uma temporada no novo contexto competitivo, cumprido nas “reservas”, o defesa-esquerdo conseguiria estrear-se no conjunto principal. Sob a alçada de Cândido Tavares, o jovem atleta, ao tornar-se num dos elementos do grupo de trabalho com maior utilização, logo viria a merecer um lugar de destaque. Seguir-se-iam, nas épocas subsequentes, o mesmo registo e o jogador, com números sempre ambiciosos, acabaria por tornar-se- num dos históricos da colectividade.
Mantendo-se na agremiação sediada na Margem Sul do Rio Tejo, Abalroado, não só nas provas de índole nacional, como nas pelejas agendadas no contexto continental, participaria em inúmeros momentos dignos de registo. Internamente, o defesa canhoto, inscrevendo o seu nome no rol de intervenientes, contribuiria, depois de participar no 4º posto alcançado em 1961/62, num novo recorde classificativo na prova de maior relevo no calendário futebolístico português. Na edição de 1964/65 do Campeonato Nacional, curiosamente numa das épocas, em termos individuais, menos proveitosas para o atleta, o esquerdino, ainda assim, seria suficientemente utilizado, por Manuel Oliveira, na senda que levaria a CUF ao 3º lugar da tabela classificativa.
O sucesso referido nas últimas linhas do parágrafo anterior daria à CUF, numa estreia absoluta no cenário continental, o direito de disputar a Taça das Cidades com Feira. Em sorte calharia ao conjunto do Barreiro, o “todo-poderoso” AC Milan. No entanto, num grupo que contava com inúmeras estrelas de renome planetário, casos de Cesari Maldini, Giovanni Trappatoni, o alemão Schnellinger, Gianni Rivera, entre outros, o grupo luso constituir-se-ia, não só como uma agradável surpresa, mas como uma verdadeira dor de cabeça para os transalpinos. Logo na 1ª mão da mencionada eliminatória, no jogo disputado em solo luso, os “Rossoneri” seriam derrotados por 2-0. Abalroado, no papel de capitão de equipa, ao substituir-se aos usais cobradores do castigo, teria um papel de fulcral importância no desfecho do resultado e ao assumir, já bem perto do desfecho do encontro, a marcação de uma grande penalidade, seria dele o segundo golo concretizado pelos da camisola verde e branca – “Chutei para a esquerda. (…) os habituais marcadores, Espírito Santo e Vieira Dias, tiveram medo”*.
Uns meses antes da partida disputada frente ao AC Milan, Francisco Abalroado também participaria noutro grande momento para a história da CUF. Refiro-me à inauguração, a 30 de Junho de 1965, do Estádio Alfredo da Silva. Aliás, seria na nova infra-estrutura desportiva que o defesa-esquerdo viria a selar-se como um dos ícones do emblema barreirense. Todavia, a ligação entre o atleta e a agremiação conheceria o fim. Depois de 14 temporadas a representar o clube, 12 delas como sénior, o jogador, com o termo das contendas agendadas para 1968/69, daria por terminada a sua ligação à colectividade. Com 226 partidas disputadas na 1ª divisão, o jogador mudar-se-ia para bem perto. Sem sair da localidade que o havia acolhido ainda bem novo, o Luso tornar-se-ia na sua nova morada. Seria no Campo da Quinta Pequena, tirando os dois interregnos que o levariam ao plantel de 1973/74 do Torres Novas e a orientar temporariamente a CUF em 1975/76, que passaria o resto da carreira e onde, no final de 1978/79, decidiria “pendurar as chuteiras”.

*retirado do artigo de Fábio Rodrigues, publicado a 14/11/2011, em www.publico.pt

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