1640 - BARROSO

Com o percurso feito nas “escolas” do Sporting de Braga, passagens pelo “satélite” Arsenal de Braga e a época de 1989/90 cumprida ao serviço do Maximinense, José Alberto da Mota Barroso estrear-se-ia na equipa principal dos “Guerreiros” na temporada de 1990/91. Chamado por Carlos Garcia a um encontro caseiro frente ao Benfica, essa 12ª ronda do Campeonato Nacional da 1ª divisão, marcaria o arranque de uma caminhada a transformá-lo num dos nomes maiores da história da agremiação sediada na “Cidade dos Arcebispos”. No entanto, tal estatuto ainda demoraria algum tempo a fazer parte do seu trajecto e mesmo a condição de titular só ficaria bem vincada após uma nova passagem por outro emblema.
O empréstimo ao Rio Ave, com a mudança no âmbito da contratação de Toni pelo Sporting de Braga, faria com que Barroso, na campanha de 1992/93, passasse a disputar a divisão de Honra. Contudo, mesmo afastado dos principais holofotes do futebol luso, o “trinco” não deixaria de demonstrar a sua qualidade. Assegurado o regresso ao Estádio 1º de Maio, a temporada de 1993/94, numa campanha em que o clube seria orientado inicialmente por António Oliveira para terminar sob as ordens do Professor Neca, revelaria o médio-defensivo como um dos esteios do “onze”. Essa posição, sublinhada nos anos seguintes, levá-lo-ia a ser cobiçado por outras divisas, mas antes da mudança para uns dos “grandes”, o atleta veria a Federação Portuguesa de Futebol a interessar-se pelas suas habilidades.
Tendo Barroso sido chamado, durante o percurso formativo, aos trabalhos das jovens equipas de Portugal, a verdade é que essa convocatória, feita por Carlos Queiroz, não daria ao seu percurso qualquer jogo com a “camisola das quinas”. Já a tão almejada internacionalização surgiria a 26 de Janeiro, ao serviço da equipa “A”, numa partida frente ao Canadá. O desafio, orientado por António Oliveira e a contar para a participação lusa no Torneio Skydome, daria azo a outras chamadas. Todavia, o médio-defensivo não mais entraria em campo pelo seu país e o percurso na selecção terminaria, em Janeiro de 1997, após uma “amigável” frente a França e envolto em alguma polémica – “(…) era o meu regresso ao 1º de Maio. Nessa semana, na televisão, só via gente a que ia ao estádio para ver o Barroso e eu tinha a certeza que ia a entrar. Pois chega o jogo, aquilo corre muito mal, o Artur Jorge começa a receber lenços brancos e quem é que ele não põe a jogar? O Barroso, que era de Braga, e o Rui Correia, que era guarda-redes do Sp. Braga (…). Depois falei com um jornalista e contei-lhe que estava triste por não ter jogado em Braga. No dia seguinte o título era «Barroso revoltado com Artur Jorge», que não tinha nada a ver com o que tinha dito. Nunca mais fui à Seleção”*.
Por altura da partida frente à congénere gaulesa, já Barroso envergava a camisola do FC Porto. Antes da mudança, a cobiça de outros emblemas, como o Benfica treinado por um Artur Jorge adjuvado pelo Professor Neca ou o Sporting orientado por Carlos Queiroz, em nada resultaria. Seria a proposta dos “Dragões” a convencer o atleta a mudar-se. Com a entrada nas Antas a acontecer na temporada de 1996/97, o “trinco” voltaria a ser orientado por António Oliveira e, acima de tudo, participaria numa das melhores fases da história dos “Azuis e Brancos”. Com a colectividade portuense a acumular as vitórias que culminariam no inolvidável “Penta”, o jogador arrecadaria para o seu palmarés pessoal as vitórias em 2 Campeonatos Nacionais, em 1 Taça de Portugal e em 1 Supertaça. Para além dos aludidos triunfos, também a participação na “Champions” viria a tornar-se num marco importante da sua carreira. Ainda assim, a passagem do centrocampista pela “Cidade Invicta” não terminaria sem outra controvérsia e a metade final da segunda época, sem que alguma vez fosse compreendida a razão, seria cumprida com o jogador a treinar à parte do restante plantel.
Após ter representado, por empréstimo, a Académica de Coimbra de 1998/99, o regresso ao Sporting de Braga, depois de recusada a transferência para o Oviedo, concretizar-se-ia. Com Manuel Cajuda ao comando dos “Arsenalistas”, treinador que, anos antes, tinha feito do jogador o capitão de equipa, Barroso voltaria a tornar-se num dos pilares, não só táctica idealizada pelo mencionado técnico, mas igualmente num dos símbolos da mística “braguista”. A prova dessa entrega surgiria no final da temporada de 1999/00, quando, com o conjunto “B” dos “Guerreiros” aflito na luta pela manutenção, o médio-defensivo, acompanhado por José Nuno Azevedo, disputaria, no grupo às ordens de Toni Conceição, as últimas jornadas da 2ª divisão “B”.
Por fim, numa caminhada competitiva a prolongar-se por mais algumas campanhas, Barroso ainda teria a oportunidade de disputar várias rondas no Estádio da “Pedreira” e seria já na nova casa do Sporting de Braga que, com o termo da temporada de 2004/05, o médio-defensivo decidiria “pendurar as chuteiras”. Final com uma pequena mágoa a manchar-lhe o trajecto, ou seja, o facto de nunca ter representado os “Guerreiros” nas provas de índole continental.

*retirado do entrevista conduzida por Lídia Peralta Gomes, publicada a 3/12/2016, em https://tribuna.expresso.pt

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