430 - PEDRO ROMA

Apesar das passagens por outros clubes, a carreira de Pedro Roma estará para sempre relacionada com a Académica de Coimbra. No entanto, apesar dos muitos anos passados a defender a baliza dos "Estudantes", o que destacaria o guardião de muitos outros colegas futebolistas seria o facto de ter personificado aquela que é a verdadeira mística do emblema conimbricense – “Posso confidenciar, e parece modéstia, mas para mim, além daquelas defesas que valeram pontos, permanências sofridas na primeira Liga, 'frangos', jogos inesquecíveis, a maior delas todas foi ter conseguido terminar a minha licenciatura, enquanto atleta da briosa e 'beber' das gerações mais antigas o verdadeiro espírito académico”*
Para além do brilhante percurso escolar, seria na Académica que Pedro Roma concluiria a formação como futebolista. De seguida, depois da estreia como sénior num empréstimo, na temporada de 1989/90, à Naval 1ª de Maio, o regresso a Coimbra começaria a revelar um atleta de qualidades superiores. Nesse sentido, com a campanha de 1991/92 a correr de feição para o guarda-redes, o Benfica, certo da habilidade da jovem promessa e mesmo tendo em conta a total inexperiência primodivisionária do jogador, decidir-se-ia pela sua contratação. Todavia, com a chegada à Luz a acontecer na temporada de 1992/93, o guardião encontraria Neno e Silvino como concorrentes a uma posição no “onze”. Obviamente, perante colegas de tanto gabarito e com enorme traquejo, as oportunidades por si conquistadas seriam praticamente nulas. Ainda assim, o atleta não deixaria de valorizar a experiência ao serviço das “Águias” – "Guardo boas recordações do Benfica. É um marco importante, em qualquer profissional, uma passagem pelo Benfica. É pena que as coisas não me tenham corrido de uma forma positiva, mas é um marco que vou guardar para o resto da minha vida"**.
Sem espaço no plantel dos "Encarnados", Pedro Roma começaria um périplo de empréstimos que, em três campanhas sucessivas, levaria o atleta ao Gil Vicente, à Académica e ao Famalicão. Já o regresso em definitivo à cidade do Mondego, dar-se-ia em 1996/97 e logo para uma temporada que, quase uma década depois, marcaria a subida da “Briosa” ao escalão máximo do futebol português. Seguir-se-iam, com um pequeno interregno em que vestira as cores do Sporting de Braga, 13 temporadas a envergar o equipamento da colectividade conimbricense, campanhas que fariam dele, muito mais do que o guarda-redes mais utilizado na história dos “Estudantes”, num dos nomes mais estimados pela massa adepta do clube – "Foram 20 anos, muitos jogos - quase 400 -, mais de uma centena deles em que tive a suprema honra de ser capitão de equipa. Como o foram antes Alberto Gomes, Mário Wilson, Bentes, Gervásio, Tomás e Miguel Rocha e tantas outras figuras do imaginário Briosa ao longo de décadas. Nunca me imaginei ao pé de homens tão ilustres. Não dá para equacionar a honra que se sente e simultaneamente a responsabilidade que nos pesa sobre os ombros"***.
Com quase 40 anos de idade, após terminar a carreira de futebolista, Pedro Roma encetaria a sua caminhada nas funções de treinador de guarda-redes, trajecto esse que, depois dos primeiros anos a trabalhar na Académica de Coimbra, iria levar o antigo guardião até às camadas jovens da selecção nacional.

*retirado do artigo de Álvaro Gonçalves, publicado a 30/12/2013, em www.zerozero.pt
**retirado do artigo de Mary Caiado, publicado a 16/12/2003, em https://maisfutebol.iol.pt
***retirado do artigo publicado a 06/07/2010, em www.record.pt

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