1445 - HEITOR

Tendo, durante o percurso formativo, transitado do Guarani para o Ponte Preta, seria no emblema de Campinas que, depois de ajudar à conquista do título sub-20 paulista de 1982, Heitor Camarin Júnior seria promovido ao plantel sénior de 1983. Seria também durante o último ano referido que o lateral acabaria chamado, pela selecção brasileira de sub-20, a disputar dois importantes certames. Após ajudar a vencer o Sudamericano, o jovem atleta viria também a ser convocado à disputa do Campeonato do Mundo da categoria. No torneio organizado no México, ao lado de Dunga, Bebeto ou Jorginho e de outros nomes bem conhecidos do futebol luso como Aloísio, Guto ou o guardião Hugo, o defesa faria parte do “onze” inicial escolhido para a final e, frente à Argentina, auxiliaria a “Canarinha” a conquistar o ceptro mundial.
No que diz respeito à sua carreira clubística, o emblema seguinte seria o Flamengo. Com a entrada na Gávea em 1983, Heitor passaria a partilhar o balneário com Mozer, Carlos Alberto, Zico, Leandro, Júnior, Baltazar, entre outros grandes nomes do futebol brasileiro. Todavia, num grupo de tanto valor, as oportunidades não seriam muitas e a mudança para o Náutico serviria para dar maior traquejo ao defesa. Na colectividade sediada no Recife, as exibições conseguidas, mormente em partidas a contar para o “Brasileirão”, levariam o Vasco da Gama a olhar para si como um bom reforço. Nesse sentido, pouco tempo depois da mudança para o Estado de Pernambuco, surgiria a transferência para os “Cruzmaltinos” e, num emblema com origens lusas, seguir-se-ia a cobiça de emblemas sediados em Portugal.
Após aceitar o convite do Vitória Sport Clube, a mudança para Guimarães dar-se-ia na temporada de 1986/87. Orientado pelo conterrâneo Marinho Peres, ainda que pouco utilizado, o defesa teria a oportunidade de entrar em campo em algumas partidas a contar para a Taça UEFA. Numa competição em que o emblema minhoto chegaria aos quartos-de-final, as pelejas disputadas na eliminatória agora mencionada, revelariam Heitor, muito mais do que desacertado, com um enorme azar. Frente aos germânicos do Borussia Mönchengladbach treinado por Jupp Heynckes, o lateral seria chamado às duas mãos. Porém, em ambos os jogos, que ditariam o afastamento do conjunto luso, teria a infelicidade de marcar um autogolo. Aliás, muitos afirmariam que seria esse infortúnio a carimbar a sua saída do clube. A verdade dificilmente a saberemos, mas o certo é que a temporada seguinte apresentar-lhe-ia outra camisola.
Com a chegada ao Nacional da Madeira a ocorrer na temporada de 1987/88, seria a disputa do escalão secundário a dar a Heitor a chance de entrar na história da colectividade insular. Membro integrante do conjunto a carimbar, nessa mesma época, a subida de escalão, a consequência maior desse passo inicial emergiria com o arranque dos “Alvinegros” nas contendas da 1ª divisão. Seguir-se-iam, após a estreia colectiva nos contextos primodivisionários, outro par de campanhas na companhia dos “grandes”. Porém, a descida do clube no final do Campeonato Nacional de 1990/91, precipitaria a sua saída e a transferência para os rivais do Marítimo.
Nos “Leões do Almirante Reis” a partir de 1991/92, Heitor voltaria a trabalhar sob as ordens do treinador que o tinha recebido no Nacional. Com Paulo Autuori no comando técnico, o lateral manteria a preponderância revelada em temporadas anteriores. Pautando-se como um dos habituais titulares, o defesa tornar-se-ia num dos pilares de uma página histórica para o conjunto da ilha da Madeira. Sempre a afrontar os lugares cimeiros da tabela classificativa, o colectivo funchalense conseguiria terminar a campanha de 1992/93 no 5º posto do Campeonato Nacional. Já depois de uma abordagem feita pelo Benfica no sentido de contratar o atleta, mas rejeitada pelo Marítimo, o jogador acompanharia os “Verde-rubro” na estreia nas competições de âmbito continental. Na eliminatória inicial da Taça UEFA, frente ao Royal Antwerp, o brasileiro entraria em campo na 2ª mão, mas nem o golo por si concretizado seria suficiente para eliminar o agremiado belga.
Ainda como atleta do Marítimo, Heitor participaria em outros momentos merecedores de destaque. Nesse sentido, muito para além de, no calendário para 1994/95, repetir a presença na Taça UEFA, ainda no mesmo ano seria a Taça de Portugal a trazer uma novidade para a sua carreira. Curiosamente, a presença na final da competição apelidada como a “Prova Rainha”, na qual entraria de início e de onde sairia o Sporting como vencedor, marcaria o fim da sua caminhada como atleta.
Após “pendurar as chuteiras”, numa caminhada que sublinharia a sua habilidade para os lances de bola parada, mormente os livres-directos, Heitor passaria a dedicar-se a outras actividades. O antigo atleta, dono de um forte pontapé e que, com 35 golos marcados em Portugal, findaria o trajecto desportivo no segundo lugar dos defesas que, no Campeonato Nacional, mais golos somaria, passaria a ocupar o seu tempo nas actividades agrícolas. Mais tarde surgiria a política e depois de experimentar as tarefas de vereador, acabaria eleito como o Perfeito de Laranjal Paulista.

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