1444 - YUSTRICH

Seria ainda durante a sua experiência a defender as redes do Andarahy Athlético Club que Dorival Kniper, pela parecença com o argentino, também guarda-redes, Juan Elias Yustrich, ganharia a alcunha pela qual ficaria conhecido no mundo do desporto.
De uma estampa física impressionante, com cerca de 1,90m de altura e um arcaboiço muscular invejável, seria no Flamengo que o jovem guardião prosseguiria a carreira “entre os postes”. Desde a temporada de 1935 até à campanha de 1944, o atleta não conheceria outro emblema. Depois da estreia, pela mão do treinador Flávio Costa*, numa partida a contar para o Estadual Carioca, o jogador, nos anos sequentes, manter-se-ia como um dos elementos utilizados com boa regularidade. Porém, as duas últimas campanhas de ligação ao “Mengão” empurrá-lo-iam para um período em que seria ofuscado pelos colegas de posição. Na disposição de dar outro rumo à caminhada competitiva, aceitaria o convite de outro emblema e sem deixar a “Cidade Maravilhosa” transferir-se-ia para o Vasco da Gama.
Seria já com 4 Campeonatos do Rio de Janeiro no palmarés que Yustrich deixaria o Bairro da Gávea para, sem sair da mesma urbe, assinar contrato com o Vasco da Gama. A curta experiência com os “Cruzamaltinos”, por empréstimo do Flamengo, como que serviria de interlúdio para os anos cumpridos com o América-RJ**. Já depois de “pendurar as luvas” no ano de 1950, com o empurrão dado pela conclusão do curso de Educação Física, o antigo guarda-redes passaria a abraçar as funções de técnico e daria os primeiros passos de uma carreira com vários sucessos, mas recheada de polémicas.
Como treinador, muito para além da constatada competência, Dorival Yustrich também ficaria conhecido como um indivíduo de trato difícil, quezilento e autoritário. Porém, os resultados apresentados, maior parte das vezes desculpariam o temperamento agressivo e arrogante. Tendo encetado a caminhada, em 1951, ao serviço do Atlético Mineiro, seriam muitos os emblemas a requisitar os seus serviços. Numa extensíssima lista, de onde conseguiremos retirar nomes como os do Cruzeiro, América de Minas Gerais, Siderúrgica, Coritiba, Corinthians, Flamengo, Bangu e até a selecção “canarinha”, os maiores destaques viriam com os títulos ganhos, nomeadamente, os 4 Campeonatos Mineiros ou a Taça Guanabara.
Também além-fronteiras, Yustrich haveria de ter a oportunidade de demonstrar a sua mestria e, nesse sentido, seria contratado pelo FC Porto para a temporada de 1955/56. Na“Cidade Invicta” encontraria um plantel que, para além das contratações por si aconselhadas, casos de Jaburú e Gastão, contava igualmente com Acúrsio, Miguel Arcanjo, Virgílio, Eleutério, Monteiro da Costa, Pedroto, Carlos Duarte, Teixeira, Perdigão ou Hernâni. Logo nessa campanha da sua chegada, ao dar corpo ao enorme potencial do grupo de trabalho sob a sua alçada, o técnico brasileiro conseguiria algo de inédito na existência da agremiação portuense e com a vitória no Campeonato Nacional, à qual juntaria o triunfo na Taça de Portugal, entregaria ao palmarés colectivo dos “Dragões” a primeira “dobradinha” da história.
Porém, o feitio exageradamente tirânico, também no FC Porto, como em outros episódios ocorridos ao longo da sua carreira, iriam pô-lo na porta de saída. Após várias contendas com diferentes elementos do plantel “azul e branco”, seria o confronto com Hernâni, tendo o mesmo, no final de um jogo, chegado à peleja física, que, pela pressão do grupo de trabalho, iria culminar com a sua partida no termo da temporada de 1956/57 e com o consequente regresso ao Brasil.

*treinador com 2 passagens pelo FC Porto
**há fontes que indicam o fim da sua carreira após a saída do Vasco da Gama, para, em exclusivo, passar a dedicar-se aos estudos

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