1643 - AMÂNDIO

Apesar do início de carreira no modesto Torre de Moncorvo de 1969/70, Amândio Ramiro Barreiras depressa subiria uma boa quantidade de degraus no futebol português. Primeiro, um ano após o ingresso no emblema da sua terra natal, surgiria o interesse do Desportivo de Chaves. No entanto, com os “Flavienses” na disputa do 3º escalão, ainda faltavam ao defesa-central galgar mais alguns patamares para que conseguisse chegar ao topo. A oportunidade para dar tal salto surgiria na época de 1971/72 e o jogador, ao deixar Trás-os-Montes, passaria a fazer parte do plantel do Boavista.
Com a entrada no Bessa a ocorrer num altura em que os “Axadrezados” eram comandados por Joaquim Meirim, o jovem praticante, numa temporada com várias trocas de treinador, ainda conseguiria conquistar um número aceitável de chamadas a campo. Mesmo tendo em conta a sua inexperiência competitiva, a verdade é que não tardaria muito para que Amândio viesse a confirmar todo o potencial como futebolista e passasse, ao lado de Mário João ou de Bernardo da Velha, a tomar uma posição de destaque no sector mais recuado dos boavisteiros. Tal preponderância, sob a intendência do brasileiro Aimoré Moreira, levá-lo-ia a ser convocado aos trabalhos das equipas na alçada da Federação Portuguesa de Futebol. A estreia, incluída nas obrigações calendarizadas para os “esperanças”, aconteceria a 13 de Outubro de 1973. Após essa partida frente à Bulgária, sempre ao serviço do aludido escalão, o atleta ainda teria outras oportunidades para envergar a “camisola das quinas” e somaria, após cumprir mais um par de partidas, um total de 3 internacionalizações por Portugal.
Apesar da franca ascensão, a campanha verdadeiramente a catapultá-lo seria a época correspondente às provas agendadas para 1974/75. A trabalhar sob as instruções de José Maria Pedroto, o defesa-central assumir-se-ia de fulcral importância para as metas colectivas das “Panteras”. Nesse sentido, para além do 4º posto alcançado com o termo do Campeonato Nacional, a época referida no início deste parágrafo, destacar-se-ia pela chegada do Boavista ao derradeiro jogo da Taça de Portugal. Numa final disputada no Estádio de Alvalade, Amândio, apesar de começar o importante desafio sentado no banco de suplentes, teria a oportunidade, ao substituir o “amarelado” Mané, de contribuir para o triunfo frente ao Benfica e, dessa maneira, dar uma preciosa ajuda para levar, até cidade do Porto, o tão almejado troféu.
A conquista da “Prova Rainha”, mesmo que não tenha sido o principal motivo, daria ao Sporting outra razão para apostar na sua contratação. Como um elemento possante, com um bom jogo de cabeça e rijo na marcação, Amândio chegaria a Alvalade para integrar o plantel de 1975/76. Porém, com Juca como treinador-principal dos “Verde e Brancos”, a sua primeira temporada em Lisboa, ao ser ultrapassado nas preferências tácticas por José Mendes, Laranjeira e Zezinho, não correria de feição. Também na campanha seguinte, já com Jimmy Hagan como timoneiro, o atleta não conseguiria impor-se como um dos titulares. Sem grande espaço no “onze”, o jogador, em 1977/78, decidiria voltar ao Boavista, onde, após ter começado a trabalhar com Fernando Caiado, terminaria a época orientado pelo já mencionado técnico inglês. Aliás, seria com o britânico, depois de a época ter começado sob a alçada de José Carlos, que o defesa-central arrecadaria o segundo grande troféu da carreira. Com os “Axadrezados” a repetir a presença na mais importante ronda da Taça de Portugal, seria do banco que, na final e na finalíssima de 1978/79, sairia a sua ajuda para o triunfo frente aos “Leões”.
De forma um pouco surpreendente, Amândio, na temporada de 1979/80, seria apresentado como reforço do Sporting de Espinho. Logo nessa campanha de entrada no Estádio Comendador Manuel Violas, o jogador faria parte do grupo de trabalho que, comandado por Manuel José, atingiria o 7º lugar no Campeonato Nacional. Após ajudar, à altura, à melhor classificação dos “Tigres” naquela que é a prova de maior calibre no calendário luso de futebol, o defesa-central ainda viria a manter-se, por mais um ano, com o listado alvinegro. Seguir-se-ia, sem deixar a 1ª divisão, a contratação pela União de Leiria e a transferência para o plantel de 1982/83 do Vitória Sport Clube. A passagem por Guimarães antecederia um novo momento histórico na sua caminhada competitiva, com o regresso ao Desportivo de Chaves, em 1984/85, a permitir a sua participação na promoção e, sempre com Raul Águas à frente da agremiação transmontana, na posterior estreia dos “Flavienses” no patamar máximo português.
Já com o fim da carreira no horizonte, Amândio ainda voltaria a envergar a camisola do Sporting de Espinho. Nessa segunda experiência na colectividade sediada na Costa Verde, encetada na temporada de 1986/87, o defesa-central, num conjunto liderado por Quinito, muito mais do que contribuir para o regresso do clube ao convívio com os “grandes”, participaria no quebrar de outro recorde, ou seja, o 6º lugar alcançado na 1ª divisão de 1987/88. Curiosamente, numa soma de dezena e meia de campanhas no escalão máximo, a meta ultrapassada no emblema da Beira Litoral transformar-se-ia no último grande marco da sua senda enquanto futebolista.
Seguir-se-iam as funções de técnico. Ao assumir-se, ainda no Sporting de Espinho, como treinador, o trabalho empurrá-lo-ia para uma longa caminhada. Num trajecto mormente feito com as divisas, a si entregues, a disputar os escalões secundários, Amândio Barreiras passaria pelo comando de equipas como Leixões, União de Leiria, Feirense, Vila Real, União de Montemor, União de Lamas, Esposende, Torres Novas, Estrela de Portalegre, Paredes, Pampilhosa, Santana, Eléctrico de Ponte de Sor, Anadia e Boavista.

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