1512 - PERDIGÃO


Descoberto no Desportivo de Lourenço Marques, Fernando Perdigão, à chegada à “Cidade Invicta” seria inscrito, paralelamente, na equipa de futebol e no atletismo. Nas pistas, em Agosto de 1952, sagrar-se-ia campeão português do salto em altura, quebraria o recorde luso da disciplina e ajudaria o FC Porto a vencer, por equipas, o Campeonato Nacional. Já no rectângulo de jogo, a situação seria bastante diferente. Mesmo tendo conseguido, pela mão de Cândido de Oliveira, estrear-se no conjunto principal “Azul e Branco”, a temporada de 1952/53 seria ingrata para o avançado. Com Monteiro da Costa e Carlos Duarte à frente nas escolhas para o “onze”, o extremo pouco participaria nas provas agendadas para a referida campanha e ainda demorariam alguns anos para ser tido como um elemento essencial no sistema táctico dos “Dragões”.
A mudança de paradigma aconteceria na época de 1955/56. Ao posicionar-se como interior, o jogador passaria a ser uma das peças fundamentais para Dorival Yustrich. Nesse ano, como titular do FC Porto, o atleta tornar-se-ia de fulcral importância para as vitórias colectivas e um dos principais nomes na primeira “dobradinha” da história portista. Também nesse ano, resultado das boas exibições, Perdigão faria a estreia com a “camisola das quinas”. O jogo, no contexto das pelejas pensadas para a equipa “B”, decorreria a 18 de Dezembro de 1955. Depois dessa partida frente à Suíça, o atacante, dessa feita ao serviço do conjunto principal, ainda teria a oportunidade para voltar a representar Portugal. Chamado por Tavares Silva a uma das rondas correspondentes à Fase de Apuramento para o Mundial de 1958, o atacante, num encontro com a Irlanda do Norte disputado a 16 de Janeiro de 1957, conseguiria para o seu currículo 1 internacionalização “A”.
Indubitavelmente, a segunda metade da década de 1950 transformar-se-ia na fase mais prodigiosa da sua carreira enquanto futebolista. Impossível de desassociar o sucesso pessoal aos êxitos do grupo de trabalho “azul e branco”, o atacante, a par de nomes como Pedroto, Hernâni, Jaburú, Miguel Arcanjo, Teixeira, Virgílio, Osvaldo Cambalacho e outros já acima mencionados, ajudaria a construir uma das fases mais importantes na história do clube. Para além dos títulos aludidos no parágrafo anterior, há ainda a registar as vitórias na Taça de Portugal de 1957/58 e no Campeonato Nacional do ano seguinte. Impossível de esquecer seria igualmente a estreia do FC Porto nas provas clubísticas organizadas pela UEFA. Com a agremiação portuense a estrear-se nas competições de índole continental, o avançado seria um dos elementos a participar, numa ronda com o Athletic Bilbao, na 1ª eliminatória da edição de 1956/57 da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Chamado à contenda pelo brasileiro Flávio Costa, o jogador participaria na mão caseira, como na volta jogada no Estádio San Mamés. Os encontros frente aos bascos, apesar do afastamento do colectivo luso, serviriam para sublinhar Perdigão como um craque e um dos nomes míticos na longa narrativa dos “Dragões”.
Com o fim do contrato com o FC Porto a acontecer com o termo da temporada de 1963/64, Perdigão regressaria ao país natal. Voltaria a representar o Desportivo de Lourenço Marques, onde venceria os Campeonatos provinciais de 1964 e de 1966. Mormente como treinador-jogador, o avançado ainda estaria ligado às selecções de Lourenço Marques e de Moçambique, bem como ao Malhangalene e ao Clube Desportivo Indo-Português. Já no rescaldo do 25 de Abril de 1974, o antigo jogador voltaria a Portugal, instalar-se-ia em Aveiro e chegaria a treinar o Anadia.

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