1685 - LINO

Defesa-lateral que podia posicionar-se em ambos os lados do sector mais recuado, José Lino Brás de Sousa, antes ainda de encetar a caminhada na equipa principal do Vitória Futebol Clube, teria nos conjuntos à guarda da Federação Portuguesa de Futebol o primeiro grande escaparate. Chamado, a 11 de Novembro de 1968, aos actualmente designados por sub-18, o jovem jogador, ao lado de outros intérpretes que haveriam de singrar no mais alto patamar luso, casos de Peixoto, Jacinto, Carolino, Vítor Manuel, Vieirinha ou Nicolau Vaqueiro, daria o primeiro passo num trajecto internacional a levá-lo, alguns meses após esse particular frente a França e sem sair do referido escalão competitivo, a uma segunda partida com a “camisola das quinas”.
Já no que diz respeito ao trajecto sénior, o defesa teria nas escolhas de José Maria Pedroto a sua grande oportunidade. Nesse sentido, ao ser arrolado, pelo referido treinador, às pelejas dos “Sadinos”, o atleta, na temporada de 1969/70, não só faria a estreia na 1ª divisão, como ajudaria o colectivo a jogar em casa no Estádio do Bonfim a terminar o Campeonato Nacional na 3ª posição da tabela classificativa. No entanto, apesar de reconhecido todo o seu potencial, a verdade é que ainda demorariam alguns anos até que Lino conseguisse ganhar algum protagonismo no seio do plantel do Vitória Futebol Clube. Tapado por outros colegas mais tarimbados, como são exemplo os internacionais Rebelo, Carriço ou Conceição, tal preponderância começaria a emergir apenas na campanha de 1973/74. Coincidentemente, a referida época traduzir-se-ia por um novo 3º lugar na principal prova do calendário futebolístico português e pela chegada do emblema luso, com a participação directa do lateral nas rondas frente ao Beerschot e ao Stuttgart, até aos quartos-de-final da Taça UEFA.
As 3 campanhas subsequentes trariam, de forma quase incontestada, a titularidade ao defesa-lateral. A verdade é que, mesmo com essa tríade de temporadas a representar, em partidas jogadas, praticamente o mesmo número das restantes épocas em que representou o emblema setubalense, Lino, com o termo das competições planeadas para 1976/77, veria o seu paradigma competitivo a mudar radicalmente. Daí em diante perderia a preponderância que havia conquistado anteriormente e, por conseguinte, deixaria de ser aferido como um dos habituais futebolistas a inscrever o seu nome no “onze” do Vitória Futebol Clube.
Mesmo perdida alguma importância, Lino manter-se-ia como um membro relevante nas dinâmicas do conjunto. Esse inegável peso, segurá-lo-ia a trabalhar com o listado verde e branco durante mais uns bons anos. A continuidade no emblema sediado na cidade de Setúbal, no total da sua carreira sénior, dar-lhe-ia a oportunidade de criar uma ligação a ultrapassar a década de duração. Numa união que, segundo os dados oficiais da Federação Portuguesa de Futebol viria a prolongar-se, inclusive, até à temporada de 1981/82,o defesa-lateral, de forma inata, juntar-se-ia aos notáveis daquela agremiação e mereceria a inscrição do seu nome no restrito rol de desportistas históricos do Vitória Futebol Clube.

1684 - REINALDO

 

Seria ao serviço do Ginásio de Alcobaça que Reinaldo Almeida Lopes da Silva teria o arranque da caminhada enquanto sénior. No entanto, 1982/83 não seria apenas a campanha de estreia do ponta-de-lança na equipa principal. Com a temporada a representar o começo do trajecto do referido clube no Campeonato Nacional da 1ª divisão, a visibilidade que o atleta conseguiria conquistar abrir-lhe-ia as portas para outros cenários competitivos. Nesse campo, as chamadas às jovens equipas sob a alçada da Federação Portuguesa de Futebol acabariam a sublinhar as expectativas depositadas no avançado. Com a partida inicial com a “camisola das quinas” a ocorrer a 13 de Abril de 1983, esse jogo de preparação disputado frente à Argélia, onde concretizaria um golo, daria jus, sempre integrado nos “esperanças” lusos, a outras partidas de cariz internacional. Seguir-se-iam mais chamadas, as quais, num total de 5 partidas por Portugal, terminariam com a sua participação, chamado por António Oliveira, à edição de 1987 do Torneio de Toulon.
Retornando ao percurso clubístico, o avançado, mesmo com a concorrência de atletas como Cavungi ou João Cabral, acabaria por merecer algumas oportunidades no conjunto sediado na região do Oeste. Se acrescentarmos, a essas partidas disputadas no âmbito das provas nacionais, os jogos cumpridos pela selecção portuguesa, então, facilmente perceberemos, perante a teimosa militância do Ginásio de Alcobaça no patamar secundário, o interesse de outras colectividades na contratação do jovem atacante.
A mudança levaria Reinaldo a ser apresentado, na temporada de 1984/85, como reforço da Académica de Coimbra. Já como elemento da “Briosa”, o ponta-de-lança apontaria a um lugar de destaque dentro do plantel. Tanto na época de chegada à “Cidade dos Estudantes, como nas seguintes, o jogador vincar-se-ia como um dos membros mais activos no seio da equipa. A sua importância para os diferentes técnicos fá-lo-ia apontar sempre para uma possível presença no “onze” inicial. Recorrentemente chamado à titularidade, a descida dos “Estudantes” no termo da campanha de 1987/88 não impediria a sua continuidade ao serviço do conjunto a vestir de negro. Todavia, a insistência da Académica de Coimbra nos resultados colectivos a impossibilitar o regresso ao convívio com os “grandes”, empurraria o ponta-de-lança para uma mudança de emblema e seria o Penafiel a acolher as suas ambições primodivisionárias.
No emblema duriense, onde, em 1990/91, voltaria a trabalhar com Vítor Manuel, seu antigo treinador na Académica, Reinaldo, tal como tinha acontecido em épocas anteriores, rapidamente asseguraria um lugar como titular. Curiosamente, o ano seguinte ao da sua entrada no Estádio Municipal 25 de Abril, no qual não seria utilizado com tanta regularidade, terminaria com a descida do clube. Depois de mais uma campanha nas pelejas do patamar secundário, uma nova mudança de colectividade acabaria a encaminhar o jogador para os principais palcos do cenário futebolístico português. Ainda assim, a transferência para o plantel de 1993/94 da União de Leiria, não cumpriria, de imediato, os objectivos da tal subida. A projectada meta emergiria apenas na época seguinte à da chegada à “Cidade do Lis”, campanha, no decorrer da qual, mais uma vez, seria orientado por Vítor Manuel.
Numa carreira a escrever os derradeiros capítulos, a passagem de um ano pelo Campomaiorense serviria para acrescentar ao seu currículo a vitória na divisão de Honra de 1996/97. Contudo, a tal conquista não viria a traduzir-se na sua continuidade na agremiação alentejana. Contrariamente ao que os desempenhos do ponta-de-lança poderiam indiciar, o retorno à divisão maior não cativaria o jogador e a sua preferência empurrá-lo-ia para o regresso a um clube, por si, bem conhecido. De volta à União de Leiria, tal como tinha acontecido ao serviço dos “Galgos”, o atleta daria um enorme contributo para o triunfo naquele que é o segundo degrau luso. Dessa feita, o avançado manter-se-ia com a mesma camisola e tal opção, na temporada de 1998/99, devolvê-lo-ia ao convívio com os “grandes”. Conservar-se-ia nesse contexto competitivo por mais uma campanha e a temporada seguinte traduzir-se-ia pelo arranque na “Cidade do Lis”, pela mudança para a Académica de Coimbra e pela decisão de “pendurar as chuteiras” com o termo de 1999/00.

1683 - HUGO COSTA

Filho de Vicente Costa, antigo avançado de equipas como o Tramagal ou o Sintrense, Hugo Alexandre Esteves Costa acabaria a seguir as passadas desportivas do pai. Antes ainda de terminar o período formativo com as cores do Benfica, já o defesa-central era visto como uma das grandes promessas do futebol luso. A provar o seu valor surgiriam as chamadas às equipas sob a guarda da Federação Portuguesa de Futebol. Nesse trilho, começaria por representar os actualmente denominados sub-16. A estreia, a 27 de Dezembro de 1989, levaria o jogador a entrar em campo frente à Hungria. Depois dessa partida, à qual seria chamado por Carlos Queiroz, o atleta continuaria a avançar no seu trajecto internacional. Participaria em grandes competições como o Euro sub-16 de 1990, o Euro sub-18 de 1992, a edição de 1993 do Torneio de Toulon ou, no mesmo ano do certame francês, no Mundial sub-20.
O acumular de partidas com a “camisola das quinas” levá-lo-ia até às 48 pelejas disputadas por Portugal. Contudo, a riqueza do seu trajecto enquanto praticante das camadas jovens, não daria o direito a Hugo Costa para conquistar um lugar na equipa principal do Benfica. Sem lugar nos “Encarnados”, o defesa-central acabaria cedido a outras colectividades. Ao descobrir um espaço na 1ª divisão, o capítulo inicial da carreira sénior levá-lo-ia a envergar as cores do plantel de 1992/93 do Gil Vicente, grupo comandado por Vítor Oliveira. De seguida, ainda por empréstimo das “Águias”, surgiriam o par de anos passados com o Beira-Mar e finalmente o Estrela da Amadora. No entanto, e mesmo tendo em conta que, com excepção feita à agremiação da Reboleira, o jogador conseguiria apresentar-se sempre como titular, a verdade é que o regresso à Luz nunca viria a acontecer e a solução, para a época de 1996/97, haveria de emergir vinda do estrangeiro.
A entrada no Stoke City, à altura a disputar o segundo escalão de Inglaterra, não seria assim tão proveitosa quanto o projectado inicialmente. Esse pequeno desaire levaria o jovem jogador, a meio da campanha britânica, a equacionar o regresso a Portugal. Já com o tal plano em marcha, seria o Alverca, numa altura em que o emblema ainda era “satélite” do Benfica, a abrir as suas portas ao defesa-central. A entrada no novo clube fá-lo-ia também participar noutro capítulo de enorme monta para os ribatejanos e a estreia da colectividade na 1ª divisão daria ao atleta a oportunidade de voltar, em 1998/99, às pelejas do patamar máximo luso.
Os 4 anos e meio cumpridos com as cores do Alverca, transformaria o clube na camisola mais representativa da sua carreira. Ainda assim, impulsionado pela perda da titularidade, a ligação de Hugo Costa com a agremiação ribatejana conheceria o fim com o termo das provas agendadas para 2000/01. Seguir-se-ia o também primodivisionário Vitória Futebol Clube, onde, durante as duas épocas seguintes, o defesa-central regressaria aos melhores índices exibicionais. Os números apresentados no Bonfim, alimentar-lhe-iam nova aventura além-fronteiras e seria na Alemanha que o atleta decidiria dar seguimento ao trajecto profissional.
Está bem que no escalão secundário germânico, mas a entrada no RW Oberhausen serviria para que Hugo Costa voltasse a sonhar com outros voos. Curiosamente, seria nessa experiência pela Alemanha que o defesa-central entraria numa fase menos consentânea com o valor já antes demonstrado. Mesmo ao revelar algum decréscimo exibicional, a 1ª divisão portuguesa, na temporada de 2005/06, voltaria a acolhê-lo. Porém, como destapado neste parágrafo, a entrada na União de Leiria não devolveria à sua carreira a ambicionada titularidade. Após 3 anos na “Cidade do Lis”, o atleta ainda viria a aventurar-se brevemente nos cipriotas do Atromitos Yeroskipou. Por fim, surgiria o Pinhalnovense e o “pendurar das chuteiras” na conclusão da campanha de 2010/11.
Já com a carreira de futebolista terminada, Hugo Costa manter-se-ia ligado à modalidade e no papel de treinador ainda viria a trabalhar com clubes dos escalões inferiores, como são exemplo o Fabril do Barreiro, a AD Oiras ou o Mineiro Aljustrelense.

1682 - KEITA

Quando tentei fazer a minha procura sobre um atleta de nome Keita que, em 1977/78 teria jogado no Académico de Viseu e na temporada seguinte acabaria a envergar as cores do Beira-Mar, deparei-me com algumas curiosidades. Em abono da verdade o termo usado no final da frase anterior, tendo em atenção a trapalhada de informações, só pode ser considerado um eufemismo. Sem querer alongar-me muito nesta nota introdutória passemos aos factos.
Logo no “zerozero” dei com as fichas de dois jogadores que, apesar de serem considerados pelo “site” como pessoas distintas, expunham semelhanças biográficas e curriculares deveras espantosas. Na primeira ficha, temos o futebolista apresentado como Cheick Keita (1). Já na segunda encontramos o atleta revelado como Fantamady Keita (2). Agora vamos às tais curiosidades. Em ambas as fichas os nomes completos têm algumas semelhanças. Vejamos. No caso assinalado por mim como (1) temos Cheick Fanta Mady (separado) Keïta, enquanto no marcado como (2) temos Fantamady (tudo seguido) Keita. Até aqui, os dados poderiam ser aferidos como coincidências, sendo os dois homens aproximadamente homónimos. No entanto, a seguir passei às datas de nascimento e qual não é o meu espanto – pior ainda, se tivermos em conta a nacionalidade maliana de um e do outro – ao constatar que os dois teriam nascido no mesmo dia! Como não há duas sem três, aparece-nos então um percurso desportivo que, em vários pontos, é espantosamente parecido (como os anos das passagens por um emblema de Bamako) ou coincidente na totalidade (temos para o caso a campanha de1975/76 no AS Angoulême ou algumas das épocas ao serviço do ECAC Chaumont)!
Ao profundar um pouco mais a minha investigação, deparei-me com dois artigos provenientes da mesma fonte (3) (4). Em ambos fala-se de uma antiga glória do futebol maliano que, em 1972, ter-se-á consagrado como o melhor marcador da CAN, ao mesmo tempo que terá ajudado a sua selecção a chegar à final do referido troféu. Nas duas notícias é referido Cheick Fantamady Keïta. Porém, se compararmos o nome com as fichas do “zerozero” facilmente reparamos que o jogador com uma identificação mais parecida com o atleta apresentado no “Maliweb” é aquele que não é internacional, nem tem qualquer referência à participação na CAN de 1972. Por outro lado, a servir para confundir mais as coisas, temos, no “site” maliano, a alusão a uma caminhada competitiva que, ao invés de ser uma das duas apresentadas pelo “zerozero”, é, se assim pode ser dito, uma mistura de ambas as carreiras!
Para baralhar outra vez este raciocínio, temos então mais duas informações. A primeira é dada pelo “RSSSF” (5) e identifica-nos o goleador máximo da CAN de 1972 como Fantamady Salif Keita, ou seja, um nome, na sua totalidade, diferente dos anteriormente apresentados. Por fim, deixo-vos o artigo do “Malijet” (6), no qual fazem menção a um jogador que, na maioria da biografia, coincide com o avançado patenteado pela segunda ficha do “zerozero” (2).
Mesmo ao não conseguir montar este puzzle de uma forma que possa ser vista como fidedigna, ainda assim tentei pôr alguma ordem nesta tremenda balbúrdia. Ora, a minha suposição leva-me a dar, para o internacional do Mali com presença na CAN de 1972, um trajecto mais parecido com o que, sem ter grandes certezas, em seguida vos deixo:

1970/71 a 1971/72 – Real Bamako (Mali)
1972/73 a 1974/75 – Rennes (França)
1975/76 - AS Angoulême (França)
1976/77 – Pontevedra (Espanha)
1977/78 – Académico de Viseu (Portugal)
1978 – Philadelphia Fever (EUA)
1978/79 – Beira-Mar (Portugal)
1979 – Philadelphia Fever (EUA)
1979/80 a  1983/84 – ECAC Chaumont (França)
Faltará descobrir em que período terá passado pelo Moutiers (Antilhas Francesas), se ainda jogou a época de 1984/85 no ECAC Chaumont e se terá representado o AS Plombières de 1985/86 (França).

Para finalizar, não posso deixar de fazer duas referências. Primeiro, ao facto de o Keita do Académico de Viseu ter sido um dos pilares da primeira subida da colectividade beirã ao escalão máximo do futebol português. A segunda, mais uma curiosidade, prende-se com o recorte de jornal encontrado em “A Magia do Futebol” (7) a assegurar-nos este Keita como primo da antiga estrela leonina Salif Keita.

1 – https://www.zerozero.pt/jogador/cheick-keita/253831
2 – https://www.zerozero.pt/jogador/fantamady-keita/316282
3 – https://www.maliweb.net/sports/que-sont-ils-devenus-cheick-fantamady-keita-le-goleador-de-yaounde-72-2757655.html
4 – https://www.maliweb.net/people/portrait/cheick-fantamady-keita-legende-vivante-1357942.html
5 – https://www.rsssf.org/tables/72a-scor.html
6 – https://web.archive.org/web/20090629060746/http://www.malijet.com/actualite_sportive_au_mali/palmares_des_joueurs_maliens/footballeur_fantamady_keita.html
7 – https://a-magia-do-futebol.blogspot.com/2013/09/recordar-keita.html

1681 - JULINHO

Nascido na “Cidade Invicta”, Júlio Correia da Silva, popularizado pelo diminutivo Julinho, teria no Boavista, onde chegaria para o lugar de guarda-redes, os anos dedicados à formação. Depressa convertido em avançado-centro, seria já na nova posição que, em 1936/37, ocuparia o seu espaço na equipa principal. Apesar de bastante novo, o atacante depressa conseguiria afirmar-se como um dos bons valores dos “Axadrezados”. Ainda assim, com as “Panteras” a militar na 2ª divisão lusa, ainda passariam alguns anos até à sua estreia no patamar máximo. Tal marco aconteceria após a transferência para um novo clube e, para o caso, já na segunda campanha ao serviço do Académico do Porto.
Com a mudança referida no parágrafo anterior a ocorrer na temporada de 1940/41, a época seguinte à da sua chegada ao emblema estudantil levaria o avançado, pela primeira vez na carreira, a disputar a 1ª divisão. Tamanha seria a sua prestação naquela que é a prova de maior importância no calendário futebolístico português que, rapidamente, passaria a ser disputado por equipas de maior renome. Nessa corrida, Julinho, a troco de quantias bem avultadas para a época – 25 mil escudos para o clube e 10 mil escudos para o atleta – acordaria a mudança para o Benfica. Logo de seguida, o FC Porto, com números bem mais tentadores, faria chegar ao jogador a sua proposta. No entanto, com a palavra já dada às “Águias”, o avançado manter-se-ia fiel ao inicialmente combinado e, em 1942/43, viajaria até Lisboa.
Como praticante das “Águias”, Julinho, acolhido pelo técnico Janos Biri, depressa iria impor-se no centro do ataque. A prova do impacto do avançado na estrutura benfiquista surgiria de imediato no ano da sua chegada, com o jogador a sagrar-se como o Melhor Marcador do Campeonato Nacional da 1ª divisão. Tal feito repeti-lo-ia na época de 1949/50. Contudo, nem só de feitos individuais viveria a carreira do ponta-de-lança. Caracterizado como um intérprete muito inteligente e sagaz na hora de rematar à baliza, os seus inúmeros golos contribuiriam, e de que maneira, para diversos sucessos colectivos dos “Encarnados”. Nesse sentido, o destaque iria para as conquistas de 3 Campeonatos Nacionais, 6 Taças de Portugal e obviamente para a vitória na Taça Latina.
O feito continental ainda agora referido, aconteceria na edição de 1949/50 da prestigiada prova. No trajecto até ao triunfo, Julinho não haveria de posicionar-se somente como um dos jogadores no “onze” das diferentes rondas altercadas. Chamado por Ted Smith às pelejas agendadas para o Estádio Nacional, não só o avançado-centro marcaria presença na meia-final frente aos italianos da Lazio, como seria um dos escolhidos para a final e para finalíssima do torneio disputado em Lisboa. Aliás, seria no último encontro que o atleta assumiria um papel fulcral. Num jogo arrastado até ao 3º prolongamento, sairia dos pés do atacante, que já tinha atirado uma bola para o fundo das redes adversárias na partida anterior, o golo que, aos 134 minutos, faria cair a resolução da contenda a favor do conjunto português.
Apesar da preponderância atingida com as cores do Benfica, Julinho, com o facto parcialmente justificado pelo desenrolar da 2ª guerra mundial, não teria, na selecção nacional, números nada semelhantes aos conseguidos no clube. Ainda assim, depois da convocatória para, a 3 de Maio de 1947, disputar, frente à França, uma partida pela equipa “B” de Portugal, o dia 21 de Março de 1948 assinalaria a sua oportunidade no conjunto principal luso e o jogo marcado com a Espanha, chamado o avançado por Virgílio Paula, representaria para o atleta a sua única internacionalização “A” com a “camisola das quinas”.
Após cumprir mais de uma década com as cores do Benfica e de ter registado 202 golos em 200 partidas oficiais (outras fontes referem 272 golos em 269 jogos), seria já com a época de 1953/54 em andamento que Julinho deixaria o Benfica. Nos anos subsequentes, na mescla de tarefas dadas a um treinador-jogador, passaria por Coruchense e Benfica e Castelo Branco. Seria igualmente na aludida agremiação do distrito de Santarém que o antigo avançado decidiria passar a desempenhar, em exclusivo, as funções de técnico e, na nova carreira, ainda orientaria Marinhense, Alverca, Casa Pia, Torres Novas, Sacavenense, Alhandra e Vilafranquense.