1438 - ZECA

Ao começar a carreira no Ferroviário de Lourenço Marques, Zeca rapidamente começaria a ser aferido como um praticante seguro defensivamente e, apesar da posição no sector mais recuado da equipa, como um jogador com um índice técnico elevado. Em balneários onde também chegaria a marcar presença o seu irmão mais novo, o avançado Abel Miglietti, o jogador depressa haveria de habituar-se à glória dos títulos. Seriam essas conquistas, das quais haveria de ser um dos principais pilares, que acabariam por catapultá-lo como uma das estrelas do futebol moçambicano e, ao perseguir o sucesso de tantos outros nomes, o passo seguinte na sua caminhada desportiva seria dado em Portugal.
Após ter ajudado a vencer os Campeonatos de Moçambique de 1963 e de 1965*, não demoraria muito tempo para que Zeca fosse convidado por um dos “grandes” do cenário desportivo luso. Ao entrar primeiramente para o conjunto de “reservas”, a época de 1968/69 apresentaria o defesa à equipa principal do Benfica. Como um praticante tarimbado, o atleta adaptar-se-ia com alguma facilidade à nova realidade competitiva. Actuando preferencialmente no centro do sector mais recuado, mas também com boas performances à esquerda, seria pela mão de Otto Glória que faria a estreia nas principais provas do espectro competitivo português. Logo nessa temporada de arranque, arrecadaria para o palmarés pessoal a “dobradinha”. Nos anos seguintes, ao destacar-se na dupla com Humberto Coelho, seguir-se-iam outros títulos e o currículo do jogador ficaria colorido, para além do rol já aludido, com outros 2 Campeonatos Nacionais e 1 Taça de Portugal.
Com a ligação às “Águias” a terminar numa campanha cujos seus desempenhos seriam afectados por uma grave lesão, as temporadas de 1972/73 e a de 1973/74, sempre a disputar o escalão máximo, seriam, respectivamente, passadas com as cores do Atlético orientado por Ted Smith e do Oriental treinado por Pedro Gomes. A suceder às épocas a envergar as cores das duas agremiações “alfacinhas”, Zeca seria desafiado pelos responsáveis do União de Tomar a enfrentar, pelos nabantinos, as pelejas primodivisionárias. Ao entrar no emblema ribatejano em 1974/75, o defesa  trabalharia com outra grande figura do universo benfiquista, o antigo internacional Artur Santos e partilharia o balneário com figuras emblemáticas do futebol português, casos de Raul Águas, Florival, Bolota, Pavão ou N’Habola.
Apesar de conseguir manter-se com um dos titulares a abrilhantar as jornadas do patamar maior do futebol luso, a 14ª posição do União de Tomar no termo da edição de 1975/76 do Campeonato Nacional e, já depois de disputada a Liguilha, a consequente despromoção, levaria o jogador a dar outro rumo à caminhada profissional. Já a caminho da veterania, Zeca, para os dois anos seguintes, escolheria o Vila Real como a nova colectividade. Seria também durante esse período que o futebolista daria, tão habitual para a época, um salto até ao futebol norte-americano. Ao lado de Malta da Silva e do acima mencionado Florival, o defesa integraria o grupo de trabalho dos New England Oceaneers e participaria nas contendas desportivas, agendadas para a época de 1977, da American Soccer League.
O que restaria da sua carreira competitiva, passada no Norte de Portugal e na disputa das divisões inferiores, seria comprida entre o Bragança, o Mogadourense e ainda o Freamunde. Depois de “penduradas as chuteiras”, Zeca voltaria ligar-se à modalidade, nomeadamente como técnico. Nas funções de treinador, destaque para a sua passagem por agremiações sediadas no Arquipélago dos Açores.


*algumas fontes dão o Campeonato de 1965 como não terminado (https://www.rsssf.org/tablesm/mozchamp.html
)

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