Ao começar o percurso sénior ao serviço do Ginásio de Alcobaça, António Pereira Marques representaria o emblema sediado na Região Oeste entre as temporadas de 1957/58 e a de 1960/61. Depois surgiria o Serviço Militar Obrigatório a atrapalhar o evoluir da sua carreira. Após um interregno e com o destacamento para Angola, a campanha de 1962/63, à imagem de tantos atletas empurrados para a Guerra Colonial, seria passada num emblema local, para o caso do defesa-esquerdo, o Sport Benguela e Benfica. Já o regresso à Metrópole apresentaria à sua caminhada desportiva a Académica de Coimbra. A partir dessa campanha de 1963/64, o jogador passaria a destacar-se como um dos elementos mais cotados do emblema estudantil. Ao estatuto aferido pelo atleta, será impossível de dissociar os sucessos colectivos que viriam a moldar aquela que terá sido a época áurea do emblema conimbricense. Num conjunto de trabalho orientado pelo mítico Mário Wilson e onde marcariam presença um rol enorme de ilustres pessoas do futebol luso, Marques transformar-se-ia num dos pilar de diversos momentos de inolvidável importância.
De entre os gloriosos episódios vividos pela “Briosa” na década de 1960, quase sempre com Marques como um dos nomes habituais no alinhamento inicial da Académica, há a destacar as boas classificações no Campeonato Nacional, onde o 2º lugar alcançado no final da temporada de 1966/67 tornar-se-ia no melhor exemplo dessas notáveis jornadas. Claro que também temos as presenças nas competições continentais. Nesse registo, o defesa-esquerdo entraria em campo na edição de 1968/69 da Taça das Cidades com Feira. No entanto, mais importante do que essa participação, famosa pela “moeda ao ar” que viria a decidir a eliminatória a favor do Olympique de Lyon, seria a Taça dos Vencedores das Taças de 1969/70. Nessa caminhada, que conduziria a o conjunto português até aos quartos-de-final da prova, o jogador participaria em ambas as mãos dessa última ronda e que, frente ao Manchester City, ditaria o afastamento dos “Estudantes”.
Numa ligação com a agremiação beirã que, como futebolista, duraria até à temporada de 1971/72, há também a Taça de Portugal. Com presença na derradeira peleja da edição de 1966/67, perdida para o Vitória Futebol Clube, a sua participação na final de 1968/69, por questões maiores que o desporto, sublinharia a partida frente ao Benfica como um dos momentos mais marcantes da sua caminhada competitiva. Numa altura em que a luta estudantil contra o regime ditatorial vigente em Portugal assumiria o seu ápice, Marques, ao lado de Gervásio, Viegas, Vieira Nunes, Belo, Rui Rodrigues, Nené, Vítor Campos, Mário Campos, Manuel António, Ernesto, Rocha e Serafim, entraria no Estádio do Jamor em protesto – “Nesse dia a Académica representou a expressão de um sentimento de repulsa pelo ambiente académico e social que havia em Portugal. Havia um movimento de conspiração geral no Portugal inteiro, mas que na Associação Académica de Coimbra teve aí um momento alto que culminou com essa celebérrima final da Taça de Portugal de 69. Perdemos, mas perdemos ganhando, porque aí ganhámos Portugal, embora perdendo o jogo, mas o jogo foi um acontecimento desportivo como outro qualquer e competimos com galhardia, com dignidade, sabendo que sobre os nossos ombros estava muita responsabilidade, muito orgulho e satisfação por representarmos um Portugal muito atrasado em termos culturais, em termos sociais e também de falta de liberdade de expressão. Não ganhámos, mas ganhámos um país”*.
*retirado da entrevista publicada a 01/07/2022, em www.50anos25abril.pt
De entre os gloriosos episódios vividos pela “Briosa” na década de 1960, quase sempre com Marques como um dos nomes habituais no alinhamento inicial da Académica, há a destacar as boas classificações no Campeonato Nacional, onde o 2º lugar alcançado no final da temporada de 1966/67 tornar-se-ia no melhor exemplo dessas notáveis jornadas. Claro que também temos as presenças nas competições continentais. Nesse registo, o defesa-esquerdo entraria em campo na edição de 1968/69 da Taça das Cidades com Feira. No entanto, mais importante do que essa participação, famosa pela “moeda ao ar” que viria a decidir a eliminatória a favor do Olympique de Lyon, seria a Taça dos Vencedores das Taças de 1969/70. Nessa caminhada, que conduziria a o conjunto português até aos quartos-de-final da prova, o jogador participaria em ambas as mãos dessa última ronda e que, frente ao Manchester City, ditaria o afastamento dos “Estudantes”.
Numa ligação com a agremiação beirã que, como futebolista, duraria até à temporada de 1971/72, há também a Taça de Portugal. Com presença na derradeira peleja da edição de 1966/67, perdida para o Vitória Futebol Clube, a sua participação na final de 1968/69, por questões maiores que o desporto, sublinharia a partida frente ao Benfica como um dos momentos mais marcantes da sua caminhada competitiva. Numa altura em que a luta estudantil contra o regime ditatorial vigente em Portugal assumiria o seu ápice, Marques, ao lado de Gervásio, Viegas, Vieira Nunes, Belo, Rui Rodrigues, Nené, Vítor Campos, Mário Campos, Manuel António, Ernesto, Rocha e Serafim, entraria no Estádio do Jamor em protesto – “Nesse dia a Académica representou a expressão de um sentimento de repulsa pelo ambiente académico e social que havia em Portugal. Havia um movimento de conspiração geral no Portugal inteiro, mas que na Associação Académica de Coimbra teve aí um momento alto que culminou com essa celebérrima final da Taça de Portugal de 69. Perdemos, mas perdemos ganhando, porque aí ganhámos Portugal, embora perdendo o jogo, mas o jogo foi um acontecimento desportivo como outro qualquer e competimos com galhardia, com dignidade, sabendo que sobre os nossos ombros estava muita responsabilidade, muito orgulho e satisfação por representarmos um Portugal muito atrasado em termos culturais, em termos sociais e também de falta de liberdade de expressão. Não ganhámos, mas ganhámos um país”*.
*retirado da entrevista publicada a 01/07/2022, em www.50anos25abril.pt
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