1633 - NÉLSON MOUTINHO

José Nélson de Almeida Moutinho, ainda em tenra idade, entraria para as “escolas” do Benfica, onde cumpriria o seu percurso formativo. Ao destacar-se como um elemento dotado de uma boa técnica e com aptidão para o golo, nem a baixa estatura viria a impedir as suas presenças em campo com as cores da selecção. Chamado aos trabalhos dos sub-16 sob a alçada da Federação Portuguesa de Futebol, o avançado-centro estrear-se-ia com a “camisola das quinas”, no âmbito da disputa do Torneio Internacional de Saint-Malo, a 17 de Abril de 1976. Depois dessa partida frente à Polónia, contenda para a qual partilharia o balneário com Ademar, Francisco Silva, Pereirinha, Freire ou Diamantino, o atacante manter-se-ia nos planos dos agregados lusos e ao passar por diversos escalões, o jogador amealharia, para a sua ainda curta carreira, um total de 16 partidas cumpridas com as divisas de Portugal.
Apesar de ser um praticante promissor, a verdade é que a transição para o patamar sénior, mesmo tendo em conta uma participação num “amigável” de fim de época, ditaria o seu afastamento da Luz. Ainda assim, a solução para o seu trajecto enquanto futebolista profissional não viria a apartá-lo dos cenários primodivisionários. Nesse sentido, seria o Portimonense, inicialmente orientado por José Augusto, que, na temporada de 1977/78, daria a oportunidade a Nélson Moutinho para dar seguimento à carreira desportiva. Mesmo com a mudança no comando técnico a apresentar Mário Lino como o novo timoneiro, o atacante conseguiria manter-se como um dos titulares. No entanto, a despromoção do emblema algarvio travaria a afirmação do ponta-de-lança no patamar maior luso e a campanha de 1978/79 seria passada no escalão secundário.
O regresso de Nélson Moutinho à 1ª divisão aconteceria na temporada de 1979/80. Contratado pelo Beira-Mar, o avançado passaria a trabalhar na intendência de Fernando Cabrita. Curiosamente, tal como na época de arranque no algarve, o atleta veria uma “chicotada psicológica” a entregá-lo, dessa feita, às ordens de Rodrigues Dias. Similarmente, também a campanha cumprida na agremiação sediada na cidade de Aveiro, terminaria com o clube por si representado nas posições de descida. Apesar da titularidade assegurada no emblema da Beira Litoral, o referido desaire colectivo levá-lo-ia a procurar novas oportunidades, numa colectividade diferente. Infelizmente para o ponta-de-lança, a entrada no plantel de 1980/81 da União de Leiria afastá-lo-ia, em definitivo, das sendas destinadas ao patamar máximo e, daí em diante, o atacante encetaria uma caminhada a revelar uma boa mescla clubes.
FC Barreirense, Benfica e Castelo Branco, Olhanense e Silves, transformar-se-iam nas cores a colorir um trajecto que findaria com o termo das provas agendadas para a época de 1991/92. Logo de seguida, mantendo a ligação à modalidade, Nélson Moutinho, sem sair do Algarve, começaria a carreira como treinador. Principalmente na disputa dos “regionais”, mas com algumas presenças nos “nacionais” ou ainda como técnico dos escalões de formação, o antigo avançado teria experiências no Mexilhoeira Grande, Messinense, Lagoa, Silves, nas camadas de formação do Portimonense, na Escola de Futebol de Portimão e na Escola de Futebol João Moutinho, instituição baptizada com o nome de um dos seus filhos.

1632 - CARAÇA

António Joaquim Caraça começaria no futebol, na temporada de 1949/50, ao serviço dos juniores do Juventude de Évora. Com um brilhante trajecto no Campeonato Nacional da categoria, campanha a levar o emblema alentejano até às meias-finais, as prestações do jovem ponta-de-lança alimentariam a cobiça de outras agremiações. CUF, Lusitano de Évora, Vitória Futebol Clube e Benfica surgiriam como os principais interessados na sua contratação. Porém, seriam as “Águias” a convencer o avançado a mudar de camisola e o jogador, a partir da época de 1950/51, passaria a envergar as divisas dos “Encarnados”.
No Benfica, na campanha de estreia, Caraça passaria a dividir o tempo entre os juniores e as reservas. Já a temporada de 1951/52, num grupo inicialmente orientado por Ted Smith e depois por Cândido Tavares, corresponderia à época de arranque no seu trajecto enquanto futebolista sénior. No entanto, apesar da inegável qualidade, sublinhada pelo poderio físico, pela astúcia e pela mobilidade dentro da grande-área, o avançado-centro apenas viria a mostrar-se nas “reservas” e em jogos amigáveis. Tal ocaso, provocado essencialmente pela presença de José Águas, levá-lo-ia a mudar-se para o Minho e, acompanhado na viagem por José da Costa e Cesário, seria apresentado como reforço do plantel de 1952/53 do Vitória Sport Clube.
Na “Cidade Berço”, numa campanha que até começaria sob a intendência do magiar Sándor Peics, Caraça voltaria a trabalhar com Cândido Tavares. Ao integrar-se, com distinção, no esquema táctico da colectividade sediada em Guimarães, o ponta-de-lança rapidamente passaria a ser tida como uma das principais figuras do clube. Nessa temporada de entrada no Campo da Amorosa, o atleta, para além de totalista no Campeonato Nacional da 1ª divisão, viria igualmente a consagrar-se como o goleador máximo da equipa. Também a época seguinte seria de grande relevo e, mais uma vez, o jogador conseguiria ser o melhor marcador do Vitória Sport Clube.
Já aferido como um dos grandes atacantes a disputar as provas lusas, Caraça envolver-se-ia numa polémica transferência. Cobiçado pelo Lusitano de Évora, o avançado-centro, na pré-época de 1954/55, acabaria por não marcar presença no arranque dos trabalhos do Vitória Sport Clube. Sem qualquer autorização, por parte da agremiação minhota, para que negociasse uma possível mudança, seria através de um emprego oferecido na Câmara Municipal de Évora que o ponta-de-lança forçaria a desvinculação com os “Conquistadores”. Apesar dos protestos, o regresso à sua cidade natal dar-se-ia mesmo e seria de verde e branco que o jogador prosseguiria a caminhada no futebol.
Ao ingressar no Lusitano de Évora em 1954/55, Caraça voltaria a trabalhar com Cândido Tavares. Com a colectividade alentejana a viver os anos de ouro da sua história, o atacante, quase sempre como titular, manter-se-ia na disputa do escalão máximo e acabaria a participar em momentos de grande importância para o clube eborense. Nesse campo, destaque para o 5º lugar alcançado como o fim do Campeonato Nacional de 1956/57, melhor classificação de sempre para o listado verde e branco, ou as meias-finais atingidas na edição de 1958/59 da Taça de Portugal.
Para além dos capítulos já aludidos, a passagem de Caraça pelo Campo Estrela traria à caminhada competitiva do ponta-de-lança outros focos de interesse. Um deles seriam as 11 campanhas primodivisionárias vividas com o emblema alentejano. Ora, tamanha quantidade de temporadas resultariam num número igualmente elevado de partidas disputadas, pelos “Giraldos”, naquele que é o patamar maior do futebol luso. Nessa longa senda, que viria a terminar com o fecho das provas agendadas para 1964/65, o jogador disputaria 221 jornadas na 1ª divisão e tornar-se-ia no 5º atleta do Lusitano de Évora com mais desafios cumpridos no contexto da principal prova do futebol português.

1631 - ARTUR JORGE


Formado pelo Vitória Sport Clube, seria ainda com idade de júnior que Artur Jorge Fernandes Ferreira, pela mão de António Oliveira, conseguiria estrear-se pelos seniores. Ainda nessa época de 1987/88, e nas seguintes, o avançado-centro, muito devido à concorrência de nomes como Kipulu, Décio, N’Kama ou Ebongué, poucas oportunidades conseguiria para aparecer na ficha de jogo. Só voltaria a surgir em campo na temporada 1989/90, chamado pelo brasileiro Paulo Autuori. A falta de utilização levá-lo-ia, ao serviço de outras colectividades, a procurar uma solução para alimentar o seu crescimento e a campanha de 1990/91 encetaria, no trajecto competitivo do atacante, uma boa série de empréstimos.
Depois do Benfica e Castelo Branco, do Varzim e de um regresso a Guimarães na temporada de 1992/93, seriam o Vila Real e o Desportivo das Aves os emblemas a antecederem um novo retorno à “Cidade Berço”. No entanto, tal como anteriormente, a época de 1994/95 acabaria a mutar-se em mais uma cedência. Nesse contexto, ainda que a manter-se nas disputas dos escalões secundários, o Sporting de Espinho, muito mais do que uma agremiação de passagem, transformar-se-ia no grupo de trabalho mais representativo da sua experiência enquanto futebolista. Nesse aspecto, após a entrada no Estádio Comendador Manuel Violas, o avançado-centro rapidamente assumiria um papel de protagonista e logo na época de 1995/96 contribuiria para o 3º posto na tabela classificativa da divisão de Honra e para a consequente subida ao escalão máximo.
Já no convívio com os “grandes”, numa equipa a contar, também para o miolo do sector ofensivo, com Artur Jorge Vicente, a temporada começaria sob a intendência técnica de Zinho. Porém, os “Tigres da Costa Verde” não conseguiriam a estabilidade necessária aos objectivos traçados e numa campanha onde Artur Jorge haveria de assumir o papel de titular, o 16º lugar devolveria o Sporting de Espinho aos escalões inferiores. Apesar da descida, o avançado decidiria manter-se fiel ao clube, prolongando a sua ligação por um total de 6 anos. No que diz respeito ao regresso ao patamar máximo do futebol luso, apesar de ter integrado projectos que viriam a conseguir a tão almejada promoção, casos do Varzim de 2000/01 e do Moreirense de 2001/02, a verdade é que o atacante não mais voltaria a pisar tais palcos.
A aproximar-se do fim da caminhada enquanto desportista, Artur Jorge, num trajecto a tornar-se um pouco mais errante, para além dos dois últimos emblemas referidos no parágrafo anterior, teria ainda a oportunidade de envergar outras camisolas. Esse desígnio levá-lo-ia, então, a representar os planteis do Sporting de Espinho, do Lixa, do Vizela e, numa carreira também ela cheia de regressos, voltaria a Moreira de Cónegos, onde, com o termo das provas agendadas para 2007/08, tomaria a decisão de “pendurar as chuteiras”.

1630 - GRANCHAROV

Com a primeira aparição sénior a ocorrer na temporada de 1973/74, Nikolay Atanasov Grancharov iniciaria essa fase da carreira na disputa do escalão máximo da Bulgária. Mantendo-se com as cores do Cherno More por um par de campanhas, desde logo o defesa-central começaria a despertar a cobiça de emblemas de maior monta e numa altura em que já tinha envergado, nos escalões de formação, a camisola do seu país, surgiria o interesse do Levski de Sófia.
Com a mudança para a colectividade sediada na capital a ocorrer na época de 1975/76, Grancharov, após o encetar da nova ligação clubística pela mão do treinador Ivan Vutsov, não demoraria muito tempo para que assumisse um papel de relevância no seio do plantel. Tal importância ficaria bem vincada na temporada a seguir à sua entrada nos “Sinite”, com a convocatória à principal selecção búlgara. Com as cores do seu país, chamado a jogo pela dupla Hristo Mladenov/Yoncho Arsov, o defesa-central estrear-se-ia a 22 de Setembro de 1976. Essa partida frente à congénere da Turquia serviria de arranque a um trajecto que o levaria a totalizar um conjunto de 22 internacionalizações “A” pelas cores da sua bandeira. Ainda assim, mesmo tendo em conta o número de desafios efectuados, ao jogador faltaria a presença num dos grandes certames de futebol e o melhor que conseguiria alcançar seria a presença na Taça dos Balcãs.
Mesmo não tendo atingido um grande feito colectivo com a camisola da selecção, o seu percurso ao serviço do Levski de Sófia dar-lhe-ia o direito a comemorar a conquista de diversos títulos. O primeiro, na época de entrada no clube, seria a edição de 1975/76 da Taça Soviética. Voltando a marcar presença nas derradeiras pelejas da competição, as campanhas de 1976/77 e de 1978/79 também acrescentariam o referido troféu ao seu currículo. Para embelezar ainda mais o caminho do defesa-central, as duas últimas épocas mencionadas, atribuindo-lhe ao palmarés um par de “dobradinhas”, corresponderiam igualmente a duas vitórias no Campeonato Nacional. Para finalizar o campo das glórias, tenho ainda de fazer referência àquela que, por essa altura, era considerada como a segunda taça no calendário futebolístico do país, ou seja, falta-me mencionar o triunfo de Grancharov na Taça da Bulgária de 1981/82.
Com o percurso cheio de momentos altos e com a abertura do antigo Bloco de Leste a possíveis mudanças de atletas para emblemas do Ocidente, o jogador arriscaria fazer o derradeiro trecho do seu percurso competitivo em Portugal. Com a entrada no Farense a apresentá-lo como reforço para a temporada de 1983/84, o defesa-central passaria a trabalhar sob a intendência de um treinador bem conhecido da sua carreira, o antigo seleccionador búlgaro Hristo Mladenov. Integrado num conjunto a contar com grandes nomes, como Meszaros, Carlos Alhinho, José Rafael, Alexandre Alhinho, Mário Wilson ou Jorge Jesus, Grancharov conseguiria conquistar um lugar no centro do sector mais recuado do emblema algarvio. Tendo sido, à custa da titularidade, um dos principais pilares da almejada manutenção, existem fontes a garantirem a sua continuidade nos “Leões de Faro”. A verdade é que não encontrei qualquer registo de jogos cumpridos pelo internacional nas provas agendadas para 1984/85. Por essa razão, é impossível asseverar o prolongamento da sua caminhada desportiva ou, em sentido oposto, o final da mesma.

1629 - PAIVA

Com a formação terminada nas “escolas” do Marítimo, seria nos “Leões do Almirante Reis” que Marco Paulo Paiva Rocha, no decorrer da campanha de 1990/91 faria a transição para as provas de índole sénior. Chamado ao conjunto principal por Ferreira da Costa, o médio defensivo, após a partida do referido técnico e com a chegada ao comando dos “Insulares” do brasileiro Paulo Autuori, depressa conseguiria consolidar-se como um dos elementos mais importantes dos esquemas tácticos idealizados para as pelejas dos “Verde-rubro”.
Não só como um dos titulares do Marítimo, mas igualmente a sobressair-se como uma das grandes figuras da formação funchalense, Paiva seria chamado aos trabalhos dos grupos sob a alçada da Federação Portuguesa de Futebol. Incluído nos planos dos sub-21, o “trinco”, a 14 de Novembro de 1991, faria a estreia, no mencionado escalão, num desafio de preparação agendado frente a Angola. Depois dessa partida comandada pelo treinador Nelo Vingada, o jogador continuaria a merecer a confiança dos responsáveis técnicos da selecção e viria, por mais algumas vezes, a ser convocado a envergar a “camisola das quinas”. Nessa caminhada, a incluir um somatório de 7 jogos feitos pelos “esperanças” e a abranger também a participação na edição de 1993 do Torneio Internacional de Toulon, o médio-defensivo teria ainda a oportunidade de representar a equipa “A”. Numa altura em que já vestia as cores do Vitória Sport Clube, Humberto Coelho chamá-lo-ia para um “amigável” e frente a Moçambique, a 19 de Agosto de 1998, o atleta adicionaria ao currículo 1 internacionalização pelo principal conjunto de Portugal.
Com as cores do Marítimo, Paiva manter-se-ia, ao longo de 4 temporadas, como um dos principais pilares da equipa. Nesse contexto, seria uma das caras a ajudar o emblema da Madeira a atingir o 5º posto na tabela classificativa do Campeonato Nacional da 1ª divisão de 1992/93. Tal feito, levaria o emblema sediado na cidade do Funchal a conseguir a qualificação para as provas de cariz continental. Já na disputa da Taça UEFA de 1993/94, o jogador, chamado à contenda por Edinho, participaria naquela que viria a tornar-se na ronda de estreia dos “Insulares” em competições além-fronteiras. Tamanha preponderância faria com que emblemas de outra monta começassem a interessar-se pela sua contratação. O Benfica seria a colectividade a convencer o atleta a mudar-se. No entanto, após ter participado, pelas “Águias”, na pré-temporada de 1994/95, o “trinco” seria dispensado por Artur Jorge e, emprestado ao Famalicão, acabaria a disputar a divisão de Honra.
Incluído no negócio da ida de Hassan para a Luz, Paiva, na campanha de 1995/96, daria continuidade à carreira ao serviço do Farense. No Algarve, mais uma vez à custa de uma estreia nas provas continentais, o atleta inscreveria o seu nome na história de outro clube. Comandado pelo catalão Paco Fortes, disputaria a Taça UEFA, numa ronda a contar também com o Olympique de Lyon. Seguir-se-ia mais uma temporada em que, para além de cimentar o estatuto de elemento primodivisionário, ainda conseguiria afirmar-se como um dos praticantes mais apetecíveis a jogar na sua posição. Essa aferição levá-lo-ia a nova transferência e a mudança para o Vitória Sport Clube dar-lhe-ia um novo impulso ao trajecto enquanto desportista.
No Minho a partir de 1997/98, um dos marcos alcançados pelo jogador, como já aludido neste texto, seria a internacionalização “A” por Portugal. Ainda nos anos a representar os “Conquistadores”, o médio-defensivo daria o seu contributo para diferentes momentos na história colectiva do clube, com principal realce para o 3º lugar no Campeonato Nacional, alcançado na temporada da sua chegada à “Cidade Berço”, ou para as qualificações para as provas sob a intendência da UEFA. Nesse contexto, onde poderei afirmar as 4 épocas por si passadas em Guimarães como o período mais consistente da sua carreira, a surpresa da sua partida apanharia desprevenido até o mais atento. De seguida, apresentado no Santa Clara como reforço do plantel de 2000/01, o atleta encetaria em Ponta Delgada o último trecho cumprido entre os “grandes”. Já com a descida da agremiação micaelense, a época de 2003/04 daria azo ao regresso de Paiva aos escalões secundários. Nesse cenário competitivo, naqueles que viriam a tornar-se nos últimos capítulos da sua caminhada como futebolista, o “trinco”, após envergar as camisolas do Maia, do União da Madeira e do Machico, decidir-se-ia pelo fim da senda competitiva, com o termo das provas agendadas para 2009/10.
Logo de seguida assumiria o comando técnico do Machico, numa carreira como técnico que, alguns anos depois, levá-lo-ia também a aceitar um cargo na estrutura de formação do Marítimo.

1628 - ELIAS

Praticante formado no clube, Fernando Elias Oliveira da Silva subiria à equipa principal do Penafiel na temporada de 1982/83. Médio de enorme entrega, que podia jogar ao centro ou mais descaído para o lado direito do sector intermediário, o jovem intérprete teria em António Medeiros o homem a lança-lo na alta-roda do futebol profissional. Ainda assim, mesmo tendo conseguido estrear-se no contexto sénior, essa época de arranque poucas oportunidades traria ao atleta. Ainda assim, pouco tardaria para que esse cenário viesse a alterar-se e o arranque da campanha seguinte revelaria um elemento com uma preponderância completamente diferente.
Após ter ajudado à subida de escalão, a época de 1983/84 assinalaria a estreia de Elias na 1ª divisão. Mesmo ainda não possuindo grande experiência no conjunto principal, a verdade é que o médio, como aposta inicial de Fernando Tomé, conseguiria, ao lado de nomes como Ferreira da Costa, Branco e Afonso, conquistar um lugar no “onze” titular. Daí para diante, as suas boas exibições justificariam a manutenção do estatuto de titular. Aliás, os anos seguintes serviriam para apresentá-lo como um nome icónico da colectividade duriense e um dos esteios de feitos como a chegada às meias-finais da edição de 1985/86 da Taça de Portugal, onde o Penafiel só seria afastado após a partida de desempate disputada frente ao Benfica.
Depois de uma curta passagem do Penafiel pela 2ª divisão, o regresso ao convívio com os “grandes” na temporada de 1987/88 daria azo a que Elias completasse a sua primeira passagem pelo clube nos palcos maiores do futebol luso. Com alguma surpresa, apresentando-se, por essa altura, como um dos preferidos da massa adepta e um dos elementos de maior importância no plantel, o jogador, com o termo das provas agendadas para 1988/89, deixaria os “Rubro-negros” para abraçar outro projecto. Convidado pelo Estrela da Amadora orientado por João Alves, o médio entraria no Estádio José Gomes numa altura de especial importância para a história dos “Tricolores”. Logo nessa campanha de chegada à Reboleira, o atleta participaria na caminhada a levar o emblema sediado na Linha de Sintra até à final da Taça de Portugal. No Jamor, após não ter entrado em campo na final, seria chamado a jogo pelo “Luvas Pretas” no desafio a contar para a finalíssima e, desse modo, ajudaria à inolvidável conquista da “Prova Rainha”.
Apesar do troféu conquistado pelo Estrela da Amador e de, sem o brilhantismo de anos anteriores, ter alcançado pelo clube números aceitáveis, a despromoção sofrida no final de 1990/91 precipitaria a saída do jogador. Curiosamente, seria também na divisão de Honra que Elias encontraria o novo interessado no seu concurso. No Tirsense a partir da temporada de 1991/92, o jogador, a trabalhar sob as instruções de Rodolfo Reis, ajudaria à promoção dos “Jesuítas”. Porém, apesar da titularidade na aludida subida, aquela que viria a tornar-se na última campanha primodivisionária do médio, devolvê-lo-ia à condição de suplente. Seguir-se-ia mais um ano a envergar as cores da agremiação de Santo Tirso, o regresso ao Penafiel e o fim do seu trajecto no “futebol 11”, após 4 épocas com os “Durienses”, no termo de 1997/98.
Por fim, e “penduradas as chuteiras”, Elias ainda revelaria disponibilidade competitiva para encetar uma pequena senda no futsal e, nas 2 campanhas após deixar os relvados, calçaria as sapatilhas pelo Jazz Baltar.

1627 - ANTÓNIO CAIADO

Irmão mais velho da trindade saída de uma das famílias mais afamadas do futebol português das décadas de 1940 e de 1950, onde também figurariam Fernando Caiado e José Caiado, António Augusto Amaral Caiado, apesar da naturalidade em Leça da Palmeira, teria no sul do país o arranque da sua carreira na modalidade.
Como indicaria a revista “Crónica Desportiva”, publicada a 17 de Novembro de 1957, o jogador teria no Atlético a sua primeira aparição oficial no “jogo da bola”. Nesse sentido, indo até contra algumas fontes a dá-lo anteriormente como praticante do Almada, seria no emblema da Tapadinha que disputaria, na temporada de 1942/43, a 2ª divisão nacional e o escalão máximo do Campeonato de Lisboa. No entanto, essa campanha que, após a junção do União Lisboa com o Carcavelinhos, corresponderia ao arranque das actividades futebolísticas do recém-criado clube do bairro de Alcântara, seria a única do médio na capital. Logo na temporada seguinte viajaria para o Algarve e encetaria um período de 3 anos, durante o qual passaria a envergar as divisas do Farense.
Com a agremiação do Sotavento a manter-se nas pelejas secundárias, seria no regresso às proximidades da sua terra natal que António Caiado viria a ingressar no emblema mais representativo da sua carreira. Nesse sentido, com a entrada no Boavista a acontecer na temporada de 1946/47 o médio que, no desenovelar da sua caminhada desportiva, jogaria em todas as posições de campo, passaria a partilhar o balneário com os dois irmãos mencionados no começo deste texto. Para além dessa curiosidade, o grande destaque no encetar da sua ligação aos “Axadrezados” emergiria da estreia do atleta no escalão maior do futebol luso. Brilhantemente, ao não acusar o salto dado, o jogador, num plantel a contar igualmente com o futuro internacional Serafim, rapidamente conquistaria um lugar de destaque e, muito mais do que a habilidade a dar-lhe a louvada polivalência, seria a sua entrega ao jogo a empurrá-lo para a galeria de figuras notáveis do colectivo portuense.
Nos 12 anos passados com as “Panteras Negras”, António Caiado viveria diversos momentos, uns de maior sucesso, outros de menor glória. Sem desprimor para as 8 temporadas que, durante o aludido período, o jogador cumpriria nas contendas primodivisionárias, o maior destaque surgiria com as prestações colectivas conseguidas no decorrer da campanha de 1951/52. Nessa época, orientado o Boavista pelo técnico Lino Taioli, o médio, à imagem dos números conseguidos até então, assumir-se-ia como um dos esteios da estratégia idealizada pelo treinador argentino. Numa caminhada de excelência, com vitórias frente ao Belenenses, ao FC Porto e ao Sporting, os “Axadrezados” somariam pontos suficientes para terminar o Campeonato Nacional da 1ª divisão no 5º lugar, posição à altura a constituir um recorde na história do clube.

1626 - AGATÃO

Após terminar o percurso formativo com as cores do Zona Azul, o salto para os seniores, sem sair da sua cidade natal, levá-lo-ia a ser apresentado como reforço do Desportivo de Beja. Ao juntar-se ao plantel de 1979/80 do emblema alentejano, Francisco José Matos Agatão acabaria a partilhar o balneário com Delfim, um dos seus 5 irmãos, todos mais velhos que o médio-defensivo e todos futebolistas com passagem pela agremiação rubro-negra.
Principiada a caminhada competitiva pela Zona Sul da 2ª divisão, o “trinco”, aquando da passagem pelo Despertar Sporting Clube de 1981/82, acabaria por cair nos “regionais”. Manter-se-ia, 1 ano depois e já de volta ao Desportivo, nas contendas distritais da Associação de Futebol de Beja. No entanto, no regresso ao conjunto mais representativo da fase inicial da sua carreira, o jogador conseguiria a proeza de chamar a atenção de emblemas bem melhor posicionados no cenário luso e seria um pouco mais a norte, com as cores d’ “O Elvas”, que viria a encontrar a rampa de lançamento para um trajecto invejável.
Com a chegada aos “Azuis e Ouro” na temporada de 1983/84, Agatão voltaria a competir na 2ª divisão. Seria ainda no referido escalão que, a trabalhar sob a alçada de Carlos Cardoso, começaria a prometer outros voos. Nesse contexto evolutivo, o médio-defensivo, um par de épocas após a entrada na agremiação raiana, veria o Boavista a apostar na sua contratação. Ao estrear-se no escalão máximo já com 25 anos de idade, o traquejo trazido de meia dúzia de campanhas a pelejar-se no futebol sénior permitir-lhe-ia fixar-se, com relativa facilidade, no plantel de 1985/86 dos “Axadrezados”. Avaliado pelo carácter determinado e aguerrido, o atleta, muito mais do que singrar no grupo de trabalho às ordens de João Alves, transformar-se-ia, ao partilhar o sector intermediário com Casaca e com Phil Walker, num dos pilares do colectivo portuense. Com excelentes exibições nos anos cumpridos no Bessa, o atleta ajudaria as “Panteras” na luta pelos lugares cimeiros da tabela classificativa do Campeonato Nacional e, acima de tudo, na qualificação para as provas sob a égide da UEFA.
Após 5 temporadas na “Cidade Invicta”, seguir-se-ia um período idêntico ao serviço do Estrela da Amadora. No emblema sediado no bairro da Reboleira, o “trinco” chegaria num ano deveras importante para os homens a jogar em casa no Estádio José Gomes. Nesse cenário histórico, Agatão participaria na disputa da Supertaça e na estreia dos “Tricolores” nas competições de índole continental, ou seja, entraria em campo na eliminatória da Taça dos Vencedores das Taças a opor o conjunto português ao Neuchâtel Xamax. Porém, a importância de tais momentos não evitaria a descida do emblema da Linha de Sintra no termo do Campeonato Nacional de 1990/91. Mesmo como um dos mais utilizados na equipa, o desaire colectivo arrastaria o jogador, mais uma vez, para o panorama secundário do futebol português. Já o regresso ao convívio com os “grandes” dar-se-ia na campanha de 1993/94 e permitiria ao médio-defensivo adicionar ao currículo outras 2 épocas primodivisionárias.
A campanha de 1995/96 viria a assumir-se de vital importância para a ligação de Agatão ao futebol. Por um lado, a aludida temporada, durante a qual vestira a camisola do Estoril Praia, tornar-se-ia na última da sua carreira enquanto praticante. Depois, como resultado de ter sido orientado por Carlos Manuel, emergiria a oportunidade de abraçar as tarefas de técnico. Como adjunto do referido treinador, o antigo “trinco” passaria por diversos emblemas do escalão maior. Salgueiros, Sporting, Sporting de Braga, Campomaiorense e Santa Clara coloririam essa fase do seu trajecto. Mais tarde, ao assumir-se como o “timoneiro” principal, regressaria aos cenários insulares onde, para além de voltar ao Santa Clara, encetaria uma longa ligação ao Operário.
Trajecto como treinador, há ainda a destacar as suas passagens pelo Recreativo de Caála e pelos iranianos do Sanat Naft, períodos onde integraria, respectivamente, as equipas de Formosinho e, mais uma vez, de Carlos Manuel. De seguida não resistiria a novo apelo dos Açores e aceitaria os convites do Praiense, do Fontinhas e do Rabo de Peixe. Finalmente, o regresso a casa e o desafio de liderar as “escolas” do Desportivo de Beja.

1625 - PEIXOTO

Formado pelo Atlético, seria ainda como membro das “escolas” do emblema alcantarense que Carlos Manuel dos Santos Peixoto viria a ser chamado aos trabalhos das jovens selecções a cargo da Federação Portuguesa de Futebol. Incluído nos actualmente denominados sub-18, o lateral estrear-se-ia com a “camisola das quinas” a 15 de Abril de 1968. Esse amigável frente à Bulgária servira de arranque a uma caminhada que, em Maio do ano seguinte, levaria o jogador a ser convocado para a disputa da edição de 1969 do Torneio Internacional de Juniores da UEFA. No certame organizado na Republica Democrática da Alemanha, o atleta acabaria por marcar presença em todas as partidas disputadas pela sua equipa e, num percurso internacional que terminaria com o fim da participação lusa na referida prova, o defesa passaria a somar 7 pelejas com as cores de Portugal.
Terminado o percurso formativo, a temporada de 1970/71 serviria para Peixoto fazer a transição para o universo sénior. Com a colectividade a jogar em casa na Tapadinha a militar no 2º escalão, as campanhas seguintes do defesa, a jogar pelo Portimonense e pelo Estoril Praia, seriam igualmente cumpridas nas contendas dos patamares inferiores. No entanto, contrariamente à sua experiência na agremiação algarvia, a integração no emblema sediado na Linha de Cascais serviria para encetar a ligação mais representativa da sua carreira desportiva. Com a entrada no Estádio António Coimbra da Mota a acontecer na época de 1973/74, o atleta desceria um degrau competitivo e passaria a exibir-se na 3ª divisão. Ainda assim, orientado inicialmente por Jimmy Hagan e depois por António Medeiros, o lateral seria peça importante nas duas subidas em dois anos consecutivos e, desse modo, constituir-se-ia como uma das caras a levar os “Canarinhos” ao patamar máximo.
O regresso do Estoril Praia à 1ª divisão, com Carlos Pereira a ocupar a primazia nas escolhas de António Medeiros, não seria de todo prodigiosa para Peixoto. Contudo, a campanha de 1975/76 não deixaria de marcar a estreia do lateral no convívio com os “grandes”. Esse percurso primodivisionário prolongar-se-ia nas épocas seguintes e uma das boas marcas conseguidas durante esse percurso de 4 anos seria a presença do lateral, chamado pelo treinador José Bastos, na final da Taça da FPF de 1976/77. Já no plano estritamente pessoal, o defesa haveria de merecer mais oportunidades no “onze” dos “Canarinhos” e as provas agendadas para 1977/78 acabariam por marcar o início da titularidade atribuída ao jogador.
Apesar da importância conquistada na esquematização táctica da colectividade da Amoreira, a época de 1979/80 apresentaria o defesa como reforço do plantel do Amora. De regresso à 2ª divisão, o atleta passaria a trabalhar sob as instruções de Mourinho Félix e, na Margem Sul, voltaria a contribuir para mais uma promoção. De novo a actuar nos principais escaparates do futebol luso, a verdade é que os números retirados dessa temporada de 1980/81 ficariam bem aquém do currículo apresentado pelo lateral. Tal desilusão levá-lo-ia a deixar a Medideira e, nos anos seguintes, a abraçar os projectos de dois emblemas já por si bem conhecidos. Nesse sentido, após um par de campanhas a envergar as cores do Atlético, a campanha de 1983/84, outra vez ao serviço do Estoril Praia, marcaria a derradeira aparição do atleta nos cenários primodivisionários. Daí em diante, numa caminhada competitiva a durar até 1987/88, Peixoto ainda vestiria a camisola do Seixal.

1624 - BARRADAS

Encetaria a carreira sénior ao serviço do plantel de 1977/78 do Luso do Barreiro. Mantendo-se nas contendas da 2ª divisão, na campanha a seguir à referida estreia, seguir-se-ia a sua mudança para a Quimigal. Numa senda em que ganharia o traquejo necessário para outros desafios, faltaria ainda ao guarda-redes envergar outra camisola. No Salgueiros a partir de 1980/81, o atleta, no bairro de Paranhos, iniciaria a ligação a levá-lo até ao patamar máximo do futebol português. No entanto, tal meta ainda demoraria um par de anos a cumprir e seria na temporada de 1982/83 que António José Loureiro Barradas apareceria, pela primeira vez, numa disputa entre os “grandes”.
Orientado por Henrique Calisto nessa estreia primodivisionária, Barradas, muito mais do que ultrapassar a concorrência de Manuel Pinto, destacar-se-ia como um dos totalistas no Campeonato Nacional. Tal importância logo faria com que outras agremiações cogitassem o seu nome como um dos possíveis reforços para a campanha subsequente. Aferido como um intérprete que, apesar da baixa estatura, tinha na agilidade e na afoiteza as principais qualidades, seria o FC Porto a apostar na sua contratação. Todavia, a entrada nas Antas em 1983/84 apresentar-lhe-ia as dificuldades próprias de uma fortíssima competição por um lugar à baliza. Atrás, nas escolhas de José Maria Pedroto e de António Morais, de nomes como Zé Beto ou Amaral, o guardião, ainda assim, daria o seu contributo para uma época inesquecível na história dos “Dragões” e mais do que a ajuda na conquista da Taça de Portugal, o atleta faria parte do grupo de trabalho que disputaria a final da Taça dos Vencedores das Taças.
Sem espaço no plantel dos “Azuis e Brancos”, a campanha de 1985/86 marcaria a transferência do guarda-redes para o Sporting de Braga. No Minho voltaria a encontrar-se com o treinador Henrique Calisto. Regressaria igualmente a uma utilização mais regular, cumprindo essa primeira temporada, onde também viria a ser orientado por Frederico Passos, a dividir o lugar com Hélder. Já na época seguinte, durante a qual, com Humberto Coelho a dar o lugar a Manuel José, também trabalharia sob a alçada de dois técnicos diferentes, o jogador assumir-se-ia como titular. Por esse motivo, seria com alguma surpresa que o atleta deixaria os “Guerreiros” e, numa mudança a mantê-lo no patamar máximo, acabaria apresentado como elemento do Sporting da Covilhã.
Com a entrada no emblema serrano a acontecer para a campanha de 1987/88, Barradas teria na agremiação beirã a última aparição na 1ª divisão. Em abono da verdade, o guarda-redes, em cenário primodivisionário, ainda faria parte do plantel de 1988/89 do Beira-Mar. No entanto, sem jogar, o jogador, já com a época de chegada a Aveiro em andamento, decidiria mudar de rumo e assinar um novo contrato com o Joane. Daí em diante, não mais voltaria ao degrau máximo. Sempre a militar nos escalões secundários, passaria a defender os interesses de diversos emblemas do Alentejo e após representar o Lusitano de Évora, o Juventude de Évora e o Estrela de Vendas Novas, o termo das provas agendadas para 1995/96 coincidiria com o fim da sua caminhada enquanto futebolista.