
Formado no futebol do Sporting, depois de também ter praticado natação e ginástica no clube, João Pedro Barnabé dos Santos, chegaria a sénior na temporada de 1965/66. Porém, apesar da qualidade exibida projectar para si um lugar no plantel principal, a verdade é que uma lesão levá-lo-ia a adiar tal estreia. Inserido nos “reservas”, o defesa-direito, na campanha de 1967/68, finalmente conseguiria ser chamado ao mais importante “onze” leonino. Arrolado por Fernando Caiado à titularidade, o jogador, na 5ª jornada do Campeonato Nacional, teria o arranque de uma caminhada que, em Alvalade, pouco mais tempo duraria. Sem lugar no plantel dos “Verdes e Brancos”, o atleta mudaria de emblema e encontraria no União de Tomar a sua nova divisa.
No emblema do distrito de Santarém a partir da temporada de 1968/69, Barnabé, como um dos atletas a fazer parte do primeiro grupo a disputar, na história dos “Nabantinos”, o escalão máximo, automaticamente entraria para os anais do clube. Obviamente, não seria apenas este facto a pô-lo em destaque na simpatia dos adeptos. Num conjunto orientado por Oscar Tellechea, o defesa desde logo assumiria um papel deveras importante nos esquemas tácticos pensados pelo treinador argentino. É também verdade que, apesar da segurança dada ao último sector dos homens sediados na “Cidade dos Templários”, onde chegaria a ocupar ambas as laterais, nem sempre conseguiria manter-se como um dos titulares. Nesse sentido, a época seguinte à da sua chegada constituiria uma dessas excepções e, curiosamente, o termo da campanha referida ditaria a despromoção do União de Tomar.
Nas 6 temporadas do União de Tomar na 1ª divisão, Barnabé passaria 4 anos entre os “grandes” do futebol luso. Nesse contexto competitivo, o atleta, em 1971/72 e orientado por Fernando Cabrita, teria a época mais produtiva em termos individuais. Infelizmente, a campanha seguinte voltaria a trazer ao seu percurso a malapata das lesões. Com graves mazelas a atrapalhar a sua continuidade como praticante de alta-competição, o defesa pouco jogaria nas temporadas de 1972/73 e 1973/74. Tamanho revés levá-lo-ia a encarar a sua ligação com o desporto de uma forma diferente da relação tida até esse momento. Ao decidir ser a altura certa para, com 27 anos, “pendurar as chuteiras”, o antigo praticante veria no trilho escolar a melhor maneira de regressar à modalidade da sua paixão e o curso de Educação Física passaria a ocupar a maior parte do seu tempo.
Ao completar o mencionado grau académico, durante o qual ainda jogaria no Campeonato estudantil e também com as cores do CIF, o antigo futebolista profissional ganharia mais valências para operar no universo do futebol. Ele que, em 1972, já tinha feito parte do grupo fundador do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, a partir de 1982/83, passaria a desempenhar, nas “escolas” leoninas, as funções de treinador. Igualmente como técnico, a sua ligação à Federação Portuguesa de Futebol começaria, no conjunto “A”, como adjunto de Juca. Ainda com a “camisola das quinas”, em dois períodos distintos, assumiria o papel de seleccionador nacional de futebol de praia. Também no futebol de rua haveria de ser o principal timoneiro do conjunto luso. Já no que diz respeito ao trajecto no cenário clubístico, cumprido como técnico-principal, como coordenador-técnico ou coordenador da formação, João Barnabé teria passagens pelo União de Coimbra, Torreense, União de Tomar, Sintrense e Atlético. Para juntar a tudo isto, falta ainda fazer referência às várias “escolas” onde haveria de trabalhar ou o labor na Associação de Futebol de Lisboa.

Não havendo grandes dados sobre o assunto, ainda assim, existem algumas fontes a asseverar um trajecto de José Rodrigues Dias enquanto futebolista. Dizem-nos essas informações ter, o futuro treinador, jogado a guarda-redes e que, num percurso modesto, terá ainda representado colectividades como o União Almadense, o Trafaria e o Sintrense.
O que parece ser verdade é que, concluído o curso em Educação Física, Rodrigues Dias, paralelamente às actividades relacionadas com o ensino escolar, também terá dedicado bastante da sua disponibilidade ao futebol. Ao assumir, em diferentes ocasiões, diversas funções, o seu trajecto como treinador-principal terá começado pelo Torres Novas e, posteriormente, no Ginásio Clube do Sul. Em 1964/65 terá representado, como elemento técnico das camadas jovens, o alcantarense Atlético. Seguir-se-ia, não muito tempo depois, a entrada naquele que viria a tornar-se no emblema mais representativo da sua caminhada na modalidade, o Sporting.
Em Alvalade começaria o seu trabalho, nas camadas jovens, a partir da temporada de 1965/66. Igualmente contribuiria para os sucessos da equipa principal nas funções de adjunto e, como aconteceria em 1967, por ocasião do Torneio Ibérico de Badajoz, assumiria, ainda que de forma interina, o papel de técnico-principal dos “Leões”. No entanto, mesmo com desempenhos louváveis, a primeira grande oportunidade conseguida para o seu trajecto profissional viria do Norte de Portugal. Convidado pelo Varzim, agarraria o momento e ficaria como responsável-mor dos “Lobos-do-mar”. Nessa campanha de 1970/71, a disputar a 1ª divisão, a verdade é que o desempenho colectivo ficaria aquém do esperado. Numa equipa a contar com nomes míticos da colectividade, como Sidónio, Fernando Ferreira, Quim ou Salvador, as pobres exibições do grupo a envergar o listado alvinegro fariam com que Rodrigues Dias, após a 21ª jornada, abandonasse o clube, indo para o seu lugar Noé Castro.
Já aquela que viria a tornar-se na época áurea da sua caminhada pelo futebol desenrolar-se-ia entre a última metade da década de 1970 e o início dos anos de 1980. O encetar desse grande capítulo surgiria em 1975/76, durante o qual, Rodrigues Dias emergiria como o preparador-físico da equipa principal do Sporting. Em idênticas tarefas, num grupo de trabalho liderado por José Maria Pedroto, surgiria o período entre 1976 e 1977, onde trabalharia para a Federação Portuguesa de Futebol. Depois assomar-se-ia novamente a Alvalade. Ao aceitar o desafio do Presidente João Rocha, substituiria o brasileiro Paulo Emílio para, a partir de Janeiro, passar a liderar os “Leões”. No que restaria da temporada de 1977/78, seria na Taça de Portugal que conseguiria tirar, do grupo ao seu cargo, os melhores resultados. Com os “Verdes e Brancos” a alcançarem a derradeira ronda da denominada “Prova Rainha”, a resolução da referida competição, após o empate a 1-1, necessitaria de uma sequela. Na finalíssima, o resultado frente ao FC Porto fixar-se-ia nos 2-1 e o tão almejado troféu ficaria a cargo dos escaparates do emblema lisboeta.
Após, em 1978/79, ter voltado às funções de preparador-físico, o começo da época seguinte surgiria com a aposta do seu nome para regressar ao comando técnico do Sporting. Todavia, a primeira metade da temporada resultaria, depois de algumas polémicas com a direcção, na saída do treinador. Com Fernando Mendes a ocupar o seu lugar, a substituição, muito à custa do trabalho iniciado por Rodrigues Dias, resultaria na conquista da prova de maior calibre no calendário luso e, meritoriamente, o nome do técnico também seria incluído no rol de figuras a contribuir para a vitória no Campeonato Nacional.
Ainda nessa temporada de 1978/79, Rodrigues Dias continuaria o seu périplo por emblemas primodivisionários. Depois de orientar o Beira-Mar, seguir-se-iam, nas épocas vindouras, o par de campanhas ao serviço do Vitória Futebol Clube e a campanha de 1981/82 à frente do Belenenses. Por fim, o treinador ainda registaria passagens pelo Quimigal, Sintrense e Lusitano de Vila Real de Santo António.

Júnior do Benfica, a época de 1958/59 significaria para Sidónio da Silva Bastos a chegada ao universo sénior. Tendo conseguido apenas segurar um lugar no conjunto de “reservas” das “Águias”, o jovem praticante teria de aguardar até 1960/61 para receber de Béla Guttmann a primeira oportunidade na equipa principal. Na referida temporada e na subsequente, campanhas em que os “Encarnados” triunfariam na Taça dos Clubes Campeões Europeus, o jogador somente entraria em campo nas competições de índole interno. Ainda assim, a meia dúzia de partidas por si disputadas, serviriam para inscrever no seu currículo alguns títulos importantes e as vitórias no Campeonato Nacional de 1960/61 e na Taça de Portugal do ano seguinte passariam a fazer parte do palmarés do defesa-esquerdo.
Já como internacional militar, Sidónio, em busca de mais presenças em campo, seria, na temporada de 1962/63, apresentado como reforço do Atlético. Sem deixar as contendas do escalão máximo, o defesa-esquerdo, a exibir-se no Estádio da Tapadinha, conseguiria afirmar-se como um dos elementos habitualmente arrolados ao “onze” inicial. No entanto, a despromoção da colectividade nascida no lisboeta bairro de Alcântara, faria com que procurasse prosseguir a sua senda competitiva noutras paragens. Nesse sentido, seria o plantel de 1963/64 do Varzim, colectividade a estrear-se na 1ª divisão, a receber o atleta nascido em Moçambique. A trabalhar sob a intendência de Artur Quaresma, o esquerdino voltaria a afirmar-se como uma dos bons elementos a passar pelas provas de maior calibre no calendário futebolístico português. Tal estatuto saberia mantê-lo nas campanhas seguintes e com o acumular de partidas cumpridas pelos “Lobos-do-mar”, o jogador encaminhar-se-ia para o estrito rol de nomes históricos a envergar a camisola da colectividade nortenha.
Tendo passado pelas mãos de diferentes treinadores, como são exemplo, para além do nome referido no parágrafo anterior, José Maria Pedroto, José Valle, Ricardo Perez, Monteiro da Costa, Joaquim Meirim, Rodrigues Dias ou Noé Castro, Sidónio raras vezes perderia a importância no seio do plantel do Varzim. A preponderância apresentada durante 8 temporadas consecutivas, todas elas na disputa da 1ª divisão, faria com que também fosse um dos responsáveis pelas diferentes metas alcançadas pelo clube. Entre os sucessos conseguidos, o maior destaque ira para o 6º posto atingido, na tabela classificativa do Campeonato Nacional, com o termo da campanha de 1969/70. Curiosamente, a época imediatamente a seguir terminaria com a despromoção do colectivo a trajar o listado alvinegro. O desaire marcaria também a separação do emblema e do defesa-esquerdo, o qual, em 1971/72, viria a prosseguir a carreira ao serviço da AD Fafe.
Sem ter conseguido confirmar a veracidade da informação fornecida por algumas fontes, depois da passagem de um ano pela agremiação minhota, Sidónio, hipoteticamente, ainda terá regressado ao Varzim. Infelizmente faltaram-me encontrar outras evidências para que possa considerar tal afirmação como correcta. Todavia, achei relevante torná-la aqui disponível.

António Henrique Monteiro da Costa encetaria a sua caminhada desportiva ao serviço do Sporting de Espinho. Tendo chegado à equipa principal dos “Tigres da Costa Verde” na temporada de 1946/47, não demoraria muito até ver reconhecidos os excelentes predicados como jogador. Aguerrido, resistente, com boa velocidade, excelente leitura de jogo, passe certeiro e ainda com “faro” para o golo, o jovem praticante depressa revelaria capacidades para ocupar um lugar em colectividades com ambições maiores. Seria, no entanto, já como membro do plantel de 1948/49 da UD Oliveirense que a cobiça de outras agremiações começaria a acicatar-se. Já cotado como uma excelente promessa, Benfica, Sporting e Académica de Coimbra viriam no seu encalço. Ainda assim, a sua preferência recairia sobre o emblema favorito da família e a camisola do FC Porto, a partir da campanha de 1949/50, passaria a fazer parte da sua senda competitiva.
Depois de uma enorme confusão com “fichas” rubricadas pelos “Dragões” e pela UD Oliveirense e com o Sporting de Espinho a reclamar igualmente os direitos de uma transferência, Monteiro da Costa, a troco de aproximadamente cem contos e 4 partidas disputadas, total distribuído pelas duas instituições a reclamar as compensações, lá chegaria à Constituição. Estrear-se-ia na 1ª divisão, sob as ordens de Augusto Silva, como avançado. No entanto, ao longo dos anos, dando justiça às suas habilidades de elemento polivalente, passaria por todas as posições de campo. Com tantos atributos, o jogador depressa viria a constituir-se como um dos elementos principais do plantel portista. Daí em diante, raras seriam as ocasiões em que o seu nome não marcaria presença no “onze”. Tal regularidade dar-lhe-ia o direito de figurar nos momentos mais faustosos, cumpridos durante a década de 1950, pelo FC Porto. Destacar-se-iam os títulos conquistados e, nesse campo, sobressairiam as vitórias nos Campeonatos Nacionais de 1955/56 e de 1958/59 e nas edições de 1955/56 e de 1957/58 da Taça de Portugal.
Tamanho sucesso levá-lo-ia, com alguma naturalidade, a ocupar um lugar nas convocatórias da selecção nacional. A 23 de Novembro de 1952, num grupo a contar também com Barrigana e com Carvalho, seus colegas no FC Porto, o atleta seria chamado a um jogo de preparação. Esse desafio, jogado sob a intendência de Cândido de Oliveira, serviria de arranque a uma caminhada a levá-lo a outras partidas disputadas com a “camisola das quinas”. Após a referida peleja frente à Áustria, seguir-se-iam, ainda que espaçadas, outras 3 aparições pelo conjunto “A” português, às quais, num total de 6 internacionalizações, o jogador juntaria um par de presenças feitas ao serviço da equipa “B” lusa.
Apesar da passagem pela selecção de Portugal, os maiores destaques da sua carreira surgiriam com as cores do FC Porto. Num cômputo de 328 partidas disputadas e 92 golos concretizados ao longo de 13 épocas de jogos oficiais, Monteiro da Costa transformar-se-ia numa figura mais do que merecedora de um lugar na lista dos nomes mais notáveis da história dos “Dragões”. Muito para além dos números faustosos a compor a sua longa passagem pelo emblema da “Cidade Invicta”, premiados pela íntegra utilização da braçadeira de capitão, o atleta também alcançaria feitos e faria parte de momentos de indubitável importância para a agremiação nortenha. A inauguração do Estádio das Antas, a 28 de Maio de 1952, transfigurar-se-ia num desses capítulos. Outro seria a estreia dos “Azuis e Brancos” nas competições de índole continental, onde, frente aos bascos do Athletic Bilbao, disputaria a edição de 1956/57 da Taça dos Clubes Campeões Europeus.
Mesmo tendo em conta a fiel ligação entre o jogador e o clube, a caminhada de Monteiro da Costa enquanto futebolista conheceria, na temporada de 1961/62, o seu termo. Afastado temporariamente do FC Porto, Monteiro da Costa daria início à carreira como treinador. O Salgueiros, a promoção à 1ª divisão conseguida ao serviço da Sanjoanense, o Varzim ou o Paços de Ferreira só seriam ultrapassados, no plano meramente pessoal, pela importância das suas passagens pelos “Dragões” onde, para além de orientar as camadas jovens, também chegaria à equipa principal, embora de forma interina, nas campanhas de 1974/75 e 1975/76.

Familiar de Octávio Cambalacho e de Manuel Cambalacho*, outros dois nomes com forte passagem pelo futebol português, Osvaldo Marques Santos Cambalacho, com uma carreira notável, não deixaria o nome do clã envergonhado. Tal como a parentela referida, seria o Seixal a conferir-lhe a naturalidade. Também na Margem Sul, o defesa-esquerdo, naquele que é o emblema mais representativo da mencionada localidade, daria os primeiros passos na modalidade. Com a estreia sénior a acontecer na temporada de 1942/43, os primeiros anos do atleta seriam cumpridos nas disputas dos patamares secundários. Ainda assim, as suas qualidades não passariam despercebidas a emblemas de outra monta e na campanha de 1948/49 seria apresentado como reforço do “O Elvas”.Com o emblema alentejano a militar na 1ª divisão, Osvaldo Cambalacho, com outros colegas a merecerem a preferência de Severiano Correia, teria uma primeira época algo discreta. Já a chegada ao comando técnico dos “Azul e Oiro” de Mariano Amaro mudaria o seu cenário competitivo, tornando-se o defesa-esquerdo num dos elementos mais utilizados no plantel da colectividade raiana. Por outro lado, essa campanha de 1949/50 ditaria a despromoção do “O Elvas” ao 2º escalão. Ainda assim, a descida de divisão em pouco beliscaria a cotação do jogador. Nesse sentido, passados 4 anos sobre a chegada ao Rossio da Fonte Nova, o atleta receberia um novo convite e a viagem até ao Norte do país levá-lo-ia a abraçar a época mais faustosa da sua carreira.Contratado pelo FC Porto para a temporada de 1952/53, o atleta começaria a trabalhar sob as instruções do argentino Lino Taioli. No entanto, mesmo reconhecidas as suas qualidades, a presença no plantel de Virgílio e de Carvalho impediria que o jogador conseguisse agarrar um lugar na equipa. Aliás, seria necessária a introdução, por parte de Dorival Yustrich, de um sistema táctico com três defesas, para que o esquerdino tomasse lugar, de forma inequívoca, no “onze” dos “Azuis e Brancos”. Já consigo cimentado como titular, essa temporada de 1955/56 significaria também a estreia do jogador nas conquistas de cariz nacional. Nesse contexto vencedor, primeiro emergiria o triunfo no Campeonato Nacional para, de seguida, numa final com a presença de Osvaldo Cambalacho, surgir a vitória na Taça de Portugal.Outro momento de inolvidável importância na sua carreira surgiria na temporada a seguir à conquista da “dobradinha”. Com o FC Porto, pela primeira vez na história, a participar numa prova de âmbito continental, o sorteio da Taça dos Clubes Campeões Europeus ditaria ao destino o embate entre os “Dragões” e o Athletic Bilbao e apesar da dupla derrota do conjunto português, Osvaldo Cambalacho surgiria, numa eleição do brasileiro Flávio Costa, como um dos atletas arrolados ao embate ibérico.Numa última temporada em que Barbosa ultrapassaria Osvaldo Cambalacho na luta por um lugar na equipa, o defesa-esquerdo teria na campanha de 1957/58 a derradeira aparição ao serviço do FC Porto. Daí em diante, numa caminhada a aproximar-se do fim, tempo ainda para o atleta representar o Vila Real, o Freamunde e o Leverense. Mesmo “penduradas as chuteiras”, o antigo jogador voltaria a ligar-se ao futebol e, no papel de treinador, orientaria emblemas como o Boavista, o Juventude de Évora, o Vizela ou a UD Oliveirense.*Cheguei a ler que Osvaldo seria irmão de Octávio e tio de Manuel. Recentemente, noutra versão, em que só era feita referência à relação dos dois futebolistas mais velhos, dizia-se que Osvaldo seria sobrinho de Octávio. Nunca consegui confirmar a correcção de qualquer uma das afirmações.

Formado no Benfica, seria ainda como membro das “escolas” benfiquistas que Joaquim António Santos Salvado acabaria chamado às jovens selecções de Portugal. Inserido nos trabalhos das equipas juniores, o atacante surgiria pela primeira vez com a “camisola das quinas” a 20 de Fevereiro de 1975. Nessa partida forasteira frente à Itália, o jogador apresentar-se-ia ao lado de nomes que ficariam bem conhecidos no desporto luso, casos de Chalana, Formosinho, Veloso, Manuel Amaral ou até de Orlando Duarte, famoso pela sua brilhante contribuição, como treinador, no futsal luso. O referido desafio encetaria uma caminhada a levá-lo a um total de 4 internacionalizações e a dar-lhe o direito de ainda integrar, apesar de nunca ter entrado em campo, o conjunto de “esperanças”.
No que diz respeito à carreira sénior, sem lugar no conjunto principal do Benfica, Salvado deixaria a Luz para, a poucos quilómetros da “casa” onde tinha completado a formação, encontrar a oportunidade para prosseguir a sua caminhada competitiva. No Estoril Praia, num plantel de 1977/78 a digladiar-se na 1ª divisão, o atacante, orientado inicialmente por José Torres, apesar da inexperiência, valer-se-ia da qualidade do seu jogo para, desde a entrada no Estádio António Coimbra da Mota, conseguir impor-se como um dos titulares do colectivo sediado na Linha de Cascais. Nos anos seguintes, o mesmo registo e o sublinhar de uma importância cevada pelos números apresentados no final de cada campanha. Porém, o cenário mudaria. Após o revés colectivo da passagem pela 2ª divisão de 1980/81, o regresso dos “Canarinhos”, logo na época seguinte, ao convívio com os “grandes”, mostraria um atleta distante de registos anteriores e, tal contexto, fá-lo-ia mudar de rumo.
No Sporting de Espinho de 1982/83, com o clube igualmente a militar no patamar máximo, Salvado, orientado por Álvaro Carolino, conseguiria recuperar algum do brilho perdido em anos anteriores. Ainda assim, na vivência de duas temporadas com os “Tigres da Costa Verde”, o atacante, que também possuía predicados para jogar mais recuado no terreno de jogo, nunca haveria de agarrar a titularidade como um hábito transversal às diferentes rondas e desafios agendados para as provas do calendário futebolístico luso. Compreendendo o desaire, o jogador voltaria a procurar, numa nova mudança de rumo, a solução para relançar a sua carreira. No entanto, a entrada no Estrela da Amadora, apresentado como reforço para a campanha de 1984/85, afastá-lo-ia, em definitivo, dos principais palcos portugueses. Paralelamente, numa carreira que, até pela idade do atleta, parecia ainda ter muito para dar, o fim da sua caminhada desportiva viria a afigurar-se num horizonte não muito longínquo e após 3 épocas cumpridas na Reboleira, a passagem pelo Cova da Piedade de 1987/88 significaria, para o avançado de 31 anos de idade, o “pendurar das chuteiras”.

Seria ainda como elemento das “escolas” do Belenenses que Isidro Miguel Palmela da Silva Beato viria a juntar-se aos trabalhos das equipas de formação a cargo da Federação Portuguesa de Futebol. Com os actualmente denominados sub-18, o jovem praticante, chamado por José Maria Pedroto, encetaria a caminhada internacional numa partida a contar para a Fase de Apuramento do Torneio Internacional de Juniores da UEFA. Tal desafio, disputado a 27 de Março de 1974, frente à Suíça, daria início a um trajecto que, ainda nesse ano, levaria o jogador à Fase Final do referido certame. Na Suécia, num grupo a contar com as presenças de Eurico, de Gomes ou de Lito, o centrocampista conseguiria assumir-se como um dos titulares do conjunto luso. Apesar dos resultados colectivos bem aquém do esperado, a competição organizada na Escandinávia, serviria para que o atleta continuasse a merecer a confiança dos responsáveis federativos e, daí para a frente, entre o já mencionado escalão e os “olímpicos”, o médio somaria um total de 12 partidas com as cores de Portugal.
No que diz respeito à sua carreira futebolística, impulsionado pelos jogos feitos com a “camisola das quinas”, Isidro Beato, na temporada de 1974/75, passaria a incorporar o plantel sénior dos “Azuis”. A trabalhar com Peres Bandeira, o médio rapidamente assumiria um papel de relevo no sector intermediário do Belenenses. Como um dos habituais titulares, o médio daria um enorme contributo para que a agremiação lisboeta fosse declarada como um das vencedoras da edição de 1975/76 da Taça Intertoto. Nisso de competições de índole continental é impossível olvidar a eliminatória da Taça UEFA disputada, em 1976/77, frente ao FC Barcelona. Como um dos elementos chamados ao “onze” por Carlos Silva, o jogador participaria, no Estádio do Restelo, no empate a 2 bolas. Já em Camp Nou ajudaria à espantosa exibição do agremiado luso, o qual, só bem perto do final do jogo, sofreria o golo a ditar a passagem dos “Culés”.
Também no plano interno, Isidro Beato contribuiria para os bons resultados que, amiúde, o Belenenses viria a registar. Porém, nas duas derradeiras temporadas no Restelo, a verdade é que a sua preponderância, nos esquemas tácticos idealizados para equipa, diminuiria substancialmente. Talvez à procura de um desafio capaz de relançar a sua carreira, o centrocampista aceitaria o repto lançado pelo Farense e acabaria por abraçar os desafios do 2º escalão. No Algarve, onde voltaria a trabalhar com António Medeiros, o atleta cumpriria apenas uma temporada. Finda essa campanha no sul do país, o jogador regressaria à Grande Lisboa, onde passaria a envergar as cores do Estoril Praia. A entrada no Estádio António Coimbra da Mota em 1982/83 devolvê-lo-ia aos principais palcos do futebol luso. Infelizmente para si, os “Canarinhos”, no final da sua segunda época no clube, claudicaria na luta pela manutenção. A partir daí, a sua caminhada ficaria definitivamente arredada dos cenários primodivisionários e mantendo-se fiel à agremiação da Linha de Cascais, o termo da sua carreira surgiria com o encerrar das provas agendadas para 1986/87.
Apesar de “penduradas as chuteiras”, Isidro Beato manter-se-ia ligado ao futebol. Numa carreira cumprida, na sua totalidade, nas pelejas dos degraus secundários, o antigo médio teria experiências, como treinador-principal, à frente de emblemas como o “O Elvas”, o Fanhões ou o Estoril Praia. No entanto, a sua carreira ficaria estreitamente ligada ao desporto açoriano e para além do Praiense, Marítimo da Graciosa, e Boavista de São Mateus, seria no União Micaelense que encontraria a colectividade mais representativa da sua caminhada enquanto técnico.
Pouco tempo depois de, pela mão de Paulo Fonseca, ter feito a estreia na equipa principal do Paços de Ferreira, Diogo José Teixeira da Silva, popularizado no mundo do futebol por Diogo Jota, teria nos sub-19 a cargo da Federação Portuguesa de Futebol, a oportunidade de envergar, pela primeira vez, a “camisola das quinas”. Chamado à partida frente ao País de Gales por Edgar Borges, disputada aludida peleja a 12 de Novembro de 2014, o avançado iniciaria aí uma caminhada a levá-lo a vários escalões e, mais importante, aos maiores certames dedicados a selecções. No seu percurso internacional, o maior destaque acabaria por ir para os jogos disputados pelo conjunto “A” luso. Tal contexto seria pródigo para o jogador que, para além das presenças no Euro 2020 e no Euro 2024, participaria nas caminhadas vitoriosas de Portugal nas fases finais das edições de 2019 e de 2025 da Liga das Nações da UEFA.
Voltando um pouco atrás na cronologia da sua carreira, nomeadamente ao percurso clubístico, Diogo Jota, como dono de um entendimento brutal do jogo, depressa começaria a criar a cobiça em emblemas de maior monta. Após ter participado na campanha de 2015/16 dos “Castores”, seria o Atlético de Madrid a chegar-se à frente na aquisição do seu passe. No entanto, a estadia na capital espanhola não chegaria a concretizar-se. Seguir-se-ia o empréstimo ao plantel de 2016/17 do FC Porto, grupo orientado por Nuno Espírito Santo. Já no ano seguinte, com a passagem do referido treinador português para o Wolverhampton, o atacante passaria a exibir-se em Inglaterra. Com o emblema sediado no condado de West Midlands a disputar o segundo escalão inglês, o avançado, com a promoção alcançada no termo da época da sua chegada a “Terras de Sua Majestade”, passaria a frequentar os principais palcos do futebol e britânico e bastariam outros dois anos para que um novo evento viesse a catapultar o seu destino.
A transferência para o Liverpool em 2020/21 encaminhá-lo-ia para uma das agremiações com maior tradição no cenário futebolístico mundial. Nos “Reds”, Diogo Jota, sem muito titubear perante a presença, só no sector mais ofensivo, de nomes como Roberto Firmino, Sadio Mané, Mohamed Salah ou Xherdan Shaqiri ajudaria, ao confirmar-se como um dos principais elementos do grupo de trabalho, aos sucessos colectivos do emblema de Merseyside. No que diz respeito a troféus, o jogador indubitavelmente enriqueceria o seu palmarés pessoal. Mesmo com certas lesões, algumas de severa gravidade, a porem em causa a sua plena afirmação, a passagem do avançado por Anfield Road contribuiria para as vitórias em 1 Premier League, 2 League Cups e 1 FA Cup.

Com a formação terminada ao serviço do FC Porto, João Ribeiro Gouveia, pela primeira vez, apareceria nas actividades do conjunto sénior dos “Dragões” na temporada de 1978/79. No entanto, numa equipa comandada por José Maria Pedroto, o jovem defesa-esquerdo, tapado por Alfredo Murça, não teria, por parte do mencionado treinador, qualquer oportunidade para entrar em campo. Ainda assim, nessa época, ao ver reconhecidas as suas qualidades, viriam as chamadas à selecção. Integrado nos sub-20, o lateral canhoto, numa estreia absoluta, surgiria com a “camisola das quinas” a 17 de Maio de 1979. Esse “particular” frente a Espanha serviria de preparação para o Mundial da categoria e integrado na comitiva a viajar para o certame realizado no Japão, o jogador mereceria, de Peres Bandeira, a confiança para disputar 3 partidas.
Já com 4 internacionalizações por Portugal, às quais ainda juntaria, a 30 de Outubro de 1983, uma presença no banco de suplentes da selecção olímpica, João Gouveia teria na temporada de 1979/80 uma passagem pelo Famalicão. As boas prestações ao serviço do emblema minhoto serviriam de salvo-conduto para um regresso às Antas. Todavia, como na experiência anterior, o lateral-esquerdo, em ocasião alguma, conseguiria qualquer chance para disputar uma partida oficial. Com mais um ocaso a perturbar a sua evolução, surgiria então a transferência para o Vitória Sport Clube. Na “Cidade Berço” a partir de 1981/82, outra vez a trabalhar sob a alçada de José Maria Pedroto, o atleta, curiosamente, voltaria a enfrentar a concorrência de Alfredo Murça. Para além do referido colega, o defesa ainda teria em Laureta e em Gregório Freixo outros competidores de peso a um lugar no sector mais recuado e, nesse contexto, o jogador, no par de anos cumpridos em Guimarães, poucas vezes apareceria em campo.
Sem nunca deixar o escalão máximo, a passagem pelo Portimonense de 1983/84 e, principalmente, a experiência vivida, na época seguinte, com as cores do Salgueiros, revelariam um praticante a assumir-se como titular. Contrariando todos os indicadores, João Gouveia, na temporada de 1985/86, apresentar-se-ia a disputar a 2ª divisão. Essa primeira passagem pelo Beira-Mar serviria de interlúdio para a sua integração no plantel de 1986/87 do Sporting da Covilhã. Ainda a militar no escalão secundário, a entrada nos “Leões da Serra” tornaria o defesa-esquerdo, orientado por Vieira Nunes, num dos pilares do regresso da agremiação beirã ao convívio com os “grandes”. Com a subida, também o lateral voltaria aos principais palcos do futebol português. Contudo, o listado verde e branco claudicaria na luta pela manutenção e a carreira do atleta voltaria a sofrer uma nova mudança.
Ao agarrar a oportunidade para manter a sua caminhada nos trilhos primodivisionários, João Gouveia, em 1988/89, aceitaria o convite remetido desde o Estádio Mário Duarte. Novamente em Aveiro, mesmo com alguma concorrência de respeito, como é exemplo a presença, em 1989/90, do búlgaro Petrov, o defesa-esquerdo, em maior parte das ocasiões, surgiria nas fichas de jogo como titular do Beira-Mar. Seguir-se-ia a passagem, curta e discreta, pelo plantel de 1990/91 do Marítimo e o ano vivido na Madeira significaria, para a sua carreira, a última vivência na 1ª divisão. Daí em diante, num trajecto a acercar-se do fim, apareceriam as colectividades dos escalões mais baixos e seriam as divisas do Ponte da Barca, d’ “Os Sandinenses”,do Santa Marta de Penaguião e do Miramar a colorirem a derradeira fase da sua senda enquanto futebolista.
Com o Penafiel a militar nos desafios do 2º escalão, Gustavo Pinto Cerqueira, depois da integração no plantel sénior de 1976/77, ainda demoraria alguns anos até atingir os principais palcos do futebol luso. Aliás, essa campanha de 1980/81 não seria só de estreia para o jovem guarda-redes. Também o clube, na referida época, encetaria o seu trajecto entre os “grandes”. Curiosamente, numa temporada em que o treinador Luís Miguel, o grande obreiro dessa subida, seria, logo após a 5ª jornada, substituído por António Oliveira, os “Durienses” atingiriam a melhor classificação de sempre no Campeonato Nacional da 1ª divisão, o 10º posto da tabela classificativa. Quanto ao guardião, mesmo na condição de suplente de António Luz, daria o seu contributo para a manutenção e numa dezena de jornadas mostraria as qualidades que haveriam de fazer de si um dos ícones da colectividade.
Contrariamente à evolução até aí revelada, Cerqueira, na temporada de 1981/82, acabaria ofuscado pela concorrência a um lugar à baliza. Pior cenário surgiria no final da época, no qual, o Penafiel, envolvido nas pelejas da Liguilha, não conseguiria escapar à indesejada despromoção. Ainda assim, o afastamento do escalão primodivisionário não seria longo… Bem, em abono da verdade, o regresso do guardião à 1ª divisão ainda demoraria um pouco mais. Com o empréstimo ao Valonguense a obrigá-lo a manter-se no escalão secundário, a campanha de 1983/84 serviria, na sua essência, para que o jogador acrescesse traquejo ao seu caminho. Já de regresso ao Estádio Municipal 25 de Abril, o guarda-redes, embora na disputa do patamar máximo de 1984/85, ainda não revelaria capacidades suficientes para ultrapassar Trindade na luta por um lugar no “onze”. Ainda assim, a mudança de paradigma estava para próximo e a opção técnica a levá-lo à titularidade, começaria a revelar-se logo na campanha seguinte.
A excepção à possível hegemonia, aludida no final do parágrafo anterior, emergiria, após mais uma curta passagem pelo 2º escalão, na temporada de 1987/88. Com Amaral, como totalista do Penafiel, a ocupar um papel deveras importante no plantel, Cerqueira voltaria à condição de suplente. Tal não duraria para sempre e ainda com José Romão à frente dos “Durienses”, a temporada subsequente inverteria os papéis dos dois guarda-redes mencionados. No entanto, o atleta, apesar de manter o estatuto de preferido durante mais uma campanha, não deixaria de enfrentar, de seguida, uma forte concorrência pelo lugar. Naquele que viria a ser o maior período, ininterrupto, passado pelo clube na 1ª divisão, o guardião ainda teria de lidar com a presença de Quim ou do checoslovaco Jan Musil. Mesmo assim, a visão dos adeptos em relação à sua entrega não mudaria e as épocas a encaminhá-lo para o fim de uma senda dedicada, quase em exclusivo, à agremiação penafidelense, serviram para cimentar o guardião como um dos nomes históricos dos “Rubro-negros”.
Com duas dezenas de campanhas dedicadas aos seniores do clube, depois das provas agendadas para 1991/92 resultarem no adeus do atleta à conjuntura primodivisionária, a época de 1996/97 traduzir-se-ia pela despedida de Cerqueira, enquanto praticante, do Penafiel. Após uma derradeira temporada com as cores do Rebordosa, o antigo desportista passaria a dedicar-se às actividades de técnico. Já no papel de treinador de guarda-redes voltaria aos “Durienses” e, ao vincar uma fidelidade fora do vulgar, manter-se-ia pelo Estádio Municipal 25 de Abril por mais 24 temporadas consecutivas.