1491 - OCTÁVIO DE SÁ

Descoberto no Sporting de Lourenço Marques, numa altura em que era tido como um dos maiores activos do emblema moçambicano, Octávio de Sá integraria o plantel de 1956/57 do Sporting Clube de Portugal. No entanto, mesmo vendo reconhecidas qualidades suficientes para fazer parte de um grupo recheado de internacionais, o jovem guarda-redes encontraria em Carlos Gomes, muito mais do que um concorrente, uma autêntica barreira a separá-lo da titularidade. Curiosamente, a sua estreia na equipa principal leonina, segundo algumas fontes resultado da expulsão na ronda anterior do já mencionado colega, aconteceria num cenário a contradizer a sua falta de experiência. Desse modo, o “baptismo” oficial do guardião em Portugal surgiria na 2ª jornada do Campeonato Nacional referente ao ano da sua chegada e logo frente aos rivais do Benfica.
Depois dessa partida frente às “Águias”, escolhido pela mão do argentino Abel Picabêa para alinhamento inicial, Octávio de Sá voltaria à condição de suplente. Tal estatuto manter-se-ia no resto da sua época de chegada à Metrópole e, ainda que com mais partidas disputadas, na campanha seguinte. Seriam essas 4 partidas cumpridas na prova de maior relevo no calendário futebolístico português, a permitir-lhe adicionar ao currículo pessoal aquele que viria a tornar-se no título de maior importância conquistado durante a sua carreira, ou seja, o Campeonato Nacional de 1957/58.
Com a saída de Carlos Gomes para os espanhóis do Granada, a temporada de 1958/59 significaria para Octávio de Sá o assumir da baliza do Sporting, como o dono incontestável da posição. Nesse sentido, também da Federação Portuguesa de Futebol começariam a olhar par o atleta como um elemento capaz de ajudar nos objectivos das diferentes selecções. Essa aferição, ele que também chegaria a condição de internacional militar, levá-lo-ia a ser integrado nos trabalhos do grupo de trabalho da equipa de “esperanças”. Nesse contexto competitivo, a sua estreia e única partida com a “camisola das quinas” ocorreria a 16 de Novembro de 1958, numa partida “amigável” frente à África do Sul e onde o guardião alinharia ao lado de grandes nomes do futebol luso, com especial destaque para os “magriços” Vicente, Mário Coluna ou José Augusto.
Apesar da solidificação da titularidade por si auferida, seria outra vez o Benfica a mudar o rumo à sua vida desportiva. Na 24ª jornada do Campeonato Nacional de 1959/60, numa partida agendada para o Estádio da Luz, Octávio de Sá seria chamado ao “onze”, pelo argentino Mário Imbelloni. Todavia, a peleja começaria deveras azarada para o guardião e ainda antes da meia hora de jogo, já o guarda-redes tinha sofrido 3 golos. Tal como relembraria Carvalho – “Falhava a entrada aos cruzamentos, não segurava as bolas, hesitava nas saídas, enfim estava a ser uma tarde negra”*. Num gesto pouco habitual, numa altura em que só era permitida a substituição do guardião e apenas em caso de lesão, o número 1 dos “Leões” acabaria a fingir a debilidade física e então entraria em campo o suplente Carvalho.
Com o incidente a marcar gravemente a sua progressão, Octávio de Sá deixaria o Sporting com o termo da temporada de 1959/60. Regressaria à capital de Moçambique e voltaria a envergar a camisola do Sporting de Lourenço Marques. A ligação ao emblema que o tinha catapultado anos antes duraria até 1966, altura em que viajaria até à vizinha África do Sul, para representar o Durban United.

*retirado do artigo publicado em www.record.pt, a 11 de Setembro de 2013

1490 - CAMEGIM

Manuel Joaquim Grilo Guerra, popularizado no mundo do futebol como Camegim, sairia das “escolas” da Naval 1º de Maio para, no emblema sediado na Figueira da Foz, fazer a estreia como sénior. Depois do arranque dessa campanha de 1971/72, o ponta-de-lança, como um atleta astuto, dedicado, de bom toque de bola e com uma capacidade finalizadora acima da média, começaria a impor-se no emblema a disputar a 3ª divisão. No entanto, mesmo afastado dos grandes palcos do futebol, o avançado conseguiria chamar a atenção de emblemas de outra monta e, na temporada de 1976/77, seria apresentado como reforço da Académica de Coimbra.
Na “Cidade dos Estudantes”, comandado pelo técnico Juca, Camegim faria a estreia no escalão máximo. Mesmo com números aceitáveis, a presença no plantel de nomes mais tarimbados, casos de Manuel António ou Joaquim Rocha iriam dificultar a sua afirmação. Talvez tenha sido esse facto a levá-lo, ao fim de um par de épocas ao serviço da “Briosa”, a procurar dar outro rumo à carreira. Nesse sentido, surgiria no seu caminho, sem deixar a 1ª divisão, o Beira-Mar orientado por Fernando Cabrita. Porém, a chegada a Aveiro na temporada de 1978/79 pouco mudaria no estatuto até aí auferido pelo avançado-centro. Mesmo com números bem positivos, a verdade é que o jogador, dessa feita por culpa da presença de Niromar, voltaria a não conseguir o tão desejado estatuto de titular indiscutível. Contudo, depois da passagem de um ano pelo Rio Ave, onde voltaria a trabalhar com Fernando Cabrita, tal panorama viria alterar-se, mormente no seu regresso a Coimbra.
Após ter ajudado o conjunto de Vila do Conde na promoção à 1ª divisão, Camegim, curiosamente, não lograria de idêntico fado. Em sentido diferente da subida alcançada pelo antigo emblema, o seu caminho, tal como destapado no parágrafo anterior, passaria pela decisão de voltar a envergar o equipamento da Académica. Porém, contrariamente ao verificado na passagem anterior, o ponta-de-lança, dessa feita a trabalhar sob a alçada de Mário Wilson, logo na campanha de 1981/82 conseguiria assegurar um lugar no “onze”. Infelizmente para si e para os seus colegas de balneário, o retorno dos “Estudantes” ao patamar maior do futebol luso, ainda demoraria alguns anos a acontecer. Esse facto levaria a que o atacante, mesmo tendo ajudado ao ambicionado regresso, não mais voltasse ao convívio com os “grandes”.
Seguir-se-ia, numa espécie de interlúdio, nova passagem pela Naval 1º de Maio. Um ano volvido sobre o mencionado regresso, Camegim encetaria, em 1985/86, a sua ligação de 3 épocas ao União de Coimbra. Com o termo do vínculo, então rubricaria um contrato com o Tocha, onde, no final da temporada de 1989/90, viria a “pendurar as chuteiras”. Todavia, o fim do seu trajecto enquanto futebolista não significaria o divórcio com a modalidade. Assumindo outras funções, o antigo avançado passaria a desempenhar o papel de treinador, com essa senda a fazer-se de experiências no já referido Tocha, mas igualmente em outras colectividades do distrito de Coimbra, nomeadamente no Montemorense, n’ “Os Águias de Arazede, e no Grupo Desportivo de Buarcos.

1489 - VÍTOR SANTOS

Com a estreia na equipa principal do Lusitânia de Lourosa a acontecer na temporada de 1976/77, as primeiras campanhas seniores de Vítor Manuel Lopes dos Santos seriam cumpridas na disputa da 2ª divisão. Igualmente com passagens por outros emblemas, o esquerdino, que tanto podia posicionar-se na defesa como no sector intermediário do terreno de jogo, representaria também, para além dos 3 anos cumpridos na colectividade acima mencionada, o grupo de trabalho de 1977/78 do Mangualde e, na época de 1980/81, o Ginásio de Alcobaça. Aliás, seria ao serviço da agremiação sediada na Região Oeste que o atleta despertaria a cobiça de um dos clubes com maior tradição em Portugal e, sem nunca até aí ter abandonado o escalão secundário, na temporada de 1981/82 seria apresentado como reforço do Sporting de Braga.
Depois de chegar ao Minho acompanhado do avançado Spencer, seu companheiro no Ginásio de Alcobaça, Vítor Santos, ainda sem qualquer experiência primodivisionária, assumiria, desde logo, um papel de destaque no plantel a trabalhar sob a intendência de Quinito. Ao conseguir ser um dos nomes mais utilizados nessa época de estreia pelo Sporting de Braga, o jogador, após ter ajudado a eliminar o Benfica na ronda anterior, faria parte do “onze” que disputaria a final da Taça de Portugal. No entanto, no Estádio Nacional, a sua participação como titular não seria premiada com a vitória e, com o fim do importante desafio, o troféu sairia do Jamor para os escaparates do Sporting.
Com o merecido destaque conquistado ao serviço dos “Guerreiros do Minho”, também da Federação Portuguesa de Futebol começariam a olhar para si como um elemento capaz de acrescentar valor às suas equipas. Com essa ideia em mente, Vítor Santos, a 22 de Fevereiro de 1983, integrado na equipa de “esperanças”, faria a estreia com a “camisola das quinas”, numa partida frente à República Federal Alemã. Nos tempos seguintes continuaria a ser chamado aos trabalhos das várias selecções, nomeadamente ao conjunto “olímpico”. Todavia, o momento alto dessa caminhada internacional seria a convocatória a levá-lo à equipa “A” de Portugal. Listado por Otto Glória para um particular disputado frente ao Brasil, o atleta, a 8 de Junho de 1983, acrescentaria ao seu currículo uma partida feita pela principal equipa nacional lusa.
Regressando ao seu percurso clubístico, Vítor Santos, com 8 temporadas consecutivas em representação do Sporting de Braga, transformar-se-ia num dos nomes históricos do colectivo da “Cidade dos Arcebispos”. Pelo meio, há ainda a destacar a sua presença em ambas as mãos da edição de 1982/83 da Supertaça ou, no começo da temporada ainda agora aludida, a participação na Taça dos Vencedores das Taças, numa ronda frente ao Swansea City orientado por John Toshack. Também nas competições de índole continental, resultado da 4ª posição na tabela classificativa do Campeonato Nacional da época anterior, o atleta, frente aos londrinos do Tottenham Hotspurs, disputaria a eliminatória da Taça UEFA de 1984/85.
Já no derradeiro capítulo do seu trajecto como futebolista profissional, Vítor Santos, após deixar o Sporting de Braga com o termo da temporada de 1988/89, ainda revelaria disponibilidade para, na 2ª divisão, jogar mais uma campanha com a camisola do Leixões, ao fim da qual tomaria a decisão de “pendurar as chuteiras”.

1488 - CORONA

Eduardo José Corona destacar-se-ia, desde novo, como um praticante de excepção. Essas qualidades, a pô-lo bem acima da média, levá-lo-iam, na temporada de 1942/43, à categoria principal do Sporting Clube Lavradiense. No entanto, a colectividade da zona do Barreiro depressa viria a afigurar-se como pequena para a grandiosidade das suas habilidades. Na época seguinte ingressaria nos vizinhos do Luso e já na disputa da 2ª divisão bastariam algumas campanhas para que conseguisse despertar a cobiça de um dos “grandes” em Portugal.
No final da campanha de 1945/46, Corona deixaria o Luso do Barreiro para rubricar a sua ligação ao Benfica. Já a estreia oficial na primeira equipa das Águias ocorreria na temporada seguinte, a 15 de Setembro de 1946,numa partida frente à CUF Lisboa (outrora Unidos de Lisboa), a contar para a 1ª jornada do Campeonato Regional. Curiosamente, depois de também ter participado na ronda inicial do Campeonato Nacional, o avançado revelaria algumas dificuldades em impor-se no “onze” idealizado pelo húngaro Janos Biri. Com Julinho, Rogério de Carvalho, Baptista, Espírito Santo ou Arsénio como principais concorrentes a um lugar na linha ofensiva, nem a sua polivalência serviria de salvo-conduto para a titularidade. Tal cenário começaria a inverter-se na época de 1947/48 e daí em diante, tirando algumas excepções, o jogador impor-se-ia como um dos grandes nomes dos “Encarnados”.
Principalmente como extremo-direito, mas com habilidade suficiente para jogar em qualquer uma das 5 posições da linha ofensiva, Corona perfilar-se-ia como um dos principais responsáveis pelos êxitos colectivos do Benfica. Internamente contribuiria para a conquista de 1 Campeonato Nacional e 4 Taças de Portugal, marcando 2 golos em 3 presenças em finais da “Prova Rainha”. Todavia, o maior destaque no seu palmarés iria para a Taça Latina. Na edição de 1949/50 da aludida prova, discutida no Estádio do Jamor, o atleta seria chamado pelo inglês Ted Smith à disputa de todos os jogos, incluindo a final e a finalíssima. Frente aos franceses do Bordeaux, marcaria um golo na final e desse modo ajudaria a vencer a primeira competição de índole continental na história do “Glorioso”.
Após cumpridas 7 temporadas de “águia” ao peito, Corona, sem abandonar o escalão máximo português, ainda representaria outros emblemas. No Sporting de Braga, ao lado de nomes como Eduardo Vital ou Ezequiel Baptista, orientado inicialmente por Fernando Vaz e, na campanha seguinte, sob a alçada do treinador-jogador Mario Imbelloni, o avançado passaria duas temporadas. Seguir-se-ia outro par de anos, dessa feita com as cores do Vitória Futebol Clube, e, num regresso à terra natal, a época de 1957/58 ao serviço de um Barreirense onde a figura de proa era um jovem de seu nome José Augusto.
O resto da sua caminhada enquanto futebolista, na investigação prévia à elaboração deste texto, foi-me difícil de aferir com alguma certeza. Enquanto umas fontes dão o atacante em 1958/59 já ao serviço do Coruchense, há outros registos que garantem o atleta a dividir a referida campanha entre um regresso ao Luso do Barreiro e a União de Leiria, para, na época seguinte, passar então a envergar a camisola do aludido colectivo ribatejano. Mesmo tendo em conta a “décalage” cronológica resultante da diferença temporal apresentada pelas distintas informações, o que parece certo são o União de Tomar e o Amora como os derradeiros clubes na caminhada competitiva de Corona.

1487 - VÍTOR URBANO

Concluído o percurso formativo ao serviço dos juniores do Beira-Mar, Vítor Manuel Perdigão Urbano decidiria, com os estudos superiores em mente, deixar o emblema aveirense para, em paralelo com a frequência no Curso de Direito da Universidade de Coimbra, continuar a prática do futebol inserido no plantel do Grupo Desportivo da Gafanha de 1971/72. Seguir-se-ia, na temporada seguinte, o Oliveira do Bairro Sport Clube e, após suspender as actividades académicas, o regresso aos “Auri-negros”.
De volta ao Beira-Mar, a temporada de 1975/76, após ajudar à subida de escalão no ano anterior, daria a Vítor Urbano a oportunidade de disputar a 1ª divisão. Inicialmente sob a orientação do treinador Frederico Passos, para, após a 6ª jornada do Campeonato Nacional passar para a intendência de Fernando Vaz, o defesa-central, ainda longe de conseguir afirmar-se como um dos titulares, estrear-se-ia naquele que é o escalão máximo do futebol português. Na época seguinte, juntamente com os seus colegas de equipa, manter-se-ia nas pelejas primodivisionárias e acabaria a partilhar o balneário com um ilustre nome do futebol mundial, o “king” Eusébio. No entanto, com os aveirenses a não conseguirem fugir à despromoção, o termo da campanha de 1976/77 coincidiria também com o fim da sua passagem pela principal competição do calendário luso.
Talvez à procura de outro género de oportunidades, depois de mais uma época a representar as cores do Beira-Mar, Vítor Urbano encetaria um périplo a levá-lo a envergar a camisola de outras colectividades. Após o Alba de 1978/79, o defesa, na campanha de 1979/80, prosseguiria o seu percurso profissional ao serviço do Sporting da Covilhã. Nos “Leões da Serra”, onde ainda permaneceria mais uma época, o jogador viria a encontrar-se com José Domingos, antigo colega no emblema aveirense e a pessoa que, mais adiante, viria a mudar-lhe o rumo no futebol.
Ainda a reboque do treinador aludido no parágrafo anterior, Vítor Urbano passaria, em 1981/82, pelo União de Coimbra. O Campo da Arregaça emergiria um ano antes de o atleta retornar à casa onde havia feito grande parte da caminhada competitiva. De novo ao serviço do Beira-Mar, o defesa-central, a partir da temporada de 1982/83, muito mais do que o conduzir a carreira para os derradeiros capítulos enquanto futebolista, iria também encetar outras actividades dentro do “universo da bola”. Essa mudança surgiria quando, em 1984, acabaria por aceitar o convite de José Domingos para, em paralelo às actividades de atleta, passar também a dirigir os juniores e, por fim, ser adjunto da equipa principal.
Nas andanças como técnico, a experiência inicial de Vítor Urbano como treinador-principal, ao substituir o belga Jean Thissen no comando do conjunto sénior do Beira-Mar, surgiria no decorrer da temporada de 1989/90. Logo na época seguinte, o antigo defesa alcançaria alguns dos maiores brilharetes conseguidos durante a carreira e depois do 6º posto no Campeonato Nacional da 1ª divisão, a melhor classificação na história da colectividade aveirense, o termo da mencionada época traria ao seu currículo a final da Taça de Portugal. Já no Jamor, frente ao FC Porto, os “Auri-negros”, com um golo de Abdelghani, ainda levariam o encontro para o prolongamento. Porém, o poderio dos “Dragões” assumiria um papel determinante no desfecho da partida e o tão almejado troféu sairia do Estádio Nacional em direcção à “Cidade Invicta”.
No resto da carreira como treinador, num trajecto caracterizado pela longevidade, Vítor Urbano teria ainda a oportunidade de orientar outras equipas no escalão máximo. Paços de Ferreira e Desportivo de Chaves seriam essas colectividades. Claro que, numa caminhada tão extensa, outros emblemas surgiriam no seu caminho, nomeadamente os históricos União da Madeira, Vizela, Olhanense ou a Sanjoanense. Por fim falta fazer referência à sua passagem por África onde, para além dos anos passados à frente de diversos emblemas moçambicanos, ainda contaria com uma experiência no Burquina Faso.
 
PS: Serve este post scriptum para adicionar algumas informações gentilmente cedidas pelo próprio Vítor Urbando. Assim, devo acrescentar que:
  • 1977/78 - Vítor Urbano marcaria os dois golos na vitória por 0-2 frente ao Sporting da Covilhã, partida decisiva na subida do Beira-Mar à 1ª divisão;
  • 1986/87 - participaria, como adjunto de Jean Thissen, no regresso do Beira-Mar ao patamar maior do futebol luso;

1486 - AMARILDO

Filho de Zeca e sobrinho de Abel Miglietti, ambos notáveis praticantes da modalidade, Amarildo, ao seguir as pegadas dos dois familiares, acabaria também por abraçar o futebol como desporto de eleição. Porém, ao fazer grande parte do percurso formativo, primeiro com as cores do Benfica, para depois ingressar no Belenenses, a transição do jovem atleta para o patamar sénior levá-lo-ia a um contexto competitivo um pouco estranho para quem tinha, até então, feito uma caminhada entre a elite.
Apesar da mudança para o plantel de 1989/90 do Mogadourense, a disputa dos “distritais” de Bragança não iria deitar por terra o sonho do jogador em construir uma carreira sólida no mundo do futebol. Aliás, a oportunidade surgida no emblema transmontano, onde, por coincidência, também o seu pai já tinha jogado, traria novas valências ao defesa-central e ao jogar parte da primeira temporada como avançado, muito para além de revelar uma afinada finalização, Amarildo conseguiria igualar o número de golos do melhor ponta-de-lança presente no seu grupo de trabalho!
Os anos seguintes, a revelarem da sua parte uma forte resiliência, ainda seriam cumpridos longe dos grandes palcos. Mais uma época no Mogadourense e, em 1991/92 e na disputa da 3ª divisão, a experiência no União de Montemor orientado por António Carraça, serviriam de rampa de lançamento para um patamar condizente com a sua categoria. Nesse sentido, com o convite do Farense, a época de 1992/93 marcaria a estreia do defesa-central no patamar máximo do futebol nacional. A trabalhar sob a alçada do catalão Paco Fortes, Amarildo, mesmo sem ser um dos indiscutíveis da agremiação algarvia, revelaria grandes qualidades, nomeadamente na atenção dada ao desenrolar do jogo e na assertividade das disputas de bola. Essas características, mesmo com a forte concorrência de colegas como Jorge Soares, Luizão ou Stefan a resultar num relativo ocaso, serviriam para que o atleta continuasse entre os “grandes”, com o passo seguinte na caminhada desportiva a levá-lo de volta a Trás-os-Montes.
No Desportivo de Chaves a partir de 1994/95, Amarildo, na minha modesta opinião, viveria os melhores anos da carreira. Ainda que com uma temporada de estreia pelos flavienses um pouco intermitente, a campanha seguinte sublinhá-lo-ia como um intérprete indubitavelmente de cariz primodivisionário. A notoriedade conseguida à custa das exibições e titularidade com a camisola listada de azul e grená, serviria para que, na temporada de 1996/97, o defesa abraçasse um projecto de ambição diferente e, no entanto, numa casa bem sua conhecida. Contudo, no regresso ao Belenenses, o infortúnio bater-lhe-ia à porta e uma grave lesão, muito mais do que comprometer o desenrolar da referida época, iria afectar a sua caminhada no futebol.
Mesmo asseverada a sua completa recuperação pelo médico dos “Azuis” e até pelo clínico da Federação Portuguesa de Futebol, a verdade é que muitos colocariam em causa essa mesma conquista. Com vários convites a caírem por terra, surgiria então a oportunidade de, na edição de 1997/98 da 2ª divisão “B”, Amarildo dar continuidade ao percurso competitivo. A entrada no Juventude de Évora precederia outro episódio curioso na sua carreira. Através de um amigo empresário residente na Austrália, o defesa anuiria ao repto lançado em tom de brincadeira e partiria para a aventura no Canberra Cosmos. Seguir-se-ia, já retornado a Portugal uma nova senda pelos escalões secundários lusos que começaria em 2000/01 no Oliveira do Hospital e terminaria, após 4 temporadas ao serviço do Sintrense, com o jogador a “pendurar as chuteiras” com o termo da campanha de 2004/05.

1485 - NIQUINHA

Formado pelo Francana, agremiação do interior do Estado de São Paulo, seria na mesma colectividade que Édson Pereira de Barros, popularizado no mundo do futebol por Niquinha (ou Nikinha), chegaria, em 1990, ao escalão sénior. Alguns anos depois, o médio-centro, caracterizado pelo trato gentil dado à bola e pela maneira suave como conseguia desarmar os adversários, começaria a ser cobiçado por emblemas de outra monta e a mudança para o Náutico empurrá-lo-ia para a disputa das edições de 1993 e 1994 do principal patamar do “Brasileirão”.
Curiosamente, seria depois de um retrocesso na sua carreira profissional, à altura a representar o modesto Manchete, que de Portugal surgiria o convite a marcar uma enorme mudança na sua carreira enquanto futebolista profissional. No Rio Ave a partir da temporada de 1997/98, seria pela mão do treinador Carlos Brito que, Niquinha, na época da sua chegada a Vila do Conde, conseguiria estrear-se na 1ª divisão. Daí em diante, tirando algumas excepções, o médio, que, por vezes, chegou a actuar como lateral-direito, conseguiria afirmar-se como um dos esteios da “Caravela” e num dos grandes símbolos da história do emblema a disputar as pelejas caseiras no Estádio dos Arcos.
Mesmo com o Rio Ave a alternar períodos primodivisionários, com outros na disputa do escalão secundário, o jogador nunca deixaria o clube nortenho. Nessa senda de 12 temporadas consecutivas, 7 seriam cumpridas no escalão máximo e numa longa passagem pelo emblema vilacondense, o centrocampista viveria alguns momentos merecedores de destaque. Um deles seria a vitória na edição de 2002/03 do Campeonato da 2ª divisão, onde também marcariam presença atletas históricos como Bruno Mendes, Gama, Evandro ou Miguelito. Para além do título referido, emergiria também ao currículo do médio a boa campanha na Taça de Portugal de 1999/00, onde ajudaria a sua equipa a chegar às meias-finais. Claro que o somatório de tudo o que já foi dito também pode ser traduzido por outros números e os 343 jogos oficiais disputados com as cores do colectivo da “Caravela”, 141 dos quais no patamar maior do futebol luso, fazem de Niquinha um dos nomes incontornáveis nos anais do clube.
Já a envergar a braçadeira de capitão, a separação de Niquinha com o Rio Ave dar-se-ia com o termo da temporada de 2008/09. Seguir-se-ia, de volta à casa onde tinha cumprido a sua formação, o regresso ao Francana, onde partilharia o balneário com o irmão Marquinhos, também antigo colega na colectividade com sede em Vila do Conde. Seria igualmente no Francana que viria a “pendurar as chuteiras” e onde, em paralelo com a gestão da “escolinha” por si fundada, daria os primeiros passos como treinador. Nas tarefas de técnico, inicialmente como adjunto, o antigo médio teria a oportunidade de comandar o conjunto principal e seria chamado a tais funções no decorrer da campanha de 2015.

1484 - TORPES

Apesar de rejeitado algumas vezes, Carlos Torpes não deixaria de parte a sua paixão pelo futebol e ao continuar a comparecer aos treinos de captação acabaria por convencer os responsáveis do Despertar de Beja a integrá-lo na equipa de juniores, como avançado. Alguns anos passados, terminada a formação e já a posicionar-se como defesa, o jovem jogador seria promovido à equipa principal da colectividade sediada no Baixo Alentejo. Apesar de iniciar o seu trajecto enquanto sénior na 3ª divisão de 1957/58, depressa ajudaria o clube a subir um patamar e depois de um par de campanhas cumpridas na disputa do 2º escalão, as suas qualidades despertariam a cobiça de emblemas de maior monta.
Também com o Belenenses no seu encalço, Torpes aceitaria o convite do Vitória Futebol Clube para a sua transferência. Com a mudança para a cidade de Setúbal na temporada de 1960/61, o defesa-central manter-se-ia na disputa do escalão secundário, mas envolvido em pelejas de outra aspiração. Aliás, seria essa ambição, histórica na agremiação da margem norte do Rio Sado, que, na época de 1962/63, levaria o atleta à estreia na 1ª divisão. Lançado, entre os “grandes”, pelo treinador argentino Filpo Núñez, a partilha do balneário com nomes como Polido, Conceição, Herculano ou Alfredo Moreira, não iria comprometer a sua ambição e, tirando alguns períodos de excepção, o jogador assumir-se-ia como um dos nomes mais vezes requisitados pelos diferentes técnicos.
Em 8 anos passados ao serviço do Vitória Futebol Clube, para além da participação nas provas organizadas sob a intendência da UEFA, o destaque maior da sua caminhada surgiria com as 4 presenças consecutivas do emblema sadino no derradeiro desafio da Taça de Portugal. Nesse sentido, sempre pela mão do treinador Fernando Vaz, Torpes marcaria presença no Jamor na conquista da edição de 1964/65, na final perdida de 1965/66 e ajudaria, embora sem ser escolhido para a peleja agendada para o Estádio Nacional, a vencer a apelidada “Prova Raínha” de 1966/67.
Após um longo período cumprido com o listado verde e branco do conjunto a jogar em casa no Estádio do Bonfim, Torpes, pondo também fim à sua passagem pela divisão maior, ingressaria no plantel de 1968/69 do Farense. De regresso ao 3º escalão, o defesa-central faria parte de uma época histórica no emblema algarvio, que, com duas subidas consecutivas, levaria o clube, pela primeira vez, ao patamar maior do futebol luso. Contudo, o atleta já não participaria nessa estreia, pois, na campanha de 1970/71 daria início a um périplo a levá-lo inicialmente aos Nazarenos e posteriormente a representar os angolanos do Benfica de Nova Lisboa, o Gouveia e, já na condição de jogador-treinador, o Desportivo de Beja.
Aliás, seria no regresso à sua cidade natal que Torpes faria a transição para as funções de técnico. Já em exclusivo nas funções de treinador, o antigo defesa passaria por diferentes colectividades. Sempre na disputa dos escalões secundários, o destaque iria igualmente para as suas ligações ao Louletano, Sporting de Lamego, Quarteirense ou Imortal de Albufeira.

1483 - PAULO RICARDO

Não tendo conseguido encontrar mais informações que permitissem adicionar outros dados àquilo que terão sido os primeiros anos da caminhada futebolística de Paulo Ricardo dos Santos, parece certo que a primeira metade da época de 1982, tal como a campanha de 1981, terá sido cumprida ao serviço do Esporte Clube Novo Hamburgo. Nesse sentido, acabaria por ser do emblema “gaúcho” que o atacante sairia para o Vitória Sport Clube, mas não sem uma atribulada passagem por Espanha – “Estive lá três meses mas, como era estrangeiro, tinha de casar para assinar contrato. Na altura estava com 22 anos e nem tinha namorada. Recusei essa situação, está a perceber? Vim para Portugal com o meu agente desportivo e cheguei ao V. Guimarães, onde o técnico Manuel José e o presidente Pimenta Machado me acolheram bem. Foram três anos maravilhosos”*.
Integrado no plantel de 1982/83 do emblema minhoto referido no parágrafo anterior, o avançado, aos poucos, começaria a ganhar o seu espaço no grupo de trabalho. Nesse trajecto, ao ajudar o conjunto vimaranense na luta pelos lugares cimeiros da tabela classificativa do Campeonato Nacional, Paulo Ricardo, consequência do 4º posto conquistado com o termo da sua primeira época em Portugal, viveria um dos momentos de maior destaque e, na temporada de 1983/84, participaria na eliminatória da Taça UEFA, frente aos ingleses do Aston Villa.
Curiosamente, seria no ano de menor sucesso colectivo que o jogador mais preponderância haveria conquistar no Vitória Sport Clube. As boas exibições levá-lo-iam a uma nova transferência e, com Paquito como companheiro da viagem, Paulo Ricardo acabaria apresentado como reforço do FC Porto de 1985/86. Nos “Dragões” orientados por Artur Jorge, apesar de pouco utilizado, o atacante teria a oportunidade de viver os momentos mais gloriosos de toda a sua carreira e, com isso, vencer troféus de enorme monta. Nesse rol, na campanha de estreia nas Antas, começaria pela conquista do Campeonato Nacional. Porém, o maior destaque merecê-lo-ia na temporada seguinte quando, ao completar 90 minutos na 2ª mão da eliminatória frente aos malteses do Rabat Ajax, entraria na lista de atletas vencedores da edição de 1986/87 da Taça dos Clubes Campeões Europeus.
Apesar das importantes conquistas enquanto atleta dos “Azuis e Brancos”, a falta de partidas disputadas pela equipa nortenha, levaria o jogador a mudar de rumo. No Marítimo a partir de 1987/88, Paulo Ricardo voltaria à titularidade. Desde a chegada à Madeira, nesse caso concreto a trabalhar com o treinador Manuel Oliveira, o avançado notabilizar-se-ia como um dos nomes mais vezes inscritos na ficha de jogo. Seria ainda sob a alçada do mencionado técnico que viveria outro momento marcante e que, com o golo da sua autoria, daria aos insulares a primeira vitória frente às “Águias” – “Foi uma perda de bola do lado esquerdo do Benfica e o Jorge Silva, que era um jogador rápido e muito bom em termos técnicos, ganhou a bola, progrediu para a frente e cruzou da linha de fundo. Eu antecipei-me aos centrais e consegui rematar para longe do Silvino”*.
A suceder a passagem de 3 anos pelo Funchal, Paulo Ricardo mudar-se-ia para o plantel de 1990/91 do Portimonense, onde haveria de encontrar-se novamente com Manuel Oliveira. No entanto, a jornada a levá-lo para o Algarve traduzir-se-ia, ao fim de 8 campanhas sucessivas na disputa do escalão maior do futebol luso, no encetar de um trajecto longe dos palcos primodivisionários. Nessa derradeira fase da carreira de futebolista, o atacante teria ainda tempo para, nos dois anos seguintes ao passado no Barlavento, envergar os emblemas de Varzim e Académico de Viseu.

*retirado do artigo de David Marques, publicado a 02/03/2018, em https://maisfutebol.iol.pt

1482 - FRANCISCO LOPES

Notabilizado como atleta do Sporting Clube de Portugal, equipa onde chegaria na temporada de 1934/35 e, segundo algumas fontes, com 20 anos de idade, Francisco Ferreira Lopes começaria a envergar o verde e branco da camisola leonina no conjunto de reservas. Ainda no decorrer da referida campanha e pela mão do capitão geral – por regra treinador/jogador – Filipe dos Santos, faria a estreia na categoria principal e, a partir desse momento, passaria a dar a sua contribuição para uma época particularmente prolífera para a colectividade “alfacinha”.
No campo referente aos troféus, como dado a entender no parágrafo anterior, Francisco Lopes, a posicionar-se preferencialmente como extremo-esquerdo, ajudaria o Sporting, logo na época da sua chegada, à vitória no Campeonato de Lisboa, êxito que repetiria nas 3 épocas subsequentes. Também nas campanhas seguintes, apesar de nas duas últimas já sem a preponderância conquistada no par anterior, o avançado conseguiria amealhar mais títulos para o palmarés pessoal. Para além do já mencionado, ou seja, os brilharetes no contexto regional, o atacante participaria igualmente na conquista das provas de índole nacional. No Campeonato de Portugal, muito mais importante do que a sua presença na final perdida de 1934/35, seria a comparência no derradeiro jogo e correspondente triunfo na edição de 1935/36 e a participação, embora mais modesta, na vitória de 1937/38.
Apesar de estar incluído num rol de atletas históricos do emblema de Alvalade, mormente pela sua participação na 1ª edição do Campeonato da I Liga, Francisco Lopes nunca chegaria a alcançar a importância que outros colegas haveriam de ter no seio do grupo de trabalho leonino. Essa situação, agravada pela falta de oportunidade no decorrer da temporada de 1937/38, onde, pela batuta de Joseph Szabo, apenas disputaria 4 partidas oficiais, levá-lo-ia a deixar o Sporting após cumpridas 4 campanhas. Seguir-se-ia na sua caminhada futebolística o Carcavelinhos que, em 1938/39, apesar de militar no 2º escalão nacional, conseguiria a almejada promoção ao patamar maior do futebol luso. Com a subida, o atacante voltaria a destacar-se como um bom intérprete e, acima de tudo, como um elemento com capacidades vincadamente primodivisionárias. No entanto, circunstância que não deixa de ser uma curiosidade, o jogador, com a sua equipa num vaivém constante, iria alternar a sua presença entre os dois aludidos degraus competitivos. Tal peculiaridade não diluiria outro facto de importância histórica e relacionado com a fusão da colectividade que representava com o União Lisboa e que, na campanha de 1942/43, faria dele um dos jogadores presentes na estreia do Atlético Clube de Portugal.
Depois da fundação do emblema tradicionalmente a disputar os seus jogos caseiros no Estádio da Tapadinha, Francisco Lopes manter-se-ia, nas pelejas da bola, pelo lisboeta bairro de Alcântara. Após 4 temporadas a envergar as cores do Carcavelinhos, emergiria um período idêntico, em que o avançado passaria a exibir-se com a camisola do Atlético, num trajecto que, pelos registos por mim encontrados, findaria com o termo da campanha de 1945/46.

1481 - MIHTARSKI

Formado no FC Pirin, Petar Mihtarski emergiria do clube sediado na cidade de Blagoevgrad como uma das boas promessas do futebol do seu país natal. A sublinhar esse estatuto, numa altura em que tinha sido promovido a sénior, surgiriam as chamadas às jovens selecções, a convocatória para o Mundial sub-20 de 1985 e as 51 participações pelos sub-21 que fariam do ponta-de-lança o recordista búlgaro de internacionalizações no referido escalão.
Em termos clubísticos a promoção a sénior no decorrer da temporada de 1982/83, numa altura em que apenas contava 16 anos de idade, daria azo a uma caminhada que conduziria o avançado a momentos merecedores de destaque. A começar, viria a estreia na principal divisão do futebol búlgaro. Porém, o maior realce dessa fase inicial do seu trajecto competitivo surgiria passadas algumas campanhas, quando o FC Pirin, resultado da melhor classificação na história da colectividade, o 5º lugar no Campeonato de 1984/85, conseguiria a primeira classificação para a Taça UEFA. Na prova de cariz continental, Mihtarski jogaria frente ao Hammarby, com a presença em ambas as mãos a ser insuficiente para o apuramento da agremiação do leste europeu.
Também seria como atleta do FC Pirin que o avançado haveria de estrear-se na principal selecção da Bulgária. A chamada, a contar para a Fase de Qualificação do Mundial de 1990, levaria o treinador Boris Angelov a escolhê-lo, numa partida frente à Dinamarca, para o alinhamento inicial. Depois dessa jornada disputada a 26 de Abril de 1989, onde também entraria o “galáctico” Hristo Stoichkov, Mihtarski teria outras oportunidades para envergar a camisola da sua nação, com o pináculo dessas aparições a surgir, pela mão de Dimitar Penev, no grupo a participar na Fase Final do Campeonato do Mundo de 1994. Já no certame organizado nos Estados Unidos da América, numa equipa a contar com Iordanov, Kostadinov, Balakov, Guentchev ou Mihaylov, o ponta-de-lança jogaria o embate com o México, dando, desse modo, o seu contributo para o 4º lugar alcançado pelos búlgaros.
Voltando atrás, Mihtarski, após a importância ganha nas pelejas cumpridas pelo FC Pirin acabaria, na campanha de 1988/89, por ser apresentado como um dos reforços do Levski de Sófia. Naquele que é um dos clubes de maior monta no país, o ponta-de-lança, ao sublinhar-se como um dos melhores intérpretes, transformar-se-ia num dos pilares do que viria a tornar-se no primeiro grande troféu da sua carreira. Como um dos titulares, o jogador marcaria presença na final frente ao Botev Plovdiv e ajudaria à vitória na edição de 1990/91 da Taça da Bulgária.
Seria no seguimento do êxito referido no parágrafo anterior que Mihtarski começaria o primeiro périplo além-fronteiras. Integrado no plantel de 1991/92 do FC Porto, o avançado, pela presença no grupo de trabalho de Kostadinov e de Domingos, encontraria algumas dificuldades para convencer o brasileiro Carlos Alberto Silva a dar-lhe, de forma inequívoca, um lugar no “onze”. No entanto, com uma utilização aceitável, o ponta-de-lança, nesse ano, também contribuiria para a conquista da Supertaça e para a vitória no Campeonato Nacional. Ainda assim, a ajuda dada nos sucessos colectivos dos “Azuis e Brancos” seria insuficiente para garantir ao atleta um lugar no plantel da campanha seguinte, sendo emprestado ao Famalicão. Já na temporada de 1993/94, depois de realizar duas partidas pelos “Dragões”, o avançado seria novamente cedido à colectividade minhota, para, posteriormente e a envergar a terceira camisola na mencionada época, ser transferido para o FC Pirin.
O resto da sua caminhada enquanto futebolista, numa senda a levá-lo a alternar participações entre campeonatos estrangeiros e outras presenças, traria ao seu currículo os emblemas dos espanhóis do Mallorca, dos germânicos do Wolfsburg, do CSKA de Sófia e, já na derradeira temporada da carreira, a vitória, num regresso ao Levski de Sófia, da edição de 2000/01 do Campeonato da Bulgária. Já como treinador, carreira encetada praticamente após o “pendurar das chuteiras”, Mihtarski tem trilhado um percurso por emblemas do país natal.

1480 - DAOUDI

Como não poderia deixar de ser, tal é a frequência com que tenho reportado casos idênticos, o atleta que hoje aqui trago à liça foi, na investigação preparatória à construção deste texto e nas contradições encontradas em diferentes fontes, outro enorme desafio. Nesse sentido, deixo-vos o aviso para a eventualidade da existência de alguns erros nesta biografia.
Tendo deixado esta nota introdutória temos que Rachid (ou Rashid) Daoudi terá nascido em 1966 e por mudança da família para a cidade de Casablanca, aí terá encetado a carreira desportiva, nas escolas do Wydad Athletic Club, agremiação também conhecido como WAC. Segundo algumas informações recolhidas, a sua promoção à equipa principal, findo o percurso formativo no emblema referido, terá ocorrido entre 1988 e 1989. Ora, temos aqui o primeiro dado a fazer pouco sentido, pois, tendo fé na data de nascimento veiculada pela grande maioria das fontes, essa transição terá então ocorrido com o jogador a ultrapassar numa boa fatia a normal meta dos 18/19 anos de idade. Há, no entanto, outra hipótese a equacionar e que poderá justificar tal cronologia, ou seja, que o atleta, entre o último ano de júnior e o começo do trajecto como sénior, tenha andado por uma espécie de equipa “b” ou “reservas” ou, ainda, que tenha sido emprestado a outro clube.
O que parece ser verdade é que, num grupo de trabalho onde, ao longo dos anos, também marcaram presença nomes bem conhecidos do desporto luso, casos de Naybet, Saber, Hassan, M’Jid ou Fertout, Daoudi conseguiria destacar-se como um intérprete virtuoso e capaz das mais espantosas acções atacantes. Essas características do médio-ofensivo, nas quais estariam incluídas um pé esquerdo habilidoso, um potente remate e uma visão de jogo bem acima da norma, em muito contribuiriam para os sucessos do colectivo marroquino. Nesse contexto de glórias, muito para além das conquistas internas do WAC Casablanca, arrolar-se-ia ainda um grande êxito continental. Porém, também nesse cenário, tendo em conta as incongruências apresentadas no parágrafo anterior, é difícil saber, com exactidão, em quais títulos o jogador terá participado nessa primeira passagem pelo clube. Ainda assim, acho que posso listar 4 Campeonatos, com a dúvida a recair para o correspondente à época de 1985/86, 2 Taças e a edição de 1992 da Liga dos Campeões africana.
Com a preponderância conquistada ao serviço do WAC Casablanca, o médio começaria a ser incluído nas convocatórias da principal selecção de Marrocos. A presença assídua na equipa nacional empurrá-lo-ia, naturalmente, para a disputa dos torneios futebolísticos de maior monta e, nesse sentido, levado a jogo pelo alemão Werner Olk, a Taça de África das Nações de 1992 tornar-se-ia num desses certames. Outra convocatória, essa de maior importância, guiá-lo-ia ao Campeonato do Mundo de 1994. Chamado aos Estados Unidos da América por Abdellah Ajri, Daoudi, num grupo de trabalho também composto por Tahar El-Khalej, El-Hadrioui, Naybet, Hadji, M’Jid ou Hassan, destacar-se-ia suficientemente para começar a ser cobiçado por emblemas além-fronteiras. Ora, aqui surge outra dúvida, pois há fontes que referem o jogador, como reforço do plantel do Tirsense, vindo do Wydad, enquanto outras informações indicam os sauditas do Al-Shabab como a colectividade de proveniência.
Como é fácil de adivinhar depois da leitura das últimas, Dadoudi acabaria por ter uma passagem por Portugal. No entanto, o Tirsense de 1995/96, que, como prova a contratação do internacional nigeriano Siasia, até tinha apostado forte no reforço do grupo de trabalho, terminaria na última posição do Campeonato Nacional da 1ª divisão. Daí em diante, com o termo da época mencionada, o médio-ofensivo, a entrar na veterania, encetaria uma fase mais errante da carreira, a qual levá-lo-ia a dois regressos ao WAC, à passagem por Espanha ao serviço do Xerez, às experiências no Médio Oriente, primeiro nos Emirados Árabes Unidos, depois no Qatar e, por fim, em Omã.