1479 - FRANCISCO STROMP

Como um dos fundadores do Campo Grande Football Club, Francisco Stromp faria parte do grupo que ficaria conhecido como “os dissidentes” e que, por divergências na maneira como a agremiação estava a ser conduzida, acabaria a decidir a formação de outro colectivo.
Seria na sequência desse primeiro episódio, que o referido conjunto de homens, no qual também estavam incluídos José Alvalade, o seu irmão António Stromp ou José Gavazzo, criariam, a 1 de Julho de 1906, o Sporting Clube de Portugal. Na nova colectividade, apesar de também praticar outras modalidades, casos do atletismo, do cricket, do râguebi ou do ténis, Francisco Stromp destacar-se-ia como um notável futebolista. Nessa modalidade, estrear-se-ia na equipa principal leonina na temporada de 1908/09 e ao longo de vários anos seria uma das mais proeminentes figuras da agremiação lisboeta.
No que diz respeito aos êxitos colectivos, o jogador, como capitão de equipa, o que na altura significava igualmente o desempenho das funções técnicas, guiaria o Sporting Clube de Portugal aos primeiros títulos. No topo desse rol de conquistas surgiriam o Campeonato de Lisboa e a Taça de Honra de 1914/15. Nos anos seguintes, como resultado do poderio da colectividade no contexto competitivo “alfacinha”, repetir-se-iam as vitórias nas aludidas competições, respectivamente, por mais 3 e mais 2 vezes. No entanto, o troféu mais importante da sua carreira enquanto praticante surgiria já nos derradeiros anos dessa caminhada. Nesse sentido, na campanha de 1922/23, a disputa do Campeonato de Portugal levaria os “Leões” à final frente à Académica de Coimbra. Numa altura em que, por razão do afastamento de Augusto Sabbo, também cumpria as tarefas de treinador, Francisco Stromp, mais uma vez a envergar a braçadeira de capitão, entraria em campo no Santo Stadium. Ao lado de nomes ilustres, casos do guardião Cipriano Santos, Jorge Vieira, Henrique Portela, Joaquim Ferreira, Jaime Gonçalves ou João Francisco Maia, a partida realizada na cidade de Faro serviria, ainda mais, para sublinhar a sua consagração e um golo da sua autoria ajudaria a fixar o resultado final num 3-0 favorável aos de verde e branco.
A sua categoria como jogador, permitindo-lhe a colocação, no terreno de jogo, tanto no desempenho das funções de médio, como nos trabalhos de avançado, muito para além da paixão pelo Sporting, levá-lo-ia a envergar outra camisola. Ao serviço da selecção de Lisboa, numa altura em que ainda não existia a selecção de Portugal, Francisco Stromp seria chamado a diversas pelejas. Nesse cenário, como prova da qualidade do misto “luso”, destacar-se-iam a vitória forasteira, a 27 de Agosto de 1910, frente ao Huelva, a recepção triunfadora ao Stade Bordelais Université Club, a 21 de Maio de 1911, ou ainda a digressão, realizada em 1913, que levaria o agregado lisboeta até ao Brasil.
Ainda no desporto, nomeadamente ao serviço do Sporting, Francisco Stromp executaria brilhantemente outras ocupações. Como dirigente dos “Leões”, passaria por diversos cargos. No entanto, a maior curiosidade, talvez não tão grande se atentarmos ao contexto desportivo da altura, iria para os seus desempenhos como árbitro de futebol. Já o remate de qualquer leitura, leva-nos a concluir a sua existência como a de um homem brutalmente apaixonado pelo emblema que ajudou a fundar, com os últimos anos de vida a pregarem-lhe uma enorme partida e a empurrá-lo em direcção a um fim deveras trágico.

1478 - TOZÉ


Descoberto no Lusitano do Lobito, Tozé Fonseca deixaria a terra natal para, na temporada de 1972/73, dar os primeiros passos ao serviço do Belenenses. No emblema do Restelo, apesar da tenra idade, o jovem futebolista começaria a trabalhar com o plantel sénior. As qualidades demonstradas logo no arranque da caminhada na colectividade lisboeta não passariam despercebidas aos responsáveis da Federação Portuguesa de Futebol e o defesa acabaria integrado na equipa de juniores. Com José Augusto como seleccionador, o atleta estrear-se-ia com a “camisola das quinas”, a 13 de Novembro de 1972. Essa partida frente à Suíça, a contar para o Torneio Internacional do Mónaco, serviria de arranque a um trajecto a dar-lhe 7 internacionalizações na referida categoria e a entregar-lhe a responsabilidade de envergar a braçadeira de capitão do conjunto português.
Apesar do potencial apresentado, a verdade é que Tozé nunca teria a vida facilitada no Belenenses. Tanto na primeira temporada, onde os da “Cruz de Cristo” atingiriam o 2º lugar no Campeonato Nacional da 1ª divisão, como na campanha seguinte, o defesa, preterido nas escolhas da dupla Alejandro Scopelli/Peres Bandeira, acabaria ultrapassado por outros elementos de maior traquejo, casos de Alfredo Murça, Calado ou do seu conterrâneo Freitas. Seguir-se-ia o regresso a Angola e a edição de 1974 do Campeonato daquele país, ganho ao serviço do Ferrovia de Nova Lisboa (actual Huambo). Porém, o destino do jogador apontar-lhe-ia Portugal como uma paragem mais segura e seria o Casa Pia, ainda no decorrer da época de 1975/76, a recebê-lo de volta a Portugal.
Seria mesmo ao serviço dos “Gansos”, onde apenas começaria a jogar na temporada de 1976/77, que Tozé relançaria a carreira. Apenas a disputar a 3ª divisão, as suas exibições justificariam a cobiça de outras agremiações melhor colocadas na hierarquia do futebol luso. Nesse sentido, seria o Montijo a apostar na sua contratação e o jogador, na campanha de 1977/78, passaria a representar a nova colectividade. Na Margem Sul do Rio Tejo, o defesa completaria duas campanhas de alto nível e as aferições feitas às suas exibições com as cores do conjunto aldegalense levá-lo-iam a viajar até ao Minho.
A envergar a camisola do Vitória Sport Clube a partir da temporada de 1979/80, a entrada na agremiação sediada em Guimarães encetaria aquela que viria a ser a ligação mais representativa da sua carreira desportiva. Com Mário Imbelloni como o seu primeiro treinador na “Cidade Berço”, Tozé rapidamente conseguiria assegurar-se como um dos elementos de maior relevância no plantel. Essa preponderância mantê-la-ia em grande parte das 9 temporadas cumpridas no colectivo minhoto e, com essa ideia de preponderância bem vincada, o defesa tornar-se-ia num dos grandes responsáveis pelos êxitos alcançados nos anos por si passados a norte. Nesse campo, resultado dos lugares cimeiros no Campeonato Nacional, destacar-se-iam as presenças nas competições de índole continental, com a chegada aos quartos-de-final da Taça UEFA de 1986/87, onde o jogador participaria na ronda em que os vimaranenses eliminariam o Atlético Madrid, a assumir-se como um marco genuinamente inolvidável.
Após “pendurar as chuteiras”, o jogador manter-se-ia ligado à modalidade, mormente a emprestar a sua sapiência às camadas de formação. Como treinador trabalharia vários anos nas “escolas” do Vizela e do Vitória Sport Clube. Ainda nas funções de técnico, destaque também para a sua ligação ao Antime.

1477 - NÉNE

Modesto Luís Ortiz de Sousa Neves, popularizado no mundo do futebol como Néne, nasceria em Madrid para, ainda em tenra idade, acompanhar a família na mudança para Moçambique. Na actual Maputo começaria a prática do futebol e as enormes qualidades exibidas levá-lo-iam a ser cobiçado na metrópole. Veloz e dono de uma técnica estonteante, o jovem avançado deixaria o Desportivo de Lourenço Marques, onde tinha conseguido popularizar-se, para escolher nos estudos em Coimbra e na camisola negra da Académica o novo destino da sua vida. Já na “Cidade dos Estudantes”, onde chegaria para integrar a equipa de juniores, depressa as suas qualidades empurrariam o avançado para o conjunto principal e ao agarrar a titularidade, a época de 1968/69 tornar-se-ia no primeiro grande capítulo da história de uma verdadeira lenda.
Parte de um sector ofensivo que, na sua época de estreia pelos seniores, contava com nomes como Manuel António, Artur Jorge, Crispim, Serafim ou Rocha, Néne não deixaria intimidar-se pela forte concorrência e assumiria, a partir da 12ª jornada do Campeonato Nacional, um papel de enorme relevância no decorrer da temporada de 1968/69. Muito para além da presença naquela que é a competição de maior relevo no calendário futebolístico luso, o atacante assumir-se-ia de fulcral importância no desenrolar da Taça de Portugal. Nesse sentido, depois de marcar um dos golos que, na disputa das meias-finais, ajudaria a eliminar o Sporting, o jogador seria chamado, por Fernando Andrade, para a disputa da derradeira peleja da prova. No Estádio Nacional, numa partida que ficaria para sempre marcada pelo protesto estudantil contra o vigente regime ditatorial, o atleta entraria no alinhamento inicial, mas o seu génio seria insuficiente para derrotar o Benfica.
Antes ainda da partida disputada no Jamor e aludida no parágrafo anterior, já Néne tinha tido a oportunidade para envergar a “camisola das quinas”. Chamado aos trabalhos da equipa de “esperanças” à guarda da Federação Portuguesa de Futebol, o avançado, ao lado de outros colegas da Académica, casos de Toni e de Mário Campos, integraria a comitiva a viajar para “Terras de Sua Majestade”. Na cidade de Coventry, a 16 de Abril de 1969, o avançado faria parte do “onze” que entraria no Highfield Road Ground. Frente a Inglaterra, o jogador estrear-se-ia por Portugal e consequentemente adicionaria 1 internacionalização ao currículo pessoal.
A segunda temporada cumprida pela Académica iria trazer-lhe a estreia nas competições sob a tutela da UEFA. Com os “Estudantes” incluídos nos sorteios associados à Taça dos Vencedores das Taças, a progressão na prova levaria Nené e os companheiros a enfrentar, já nos quartos-de-final, o Manchester City. Convocado por Juca, disputaria ambas as mãos da referida ronda e mesmo com o afastamento da agremiação conimbricense, o jogador sairia da eliminatória como um dos elementos merecedor dos mais rasgados elogios.
Seria já com o início da época de 1970/71 à vista que a desgraça atingiria o jovem praticante. Aferido como uma das maiores promessas do desporto luso, Néne começaria a ser perseguido por Benfica, Sporting e, segundo veiculado, pelo Real Madrid. Com o assédio a crescer de tom e com a confusão instalada entre as direcções leoninas e da “Briosa”, o jogador, à altura a cumprir o Serviço Militar Obrigatório nas Caladas da Rainha, aproveitaria uma das licenças para desanuviar do clima tenso que o suposto “namoro” com outros emblemas havia causado no meio futebolístico estudantil. Nessa viagem, na estrada entre Coimbra e a Figueira da Foz, o avançado, a conduzir o seu Mini, embateria de frente com uma camioneta e na sequência do terrível acidente de viação, perderia a vida a 10 dias de cumprir 21 anos de idade.

1476 - MÁRIO NUNES

Filho de António Nunes, antiga estrela do FC Porto e do Estoril Praia, Mário Nunes ainda nasceria na “Cidade Invicta”, mas, por razão da mudança do pai para a agremiação da Linha de Cascais, acabaria por crescer na área de Lisboa. Seria mesmo nos arredores da capital que o jovem praticante daria os primeiros passos na modalidade, aquando da sua entrada nas camadas de formação do Sintrense. Do emblema saloio, resultado da boa evolução demonstrada, transitaria para as “escolas” do Benfica e seria já como atleta das “Águias” que participaria num dos momentos mais importantes da sua carreira desportiva.
Convocado por David Sequerra, Mário Nunes faria parte do grupo de trabalho que, sob a alçada técnica de José Maria Pedroto, participaria no Torneio Internacional de Juniores da UEFA de 1961. No certame organizado em Portugal, o médio-ofensivo, apesar de não ser um dos habituais titulares, entraria em campo num par de ocasiões. O primeiro jogo, a 30 de Março e a coincidir com a sua estreia de “quinas ao peito”, aconteceria frente à Itália. Ainda na fase de grupos, o atleta conseguiria a segunda internacionalização e na partida com a Inglaterra, ao juntar 1 golo da sua autoria aos remates certeiros de António Simões e de Serafim, ajudaria à vitória por 4-0.
Com a vitória no torneio acima referido a colorir o currículo de Mário Nunes, o final da temporada de 1960/61 marcaria o fim do seu percurso formativo. No entanto, apesar de ser visto como uma das grandes promessas do futebol luso, o jogador não asseguraria um lugar no plantel à guarda de Béla Guttmann. Afastado da Luz, a sua estreia como sénior aconteceria ao serviço do Olhanense. No entanto, mesmo a disputar a 1ª divisão de 1961/62, a verdade é que as prestações do médio-ofensivo ficariam aquém do esperado e o atleta, no conjunto comandado por Francisco André, poucas presenças em campo haveria de somar.
Os anos seguintes levá-lo-iam a uma longa senda por diversos emblemas dos escalões secundários. Peniche, Desportivo de Beja, Cova da Piedade, Sintrense e Almada precederiam o seu ingresso no Farense. No emblema algarvio desde 1968/69, Mário Nunes viveria outro momento de enorme relevância. Com a colectividade do Sotavento a militar na 3ª divisão, o médio tornar-se-ia numa das principais figuras da incrível escalada do clube, em que a agremiação, em dois anos seguidos, conseguiria duas subidas consecutivas.
Com tal êxito, a época de 1970/71, não só marcaria o regresso de Mário Nunes ao degrau maior do futebol luso, como assinalaria o arranque do Farense entre os “grandes”. Com Manuel Oliveira como o treinador da estreia primodivisionária dos algarvios, o médio-ofensivo continuaria a manter-se como um nome habitual nas fichas de jogo. Porém, a temporada seguinte, ainda no patamar máximo e com o mesmo técnico, emergiria de forma completamente diferente e o jogador praticamente não jogaria. O mencionado ocaso empurrá-lo-ia na direcção de outra colectividade e a partir da campanha de 1972/73, o atleta passaria a representar o Portimonense.
Com a camisola alvinegra, o médio-ofensivo começaria apenas como atleta. Contudo, 1974/75 marcaria um ponto de viragem na sua ligação à modalidade e após aceitar o papel de treinador-jogador, a temporada seguinte levá-lo-ia a assumir-se, em exclusivo, como técnico. Seria já no desempenho das novas funções que o antigo futebolista entraria para a história do Portimonense. Com a colectividade do Barlavento a fazer uma belíssima campanha de 1975/76, o termo da época daria os algarvios como uma das equipas promovidas à 1ª divisão. O sucesso alcançado com a subida, faria com que continuasse à frente da equipa e seria de Mário Nunes a responsabilidade de conduzir o clube na estreia no escalão máximo.
Daí em diante, Mário Nunes alimentaria uma longa carreira como treinador que, apesar de construída em grande parte ao serviço de agremiações a militar nos escalões secundários, ainda teria, como testemunham as suas passagens pelo Estoril Praia, Marítimo e “O Elvas”, outras experiências na 1ª divisão. Nessa caminhada destaque também para a experiência em Marrocos, onde orientaria o Ittihad Riadhi de Tanger.

1475 - ROGÉRIO PIMENTA

Depois de passar pelos “escolas” do Gil Vicente, Rogério Pimenta terminaria o percurso formativo ao serviço dos juniores do Sporting de Braga. No entanto, o arranque das suas actividades no escalão sénior afastá-lo-ia da “Cidade dos Arcebispos” e após uma curta passagem pelo plantel de 1981/82 do Forjães, o defesa-esquerdo regressaria ao já mencionado emblema de Barcelos.
De volta aos “Galos” a partir da temporada de 1982/83, o atleta encontraria a equipa a disputar o 2º escalão. Com o Gil Vicente, por regra, a manter-se longe dos lugares de subida, o jogador ainda teria de esperar vários anos até conseguir encetar a sua caminhada no patamar máximo do futebol luso. A tal oportunidade surgiria na temporada de 1987/88 e após a transferência para o Desportivo de Chaves. Já em Trás-os-Montes, o defesa-esquerdo apanharia o emblema transmontano a atravessar a mais faustosa época do seu historial e como resultado do 5º lugar conquistado no Campeonato Nacional do ano anterior, Rogério Pimenta faria parte do grupo de trabalho com estreia marcada nas competições de âmbito continental.
Com o Desportivo de Chaves orientado por Raul Águas, Rogério Pimenta, mesmo tendo em conta a total inexperiência primodivisionária, depressa assumira um papel de relevância no plantel. Com os “Flavienses” integrados na edição de 1987/88 da Taça UEFA, o defesa-esquerdo, no seguimento da titularidade conquistada à 3ª jornada do Campeonato, acabaria chamado para o embate frente à Universitatea Craiova. Na ronda a opor os transmontanos à agremiação romena, o jogador apareceria no “onze” pensado para a 1ª mão, ajudando a afastar o conjunto do leste europeu. Na eliminatória seguinte, frente ao Hónved, mais uma vez participaria no embate, mas dessa feita, veria os húngaros a seguir em frente na prova.
Depois de 4 temporadas ao serviço do Desportivo de Chaves, durante as quais somaria 113 partidas disputadas na 1ª divisão, Rogério Pimenta regressaria a outra “casa” bem conhecida do seu trajecto desportivo. Com a entrada no Sporting de Braga a ocorrer na campanha de 1991/92, o defesa-esquerdo, ligeiramente mais inconstante em relação aos anos passados em Trás-os-Montes, ainda assim conseguiria registos bem positivos, mormente na segunda campanha com os “Guerreiros”.
Seguir-se-ia, no rol de emblemas representados por Rogério Pimenta durante o trajecto profissional, o Esposende de 1994/95. Mesmo de volta aos escalões secundários, o atleta, ainda assim, traria ao currículo momentos de enorme interesse. O primeiro desses capítulos emergiria com a subida da colectividade minhota à edição de 1998/99 da divisão de Honra. No entanto, o mais importante de todos os episódios chegaria na mesma temporada e com o clube, após eliminar o Boavista, a atingir as meias-finais da Taça de Portugal.
Com meia dúzia de campanhas a envergar as cores do Esposende, a colectividade, por razão das referidas 6 temporadas, viria a tornar-se na mais representativa da carreira do defesa-esquerdo. Depois de um ano sabático, mas ainda com força para dar continuidade ao percurso competitivo, o jogador rubricaria um contrato com o Fão. Já perto de completar 40 anos de idade, seria altura de Rogério Pimenta tomar outra decisão importante e com o termo da época de 2001/02, chegaria a altura de “pendurar as chuteiras”.

1474 - MARTINS

Terminada a formação nas “escolas” do Estoril Praia, José Martins, ainda em idade júnior, seria chamado à equipa principal por Mário Wilson. Após essa temporada de 1985/86, com a agremiação da Amoreira a teimar nas disputas dos escalões secundários, ainda demoraria mais algumas campanhas para que o defesa-central experimentasse as provações do patamar maior do futebol português. No entanto, mesmo afastado dos principais holofotes do desporto luso, os seus desempenhos seriam suficientes para despertar a atenção de um dos maiores emblemas lusos e o jovem atleta acabaria contratado pelo Benfica.
Com a mudança para a Luz a ocorrer na temporada de 1989/90, o jogador ver-se-ia confrontado com a concorrência de nomes como Ricardo Gomes, Aldair, Samuel ou Paulo Madeira. Dispensado por Sven-Göran Eriksson, a solução encontrada para a sua caminhada profissional, empurrá-lo-ia, ainda nessa campanha, para o plantel do primodivisionário Penafiel. No emblema nortenho, inicialmente com Carlos Alhinho ao comando da equipa, Martins só conseguiria estrear-se no patamar maior já com José Augusto como treinador. Daí em diante, o defesa passaria a ser um dos nomes mais utilizados no Campeonato Nacional. Ainda assim, os números apresentados pelo atleta não convenceriam os responsáveis pelas “Águias” e as duas épocas seguintes, sempre emprestado, vivê-las-ia de volta ao Estoril Praia.
O regresso à agremiação que indubitavelmente mais marcaria a sua caminhada enquanto praticante, faria com que Martins, na campanha de 1990/91, descesse um degrau competitivo. Contudo, a boa época feita pelo conjunto orientado por Fernando Santos, onde Martins ocuparia uma posição de grande destaque, deixaria os “Canarinhos” em lugar de promoção. Já de volta à 1ª divisão, o defesa, com algumas excepções pelo meio, tornar-se-ia num dos esteios do emblema sediado na Linha de Cascais. Como um elemento fiável, abnegado e cujas habilidades também davam serventia a funções um pouco mais avançadas no terreno de jogo, o atleta tornar-se-ia essencial na manutenção do clube entre os “grandes”.
Ao fim de 3 temporadas consecutivas a disputar a principal prova do calendário futebolístico português, o Estoril Praia claudicaria. Pior cenário do que a descida de escalão, emergiria com o desenovelar dos anos seguintes, em que os “Canarinhos”, muito para além de obstinados nas pelejas secundárias, começariam a revelar sinais de uma preocupante fraqueza competitiva. Mesmo com a colectividade a demonstrar algumas debilidades, Martins manter-se-ia a envergar a camisola do Estoril Praia e a descida à 2ª divisão B de 1999/00 não levaria o defesa a abandonar o emblema a disputar as pelejas caseiras no Estádio António Coimbra da Mota. Essa paixão e fidelidade à agremiação da Linha de Cascais, vincá-lo-iam, ainda mais, como um exemplo de dedicação e transformá-lo-iam num dos maiores símbolos da história estorilista.
Depois de 16 temporadas seniores a vestir a camisola amarela, o termo da época de 2001/02 traria ao desígnio do defesa o fim da carreira nas tarefas de atleta. Apaixonado pela modalidade, passaria a desempenhar no futebol as funções de treinador. Primeiramente ligado às camadas jovens do Estoril Praia, o antigo jogador tem vindo a somar outras experiências. Mormente à frente dos escalões de formação, mas nos mesmos emblemas também chamado à equipa principal, José Manuel Martins já conta com passagens pelo 1º de Dezembro, Loures e 9 de Abril de Trajouce.

1473 - CARLOS PEREIRA

Ao fazer a pesquisa preparatória à elaboração da pequena biografia sobre Carlos Pereira, encontrei o que penso ser uma incongruência, ou um anacronismo, sobre a qual ainda não consegui deslindar a origem do erro. Tendo deixado esta informação em jeito de preâmbulo, passemos então à história propriamente dita.
Após representar o Marítimo e o Boavista, Carlos de Jesus Pereira, natural da Madeira, chegaria ao FC Porto, segundo diferentes fontes, para reforçar o plantel de 1933/34. Como primeira partida, surgiria em jogo sob a alçada do húngaro Joseph Szabo, a 19 de Novembro de 1933, numa peleja disputada frente ao Leixões e a contar para o Campeonato do Porto. Depois do arranque, o jogador rapidamente começaria a ser aferido como um praticante de enorme valor e nesse sentido, logo na segunda temporada pelos “Azuis e Brancos”, o médio seria chamado à estreia na selecção nacional. Por Portugal, ao entrar em campo pela mão de Cândido de Oliveira, o atleta faria a primeira aparição com a “camisola das quinas” a 5 de maio de 1935. Após esse encontro particular frente à Espanha, disputado no Lumiar, o centrocampista continuaria a ser chamado aos desafios calendarizados para o conjunto luso e, no cômputo da carreira, somaria um total de 13 internacionalizações.
É exactamente neste cenário que surge a dúvida aludida no começo deste texto. A fazer fé na comunicação repetida em diversos meios, Carlos Pereira terá representado o FC Porto por 8 temporadas consecutivas, inclusive na época de 1940/41. Seguir-se-ia, na sua carreira futebolística, a campanha de 1941/42 ao serviço do Unidos de Lisboa, emblema ligado às empresas da CUF. Em paralelo, a informação que consegui obter, mais uma vez, de diversas fontes, diz-me que o médio representou Portugal sempre como atleta dos “Azuis e Brancos”. Ora, segundo os dados consultados no “site” da Federação Portuguesa de Futebol, e corroborados por outras publicações, a última partida feita por Carlos Pereira com as cores lusas terá acontecido a 1 de Janeiro de 1942 e, nesse sentido, já como elemento da mencionada agremiação “alfacinha”.
Pondo de lado esta perplexidade relacionada com o trajecto internacional do médio, falta referir Carlos Pereira como um dos principais pilares dos sucessos portistas na década de 1930. Nesse sentido, num plantel em que igualmente brilhavam avançados como o antigo maritimista Pinga, Valdemar Mota ou Acácio Mesquita, o jogador chegaria a fazer parte de uma famosa linha intermédia também composta por Manuel dos Anjos “Pocas” e Francisco Ferreira, a qual, em alusão às fortificações construídas ao logo da fronteira franco-alemã, seria baptizada como “Linha Maginot”.
Nisso de êxitos colectivos, suportados pelas exibições individuais de Carlos Pereira, posso começar por sublinhar os famosos “amigáveis”, em que tenho de destacar a contenda de Dezembro de 1933, a opor os “Dragões” aos austríacos do First Vienna. Porém, para além dessa partida, que viria a baptizar a tríade atacante referida no parágrafo anterior como “Os Três Diabos do Meio-Dia”, existiriam também as ajudas dadas pelo médio na conquista de diversos títulos oficiais. Nesse rol constam 6 Campeonatos do Porto, o Campeonato de Portugal de 1936/37 e 3 Campeonatos de Portugal, respectivamente vencidos nas campanhas de 1934/35, 1938/39 e 1939/40.

1472 - RIBEIRO

Iniciaria a carreira no modesto plantel de 1958/59 do FC Lixa. Porém, mesmo afastado dos grandes holofotes do desporto luso, as prestações do defesa-central ao serviço do emblema da sua terra natal, levariam agremiações de outra monta a mostrarem interesse na sua contratação. Logo na época seguinte à estreia como sénior, o Boavista, orientado por Gyula Reinier, surgiria como o passo certo a assegurar, à ainda curta caminhada, uma evolução positiva. Talvez pelo impacto da mudança, a verdade é que o jogador, na disputa da 1ª divisão, revelaria algumas dificuldades para conseguir afirmar-se no grupo de trabalho “axadrezado”. Ainda assim, o potencial revelado, mesmo com a despromoção das “Panteras”, assegurar-lhe-ia a permanência entre os “grandes” e o Salgueiros surgiria como a colectividade seguinte no percurso do atleta.
Com a entrada no emblema do bairro de Paranhos a acontecer na temporada de 1960/61, Agostinho Pereira Ribeiro passaria a trabalhar sob as ordens de Artur Baeta. Com uma primeira campanha algo discreta, o segundo ano a envergar a camisola do Salgueiros revelá-lo-ia como um dos principais elementos da equipa portuense. Sem deixar o escalão máximo, seguir-se-ia a transferência para o Leixões de 1962/63. Logo na campanha de entrada na agremiação de Matosinhos, o atleta, mais uma vez em destaque nas pelejas primodivisionárias, seria chamado aos trabalhos da Federação Portuguesa de Futebol. Integrado nos “esperanças”, o defesa, a 14 de Abril de 1963, acabaria por estrear-se com a “camisola das quinas”, numa disputa agendada frente à Grécia. Por Portugal ainda representaria a selecção militar e a equipa “b”. Ficaria a faltar-lhe uma internacionalização pelo conjunto principal luso, porém, apesar de convocado, apenas conseguiria ser suplente em 3 ocasiões.
Com a reputação a crescer, seria o Belenenses a apostar na sua contratação. Ao entrar no Restelo como reforço para a temporada de 1964/65, Ribeiro passaria a partilhar o balneário com nomes como os futuros “magriços” Vicente, Peres ou José Pereira. No seio de tão ilustre companhia, o outro destaque surgiria com a sua estreia nas competições de índole continental. Com a agremiação lusa integrada na disputa da Taça das Cidades com Feira, o defesa seria chamado, pelo treinador Franz Fuchs, às 3 partidas da eliminatória frente ao Shelbourne. Infelizmente para o conjunto “alfacinha”, os irlandeses venceriam a “negra” e afastariam os “Azuis” da competição.
Após uma temporada muito abaixo dos números habituais, Ribeiro deixaria o Belenenses para ingressar no Sporting de Braga. No Minho, tal como tinha acontecido na sua chegada a Lisboa, o jogador apanharia o novo clube apurado para as competições sob a égide da UEFA. Com os “Guerreiros” integrados na Taça dos Vencedores das Taças, mais uma vez o atleta veria o seu nome no rol de elementos eleitos para disputar a referida prova. Orientado por Fernando Caiado, o defesa participaria nas 4 partidas feitas pela colectividade sediada na “Cidade dos Arcebispos”, ajudando, na ronda inicial, a eliminar os gregos do AEK de Atenas.
Já transformado num dos elementos mais influentes no plantel do Sporting de Braga e numa altura em que envergava a braçadeira de capitão, Ribeiro, com o termo da temporada de 1967/68, decidiria, com apenas 27 anos de idade, pôr um ponto final na sua caminhada enquanto futebolista. Depois de “pendurar as chuteiras”, o antigo defesa deixaria de vez a modalidade para passar a dedicar-se a outras actividades. Profissionalmente, como proprietário de empresas do ramo têxtil, abraçaria as funções de industrial. Já no campo desportivo, a sua atenção virar-se-ia para o tiro ao voo.

1471 - JOSÉ DOMINGOS


Ao concluir o percurso formativo como atleta do Benfica, José Domingos já contava com várias chamadas aos escalões jovens das equipas a trabalhar na égide da Federação Portuguesa de Futebol. Com a estreia a acontecer a 1 de Dezembro de 1971, essa partida frente à Suíça ocorreria no âmbito das competições de juniores e com José Augusto como treinador. Seguir-se-iam outras chamadas e no somatório dos desafios disputados pelos escalões agora denominados como sub-18, sub-21 e equipa “B”, o avançado envergaria a “camisola das quinas” em 10 ocasiões.
Apesar da presença assídua nas jovens selecções portuguesas, o atleta não conseguiria reservar para si um lugar no plantel principal do Benfica. Com as “Águias” recheadas de grandes nomes para o sector ofensivo, a solução encontrada para o atacante emergiria da Margem Sul do Rio Tejo. Com a CUF de 1973/74 a acolher os passos iniciais do atleta enquanto sénior, José Domingos encontrar-se-ia com outro grande nome do universo benfiquista, o treinador Fernando Caiado. Como elemento da agremiação sediada no Lavradio, o avançado cumpriria 2 temporadas no escalão máximo luso e o traquejo ganho durante esses anos, apesar de nunca ter atingido a titularidade, justificaria o seu regresso à Luz.
De volta ao Benfica, o atleta não teria a vida facilitada. Com Mário Wilson como líder da equipa técnica “encarnada”, o avançado, na temporada de 1975/76, enfrentaria a forte concorrência de nomes como Nené, Jordão ou Vítor Baptista. Na campanha subsequente, já com o inglês John Mortimore à frente dos destinos das “Águias, José Domingos passaria a ser um pouco mais chamado à ficha de jogo, mas em quantidade insuficiente para prolongar a sua continuidade no plantel lisboeta. Por essa razão, o jogador voltaria a mudar de rumo e anos seguintes, em colectividades situadas mais a norte, transformar-se-iam, em termos individuais, nos mais prolíferos da sua carreira desportiva.
Com o currículo recheado pela vitória no Campeonato Nacional de 1976/77 e pela participação, na mesma época, na Taça dos Clubes Campeões Europeus, José Domingos mudar-se-ia para o plantel primodivisionário do Feirense. Depois da experiência com os “Fogaceiros”, o avançado, sem deixar a 1ª divisão, transferir-se-ia para o Varzim. Logo na temporada de estreia pelos “Lobos-do-mar”, o jogador, eleito como um dos esteios da equipa a trabalhar sob a alçada de António Teixeira, contribuiria para a 5ª posição do clube na tabela classificativa do Campeonato Nacional. Tal proeza, um recorde na história do emblema poveiro, dar-lhe-ia a honra de gravar o seu nome nos anais da colectividade. Seguir-se-iam outras 2 épocas com o listado alvinegro e a sua consolidação como um praticante com capacidades para continuar nas pelejas do escalão maior.
Ironicamente, a mudança para o plantel de 1981/82 do Amora surgiria em contraciclo com os registos conseguidos pelo atleta em anos anteriores. Habituado ao “onze”, a temporada passada na Medideira empurrá-lo-ia de volta aos números modestos. Daí em diante, José Domingos, depois de 9 campanhas consecutivas cumpridas nos principais palcos lusos, passaria a abraçar as competições dos escalões secundários. O Benfica e Castelo Branco, a União de Leiria e o Caldas, preencheriam também a recta final de um trajecto que viria a conhecer o seu fim no termo da época de 1986/87, ao serviço do Grupo Desportivo “Os Nazarenos”.

1470 - SERRA


Com um percurso futebolístico encetado no plantel de 1952/53 do Atlético do Cacém e, na campanha seguinte, feito com as cores do Oriental, seria do emblema de Marvila que Manuel Serra partiria em direcção ao Benfica de 1954/55. Inicialmente integrado na equipa de juniores, o jovem praticante, logo na época de chegada aos “Encarnados”, passaria também a representar as “reservas”. A evoluir positivamente, já na campanha de 1956/57 seria chamado, por Otto Glória, aos trabalhos do conjunto principal. Ao assumir-se como um elemento importante para o plantel, aos poucos começaria a conquistar o seu espaço e a época de 1958/59 marcaria um ponto de viragem na sua afirmação. Caracterizado pela polivalência, pela qual, com resultados igualmente seguros, podia actuar em diversas posições da defesa e do meio-campo, Serra transformar-se-ia num dos pilares dos sucessos das “Águias”. Nesse sentido e no que a títulos diz respeito, o atleta, no âmbito das pelejas lusas, contribuiria para os triunfos em 3 Campeonatos Nacionais e em 3 Taças de Portugal. Obviamente, ainda no campo das conquistas, o destaque maior emergiria com a sua presença nas lides sob a alçada da UEFA. Na senda daquela que viria a tornar-se na primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus a pertencer aos escaparates do Benfica, o jogador faria praticamente todo o percurso como titular. No entanto, uma terrível lesão na clavícula retirá-lo-ia das últimas etapas, inclusivamente da final ganha frente ao FC Barcelona. No ano seguinte, ao partilhar durante a época o lugar de defesa-direito com Mário João, Serra, mais uma vez, veria o seu nome a ser preterido, nas escolhas de Béla Guttmann, para o derradeiro desafio da competição. Ainda assim, mesmo não tendo alinhado em nenhuma das finais, fazem parte do seu currículo as vitórias nas edições de 1960/61 e 1961/62 daquela que é a prova de maior gabarito a nível mundial. O sucesso conquistado a nível do clube empurrá-lo-ia para os trabalhos da Federação Portuguesa de Futebol. Com a estreia a acontecer, sob a intendência de Ferreirinha, no campo de acção da equipa de “esperanças”, sensivelmente um ano após esse jogo disputado frente à África do Sul, Manuel Serra veria o seu nome incluído no rol de estrelas a participar num particular agendado frente à França. Nessa partida disputada, a 11 de Novembro de 1959, no Stade Olympique Yves-du-Manoir, o atleta, pela mão de José Maria Antunes e ao lado dos tarimbados Matateu, José Águas e Mário Coluna, alcançaria a sua primeira e única internacionalização “A”. Já nos últimos anos a exibir a camisola do Benfica, Serra perderia alguma da preponderância desportiva de anos anteriores. Porém, mesmo não sendo um dos titulares, a hombridade a representar as “Águias”, levá-lo-ia a ser visto com inegável importância e, nesse sentido, como melhor prémio para a sua nobreza de carácter, ser-lhe-ia entregue a responsabilidade de envergar a braçadeira de capitão. Relevantes seriam igualmente os números da sua experiência ao serviço dos “Encarnados”, os quais, em 9 temporadas passadas na colectividade lisboeta, revelariam um somatório de 146 partidas cumpridas pela equipa principal. Finalmente, falta revelar o percurso feito pelo jogador após a saída do Estádio da Luz e que englobaria as passagens pelo plantel de 1963/64 do Vianense, pelo Sporting da Covilhã de 1964/65 e, como termo da carreira enquanto futebolista, o regresso, na época de 1965/66, ao Atlético do Cacém.

1469 - LUÍS MANUEL

Com a formação concluída com cores do FC Barreirense, Luís Manuel passaria os anos seguintes a representar outras colectividades. Com a estreia como sénior a acontecer na temporada de 1980/81, o modesto Marítimo Rosarense serviria de arranque para uma caminhada que, durante as primeiras 4 épocas, ainda teria espaço para uma campanha feita pelo Quintajense.
De regresso ao Estádio Dom Manuel de Mello na temporada de 1984/85, o guarda-redes procuraria lançar a sua carreira num sentido mais condizente com a qualidade patente nas exibições até aí conseguidas. Porém, com o FC Barreirense a militar nos patamares secundários, o jogador acabaria por afastar-se do emblema da Margem Sul do Rio Tejo, para, bem mais a norte, tentar mudar o seu destino. A aposta feita no plantel de 1986/87 do Desportivo das Aves, talvez com ideia posta na época feita pelo emblema do concelho de Santo Tirso na 1ª divisão, não afastaria o jogador do cenário competitivo a que estava habituado. Ainda assim, as suas prestações nas duas campanhas cumpridas com o listado vermelho e branco, seriam aferidas de forma positiva e tal avaliação levá-lo-ia a subir mais um patamar.
A entrada no Sporting de Braga faria com que o guarda-redes finalmente conseguisse a tão almejada estreia na 1ª divisão. Porém, nessa temporada de 1988/89, o guardião iria enfrentar a concorrência de um colega de balneário já bem tarimbado. Com o treinador Vítor Manuel a preferir Hélder em seu detrimento, Luís Manuel não entraria muito em campo nesse primeiro ano passado no Minho. Nas campanhas seguintes, mesmo sem agarrar a titularidade de forma inequívoca, o atleta começaria a participar com mais frequência nos embates dos “Guerreiros” e esse crescimento, durante 4 campanhas consecutivas, permitir-lhe-ia manter-se como um dos elementos da colectividade sediada na “Cidade dos Arcebispos”.
A transferência para o plantel de 1992/93 do Farense, mantê-lo-ia no patamar máximo do futebol português. No entanto, contrariamente a uma fácil conquista da titularidade, a mudança para o Algarve faria com que Luís Manuel enfrentasse a competição do internacional brasileiro José Carlos. Nos anos passados no Sotavento, o guardião, sob a intendência do catalão Paco Fortes, cumpriria um par de anos que, em termos individuais, pautar-se-iam por alguma discrição. Seguir-se-ia uma nova aposta. Integrado no grupo de trabalho do Sporting de Espinho, o jogador, apesar de competir no 2º escalão, passaria, de uma forma regular, a conseguir um lugar no “onze” inicial. Como um elemento de enorme experiência competitiva e de qualidade, o guarda-redes transformar-se-ia numa das figuras centrais da colectividade da “Costa Verde”. Como um pilar dos “Tigres”, seria também dele parte da responsabilidade pelo regresso da equipa aos panoramas primodivisionários e 1996/97 tornar-se-ia na 7ª e última época da sua carreira entre os “grandes”.
Após mais algumas temporadas enquanto futebolista, tempo para envergar as camisolas do Imortal, de regressar ao Marítimo Rosarense e de defender os interesses do GD Quimigal, o jogador, com o termo da temporada de 1999/00, decidiria ser a altura certa para “pendurar as luvas”. Afastado das lides de atleta, Luís Manuel não deixaria a modalidade, assumindo-se como técnico. Nessas funções, começaria por treinador de guarda-redes. Mais tarde, aceitaria as funções de treinador-principal e nesse papel, para além de inúmeras passagens pelos escalões secundários portugueses, o antigo guardião teria igualmente a oportunidade de orientar os suecos do Södertälje Fotbollsklubb.

1468 - RIBEIRO

Terminado o percurso formativo nas “escolas” do Belenenses, seria também ao serviço do emblema do Restelo que Celestino Ribeiro iniciaria o trajecto como sénior. Chamado à equipa principal por António Medeiros, a época de 1977/78 seria um pouco ingrata para o jovem jogador. Tapado por atletas com maior traquejo, casos de Sambinha ou de Carlos Pereira, as aparições em campo do defesa-lateral resumir-se-iam apenas a uma partida a contar para a Taça de Portugal.
A falta de utilização na colectividade lisboeta levaria o atleta a procurar uma solução diferente para a carreira. Com o objectivo de uma evolução positiva a ditar-lhe a necessidade de jogar com alguma regularidade, Ribeiro, para a campanha de 1978/79, escolheria um conjunto dos patamares secundários para dar o passo seguinte na caminhada competitiva. No entanto, com “O Elvas” a disputar a Zona Sul da 2ª divisão, ainda demorariam vários anos até que nova oportunidade surgisse, para o defesa, no degrau máximo do futebol português. Para estragar ainda mais o seu intuito de regressar aos principais palcos lusos, a formação alentejana, nos anos seguintes à sua chegada ao Campo Demétrio Patalino, teimaria em cirandar entre o segundo e o terceiro escalão e, contrariamente aos propósitos do atleta, longe dos lugares classificativos a valer uma promoção.
O contexto desportivo de Ribeiro viria a alterar-se já o jogador era tido como uma das principais figuras do emblema raiano. Com a temporada de 1985/86 a correr de feição para “O Elvas”, o defesa-lateral transformar-se-ia num dos esteios da aludida campanha e, nesse sentido, seria aferido como um dos grandes responsáveis pelo retorno da agremiação alentejana ao panorama primodivisionário. Com o treinador Carlos Cardoso à frente da equipa até à 17ª ronda do Campeonato Nacional da 1ª divisão de 1986/87, para, daí em diante, voltar a trabalhar sob a intendência de António Medeiros, o jogador, apenas atrás do espanhol Carrasco, seria um dos mais utilizados, pelos “Azul e Oiro”, no desenovelar daquela que é a principal prova do calendário futebolístico nacional. Já a época seguinte, tanto em termos individuais, como colectivos, ficaria bem aquém das expectativas delineadas. Com Luís Castro como um dos nomes a recolher a preferência de Mário Nunes e, depois da saída deste, do técnico Vieira Nunes, o atleta passaria para um plano secundário e com o seu clube a não evitar a despromoção, a campanha de 1987/88 seria a última que cumpriria entre os “grandes”.
Apesar da descida de divisão, o jogador manter-se-ia ligado ao “O Elvas” durante mais alguns anos. Já com o termo da campanha de 1990/91, dar-se-ia o fim da sua ligação à formação do Alto Alentejo. Mesmo com essa ideia em mente, não consigo referir-me ao momento como o derradeiro do lateral enquanto atleta, pois, no “site” da Federação Portuguesa de Futebol, existe uma entrada a asseverá-lo como elemento do plantel de 1994/95 do Sporting de São Romão! Curiosidades à parte, o antigo defesa continuaria ligado à modalidade. Já como treinador, numa carreira bem extensa e encetada nas “escolas” da agremiação da cidade fronteiriça, Ribeiro notabilizar-se-ia pelas diversas passagens por emblemas do arquipélago dos Açores, mormente pelo Praiense, Vitória do Pico ou o Lajense.