Cedo despontaria no FC 105, emblema da capital gabonesa. Ainda em idade adolescente apareceria no conjunto principal sediado em Libreville e o destaque merecido logo nesses primeiro anos de carreira sénior levá-lo-ia a ser cogitado para as sendas da equipa nacional. Pela selecção do seu país, arrolado pelo brasileiro Antônio Dumas, treinador com algumas passagens por Portugal, o atacante marcaria presença na CAN de 2000 e num grupo a contar com outros conhecidos do futebol luso, casos de, Thierry Mouyouma, Théodore Nguéma e de Armand Ossey, Henri Antchouet viveria um dos grandes momentos na sua caminhada futebolística. Seria após uma curta passagem pelos camaroneses do Canon Yaoundé que o atacante chegaria a Portugal. Apesar de apresentar uma estatura mediana, Antchouet caracterizar-se-ia por ser dono de uma velocidade estonteante e de uma condução com a bola nos pés bem acima da média. Com a entrada no plantel do Leixões rubricada para a temporada de 2000/01, onde voltaria a encontrar-se com Mouyouma, o jogador passaria a disputar a 2ª divisão “b”. Ainda assim, resultado directo dos desempenhos colectivos realizado nas campanhas seguintes, a sua cotação começaria a crescer. A alimentar tal contexto surgiria, em primeiro lugar, a chegada da agremiação matosinhense à final da Taça de Portugal de 2001/02. No Estádio Nacional, chamado à peleja por Carlos Carvalhal, o atleta faria parte do “onze” alinhado para defrontar o Sporting. Apesar da derrota, a comparência no Jamor, daria aos “Bebés do Mar” o direito de disputar a Supertaça e a Taça UEFA do ano seguinte. Em ambas as provas o internacional gabonês marcaria presença e o seu golo frente ao FK Belasica ajudaria à eliminação dos macedónios na referida prova de índole continental. Pouco depois do arranque da campanha de 2002/03, face aos bons desempenhos registados até então, surgiria a sua transferência para o Belenenses. Com os “Azuis” a disputar a 1ª divisão, a estreia de Antchouet no escalão máximo do futebol português, dar-se-ia pela mão de Marinho Peres. Apesar do salto competitivo, o avançado não deixaria intimidar-se pelo acréscimo de exigência do novo patamar. Nesse sentido, conservaria o estatuto de titular, configurando-se, não só como uma das figuras do emblema lisboeta, mas também como um dos grandes destaques das provas lusas. Durante praticamente 3 anos, o avançado ajudaria o emblema a jogar em casa no Estádio do Restelo a cumprir as suas metas colectivas. Embora muitos desses objectivos pouco mais ultrapassassem a manutenção, a verdade é que o atleta conseguiria valorizar-se. A prova de tal acréscimo de importância viria, depois de em 2004/05 ter voltado a trabalhar sob a alçada de Carlos Carvalhal, com a transferência para uma das ligas de maior relevo a nível mundial. Todavia, a mudança para o Alavés não teria os resultados projectados e o jogador encetaria em Espanha um dos piores períodos da carreira. Desadaptado à nova realidade, Antchouet entraria, quase de imediato, numa espiral de empréstimos. Vitória Sport Clube, os sauditas do Al-Shabab e os helénicos do Larissa, resultariam em novos insucessos. Pior ainda emergiria da passagem pela Grécia, onde, num controlo anti doping, o resultado positivo para o consumo de cocaína entregá-lo-ia a uma punição de 2 anos sem jogar. De regresso à competição, o atacante veria o Estoril Praia a abrir-lhe as portas. A frequentar o segundo escalão de 2009/10, o jogador ainda representaria no mesmo patamar, o plantel de 2010/11 do Moreirense. Seguir-se-ia a passagem pelo futebol da Índia e, depois da experiência no Churchill Brothers, o ingresso nos gauleses do Football Club des Gobelins Paris 13. Na modesta colectividade francesa viria a pôr um ponto final na caminhada enquanto futebolista, passando a desempenhar as funções de treinador, primeiro nas camadas jovens, para, mais tarde aceitar o cargo de adjunto no conjunto principal.
Com percurso formativo concluído ao serviço do FC Porto, a subida ao patamar sénior afastá-lo-ia do Estádio das Antas. Aferido como dispensável no plantel dos “Azuis e Brancos”, José Soares de Freitas, popularizado no “universo da bola” como Piruta, encontraria no União de Lamas a oportunidade para dar seguimento à carreira. A disputar a edição de 1966/67 da Zona Norte do Campeonato Nacional da 2ª divisão, o médio começaria a destacar-se pela atitude intrépida e a roçar, por vezes, a raia do permissível. Como um elemento dono de uma entrega inabalável, o jovem jogador, após um par de anos cumpridos com a camisola negro-rubra, viria a conhecer um novo emblema. A mudança entregá-lo-ia a outra descida no patamar competitivo. Por outro lado, a transferência introduzi-lo-ia a um capítulo deveras importante e o Grupo Desportivo Riopele, ao longo dos anos, tornar-se-ia na agremiação mais representativa da sua senda como futebolista. Com a entrada no emblema sediado no concelho de Vila Nova de Famalicão a ocorrer na temporada de 1968/69, Piruta passaria a integrar um projecto com ambições de monta superior ao escalão por essa altura disputado. Concluída a segunda campanha do médio no emblema fabril, num grupo de trabalho em que a estrela maior era Mascarenhas, o jogador tornar-se-ia numa das figuras da subida da colectividade minhota ao segundo patamar. Daí até a uma nova promoção, apesar da constante proximidade a tal objectivo, ainda decorreriam alguns anos. A meta, num grupo de trabalho comandado por Ferreirinha, seria atingida com o termo da campanha de 1976/77 e o 1º posto conquistado na Zona Norte da 2ª divisão, levaria o Riopele, na campanha seguinte, à estreia entre os “grandes”. A verdade é que para Piruta, a temporada de 1977/78, ao lado de companheiros como Padrão, Jorge Jesus, Garcês, Fonseca ou Luís Pereira, desembocaria numa grande desilusão. Como um dos elementos mais utilizados pelo treinador mencionado no parágrafo anterior, a avaliação pessoal obtida pelo médio até seria positiva. Já em termos colectivos, com o Riopele a quedar-se pelo penúltimo posto da tabela classificativa, a história seria completamente diferente. No entanto, mesmo com o revés sofrido com a despromoção, o jogador, à altura capitão de equipa, decidira manter-se fiel à colectividade e ao estender a caminhada competitiva por mais duas épocas, continuaria a defender as cores do grupo minhoto. Com o fim da carreira de futebolista a chegar com o termo da temporada de 1979/80, Piruta, ao manter-se ligado à modalidade, abraçaria as responsabilidades inerentes à posição de treinador. Nessas funções, mormente envolvido nas contendas dos degraus secundários, teria passagem por diversos emblemas. Riopele, União de Lamas, Freamunde, Vianense e Paredes transformar-se-iam igualmente nas cores de uma caminhada que viveria o seu vértice com a passagem pelo primodivisionário plantel de 1993/94 do Famalicão.
Já com alguma experiência no futebol brasileiro, feita de passagens por Volta Redonda, Barra Mansa, Madureira, Sport e Central, Telmo Além da Silva chegaria a Portugal para representar o Campomaiorense. Porém, a estreia na 1ª divisão de 1997/98, já bem perto do termo da mencionada prova, ficaria marcada pelo azar – “(…) num célebre jogo com o Sporting, em Campo Maior, João Alves, então treinador dos alentejanos, lançou o lateral-esquerdo brasileiro Telmo, aos 63', a substituir Vincze. O jogo estava a correr de feição para os galgos, em vantagem no marcador, mas Telmo sete minutos depois cometeu um "penalty" perfeitamente escusado sobre Oceano, mesmo junto à linha de fundo, sem que o capitão leonino tivesse hipótese de criar perigo. Alves substituiu-o pouco depois, mas o erro estava feito e abriu caminho à reviravolta do Sporting, que venceu por 5-3”*. No início da campanha seguinte à da sua chegada a Portugal dar-se-ia a transferência do defesa para o Santa Clara. A disputar o segundo escalão português, o retrocesso na caminhada desportiva, acabaria a dar-lhe a oportunidade de inscrever o seu nome na história da colectividade micaelense. Com o emblema insular a disputar os lugares cimeiros da tabela classificativa e com Telmo como uma das figuras de tal proeza, o fim da competição ditaria a inédita subida do conjunto açoriano. Mais uma vez na 1ª divisão, Telmo manter-se-ia como um dos pilares do “onze” idealizado por Manuel Fernandes. No entanto, as boas prestações do esquerdino seriam insuficientes para ajudar à manutenção e o jogador viveria a campanha de 2000/01 de volta às pelejas secundárias. A meio da última época referida no parágrafo anterior, concretamente em Dezembro de 2000, Telmo acabaria transferido para o Sport. O regresso ao Brasil não duraria mais do que alguns meses e o lateral-esquerdo voltaria a Portugal e ao plantel de 2001/02 do Santa Clara. A cevar brilhantemente a sua cotação, o atleta, resultado das boas exibições lavradas pelo emblema sediado na cidade de Ponta Delgada, acabaria por cair nas boas graças de outra colectividade lusa. A mudança para o Sporting de Braga ocorreria na preparação da campanha de 2002/03. Todavia, a experiência com os “Guerreiros” teria duas fases bem distintas, com o primeiro ano a mostrar o defesa como um elemento amiúde arrolado às estratégias colectivas e uma segunda temporada a traduzir-se num verdadeiro ocaso. O desaparecimento ocorrido na agremiação arsenalista levá-lo-ia a rubricar um contrato com um novo emblema. A mudança para o Varzim em 2004/05, afastaria o defesa da 1ª divisão. Ainda assim, mesmo apartado, em definitivo, do convívio com os “grandes”, o atleta, nesse momento, encontrar-se-ia com aquela que viria a tornar-se na mais importante ligação que haveria de conhecer no futebol. Daí em diante, a sua caminhada desenrolar-se-ia numa senda de mais de uma década passada com as cores dos “Lobos-do-mar”, ligação que viria somente a terminar, com o jogador já com 40 anos de idade, e após a conclusão das provas agendadas para 2014/15. Com o “pendurar das chuteiras”, Telmo manter-se-ia ligado ao futebol e após a passagem como treinador nos patamares formativos do Varzim, seguiram-se as experiências como dirigente, primeiro ao serviço da AD Oliveirense, para, depois, vir a abraçar novo projecto com o emblema poveiro.
*retirado do artigo publicado a 01/11/2001, em www.record.pt
Produto das “escolas” do Beroe, Vasili Ivanov Dragolov, como tantos outros jovens na sua condição, antes de conseguir afirmar-se na equipa principal do clube que o havia formado, teria ainda de passar por outro emblema. Com a estreia sénior a ocorrer no plantel de 1979/80 do Hebar Pazardzhik, para o avançado-centro seguir-se-ia o regresso à colectividade sediada na cidade de Stara Zagora. Ao passar a integrar o plantel principal dos “Verdes” na temporada 1980/81, o jogador encetaria uma longa caminhada onde, no decorrer de 8 campanhas consecutivas, contribuiria para os sucessos do colectivo e igualmente para cevar a sua cotação no futebol da Bulgária. O primeiro desses êxitos viria com a inédita vitória do seu clube no Campeonato búlgaro. Num emblema habituado à luta pelos lugares cimeiros da tabela classificativa e por várias qualificações para as provas de índole continental, a época de 1985/86 traria a Dragolov várias novidades à sua senda competitiva. Nesse sentido, ao lado de nomes com passagens pelo futebol luso, casos de Peytchev, Kachmerov e Anguel Kostadinov, o ponta-de-lança tornar-se-ia numa das principais figuras da conquista referida no começo do parágrafo. Como primeira consequência dessa brilhante caminhada, ele que já contava com presenças nas “esperanças”, viriam as convocatórias para a principal selecção da Bulgária. Chamado ao “onze” por Ivan Vutsov, o atleta entraria em campo, a 23 de Abril de 1986. No entanto, após essa partida forasteira frente à Bélgica, viriam ainda: uma segunda internacionalização num jogo com a Coreia do Norte, um golo nesse encontro frente à congénere asiática e a sua inclusão na lista de desportistas a viajar para o Mundial de 1986. No certame organizado no México, o atacante faria parte de uma comitiva a incluir um largo rol de atletas que ficariam conhecidos em várias colectividades portuguesas. Todavia, com Mihaylov, Petrov, Sadakov, Mladenov, Gospodinov, Getov, Radi e Kostadin Kostadinov, como componentes desse balneário, a Bulgária claudicaria logo na Fase de Grupos. Para piorar o cenário, Dragolov tornar-se-ia num dos jogadores sem qualquer minuto em campo na passagem pelo Campeonato do Mundo. Ainda assim, a sua cotação não sairia beliscada e o ponta-de-lança manter-se-ia como uma das figuras mais apreciadas no futebol do seu país. O valor que soube manter ao longo de uma década como futebolista sénior levá-lo-ia além-fronteiras. Com a abertura do Bloco de Leste ao Ocidente e depois da passagem pelo plantel de 1988/89 do Levski Sofia, à altura denominado Vitosha Sofia, Dragolov teria a primeira experiência no estrangeiro. Com o avançar do seu trajecto desportivo, os gregos do Larissa e do Ionikos antecederiam a passagem por Portugal. Com a entrada no Torreense a acontecer na temporada de 1991/92, o ponta-de-lança apanharia o emblema saloio de regresso ao escalão máximo. Comandado por Manuel Cajuda, o jogador assumir-se-ia como um dos principais nomes da equipa. Porém, apesar de pertencer a um grupo com nomes de boa monta, as prestações colectivas, com o 16º lugar no termo do Campeonato Nacional, não mais dariam do que a despromoção. Mesmo assim, o atleta manter-se-ia no grupo a pelejar já no panorama secundário luso e a sua saída do conjunto sediado no Oeste verificar-se-ia apenas no final da época de 1992/93. Depois do regresso à Bulgária, onde viria, de novo, a representar o Beroe e também o Cherno More, Dragolov acabaria por “pendurar as chuteiras”. Retirado dos relvados, o antigo avançado manter-se-ia ligado ao futebol e passaria a contar no currículo com as funções de treinador do Lokomotiv de Stara Zagora e de dirigente do Beroe.
Com uma forte ligação ao Juventude de Évora, emblema onde completaria a formação e no qual faria a estreia como sénior, António Francisco Sargaço Modas ajudaria os alentejanos a cumprir aquele que viriam a tornar-se num dos melhores períodos da agremiação. Com a estreia no conjunto principal a acontecer na temporada de 1970/71, o defesa-lateral ou médio-ala, encetaria esse trajecto no 3º escalão. Ainda assim, tal caminhada desembocaria num período pródigo para os “Cacaruças”. Com o crescimento competitivo da colectividade, a passagem dos anos de 1970 para a década de 1980, em conjuntos orientados inicialmente por Fernando Peres e mais tarde por Dinis Vital e com planteis compostos por ilustres membros do universo futebolístico, tais como Jorge Jesus, Dário, Bolota, Sabú, João Peres, Coentro Faria, Barrinha, Luís Filipe, entre outros, traria para o currículo do jogador as lutas pelos lugares cimeiros na 2ª divisão. Mesmo sem conseguir atingir o degrau maior do futebol luso, essas épocas serviriam para aumentar a sua cotação e, essencialmente, para fazer crescer a cobiça de outros colectivos. Apesar de ter o Juventude de Évora como a divisa mais representativa da sua passagem pelo futebol, a verdade é que seria a mudança para outro emblema que traria à caminhada de Modas os melhores anos da carreira. Com a transferência para o Ginásio de Alcobaça a acontecer na temporada de 1981/82, logo nessa campanha, onde voltaria a ser treinado por Dinis Vital, o defesa contribuiria para a chegada da colectividade sediada na região do Oeste às meias-finais da Taça de Portugal e, acima de tudo, daria um enorme contributo para a subida à divisão máxima. Já no convívio com os “grandes”, onde agremiação e jogador fariam a estreia, a sua utilidade manter-se-ia intacta. Aliás, o atleta seria um dos pilares do sector mais recuado idealizado, primeiro por Orlando Moreira e, com a saída deste após a 10ª jornada, sob a orientação de Edmundo Duarte. No entanto, a inscrição do seu nome em 24 rondas do Campeonato Nacional, marcá-lo-ia como um dos rostos do desacerto colectivo e da consequente despromoção vivida com o termo das provas agendadas para 1982/83. Ainda assim, Modas manter-se-ia fiel ao clube e só cumprida mais uma época no patamar secundário é que tomaria a decisão de voltar à sua cidade natal. Dessa feita a representar o Lusitano de Évora, o regresso do jogador ao Alentejo levá-lo-ia a entrar no terceiro grande capítulo da sua senda competitiva. Com um par de anos feitos no Campo Estrela, seguir-se-iam, sempre nos escalões inferiores, o Atlético de Reguengos, o Juventude de Évora, o Sporting de Viana e o Mourão. Com o fim da carreira como futebolista a surgir, já nas pelejas “distritais”, com o selar da campanha de 1992/93, o antigo defesa manter-se-ia ligado à modalidade. De novo a representar o emblema que o tinha formado há mais de duas décadas, Modas passaria a dedicar-se às tarefas de treinador, mormente a cumprir funções nas camadas jovens do clube, mas também no conjunto principal.
Com o percurso formativo concluído com as cores do Varzim, Vicente Fangueiro Pereira teria a primeira oportunidade como sénior ao serviço do modesto Aguçadoura FC. Com um arranque de caminhada discreto que, após a estreia na temporada de 1984/85, ainda abrangeria, no par de campanhas seguintes, passagens por Marinhas e Ribeirão, seria a época de 1987/88 a apresentá-lo a uma colectividade de maior peso no cenário futebolístico português. Com a entrada no Famalicão, o médio passaria a disputar a 2ª divisão. No emblema minhoto, a caminhada do jogador tornar-se-ia numa roda-viva, com uma descida no termo do primeiro ano e com duas subidas consecutivas nos dois anos subsequentes. Contudo, mesmo tendo feito parte do grupo a ajudar à promoção ao escalão maior, o atleta haveria de mudar de colectividade e apresentar-se-ia, nas provas agendadas para 1990/91, a envergar novas cores. Cobiçado por ser um elemento pleno de raça, a transferência para o União da Madeira introduzi-lo-ia na mesma à 1ª divisão. Num grupo de trabalho orientado por Rui Mâncio e com nomes míticos na história da colectividade insular, como Marco Aurélio, Lepi, Nelinho, Dragan ou Jairo, Vicente demoraria ainda algum tempo até conseguir asseverar-se como um dos pilares dos estratagemas tácticos montados. Tal afirmação emergiria com a temporada seguinte à da sua chegada ao emblema funchalense. Todavia, as várias aparições em campo seriam insuficientes para contrariar as fracas exibições colectivas e, por conseguinte, o 18º posto na tabela classificativa. Mesmo com a descida, o médio manter-se-ia fiel ao clube e continuaria ligado ao União por mais uma campanha. Já de regresso ao continente, Vicente acabaria por assinar contrato com aquele que viria a tornar-se no emblema mais representativo da sua carreira. Com a chegada ao Felgueiras na temporada de 1993/94, o atleta faria parte da caminhada mais faustosa da história do conjunto a vestir de azul e grená. Ao encetar tal colaboração ainda na disputa da divisão de Honra, seria a entrada de Jorge Jesus para o comando técnico da equipa que viria a alterar todo o paradigma competitivo. Nesse sentido, seria com o termo das provas agendadas para 1994/95 que o jogador, juntamente com os companheiros de balneário, festejaria o regresso ao convívio com os “grandes”. Por outro lado, a época seguinte à ainda agora mencionada, daria ao centrocampista, com a estreia do emblema do Tâmega e Sousa na 1ª divisão, a oportunidade de inscrever o seu nome nos anais do clube. Contudo, mesmo num plantel composto por Sérgio Conceição, Leal, José Carlos, Teixeira, Abel Silva, Clint, Costa, Lewis, Coelho, Baroni, Amaral, Rosário, Earl, Krstic, Bozinovski, entre outros nomes consagrados no futebol luso, a verdade é que uma segunda volta desastrosa no Campeonato Nacional ditaria a descida da agremiação. Com a temporada de 1997/98 a ditar o fim da ligação entre o médio e o Felgueiras, o atleta entraria na fase mais errante da caminhada enquanto futebolista. Longe dos principais palcos do futebol, os regressos ao Varzim e ao Famalicão, dariam início a diferentes experiências, todas elas de um ano apenas, a levá-lo ainda a envergar as camisolas do Bragança, Paredes, Ermesinde e Tirsense. Em 2002/03, depois de, com as cores dos “Jesuítas”, ter “pendurado as chuteiras”, surgira a altura certa para Vicente calçar as sapatilhas e nas quadras de futsal passar a representar o Rio Ave.
Nascido em Buenos Aires e com uma longa carreira na Argentina, Enrique Mesiano assentaria essa caminhada competitiva em emblemas como o Huracán e o Club Atlético Nueva Chicago. No entanto, apesar de ser um praticante de gabadas qualidades, o seu trajecto acabaria traçado, em grande parte, na disputa dos escalões secundários do mencionado país sul-americano. Tal trilho, mormente cumprido com as cores da agremiação sediada no bairro de Mataderos, escondê-lo-ia da atenção de agremiações de monta maior e afastá-lo-ia, talvez por idêntica justificação, das chamadas à camisola “alivceleste”. Uns bons anos mais tarde, seria como dono do currículo aludido no parágrafo anterior que Mesiano entraria em Portugal. Apresentado como reforço do plantel de 1953/54 do Atlético, o extremo, por toda a habilidade logo revelada, depressa conseguiria um lugar de destaque no “onze” do emblema “alfacinha”. No popular bairro da capital lusa, o atleta começaria por encontrar-se com outros conterrâneos. Aliás, a época da sua chegada à Tapadinha coincidiria com a contratação de outro argentino, o atacante António Castiglia. Para completar a trindade de futebolistas nascidos no “País das Pampas”, Mário Imbeloni, esse com os encargos entregues a um treinador-jogador, marcaria também presença no grupo de trabalho alcantarense. Apesar de assente o contexto competitivo da agremiação de Lisboa, não só nos intérpretes argentinos, mas num plantel riquíssimo, os anos seguintes trariam ao clube essencialmente lugares da segunda metade da tabela do Campeonato Nacional da 1ª divisão. Composto o conjunto igualmente por nomes como os internacionais Ernesto, Germano, Ben David ou Carlos Martinho, a verdade é que o Atlético andaria fugido das lutas cimeiras. Já Mesiano, apesar de iniciar a senda com as cores do emblema do bairro de Alcântara como titular, veria a veterania a causar alguns estragos no que concerne à sua condição e desempenhos corporais. Tais lesões, a afectá-lo principalmente a partir da campanha de 1955/56, começariam a subtrair presenças suas ao alinhamento inicial. Progressivamente a perder o estatuto de titular, ainda assim, o jogador, com os seus predicados técnicos e tácticos a sobreporem-se às outras questões de ordem física, continuaria a justificar um lugar no plantel do clube. Pior, no que ao cenário colectivo diz respeito, viria com a temporada de 1956/57. Com o emblema “alfacinha” a não conseguir prestações a oferecer-lhe uma posição para além dos últimos postos da grelha classificativa, o termo da referida época resultaria numa despromoção e as derradeiras exibições do atacante, com a aludida descida, seriam cumpridas nas contendas secundárias.
Natural de Portalegre, Valentim José Roque Parra despontaria para o futebol com as cores do Portalegrense. Daí para as “escolas” do Sporting Clube de Portugal seria um pequeno salto. No entanto, apesar da aposta dos “Leões” nas qualidades do médio de características ofensivas, a verdade é que o momento de transição para o patamar sénior seria ingrato para o jovem intérprete. Sem lugar num grupo de trabalho ainda a viver o rescaldo da vitória na Taça dos Vencedores das Taças de 1963/64, o jogador veria Fernando Caiado a preteri-lo em detrimento de outros nomes e a solução para a continuação da sua carreira viria do União de Lamas. Com o início da carreira sénior a ocorrer nas contendas planeadas para a edição de 1967/68 da 2ª divisão, seria a mudança para o plantel de 1968/69 do Feirense a dar ao jogador a etapa mais representativa do seu trajecto desportivo. A transferência para os “Fogaceiros”, apesar de obrigar o atleta à descida de um degrau na escala competitiva do futebol luso, dar-lhe- ia a oportunidade de envergar a camisola daquela que viria a tornar-se na divisa que, por mais anos, o acompanharia. Ainda durante algum tempo a pelejar-se nas contentas do 3º escalão, a ambição da colectividade sediada em Santa Maria da Feira transformaria a temporada de 1973/74 na campanha de regresso do clube ao patamar imediatamente acima. Já como um elemento fundamental nas manobras tácticas dos diferentes treinadores, Parra começaria a cimentar-se com uma das grandes figuras da agremiação. Com companheiros de balneário como Manuel Pinto, Henrique Nunes, Cândido Araújo, António Portela, Sobreiro, Acácio Silva, entre outros históricos, o médio ajudaria à caminhada que, com os colegas ainda agora arrolados, empurraria os de azul a outro feito competitivo e a levá-los a inscrever-se como os elementos participantes da segunda aparição do emblema entre os “grandes”. A época de regresso do Feirense à 1ª divisão teria Parra já como capitão. Nessa temporada de 1977/78, orientado o grupo de trabalho inicialmente por Eduardo Gonzalez para, a partir da 4ª jornada do Campeonato Nacional contar com a orientação técnica do Professor João Mota, o médio, apesar de utilizado com uma boa frequência, não teria a preponderância de anos anteriores. Talvez por esse motivo, não deixando de ser curioso o facto, o jogador acabaria por conhecer o termo da união aos “Fogaceiros”. Com o fim da ligação de uma década, o atleta teria no Sporting de Espinho a nova morada. Nesse sentido, também os “Tigres da Costa Verde” marcariam um novo trecho nos patamares secundários e depois de uma temporada com o listado alvinegro, o Lusitânia de Lourosa e o Esmoriz tornar-se-iam nos emblemas seguintes de uma caminhada que viria a concluir-se com o fecho da temporada de 1984/85.
Concluído o percurso formativo com as cores do Sport Lisboa e Olivais, seria no emblema lisboeta que Manuel António Caetano Bule, na temporada de 1977/78, daria os primeiros passos no escalão sénior. Com o conjunto “alfacinha” a disputar o 3º escalão, o ponta-de-lança cedo começaria a destacar-se como um intérprete dono de uma boa presença nas grande-áreas adversárias. Os golos depressa também haveriam de tornar-se num dos seus predicados. Ainda assim, o interesse de colectividades a pelejarem-se em patamares maiores demoraria a assomar-se e o surgimento do jogador na 2ª divisão dar-se-ia, após a experiência no plantel de 1979/80 do Odivelas, com as cores do União de Santarém. Com a entrada na agremiação ribatejana a acontecer na campanha de 1980/81, Bule daria continuidade a uma caminhada que viria a caracterizar-se pela errância. Ao não permanecer mais do que uma época na maioria das suas experiências clubísticas, ainda assim o avançado-centro, resultado de uma veia goleadora bem cevada, viria a ser cobiçado por colectividades de ambições superiores. Desportivo de Chaves, Belenenses, Nacional da Madeira e Estoril Praia transformar-se-iam numa montra para o avançado e a oportunidade de partilhar o balneário com nomes que viriam a tornar-se de enorme monta no cenário futebolístico português. Nesse sentido, depois de em Trás-os-Montes ter jogado com António Borges, a passagem pelo Restelo dar-lhe-ia a oportunidade de conhecer um jovem José Mourinho. Já no Funchal teria em Oceano um dos colegas, para, na Linha de Cascais, trabalhar ao lado de Fernando Santos. Porém, apesar dos momentos inolvidáveis vividos nas colectividades já referidas, seria uma nova mudança e a chegada ao Alto Alentejo a dar ao jogador o momento mais faustoso de toda a sua senda desportiva. Apresentado como reforço d’ “O Elvas” para a temporada de 1985/86, Bule passaria a trabalhar sob a alçada de Carlos Cardoso. Ainda que a manter-se nas contendas do degrau secundário, o ponta-de-lança, com o avançar das rondas no Campeonato Nacional começaria a aproximar-se de um objectivo nunca antes alcançado. Com o emblema raiano a lutar pelos lugares cimeiros da tabela classificativa, a subida de escalão dar-lhe-ia a honra de disputar, nas provas agendadas para 1986/87, a 1ª divisão. No entanto, no convívio com os “grandes”, o atleta, ao manter-se ao serviço dos “Azuis e Ouro”, veria as habilidades de Roberto e Juan Carrasco a serem preferidas às qualidades por si oferecidas ao sector mais ofensivo da agremiação alentejana. Nesse contexto, mesmo tendo sido um suplente com uma utilização razoável, o jogador preferiria deixar o clube e, em 1987/88, voltaria a Trás-os-Montes, dessa feita para representar o Vila Real. Sacavenense, Beneditense, Futebol Benfica e União Arcozelo completariam uma caminhada que terminaria em 1996/97, já nos “regionais” da Associação de Futebol da Guarda e com o jogador a somar no currículo aproximadamente duas décadas de carreira sénior e 13 camisolas diferentes.
Pouco habitual em praticantes com carreiras tão recentes, mas com certa frequência em atletas brasileiros, a caminhada desportiva de Amarildo Souza do Amaral tem muitos trechos que merecem ser clarificados. Ainda assim, existem algumas certezas quanto a determinados capítulos e um deles é o início do seu trajecto profissional ao serviço do plantel de 1983 do Toledo. Na colectividade do Estado do Paraná, o ponta-de-lança rapidamente veio a destacar-se, ao ponto do Botafogo apostar na sua contratação. A partir dessa transferência, registada na campanha de 1984, começam as primeiras dúvidas, com os hipotéticos empréstimos a equipas como o Operário, Inter de Limeira, XV de Piracicaba ou Americano a necessitarem de uma confirmação fidedigna. Novamente, o que parece certo foi o interesse do Internacional de Porto Alegre que, na temporada de 1986, incluiu o avançado no seu grupo de trabalho. Os anos passados no emblema do Rio Grande do Sul, épocas em que o “Colorado” lutou pelos lugares cimeiros das provas nacionais e estaduais, serviram para que Amarildo visse a sua cotação subir em flecha. Para tal muito contribuiu a conquista do título de Melhor Marcador do “Gauchão” de 1987, temporada na qual o atacante, ao lado de Aloísio, também foi chamado à disputa da final do “Brasileirão”. Tais momentos valeram-lhe a transferência para o plantel do Celta de Vigo. As suas exibições na edição de 1988/89 da “La Liga”, onde acabou aferido como um dos grandes destaques do conjunto galego, mais uma vez assumiram um papel determinante na valorização do ponta-de-lança. Dessa feita acabou por ser o “calcio”, à altura a liga mais bem cotada no mundo, a chamar por si. Porém, a entrada na Lazio de 1989/90 não trouxe os resultados esperados e o avançado, uma época após a sua chegada a Roma, veio a mudar-se para o Cesena. Após 3 temporadas na Serie A italiana, o regresso de Amarildo ao principal escalão espanhol empurrou-lhe o Logroñes para o currículo. Seguiu-se, na campanha de 1993/94, o Famalicão. Na estreia nas provas portuguesas, o avançado voltou a encontrar-se com Abel Braga, treinador na passagem do jogador pelo Botafogo. Porém, apesar de fazer parte de um plantel composto por imensos colegas com larga experiência primodivisionária, a verdade é que os desempenhos colectivos terminaram aquém do esperado. O emblema minhoto, mesmo após a chegada de Piruta para o comando técnico, não conseguiu fugir aos lugares de despromoção e o ponta-de-lança, com a descida de divisão, decidiu-se pelo regresso ao Brasil. Aqui recomeçam as incertezas. Se várias fontes dão os anos seguintes como cumpridos na condição de emprestado pelo Famalicão, o pior surge com os clubes representados. Nesse sentido, o União de São João, o São Paulo e o Bahia parecem estar correctamente posicionados no trajecto de Amarildo. Já a presença do Inter de Limeira nesse trecho, é só verdade em algumas referências, o que deixa a interrogação sobre a correcção de tal informação. Para piorar, aqueles que devem ter sido os derradeiros capítulos da sua caminhada competitiva acabam mesmo por ser os mais duvidosos. Nesse ponto, temos versões para todos os gostos. Posso começar pela que dá o atleta de volta ao Famalicão e a acabar a carreira com as cores do Ribeirão. Outra, no entanto, refere as suas exibições ao serviço do Internacional, XV de Piracicaba e Independente FC. Por fim, há ainda as que, ao negar a existência desta última fase, garantem o fim do trajecto do avançado ainda no Bahia. Para concluir, mesmo sem conseguir asseverar muito mais do que as dúvidas que levantei em alguns dos parágrafos anteriores, posso, com convicção, afirmar que o antigo jogador continua ligado à modalidade. Retirado dos relvados, Amarildo passou a dedicar-se a outras funções no futebol. Como treinador, para além do trabalho efectuado na “escola” por si fundada, teve experiências nos patamares de formação do Porto Vitória, XV de Piracicaba, Iraty, Mogi Mirim, Três Passos AC e Aster Brasil. Actualmente é o Director Técnico da SS Lazio-Brasil.
Natural de Vila Real de Santo António, Isaurindo Branquinho Parra iniciaria a caminhada no universo sénior do “jogo da bola” ao serviço da colectividade mais representativa da sua terra natal, o Lusitano FC. Com o arranque dessa caminhada a ocorrer, na temporada de 1939/40, com a agremiação na disputa do patamar secundário português, o jovem guarda-redes, apesar de dono de uma estatura baixa, depressa começaria a destacar-se pela enorme elasticidade e grande destemor. Durante vários anos, ao lado de Zezé Branquinho, o seu irmão mais velho, seria parte importante das equipas do emblema raiano, o qual, a seguir ao Olhanense, viria a tornar-se na segunda divisa algarvia a frequentar o escalão maior do futebol luso. A estreia do Lusitano FC no convívio com os “grandes” ocorreria na época de 1947/48. Por essa altura, o atleta, a partilhar o balneário, no total do trajecto primodivisionário, com digníssimas figuras do desporto português, casos de Manuel Caldeira, Luís Vasques ou José Maria Pedroto, já era um praticante reconhecido além-fronteiras. A história conta-se depressa e emergiria de um particular do conjunto do Sotavento com o todo-poderoso Sevilha. A partida, vencida pelos portugueses e com uma enorme exibição do guarda-redes, valer-lhe-ia o epíteto de “El Niño de Goma” ou, a preferirem a tradução, “O Menino de Borracha”. Essas mesmas qualidades, inegáveis dentro de campo, apesar dos muitos golos sofridos pelo conjunto, acabariam assentes na quantidade inestimável de remates adversários espectacularmente defendidos. Tais números dar-lhe-iam, em grande parte das jornadas, a titularidade. A sua presença assídua no alinhamento inicial valer-lhe-ia então um cômputo de 59 jogos disputados na 1ª divisão e um lugar na história, entre os jogadores com mais presenças, pela agremiação algarvia, naquela que é a prova de maior relevo no calendário luso de futebol. Ao fim de 3 anos a participar nas contendas agendadas para o cenário primodivisionário, o Lusitano FC acabaria por claudicar na luta pela manutenção. Isaurindo, apesar do desaire a afectar o colectivo, manter-se-ia fiel ao conjunto. No entanto, um novo descuido, a resultar noutra descida, fá-lo-ia trocar de emblema. Convidado pelo Sporting da Covilhã, o guarda-redes chegaria à cidade sediada numa das encostas da Serra da Estrela apresentado como reforço para a temporada de 1951/52. Na viagem de regresso aos palcos da 1ª divisão, o atleta far-se-ia acompanhar por Hélder Toledo, colega no Campo de Jogos Francisco Gomes Socorro. Como curiosidade, há também a referir os antigos lusitanistas, ao lado de quem viria a pelejar-se pelos objectivos dos “Serranos”, os irmãos Domiciano Cavém e Amílcar Cavém. Nesse aspecto, falta ainda aludir à presença de Fernando Cabrita, outro algarvio de nome igualmente incontornável nas sendas do futebol português e, como não poderia deixar de ser, nos anais da colectividade da Beira Baixa. Com o termo de outro período de 3 anos, durante o qual só a espaços viria a conseguir ultrapassar a concorrência de António Fevereiro por um lugar no “onze” do Sporting da Covilhã, Isaurindo voltaria ao Algarve. Recebido, dessa feita, pelo Farense, a temporada de 1954/55 marcaria o começo de um novo e importante trecho na sua carreira como futebolista. Nos “Leões de Faro”, ainda que na 2ª divisão, o guardião conseguiria recuperar a importância de um titular e mesmo com o aproximar do fim da carreira a fazê-lo perder progressivamente tal estatuto, o jogador, ao longo de 7 anos consecutivos, viria a assumir um papel de enorme relevância num emblema sempre com os olhos postos no caminho para o escalão cimeiro.
Seria no Clube de Manjacaze que o FC Porto viria a descobrir um jovem avançado de nome Domingos Lucas Naftal. Praticante de predicados físicos de excepção, logo os “Azuis e Brancos” tratariam da sua mudança de Moçambique para a “Cidade Invicta”. Porém, mesmo tendo em conta todo o potencial apresentado pelo atacante, a entrada no Estádio das Antas na temporada de 1962/63 não traria qualquer facilidade para o desenovelar da carreira do jogador. Nesse sentido, com essa época de chegada a Portugal a não produzir qualquer partida na equipa principal do conjunto nortenho, a seguinte apenas traria uma única presença em campo, para a Taça de Portugal e, ainda assim, com um golo seu a ajudar ao triunfo por 3-1 frente ao Vitória Sport Clube. A campanha de 1964/65 traduzir-se-ia como a melhor etapa de Naftal com os “Dragões”. Mesmo sem conseguir conquistar um lugar como titular, o avançado, sob a batuta de Otto Glória, seria arrolado por diversas vezes a ocupar um lugar entre os atletas chamados a jogo. Uma dessas oportunidades, pelo lance proporcionado pelo moçambicano, tornar-se-ia num dos momentos inesquecíveis da sua carreira. A história conta-se depressa e envolveria uma jornada com o FC Porto a receber as “Águias”, um cruzamento de Nóbrega, o domínio da bola com o peito, um esférico a não tocar no chão, seguido de um potente remate à entrada da área e um golo de belo efeito a bater o benfiquista Costa Pereira. Apesar das boas indicações deixadas na época referida no parágrafo anterior, a verdade é que Naftal não conseguiria dar grande seguimento a tais exibições de categoria. Com esse contexto a esmagar a evolução do atacante, a campanha de 1965/66, mais uma vez com poucas presenças em campo pela categoria principal, tornar-se-ia na última do jogador ao serviço do FC Porto. Seguir-se-ia o encetar de um período mais errante no seu trajecto, com uma passagem pouco expressiva pelo plantel de 1966/67 do Vitória Sport Clube e, na temporada subsequente, a boa experiência num Tirsense comandado pelo treinador-jogador Ferreirinha e durante a qual voltaria a trabalhar ao lado de antigos colegas nos “Azuis e Brancos”, casos de Manuel Silva, Carlos Manuel, Ernesto Pereira ou Acácio Carneiro. A passagem pelos “Jesuítas” marcaria um fim de ciclo para Naftal. Ao terminar o seu trajecto primodivisionário, o atleta ainda envergaria as camisolas do Sporting da Covilhã, Sporting de Espinho e Marinhense. Nos “Vidreiros”, o avançado contribuiria para um dos episódios mais importantes da colectividade sediada no distrito de Leira, ou seja, a disputa da Liguilha de 1970/71 que, infelizmente para o clube, não resultaria na tão almejada promoção ao escalão maior do futebol luso. Depois ainda viriam as passagens pelo Vilanovense, Aliados de Lordelo e a viagem até ao Canadá para, na edição de 1975 da Canadian National Soccer League, representar os Ottawa Tigers.
Armando Ferreira Gomes terminaria o percurso formativo ao serviço do Paços de Ferreira. Defesa-lateral ambidestro, o jogador, na temporada de 1989/90, também faria a estreia nas competições seniores ao serviço do emblema sediado na “Capital do Móvel”. Com o experiente José Mota como concorrente directo por um lugar no “onze”, as oportunidades conquistadas sob a alçada do treinador Vítor Oliveira seriam raras. A escassa utilização levá-lo-ia, inicialmente e na campanha de 1990/91, a passar por uma cedência ao Castêlo da Maia. Apesar do traquejo ganho durante o empréstimo de um ano, o regresso ao Estádio da Mata resultaria, mais uma vez, em poucas presenças em campo. No entanto, mesmo depois da estreia no contexto primodivisionário, o objectivo de jogar com mais frequência, fá-lo-ia aceitar um novo desafio para a, ainda curta, carreira e a mudança de colectividade surgiria no horizonte como uma inevitabilidade. Com a entrada no plantel do Leça a ocorrer na temporada de 1992/93, Armando retrocederia no contexto competitivo. Ainda que na 2ª divisão “b”, o defesa, com a aludida transferência, encetaria um dos mais importantes troços da sua caminhada profissional. Com as cores do emblema do Concelho de Matosinhos, o jogador ajudaria a cumprir diversas metas colectivas e logo nesse ano de entrada no clube seria peça importante no conquistar do campeonato do escalão referido no começo deste parágrafo. Já em 1994/95, o lateral, ao manter a preponderância dentro do grupo de trabalho, transformar-se-ia numa das figuras da vitória na divisão de Honra e do regresso do listado verde e branco ao convívio com os “grandes”. Seguir-se-iam 3 épocas no patamar cimeiro do futebol português, com a titularidade mantida durante esses anos a servirem para sublinhá-lo como um dos históricos da colectividade nortenha. Aliás, as 77 presenças em jornadas do escalão maior transformá-lo-iam num dos nomes com mais aparições pelos leceiros naquela que é a prova de maior expressão no calendário luso. Acima desse registo haveria de surgir o cargo de capitão e a braçadeira, tantas vezes posta à sua responsabilidade, serviria como forma de vincá-lo, ainda mais, como uma das figuras de calibre inesquecível na existência da agremiação. Depois da despromoção de cariz administrativo que o Leça sofreria, a temporada de 1998/99 e a seguinte seriam passadas no escalão secundário. Pondo termo a uma ligação de 8 anos, apareceria então o convite do Leixões e a entrada do defesa-lateral no Estádio do Mar. Um ano após o ingresso no novo clube, Armando ainda faria parte do grupo que, comandado por Carlos Carvalhal, surpreendentemente atingiria, na Taça de Portugal, a final da edição de 2001/02. Seguir-se-ia o fim do seu trajecto como futebolista de “onze”. Porém, o antigo defesa manter-se-ia ligado à prática do desporto, dando seguimento à mesma com a entrada no futsal. Pelos pavilhões, de regresso à cidade de Paços de Ferreira, continuaria a alimentar o gosto pelos “jogos da bola” e representaria durante alguns anos o CD Boavista e o GDCR Escolas de Arreigada.