1545 - CARLOS DOMINGUES

Tal como é apanágio naquela que é a temática do futebol luso, nomeadamente no que diz respeito aos primeiros anos das competições portuguesas, as informações são deveras escassas. Mesmo ao esperar tamanha falta de fontes, ainda assim decidi avançar para a redacção da biografia de Carlos Domingues, histórico elemento do Carcavelinhos que, entre as décadas de 1920 e 1930, haveria de exibir-se com as cores da colectividade sediada no lisboeta bairro de Alcântara. Curiosamente, contra o espectável, encontrei alguns artigos que, ao não permitirem, na totalidade, reconstruir a carreira do referido jogador, deram azo a que conseguisse organizar alguns dos capítulos desse trajecto. Assim sendo, ao contrário dos textos que aqui tenho publicado, preferi deixar-vos a compilação desses fragmentos recolhidos.

1.    Em primeiro lugar refiro o “Ilustração Portuguesa” de 27 de Outubro de 1923 (Edição semanal do jornal “O Século”), sobre o desafio a contar para “a segunda divisão do campeonato da Associação de Foot-ball de Lisboa”, onde constam os seguintes alinhamentos:
“Carcavelinhos: guarda•rêde, Mario Bento; defesas, Carlos Alves e Antonio Ribeiro; medios, Daniel Vicente, Filipe Duarte e Antonio da Conceição; avançados, Alfredo Rodrigues, Teixeira Mendes, Carlos Canuto, Carlos Domingues e Manoel Rodrigues. Portugal [Foot Club]: guarda•rêde, Vieira Alves; defezas, Raul Reis e José Constantino; medios, Guilherme Pessoa, José do Vale; avançados, Bento Gonçalves, Aníbal Cabrita, Jaime de Matos, João de Oliveira e Julio Pacheco”.
2.    De seguida, deixo-vos o que escreve o “site” oficial do Atlético Clube de Portugal sobre o jogo cabeça de cartaz na festa de inauguração do Campo da Tapadinha, realizado a 27 de Junho de 1926 – “Por fim, realizou-se o encontro Carcavelinhos-Sporting. Aos 15 minutos funcionou o marcador. O alcantarense, Carlos Domingues, numa jogada fulgurante, arrancou em direcção à baliza do Sporting, driblou Leandro, e atirou fortíssimo para o primeiro golo do Carcavelinhos na Tapadinha”.
3.    Já no “Recordes da Bola”, “blog” elaborado por José Guilherme, encontramos várias referências às diferentes rondas de diversas edições do Campeonato de Portugal, onde, nas temporadas de 1927/28 a 1929/30 e de 1931/32 a 1933/34, Carlos Domingues aparece amiúde nos alinhamentos do Carcavelinhos.
4.    Tendo também como base o que diz o “Diário de Lisboa” a 19 de Março de 1933, sobre uma partida em que o conjunto da Tapadinha terá vencido o União Lisboa por 2-1, encontro a contar para o Campeonato de Lisboa, também em 1932/33 Carlos Domingues terá jogado com as cores do Carcavelinhos. Ora vejamos – “Porém, aos 38 minutos, Álvaro de Sousa construiu o segundo «goal», aproveitando um passo colocado de Carlos Domingues”.
5.    Finalmente, para baralhar a ordem cronológica até agora apresentada, volto um pouco atrás até aquele que, sem qualquer dúvida, terá sido o momento mais alto da carreira de Carlos Domingues, ou seja, a presença e a vitória do Carcavelinhos na edição de 1927/28 do Campeonato de Portugal. Na final, com o resultado a ditar 3-1 a favor dos alcantarenses, os alinhamentos foram os seguintes:
“Carcavelinhos: Gabriel Santos, Carlos Alves, Abreu, Artur Pereira, Daniel Vicente, Carlos Domingues, Manuel Abrantes, Armando Silva, Carlos Canuto, José Domingues, Manuel Rodrigues.
Sporting: Cipriano Santos, Penafiel, Jorge Vieira, Martinho de Oliveira, Serra e Moura, Manuel Matias, João Francisco, Abrantes Mendes, João Jurado, Agostinho Cervantes, José Manuel Martins”.

1 – retirado do artigo publicado em “Ilustração Portuguesa” (Edição semanal do jornal “O Século”), a 27 de Outubro de 1923
2 – retirado do artigo publicado em www.atleticocp.pt
3 – retirado dos artigos publicado em http://recordesdabola.blogspot.com
4 – retirado do artigo publicado no Diário de Lisboa nº 3716, a 19 de Março de 1933
5 – adaptado da informação retirada de www.wikisporting.com

1544 - FERREIRA

Ao iniciar a prática do futebol com as cores do Império do Barreiro, depressa as suas habilidades despertariam a atenção de um dos maiores emblemas da referida localidade da Margem Sul do Rio Tejo. Ao ingressar, com apenas 16 anos de idade, no conjunto principal do FC Barreirense, o avançado, logo nessa temporada de 1936/37, ajudaria a redigir uma das mais importantes páginas na história da colectividade. Nesse sentido, a campanha de 1937/38 marcaria, para a equipa e para o jogador, a estreia na 1ª divisão. Paralelamente ao mencionado feito, o atleta, que preferencialmente, do lado direito, ocupava a posição de interior ou de extremo, também faria parte do grupo de trabalho que, em 1937/38 e em 1938/39, venceria o “regional” de Setúbal. Tais destaques começariam a pô-lo nas “bocas do mundo” e Armando Ferreira, para a temporada de 1939/40, seria apresentado como reforço do Sporting.
Mesmo tendo em conta a pouca experiência do jogador, a verdade é que Ferreira depressa ganharia o seu lugar no “onze” leonino. Lançado na titularidade por Joseph Szabo, as boas exibições por si conseguidas depressa empurrariam o atacante para contextos de maior monta. A 28 de Janeiro de 1940, pela mão de Cândido de Oliveira, o jogador faria a estreia pela principal selecção de Portugal. Essa partida frente a França, disputada no Parc des Princes ao lado de Peyroteo, Francisco Ferreira, Mariano Amaro, Azevedo, entre outras estrelas do futebol luso, daria início a um trajecto que, em dois períodos com quase 8 anos de hiato, levaria o atleta a regressar à “camisola das quinas” e a entregar ao seu currículo 5 internacionalizações “A”.
Também com as cores do Sporting, Ferreira rapidamente começaria a saborear o sucesso. Após uma temporada inicial sem qualquer título colectivo, a campanha subsequente outorgar-lhe-ia ao palmarés pessoal as conquistas do Campeonato de Lisboa, do Campeonato Nacional e da Taça de Portugal. Aliás, a sua passagem pelos “Leões” caracterizar-se-ia pelos inúmeros triunfos. Nas 11 campanhas a envergar o listado horizontal verde e branco, o atacante, para além do já mencionado, contribuiria igualmente para as vitórias em 3 outros Campeonatos de Lisboa, em 4 Campeonatos Nacionais e em mais 2 Taças de Portugal.
No entanto, da sua longa experiência desportiva pelo Sporting não emergiriam apenas momentos de salutar. Os estudos, que o levariam a formar-se em Engenharia, e uma grave lesão num dos joelhos haveriam de pôr em causa toda a sua continuidade como praticante da modalidade. Durante vários anos, a sua presença em campo seria intermitente. Ainda assim, a qualidade que continuava a apresentar mantê-lo-ia como um membro útil ao grupo de trabalho e mesmo quando em alta já estava a linha ofensiva que ficaria conhecida como os “Cinco Violinos”, Armando Ferreira conservar-se-ia como a prioridade para substituir algum dos elementos do famoso quinteto.
Já nas últimas temporadas, ainda na condição praticante, ao serviço dos “Leões”, Ferreira começaria também a integrar as equipas técnicas. Tal vocação levá-la-ia consigo na volta ao FC Barreirense, aquando do regresso ao clube que o havia lançado na alta-roda do futebol luso, isto é, na temporada de 1950/51. Alguns anos após “pendurar as chuteiras”, o antigo avançado viria a dedicar-se, em exclusivo, às tarefas de técnico. Nessas funções, passaria pelas “escolas” e pela equipa principal Sporting. Outros destaques surgiriam identicamente com as suas ligações à Federação Portuguesa de Futebol, onde, para além das experiências nos juniores e “esperanças”, teria duas passagens à frente do conjunto “A.

1543 - PAULO MONTEIRO

Produto das “escolas” do Almada, emblema da sua terra natal, seria nessa mesma colectividade que Paulo Monteiro, no decorrer da época de 1982/83, faria a transição para o universo das competições seniores. A disputar a 3ª divisão, o médio que, tanto a interior, como a ala, ocupava preferencialmente o lado direito do sector intermediário, destacar-se-ia como uma das boas promessas do conjunto sediado na Margem Sul do Rio Tejo. Nesse sentido, as qualidades por si exibidas, nomeadamente a velocidade e a técnica, começariam a projectar para a sua, ainda curta, carreira voos de outra monta e o Atlético surgiria como o galgar de mais um degrau.
Ao transitar, ao lado de Galo, do Almada para o emblema a jogar em casa no Estádio da Tapadinha, Paulo Monteiro encetaria a temporada de 1984/85 nas pelejas do segundo escalão. Orientado inicialmente por Ruas, treinador de quem tinha recebido o convite para representar a agremiação de Alcântara, para mais tarde vir a ser conduzido por Jesualdo Ferreira, a evolução do jogador seria de tal forma espantosa que bastaria uma época para que novo desafio surgisse no seu caminho. Dessa feita, o repto viria do Belenenses e o atleta, ainda com o inglês Jimmy Melia à frente da equipa principal dos “Azuis”, faria a estreia na 1ª divisão.
Com a entrada no Restelo a acontecer na campanha de 1985/86, Paulo Monteiro depressa conquistaria um lugar no “onze”. Aliás, nos 7 anos a envergar a “Cruz de Cristo”, o médio, mesmo quando não era titular indiscutível, conseguiria ser sempre um dos mais utilizados do plantel. Nesse contexto, logo na primeira temporada a jogar pelo Belenenses, o atleta, já sob a intendência do belga Henri Depireux, marcaria presença no derradeiro desafio da Taça de Portugal. No Jamor entraria de início. Porém, frente ao Benfica, o seu lado terminaria a final derrotado por 2-0 e veria os rivais a deixarem o Estádio Nacional na posse do almejado troféu.
Indubitavelmente, os anos em que competiria pelo Belenenses, onde voltaria a partilhar o balneário com Galo, tornar-se-iam nos melhores do seu percurso desportivo. A prova do que acabo de dizer far-se-ia igualmente à custa das chamadas às equipas à guarda da Federação Portuguesa de Futebol. Com as cores lusas, no âmbito das disputas agendadas para os “esperanças”, Paulo Monteiro estrear-se-ia a 24 de Setembro de 1985. Na sequência da jornada frente à antiga Checoslováquia, seguir-se-iam, sempre no espaço dos actuais sub-21, outros desafios. Com especial destaque para a convocação para o afamado Torneio de Toulon, a edição de 1986 do mencionado certame, daria ao médio mais um par de presenças com a “camisola das quinas”, as quais, ao juntarmos à sua internacionalização pelos “olímpicos”, entregariam ao currículo do jogador um total de 5 partidas cumpridas por Portugal.
Voltando ao seu percurso clubístico, os anos a representar o Belenenses, para além do já mencionado, trariam ao atleta outros momentos de relevo. Algumas dessas contribuições emergiriam da campanha de 1987/88. Refiro-me ao Campeonato Nacional terminado no 3º posto ou à participação na Taça UEFA, durante a qual, apesar de eliminados pelos catalães, mas com Paulo Monteiro no “onze”, o Belenenses conseguiria, no Restelo, impor uma derrota ao FC Barcelona. Nessa senda de importantes ocasiões, sem esquecer a presença na decisão da Supertaça de 1989/90, o principal destaque acabaria por incidir na edição de 1988/89 da “Prova Rainha”, da qual, apesar da ausência do médio no jogo decisivo, os “Azuis” sairiam vencedores.
Em 1991/92, após ter ajudado o Belenenses a regressar ao escalão máximo, Paulo Monteiro terminaria a sua ligação ao emblema lisboeta. Seguir-se-ia uma época de bom nível ao serviço do primodivisionário Salgueiros e a transição, no começo de 1993/94, para o Sporting de Braga. No entanto, os 3 anos passados no Minho, apesar de manterem o atleta no convívio com os “grandes”, teriam uma avaliação aquém do esperado. Ao perder a preponderância de campanhas anteriores, o médio perderia o estatuto de titular. Já numa fase descendente da sua caminhada competitiva, com o currículo colorido por uma dezena de épocas na 1ª divisão, o médio regressaria aos palcos secundários, tendo representado, num trajecto que findaria com o termo das provas de 1998/99, o Estrela de Portalegre, o Atlético e os Pescadores da Costa da Caparica.

1542 - ELÓI

Depois dos primeiros passos dados na modalidade no Clube Recreio e Instrução, colectividade da sua natal Alhos Vedros, seria no FC Barreirense que, na temporada de 1937/38, Francisco Elói dos Santos, teria a oportunidade de estrear-se nas competições seniores. Orientado pelo húngaro Desiderio Hertzka e a partilhar o balneário com ilustres nomes do futebol luso, casos de Francisco Moreira ou Raul Jorge, o destaque merecido pelo defesa-central seria de tal ordem que emblemas de outra monta começariam a olhar para si como um hipotético bom reforço. Nesse contexto, seria do Benfica que emergiria a aposta na sua contratação e o jogador, em 1938/39, apareceria como reforço das “Águias”.
Apesar de ter representado um FC Barreirense primodivisionário, a verdade é que a exigência encontrada no Benfica faria com que o atleta ficasse na sombra de outros colegas. Tais dificuldades de afirmação levá-lo-iam a estrear-se na equipa principal dos “Encarnados” apenas no decorrer da campanha de 1939/40. A trabalhar sob a intendência do também magiar János Biri, Elói, que até aí somente tinha envergado as divisas do grupo das “reservas”, assumir-se-ia como um dos mais requisitados do plantel. Ao lado de Gaspar Pinto faria uma dupla temível no eixo da defesa das “Águias”, transformando-se, na época acima referida, num dos esteios dos triunfos alcançados pelo clube, nomeadamente a “dobradinha”.
Elói, por mais uma temporada, conseguiria manter-se como um dos titulares do “Glorioso”. Porém, a época de 1941/42 seria, em termos individuais, um pouco ingrata para o jogador. Talvez por razão desse recuo no que às presenças do “onze” diz respeito, o defesa-central, em 1942/43, decidiria apresentar-se como elemento do grupo de trabalho do Estoril Praia. No emblema da Linha de Cascais rapidamente assumiria um papel de relevo. Mesmo ao iniciar o seu percurso com “Canarinhos” ainda nas disputas do escalão secundário, a segunda época traria ao jogador outro dos momentos altos da carreira. Nesse ano, com o conjunto da Amoreira a vencer o Campeonato da 2ª divisão, também na Taça de Portugal os desempenhos da equipa seriam notáveis. Depois de ter marcado presença numa final ainda ao serviço do Benfica, o atleta, ao lado de Alberto de Jesus, Bravo, Petrak, Sbarra, entre outros, seria chamado por Augusto Silva à peleja agendada, dessa feita, para as Salésias. Infelizmente para os do seu lado, os oponentes terminariam o desafio como justos vencedores e o troféu sairia da contenda na posse das “Águias”.
Apesar do desaire no derradeiro encontro da aludida edição da “Prova Rainha”, a permanência de Elói no Estoril Praia dar-lhe-ia a oportunidade para entrar no rol de notáveis da história do clube. Muito para além das 14 temporadas cumpridas com a camisola dos “Canarinhos”, 8 delas no patamar máximo, o defesa-central, ainda que a partilhar o balneário com intérpretes de enorme monta no futebol português, casos de José Mota, Miguel Lourenço, Sebastião, Anselmo Pisa, para além dos mencionados no parágrafo anterior, conseguiria manter-se sempre como uma das principais figuras do colectivo a jogar em casa no Estádio António Coimbra da Mota. Tal importância seria fulcral noutros feitos da equipa, como são exemplos os 5º lugares alcançados em 1946/47 e 1948/49 ou o inolvidável 4º posto no Campeonato Nacional de 1947/48. Para além do registado, são igualmente incontornáveis as 4 temporadas – 1948/49; 1949/50; 1950/51; 1952/53 – em que seria totalista na prova mais relevante do calendário futebolístico luso e ainda as 178 jornadas onde, na aludida competição, marcaria presença e que fazem dele, atrás de Alberto de Jesus, no 2º atleta com mais partidas disputadas, pela formação sediada na Linha de Cascais, no degrau maior.

1541 - TARIK SEKTIOUI

Formado no Maghreb Fès, seria já no decorrer da primeira época como sénior, feita no referido emblema marroquino, que Tarik Sektioui viveria um dos grandes momentos da sua carreira desportiva. Muito para além da presença na selecção de Marrocos que, no final da campanha de 1996/97, disputaria e atingiria os oitavos-de-final do Campeonato do Mundo sub-20, o extremo, uns meses antes, seria igualmente chamado às pelejas do African U21 Championship de 1997. No certame organizado no seu país natal, o jovem atleta seria eleito o Melhor Jogador da competição e ajudaria, como a figura maior da sua equipa, à vitória no importante torneio.
O destaque merecido na última competição aludida faria com que emblemas de outra monta aferissem o jovem praticante como um intérprete de enorme potencial. Tal cobiça levaria o atacante a viajar até à Europa, onde rubricaria um contrato com os gauleses do Auxerre. Porém, a época de 1997/98, tal como a primeira metade da temporada seguinte, ficaria bem aquém das expectativas criadas em seu redor. Sem grande espaço no plantel a disputar a Ligue 1, a solução encontrada para a sua falta de utilização passaria pelo empréstimo e o extremo, como resultado de tal decisão, haveria de cumprir a primeira passagem por Portugal.
Após uma experiência discreta no Marítimo de 1998/99, o marroquino ingressaria no Neuchâtel Xamax. Curiosamente, tal como na época anterior, a segunda metade de 1999/00 levaria o avançado a envergar uma nova camisola. Como atleta do Willem II, mormente na temporada subsequente à da sua chegada aos Países Baixos, Tarik Sektioui começaria a patentear índices exibicionais próximos dos que haviam feito de si uma grande promessa. Tais prestações, sempre no escalão maior, transformá-lo-iam numa das boas figuras a actuar na Eredivisie. Já a transferência para o AZ Alkmaar transportá-lo-ia para outro patamar competitivo e logo na campanha de chegada ao novo emblema, onde passaria a ser treinado por Co Adriaanse, o jogador ajudaria o grupo de trabalho a atingir as meias-finais da edição de 2004/05 da Taça UEFA, ronda na qual os neerlandeses seriam eliminados pelo Sporting.
O final da campanha seguinte, passada sob o comando de Louis van Gaal e com Stjin Schaars como parceiro de balneário, traria ao jogador a 2ª posição do AZ Alkmaar no Campeonato de 2005/06 e a oportunidade de vogar na direcção de outro país. Nesse sentido, ao aceitar o desafio lançado pelo FC Porto, Tarik Sektioui, para a temporada de 2006/07, juntar-se-ia ao seu antigo técnico, Co Adriaanse. No entanto, os primeiros meses na “Cidade Invicta”, agravada a situação do marroquino pelo precoce despedimento do treinador, transformariam a transferência do atacante numa enorme decepção. Mais uma vez, a solução passaria por um empréstimo, o qual devolveria o extremo aos Países Baixos. Ainda assim, a opção pelo regresso às competições neerlandesas, nomeadamente com as cores do RKC Waalwijk, revelar-se-ia a mais acertada, pois Jesualdo Ferreira, após ter abdicado do jogador, dar-lhe-ia a oportunidade para acompanhar os “Dragões” na pré-temporada de 2007/08. Ora, contrariamente ao ocorrido anteriormente, o atleta, muito mais do que conquistar um lugar na equipa, conseguiria afirmar-se como um dos nomes com presença habitual no “onze” dos “Azuis e Brancos”. Essa preponderância fá-lo-ia ser uma das figuras das proezas alcançadas nesse novo retorno a Portugal e o avançado, ao juntar os títulos ganhos durante todo o período cumprido como membro da colectividade nortenha, passaria a contar no palmarés com as vitórias em 3 Campeonatos Nacionais e 1 Taça de Portugal.
Para ser rigoroso, há que referir a temporada de 2008/09 como de modesto proveito para Tarik Sektioui. Tais números fariam com que a ligação do extremo ao FC Porto terminasse com o fim da mencionada campanha. No seguimento da partida de Portugal, com o atacante a entrar nas derradeiras etapas da caminhada competitiva, o Ajman dos Emiratos Árabes Unidos e o regresso ao Maghreb Fès, ao serviço do qual venceria a CAF Confederation Cup de 2010/11, marcariam os seus dois últimos anos como futebolista.
Após “pendurar as chuteiras”, Tarik Sektioui manter-se-ia ligado ao futebol. Ao assumir-se como treinador, o antigo atacante demonstraria bons resultados. Principalmente ao serviço de equipas do seu país natal, entre as quais também podemos incluir o WAF, o Athletic Tétouan ou o Union Touarga, os títulos começariam a chegar ao seu currículo. Todavia, muito mais do que as vitórias na Coupe de Trône de 2016 ou na CAF Confederation Cup de 2019/20, troféus tomados respectivamente à frente do Maghreb Fès e do RS Berkane, há que sublinhar o trabalho efectuado com a selecção sub-23 de Marrocos, com a qual conquistaria a Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de 2024.

1540 - ABREU

Seria no Olhanense, depois de aí completar a formação, que Francisco Abreu faria a estreia como sénior. Essa temporada de 1950/51, com o emblema algarvio a competir na 1ª divisão, serviria para que o médio, ao lado de ilustres nomes do futebol português, casos de José Rita, Grazina ou Fernando Cabrita, conseguisse confirmar uma grande habilidade para a prática da modalidade. No entanto, seria bem mais a norte que o jogador viria a destacar-se como o intérprete de topo e a ida para Coimbra, onde viria a formar-se em Medicina, fá-lo-ia ingressar na Académica.
Mesmo não sendo um jogador ainda com uma grande experiência competitiva, a verdade é que Abreu, tal como tinha acontecido na época de estreia pela equipa principal do Olhanense, conseguiria impor-se como um dos titulares da “Briosa”. Orientado, nessa campanha de 1951/52, pelo argentino Oscar Tellechea, o médio, que, durante a carreira, também viria a posicionar-se como defesa, sublinhar-se-ia como um atleta possante, mas acima de tudo, como um elemento capaz de tratar a bola de forma distintamente superior. Nesse sentido, o jogador, nos anos seguintes, tornar-se-ia numa das figuras centrais do xadrez táctico idealizado pelos diferentes técnicos e conseguiria erguer-se à categoria dos notáveis da história dos “Estudantes”.
Ao partilhar o balneário com Mário Wilson, Bentes, Capela, Mário Torres, Melo, Curado, Augusto Rocha ou o seu irmão Leonel Abreu, a presença de Abreu, como um dos mais utilizados, ajudaria a alimentar a continuidade da Académica de Coimbra no convívio com os “grandes”. Tal preponderância, demonstrada durante anos a fio, haveria de ser justamente premiada com a chamada às equipas à guarda da Federação Portuguesa de Futebol. Nesse contexto competitivo, muito para além das disputas efectuadas sob a égide da divisa “militar”, o médio seria chamado às pelejas organizadas no âmbito da equipa “B” de Portugal. Frente a França, o atleta entraria em campo numa partida efectuada em território gaulês e a 24 de Março de 1957 adicionaria outra internacionalização ao currículo pessoal.
Todavia, numa carreira que teria a curiosidade de, enquanto sénior, nunca ter abandonado o escalão máximo do futebol português, Abreu com o aproximar do derradeiro terço dessa caminhada desportiva, começaria a perder alguma da preponderância competitiva que tinha usufruído em anos anteriores. Tal facto não impediria o jogador de inscrever o nome nos anais da Académica de Coimbra e as 11 temporadas passadas ao serviço da “Briosa”, às quais teremos ainda de adicionar a campanha cumprida com o listado rubro-negro do Olhanense, deteriam no resultado final um total de 159 presenças em jornadas do Campeonato Nacional da 1ª divisão, só com as cores dos “Estudantes”.

1539 - MÁRIO WILSON

Depois de passar pelas camadas de formação do Belenenses e da Académica de Coimbra, Mário Valdez Wilson, filho de “Velho Capitão” Mário Wilson, teria a oportunidade de estrear-se na 1ª divisão ao serviço do Leixões. No emblema de Matosinhos, o médio, lançado por António Teixeira, daria os primeiros passos entre os “grandes” do futebol luso. No entanto, a falta de experiência levá-lo-ia a conquistar poucas oportunidades e o jogador, finda a temporada de 1973/74, regressaria à “Cidade dos Estudantes”.
De novo ao serviço da “Briosa”, agora inserido na equipa principal, Mário Wilson mais uma vez demonstraria algumas dificuldades em expor toda a sua habilidade. Seguir-se-ia a entrada no plantel de 1975/76 do Atlético, que levaria o atleta, logo à chegada à Tapadinha, a encetar uma fase bem mais proveitosa da carreira. A manter-se na 1ª divisão, num grupo de trabalho orientado pelo técnico Carlos Silva, o jogador, contrariamente ao ocorrido nos anos anteriores, conseguiria impor-se no “onze”. Daí em diante, enquanto membro da colectividade sediada no bairro de Alcântara, o centrocampista destacar-se-ia como um intérprete de enorme capacidade técnica e com uma habilidade de passe superior à dos demais colegas de equipa.
As exibições de bom nível, conseguidas pelo Atlético, levá-lo-iam a ser cobiçado por outra agremiação lisboeta. No entanto, a envergar a camisola do Benfica a partir de 1977/78, o médio daria de caras com um sector intermediário recheado de estrelas. Ultrapassado nas escolhas de John Mortimore por Toni, Shéu e Vítor Martins, ainda assim, a campanha de entrada na Luz seria, em termos individuais, a mais proveitosa. Reconhecidas todas as competências referidas no parágrafo anterior, a verdade é que Mário Wilson seria amiúde apontado como um elemento sem a garra necessária para vingar de “Águia” ao peito. Tal facto faria com que, durante as 3 temporadas ao serviço dos “Encarnados”, pouco jogasse e com o clube alfacinha a atravessar uma fase mais discreta, o centrocampista deixaria o “Glorioso” sem conquistar qualquer título colectivo.
A Académica de Coimbra, dando continuidade à sua caminhada no escalão maior, recebê-lo-ia como reforço para a campanha de 1980/81. No entanto, de volta à Beira Litoral, o médio, no final da época referida, acabaria por enfrentar a despromoção da equipa. A descida empurrá-lo-ia, pela primeira vez na carreira sénior, para o contexto competitivo da 2ª divisão. Já o regresso ao degrau maior do futebol luso surgiria bem longe dos “Estudantes”. Ao serviço do Farense a partir de 1983/84, Mário Wilson, sem abandonar o estatuto de titular recuperado nos 3 anos com as cores da colectividade conimbricense, destacar-se-ia como um dos bons nomes a actuar no sector intermediário dos algarvios. Porém, a época seguinte à da sua chegada traria ao seu percurso um novo desaire colectivo, com os “Leões de Faro” a falhar o objectivo da manutenção. Daí em diante, o atleta não mais regressaria ao patamar máximo e depois de vestir as cores do Estoril Praia, onde seria treinado pelo seu pai, o jogador retornaria ao Barlavento.
A aproximar-se do termo da carreira enquanto futebolista, Mário Wilson, na temporada de 1986/87 assinaria pelo Louletano. Novamente no Algarve, o médio, em 1988/89, ainda viria a unir-se ao Almancilense, época onde passaria a desempenhar as funções de treinador/jogador. Como curiosidade, falta mencionar a informação fornecida pelo “site” da Federação Portuguesa de Futebol que dá o jogador, após dois longos hiatos, como elemento dos planteis do Oeiras de 1994/95 e de 2001/02.

1538 - LARA

Natural de Madrid, Francisco Luis Lara Aguayo daria os primeiros passos no escalão sénior, bem longe da capital espanhola. Na equipa principal do Xerez a partir da temporada de 1939/40, o avançado, ainda sem uma experiência competitiva relevante, terminaria a época sem grandes oportunidades no conjunto às ordens do treinador Manuel Travieso. Mantendo-se o atleta ao serviço da mesma colectividade e continuando na disputa do escalão secundário, a campanha seguinte, durante a qual passaria a figurar no “onze” tipo do emblema andaluz, seria bem mais proveitosa para o extremo. No entanto, contra aquilo que supostamente seriam as tendências, o termo das provas agendadas para 1940/41 levariam à separação do atacante com o clube e à mudança de rumo na sua carreira.
Por certo à procura de conseguir mais tempo em campo, Lara aceitaria descer alguns patamares competitivos e haveria de rubricar um novo contrato com o Atlético Tetuán. Os dois anos, cumpridos na cidade agora pertencente a Marrocos, serviriam para que o avançado voltasse às pelejas do escalão secundário e logo com as cores de um histórico. Todavia, como já tinha acontecido anteriormente, o jogador revelaria sérias dificuldades adaptativas e a passagem pelo plantel de 1945/46 do Salamanca seria curta e, de certo modo, infrutífera.
Seguir-se-iam, alternando as experiências entre o segundo e o terceiro patamar de Espanha, as suas incursões no Cartagena, Girona e Orensana. Mesmo sendo um atleta com traquejo suficiente para almejar a outros voos, a verdade é que para Lara a presença no escalão máximo do futebol de “nuestros hermanos” não haveria de passar de uma miragem. Então, já no decorrer da temporada de 1951/52, o avançado receberia o convite que finalmente haveria de levá-lo ao patamar maior. Sem grandes chances no seu país natal, o atleta, à beira de completar 30 anos de idade, veria o Vitória Sport Clube a endereçar-lhe um convite. Em Guimarães, o extremo por fim conseguiria estrear-se numa divisão principal. Lançado pelo técnico húngaro Sándor Peics, o atacante conseguiria agarrar um lugar no sector mais ofensivo do emblema minhoto e com a partida inicial a acontecer por ocasião da 7ª ronda do Campeonato Nacional, o jogador tornar-se-ia no primeiro estrangeiro de sempre a envergar a camisola dos “Conquistadores”.
Mesmo rodeado de craques de enorme tradição no futebol português, casos de António Teixeira, Franklim, Cesário, Eduardo Cerqueira, José Brioso, Francisco Costa, Silveira, Caraça, entre tantos outros, Lara manteria bastante destaque nas manobras tácticas do Vitória Sport Clube. A exemplo dessa preponderância, o atacante seria uma das caras da campanha de 1952/53 e que levaria o conjunto da “Cidade Berço” até às meias-finais da Taça de Portugal. No entanto, tendo entrado na “casa dos trintões”, o espanhol começaria a aproximar-se do fim da caminhada enquanto praticante. Nesse sentido, o final da sua carreira de futebolista surgira, ainda ao serviço da agremiação minhota, com o termo das provas planeadas para 1954/55. Ainda assim, o antigo avançado não deixaria de vez a modalidade e abraçaria, de regresso a Espanha, as funções de treinador. Nas demandas de um técnico, o seu trajecto também seria erguido essencialmente de divisas a militar nos escalões secundários e temos, como modelo desse percurso, as suas passagens por Puerto Real, Jerez Industrial, o regresso ao Xerez, Chiclana ou o Balón de Cádiz.

1537 - CHICO SILVA

Revelado pelo Vianense, onde viria a terminar o percurso formativo, Chico Silva subiria à categoria principal da histórica agremiação minhota na temporada de 1985/86. Mesmo a jogar entre os segundo e terceiro escalões, o defesa-lateral conseguiria erguer exibições suficientemente positivas para chamar a atenção de emblemas com outras ambições. Transferido para o Sporting de Braga, o jogador estrear-se-ia na 1ª divisão pela mão do treinador Vítor Manuel e logo nessa campanha de 1988/89, mesmo sem qualquer traquejo no escalão máximo, o esquerdino conseguiria impor-se como um dos atletas mais utilizados do plantel.
Daí em diante, sempre a actuar pelo conjunto da “Cidade dos Arcebispos”, Chico Silva continuaria a cimentar-se como um dos esteios da equipa. Titular nas primeiras 3 temporadas, a campanha de 1991/92 viria a tornar-se, não digo num ponto de viragem na sua carreira, mas a mudar um pouco a preponderância que até aí vinha a auferir no delinear dos esquemas tácticos idealizados pelos técnicos à frente do grupo de trabalho bracarense. Ainda assim, o jogador não deixaria de ser importante no cumprir das metas colectivas. Nesse campo, com o Sporting de Braga longe das épocas mais faustosas do seu historial, o defesa-esquerdo manter-se-ia como um elemento relevante e ajudaria a cumprir as épocas, mais ou menos, tranquilas que os “Guerreiros” fariam ao longo da longa passagem do atleta pelas cores dos “Arsenalistas”.
Depois de 8 temporadas consecutivas ao serviço do Sporting de Braga, a campanha de 1996/97 voltaria a marcar uma nova mudança no rumo da sua caminhada profissional. Ao mudar-se para o Beira-Mar, Chico Silva, ao passar a discutir o Campeonato Nacional da 2ª divisão, afastar-se-ia de vez do convívio com os “grandes”. A sua vivência no Estádio Mário Duarte seria curta e o atleta, passado apenas um ano sobre a chegada a Aveiro, ingressaria no Gil Vicente. De regresso ao Minho, mas mantendo-se nas disputas secundárias, o defesa-lateral encontrar-se-ia com Lila, antigo colega no Vianense. Tirando essa curiosidade, a sua passagem por Barcelos não traria muito mais à sua caminhada. Seguir-se-ia, naquela que terá sido a fase mais errante da sua carreira, a mudança para o Sporting de Espinho e, cumpridos um par de anos com o listado preto e branco dos “Tigres da Costa Verde”, o jogador transferir-se-ia para o Vizela.
Já nos últimos capítulos da caminhada enquanto praticante, Chico Silva decidiria, na campanha de 2002/03, regressar à sua cidade natal e ao clube onde tinha feito a formação futebolística. No Vianense, numa espécie de fecho de ciclo, o defesa tomaria a decisão de deixar as funções de atleta e com o termo das provas agendadas para 2003/04 viria a “pendurar as chuteiras”.

1536 - ARCANJO

Natural de Olhão, Joaquim Arcanjo daria os primeiros passos no futebol com as cores do Sport Faro e Benfica. Ainda no Algarve, ao destacar-se como avançado, o jovem jogador despertaria a atenção da “casa mãe” e na temporada de 1961/62 viajaria para Lisboa. Na Luz daria continuidade às boas prestações e numa altura em que já era habitual vê-lo nas “reservas” das “Águias”, seria chamado a envergar a “camisola das quinas”. Integrado nos juniores lusos, o atacante, a 17 de Fevereiro de 1963, entraria em campo ao lado de outros jovens que também acabariam por brilhar no desporto luso, casos de Godinho, Melo ou Guerreiro. Depois desse encontro frente a França, o atleta, sempre no escalão agora denominado como sub-18, ainda teria mais oportunidades para representar a selecção e acabaria a preencher o currículo com 4 internacionalizações por Portugal.
Ao subir à equipa principal do Benfica no decorrer da campanha de 1964/65, Arcanjo, pela mão do romeno Elek Schwartz, estrear-se-ia na 1ª divisão. Essa partida, uma estrondosa goleada por 11-3 frente ao Seixal, em que o avançado inauguraria o placard, dar-lhe-ia a oportunidade de integrar a lista de vencedores do Campeonato Nacional. Porém, apesar do título a colorir-lhe o palmarés, a sua situação de elemento pouco ou nada utilizado manter-se-ia. Tal ocaso faria com que os responsáveis directivos do clube “alfacinha” envolvessem o atleta, ao lado de Pedras e do já referido Guerreiro, no negócio da vinda de Jaime Graça para os “Encarnados” e desse modo, no começo da época de 1966/67, o jovem praticante seria apresentado como reforço do Vitória Futebol Clube.
A mudança para o emblema sediado na cidade de Setúbal não traria resultados imediatos. Só na época de 1968/69 é que o avançado, numa campanha em que seria o melhor marcador da equipa no Campeonato Nacional, começaria a ser tido como um elemento a ter em conta para o “onze” inicial. Nessa mesma época participaria também na brilhante campanha do Vitória Futebol Clube na Taça das Cidades com Feira. Nessa edição da prova, na qual os “Sadinos” chegariam aos quartos-de-final, Arcanjo marcaria golos em todas as rondas e ajudaria a eliminar o Olympique Lyon e a Fiorentina. Aliás, seria nas competições de índole continental que o atacante viveria grandes momentos competitivos. Sempre na competição já aludida neste parágrafo, o jogador, em 1969/70, ajudaria a afastar o Liverpool, para na época seguinte participar em nova caminhada até aos quartos-de-final. Já a competir na Taça UEFA, o atleta continuaria a ter um papel preponderante no galgar das eliminatórias e em 1972/73 e em 1973/74, ao participar nos triunfos frente a Fiorentina, Inter Milan ou Leeds United, por mais duas vezes atingiria os quartos-de-final.
Naquela que foi a época áurea dos “Sadinos”, Arcanjo, sob a intendência de José Maria Pedroto, ainda teria a oportunidade de disputar a final da Taça de Portugal de 1972/73. No entanto, depois de uma época menos conseguida, o atacante, sem sair da 1ª divisão, passaria a campanha de 1974/75 ao serviço do Atlético. Mesmo tendo voltado ao Estádio do Bonfim após o ano cumprido na Tapadinha, a verdade é que só a temporada de regresso é que mostraria o avançado a exibir-se de forma condizente com períodos anteriores. Talvez por essa razão, a sua ligação ao Vitória Futebol Clube concluir-se-ia com o termo das provas agendadas para 1976/77. Ainda assim, retornaria à actividade e inscrito como treinador/jogador apareceria à frente do Coruchense e do Campinense, respectivamente em 1978/79 e 1980/81.

1535 - CACHEIRA

Seria ainda como membro das “escolas” do Leixões que António Cacheira seria chamado às jovens equipas a trabalhar sob a guarda da Federação Portuguesa de Futebol. Convocado aos juniores, o defesa-direito, a 5 de Dezembro de 1969, entraria em campo ao lado de nomes como Laranjeira, Gregório Freixo, João Cardoso ou Edmundo Duarte. Essa partida, disputada no Estádio das Antas frente à Suíça, seria o primeiro passo de um trajecto que daria, alguns anos mais tarde, nova internacionalização ao jogador. Dessa feita, ao serviço do conjunto de “esperanças”, o atleta apresentar-se-ia no Estádio do Restelo e a 29 de Março de 1973 representaria Portugal frente a Itália.
No que concerne ao percurso clubístico, Cacheira subiria à equipa principal do Leixões no decorrer da campanha de 1970/71. Com a colectividade de Matosinhos na disputa da 1ª divisão, o defesa-direito, pela mão de António Medeiros, estrear-se-ia no patamar máximo à 10ª jornada do Campeonato Nacional. Daí em diante, mesmo sem ser um titular indiscutível, o “Bebé do Mar” progressivamente cimentaria o seu lugar no plantel. No entanto, após 5 temporadas a ajudar à manutenção do clube entre os “grandes”, o jogador, no seguimento daquela que terá sido a sua melhor época feita com o listado alvirrubro, decidiria mudar de rumo e em fim de contrato haveria rubricar uma ligação com o Varzim.
Apesar de descer um patamar competitivo, a mudança de insígnia estaria directamente relacionada com a contratação de António Teixeira, seu antigo treinador no Leixões, para o comando técnico dos “Lobos-do-mar”. Na Póvoa, onde chegaria ao lado de Horácio e de Montóia, atletas igualmente saídos do Estádio do Mar, o defesa, inserido na edição de 1975/76 da 2ª divisão, ajudaria o clube a sagrar-se campeão no referido patamar. O mencionado título empurraria o Varzim e o jogador para o regresso ao degrau maior do futebol luso. Nessa senda, como um dos elementos mais vezes arrolado para o “onze”, as épocas seguintes à da sua entrada na nova colectividade dar-lhe-iam a oportunidade de gravar o nome num dos grandes feitos da história da agremiação. Num grupo de trabalho recheado de figuras de monta no contexto do “desporto rei” português, casos de Francisco Mário, Jesus, Festas, Washington, Guedes, Albino, José Domingos ou os nomes indicados nas linhas inicias deste parágrafo, o defesa seria de fulcral importância para a melhor classificação de sempre do emblema poveiro, isto é, o 5º posto alcançado na tabela do Campeonato Nacional.
As boas prestações conseguidas ao serviço do Varzim, onde chegaria a ostentar com a braçadeira de capitão, levá-lo-iam a dar novo salto no trajecto desportivo. Mais uma vez atrás do treinador António Teixeira, Cacheira entraria no Estádio do Bessa como reforço para a temporada de 1980/81. Porém, mesmo a atingir bons números na primeira campanha a exibir-se pelo Boavista, a ligação aos “Axadrezados” apenas duraria mais uma época. Apesar desse facto, o defesa não deixaria a colectividade portuense sem participar noutro momento inesquecível e a vitória caseira por 4-1, a contar para a Taça UEFA de 1981/82, tornaria o embate frente aos espanhóis do Atlético Madrid num dos episódios de cariz inolvidável, vivido pelo jogador com as “Panteras Negras”.
A temporada de 1982/83, a 12ª cumprida pelo atleta na 1ª divisão, seria passada, mais uma vez a desafio de António Teixeira, no Funchal. Todavia, a época com as cores do Marítimo ficaria aquém dos desempenhos alcançados em anos anteriores. Após a experiência na Madeira, existe um par de campanhas em que não consegui encontrar qualquer registo da sua passagem pelo futebol. Se se tratou de um período sabático ou se a omissão é apenas falta de informação, não sei dizer-vos. Para ajudar a decifrar tal enigma, posso assegurar-vos que, no “site” da FPF, o tal período também aparece em branco. Por outro lado, o que parece ser certo é a sua integração no plantel de 1985/86 do Lavrense e a decisão de “pendurar as chuteiras” no fim da época cumprida nos “distritais” do Porto. De seguida emergiria a sua carreira de treinador, o regresso ao Varzim, as funções desempenhadas como adjunto na equipa principal e principalmente o excelente trabalho realizado durante os imensos anos nas camadas de formação do emblema poveiro.

1534 - VAN DER STRAETEN

Após terminar o percurso formativo nas “escolas” do KVC Jong Lede, seria com as cores do do referiemblema do norte da Bélgica que Yves van der Straeten, na temporada de 1987/88, iniciaria o percurso como sénior. Guarda-redes de bons predicados, não tardaria muito até começar a chamar a atenção de outros conjuntos. A evolução promissora, revelada logo durante os primeiros anos da carreira, faria com que o RC Malines decidisse endereçar-lhe um convite. Ao aceitar o repto, a mudança dar-se-ia na campanha de 1990/91. Porém, apesar da egrégia existência do seu novo clube, a verdade é que o guardião haveria de apanhar a colectividade numa fase menos boa da sua história. Ainda assim, a passagem pela 2ª divisão do seu país natal daria frutos e o atleta, sensivelmente 3 anos após chegar à agremiação da Flandres, subiria de patamar competitivo.
A chegada ao Royal Antwerp como reforço para a temporada de 1993/94, não só abriria as portas do escalão maior ao jogador, como, num altura em que já era visto como um dos elementos mais preponderantes do plantel, daria ao guardião visibilidade suficiente para que da Royal Belgium Football Association começassem a olhar para si como um elemento a ter em conta. Nesse sentido, após ter jogado 1 vez pela equipa “B”, van der Straeten seria convocado ao conjunto principal. Arrolado por Wilfried Van Moer, o jogador, a 24 de Abril de 1996, teria a oportunidade de, pela primeira vez, ser chamado a sentar-se no banco de reservas. Curiosamente, depois desse amigável frente à Rússia, o atleta, especificamente em Maio de 1996, Outubro de 2000 e Março de 2003, voltaria a aparecer na lista de eleitos a representar a selecção. Todavia, a sorte não estaria do lado do guarda-redes e em nenhuma dessas situações conseguiria passar da condição de suplente não utilizado.
No que concerne ao percurso clubístico, van der Straeten, com a titularidade perdida na Bélgica, acabaria por trocar, sensivelmente a meio da campanha de 1996/97, o Royal Antwerp pelo Marítimo. No Funchal depressa asseguraria um lugar no “onze” do conjunto madeirense e ao estrear-se, pela mão de Manuel José, à 15ª jornada do Campeonato Nacional, depressa conquistaria um lugar de destaque. Daí em diante, nas 3 épocas e meia em que o jogador representaria o emblema insular, seriam raras as vezes em que a baliza dos “Leões do Almirante Reis” a ele não haveria de ser entregue. Como “dono” da posição mais recuada no rectângulo de jogo, o guardião transformar-se-ia num dos principais responsáveis por alguns dos marcos atingidos pelos “Verde-rubro”. Um dos melhores exemplos seria o 5º lugar na tabela classificativa de 1997/98 e o apuramento para a Taça UEFA do ano seguinte, prova na qual, frente aos ingleses do Leeds United, o conjunto luso seria eliminado apenas no desempate por grandes penalidades.
Ao deixar o Marítimo com o termo das provas agendadas para a campanha de 1999/00, Yves van der Straeten regressaria à Bélgica e ao patamar máximo daquele país. Seguir-se-ia, então, o Lierse, emblema que, ao defender por meia dúzia de épocas, haveria de tornar-se na insígnia mais representativa da sua caminhada enquanto praticante. Mais tarde ainda vestiria as cores do SK Berlare, colectividade onde faria a transição para o papel de treinador. Nessas funções, o antigo guarda-redes tem trabalhado nas provas organizadas no seu país, onde também já orientou agremiações como o Eendracht Zele, o KSV Temse ou o KRC Gent.

1533 - FERREIRA PINTO

Tal como o seu irmão mais velho, José Ferreira Pinto, uns anos antes, Fernando sairia do Sporting de Benguela para viajar até à metrópole, onde viria a juntar-se ao Sporting Clube de Portugal. Nos “Leões” lisboetas a partir do final da temporada de 1960/61, campanha na qual apenas representaria as “reservas”, a estreia na equipa principal ficaria guardada para a época seguinte. Pela mão de Juca, a 31 de Dezembro de 1961, o jogador entraria em campo numa peleja a contar para a Taça de Portugal, a opor os “Verde e Brancos” ao Cova da Piedade. Porém, essa partida não teria, de forma regular, grande continuidade. Mesmo revelando uma enorme polivalência, característica a permitir-lhe jogar em qualquer sector, o atleta seria poucas vezes chamado à primeira categoria e nos anos vindouros por tornar-se-ia num dos nomes habituais, mas do conjunto secundário.
Apesar de pouco utilizado nos primeiros anos de “Leão” ao peito, Fernando Ferreira Pinto acabaria por marcar presença naquela que haveria de ser a caminhada mais importante da história sportinguista. Chamado pelo brasileiro Gentil Cardoso à recepção aos cipriotas do APOEL Nicósia, o atleta, a posicionar-se como atacante, contribuiria com 2 remates certeiros para a estrondosa goleada por 16-1. No entanto, muito para além da participação naquele que é, ainda hoje, o resultado mais desnivelado numa competição sob a égide da UEFA, o atleta, na sequência da partida mencionada, também contribuiria para a inolvidável vitória na edição de 1963/64 da Taça dos Vencedores das Taças.
No que diz respeito a conquistas, o palmarés de Ferreira Pinto não ficaria cingido ao troféu referido no parágrafo anterior. Numa altura em que, no meio-campo da equipa principal, era presença habitual nas fichas de jogo, o atleta transformar-se-ia numa das figuras de maior monta na vitória do Campeonato Nacional de 1965/66. Contudo, o protagonismo conquistado praticamente terminaria com o triunfo naquela que é a prova mais importante no calendário luso. Na época subsequente, o jogador regressaria à condição de suplente e tal retrocesso fá-lo-ia procurar um novo rumo para a caminhada desportiva.
Seguir-se-ia, sem deixar a 1ª divisão, o ingresso na Sanjoanense. Com a entrada nos “Alvinegros” a acontecer na temporada de 1967/68, Ferreira Pinto cimentar-se-ia como um dos titulares da equipa. A jogar essencialmente como médio-ofensivo, o atleta tornar-se-ia de fulcral importância para os desenhos tácticos de Monteiro da Costa e, na campanha seguinte, de Manuel Oliveira. Ainda assim, as suas exibições seriam insuficientes para evitar, com o termo das provas planeadas para 1968/69, a despromoção da equipa. Pior ainda, seria com a aludida descida de escalão que começariam as minhas dúvidas sobre um pequeno trecho da sua carreira. Nesse sentido, tenho algumas fontes a garantirem a sua continuidade na agremiação de São João da Madeira em 1969/70, enquanto outras dão-no como elemento do plantel do Tramagal. Terá dividido a época pelas duas equipas? Não sei. Curiosamente, li também referências à sua passagem pela localidade ribatejana, mas como tendo acontecido em 1970/71!
Certo seria a sua entrada no plantel de 1970/71 do Farense. No emblema algarvio, Ferreira Pinto, para além de voltar a trabalhar sob a orientação de Manuel Oliveira, também retornaria ao patamar primodivisionário. Aliás, o seu regresso ao convívio com os “grandes” seria suficiente para pôr o jogador no quadro de notáveis do emblema sulista, pois essa época de chegada ao Estádio de São Luís coincidiria com estreia dos “Leões de Faro” no escalão maior. Seguir-se-ia, após duas épocas como titular no colectivo do Sotavento, nova mudança de rumo, com o Sacavenense de 1972/73, onde passaria a ser treinado pelo irmão mais velho, José Ferreira Pinto, e onde viria a partilhar o balneário com Cuca, o irmão mais novo, a emergir como um novo passo na caminhada competitiva do atleta. Depois apareceria a viagem transatlântica e a milionária North American Soccer League, competição na qual integraria os grupos de trabalho de 1973 e de 1974 dos Toronto Metros.