Ainda como elemento das camadas jovens do Benfica, João Fernando Mendes Ramalho seria chamado aos trabalhos das jovens equipas à guarda da Federação Portuguesa de Futebol. Com a estreia a acontecer, pela mão de José Augusto, a 11 de Novembro de 1971, essa partida frente à Suíça, a contar para o calendário competitivo dos juniores, serviria para encetar um trajecto que levaria o atleta, entre os agora denominados sub-18 e sub-21, a somar ao currículo um total de 6 internacionalizações com a “camisola das quinas”.
Apesar de revelar qualidades promissoras, a verdade é que defesa-direito, por altura da sua subida ao patamar sénior, veria os seus caminhos barrados por atletas bem mais experientes. Tapado por Artur Correia ou Malta da Silva, o jogador decidiria deixar a Luz para, mais a norte, tentar a felicidade. Nesse sentido, ao entrar no plantel do Beira-Mar como reforço para a temporada de 1972/73, Ramalho logo conseguiria afirmar-se como um dos pilares do grupo de trabalho inicialmente às ordens de Orlando Ramín. Ao caracterizar-se como um praticante aguerrido e muito cumpridor relativamente aos aspectos tácticos do jogo, nem a baixa estatura viria a impedir a sua afirmação. Daí em diante transformar-se-ia num pilar do conjunto aveirense e, numa carreira deveras positiva, constituir-se-ia como um dos titulares dos emblemas a darem seguimento à sua caminhada desportiva.
Seguir-se-ia o Vitória Sport Clube. Com a entrada na agremiação sediada em Guimarães a acontecer em 1974/75, Ramalho depressa conquistaria um lugar no “onze” ordenado por Mário Wilson. Como um dos indiscutíveis da equipa, o lateral-direito manteria esse estatuto na época seguinte. Já sob a alçada de Fernando Caiado, o atleta tornar-se-ia numa das peças fundamentais da caminhada dos minhotos até à final da Taça de Portugal de 1975/76. Para infelicidade do jogador, depois de ter participado em várias eliminatórias da prova, inclusive na ronda que ditaria o afastamento do Sporting, o defesa não marcaria presença no derradeiro encontro da competição, a qual acabaria por ser vencida pelo Boavista.
Tirando as características competitivas, Ramalho também ficaria conhecido pela sua personalidade forte e íntegra. Tais predicados levá-lo-iam a envergar a braçadeira de capitão. Porém, seriam mesmo os aspectos desportivos a entregá-lo à galeria de notáveis do Vitória Sport Clube. Para tal, em muito contribuiriam as 9 temporadas passadas no emblema da “Cidade Berço” e, acima de tudo, as 222 partidas disputadas no Campeonato Nacional, número que ainda hoje faz dele um dos nomes com mais presenças, pelos vimaranenses, naquela que é a prova de maior monta no calendário futebolístico português.
A longa ligação à colectividade minhota conheceria o fim com o termo da temporada de 1982/83 e depois de contribuir, com o 4º lugar conseguido no Campeonato Nacional, para o apuramento para a Taça UEFA. De regresso ao distrito de Aveiro, Ramalho, já a aproximar-se dos derradeiros capítulos da caminhada enquanto praticante, ingressaria no Sporting de Espinho. Nos “Tigres da Costa Verde”, o defesa-direito cumpriria a sua 12ª campanha no patamar maior do futebol luso. Daí em diante, com uma época em cada agremiação, o lateral ainda envergaria as camisolas do Felgueiras e do Varzim. Na Póvoa, com a época de 1985/86 a assinalar a conclusão da sua caminhada desportiva, o jogador ainda ajudaria ao regresso dos “Lobos-do-mar” ao escalão máximo.
Filho de Abílio, membro do plantel primodivisionário do Torreense que disputaria a campanha de 1964/65, Bruno Vaza Ferreira também seguiria as pisadas do pai e na temporada de 1988/89, após já ter participado em pelejas agendadas para as “reservas”, faria a estreia pelo conjunto principal sediado na Região Oeste. A chegada à primeira equipa, numa altura em que ainda era júnior, aconteceria pela mão de Mário Wilson. Ao lado de jovens nomes como Filipe, Sérgio Santos ou, ligeiramente mais tarde, a partilhar o balneário com Hélder Batista, o médio-centro depressa começaria a revelar-se como um nome importante para as estratégias tácticas dos diferentes treinadores. Já no decorrer da época de 1990/91, o jogador assumir-se-ia como um dos esteios do grupo de trabalho e, depois do 3º lugar conseguido na divisão de Honra, o atleta sublinhar-se-ia como uma das grandes figuras da subida ao escalão máximo.
Orientado por Manuel Cajuda, a agenda de 1991/92 dar-lhe-ia a estreia na 1ª divisão. Porém, os desempenhos colectivos, um pouco a par das prestações individuais do atleta, seriam modestos demais para que o objectivo da manutenção fosse cumprido. Com a despromoção, Bruno manter-se-ia fiel ao clube. Ainda assim, mesmo com o Torreense afastado dos palcos principais do futebol luso, o médio continuaria a evoluir positivamente e realizadas duas campanhas no escalão secundário, o jogador veria um emblema de outra monta a interessar-se pela aquisição do seu passe. Nesse sentido, numa altura em que já tinha sido chamado aos trabalhos da selecção de “esperanças”, a mudança para o Sporting de Braga, onde voltaria a encontrar-se com o treinador mencionado no começo deste parágrafo e também com Hélder, traria outros horizontes à sua carreira e, por consequência, o centrocampista, com a camisola dos “Arsenalistas”, acabaria a viver os melhores anos da sua caminhada competitiva.
Mantendo-se como um dos homens mais utilizados desde a chegada, o primeiro momento alto vivido por Bruno na “Cidade dos Arcebispos”, seria como resultado do 4º posto conseguido com o termo do Campeonato Nacional de 1996/97 e com a consequente qualificação para as provas de índole continental. Inserido o Sporting de Braga na Taça UEFA de 1997/98, Bruno, depois da estreia frente aos neerlandeses do Vitesse, participaria em todas as restantes partidas do conjunto minhoto e ajudaria os “Guerreiros”, com um golo na ronda a opor a sua equipa ao Dínamo Tbilisi, a atingir a 3ª eliminatória da competição, na qual viriam a ser eliminados pelos germânicos do Schalke 04. Já no que diz respeito ao calendário nacional, sem sair da última campanha aludida, o maior destaque iria para a Taça de Portugal. Com os “Arsenalistas” a chegarem ao derradeiro desafio da prova, o médio-centro, escalonado pelo espanhol Alberto Pazos, sairia do banco de suplentes para entrar no jogo frente ao FC Porto. Infelizmente para si e para os seus colegas, os “Dragões” seriam mais forte e o almejado troféu sairia do Jamor em direcção aos escaparates das Antas.
Na temporada seguinte à da partida disputada no Estádio Nacional, para além da presença na Taça dos Vencedores das Taças, Bruno voltaria a participar noutra final. Dessa feita a contar para a Supertaça de 1997/98, o jogador, já a trabalhar na intendência de Vítor Oliveira, também seria chamado à referida contenda. O médio, a marcar presença em ambas as mãos, não veria o FC Porto a facilitar a discussão com o Sporting de Braga e depois da derrota pela margem mínima na ronda inicial, o empate verificado com o termo da partida agendada para o Estádio 1º de Maio, mais uma vez deixaria fugir o troféu para a “Cidade Invicta”.
Ao envergar apenas duas camisolas durante a caminhada competitiva, Bruno manter-se-ia ligado ao Sporting de Braga durante 7 temporadas consecutivas. No entanto, nos últimos anos passados pelo jogador no Minho, uma grave lesão acabaria a precipitar o fim da sua carreira. Ainda assim, o médio regressaria ao Torreense para um derradeira campanha e com o termo da época de 2001/02, com 31 anos apenas, o atleta tomaria a decisão de “pendurar as chuteiras”.
Com a formação terminada no 1º Maio Futebol Clube Sarilhense, Hilário Fernandes Gomes, já com algumas épocas cumpridas nas disputas do calendário sénior, começaria a despertar a atenção de outros emblemas da Margem Sul do Rio Tejo. Nesse sentido, em 1978/79, o médio-defensivo seria apresentado como reforço do plantel do Grupo Desportivo da Quimigal, nova denominação para a antiga CUF.
Ainda a militar nos escalões secundários, após 4 campanhas no emblema sediado no Lavradio, onde partilharia o balneário com nomes conceituados do futebol português, casos de Oliveira, Vítor Pereira, Fernando Vicente, Crisanto ou Barradas, Hilário transitaria para o FC Barreirense. Com o listado branco e vermelho a partir da temporada de 1982/83, mesmo longe dos principais holofotes futebolísticos, o jogador conseguiria valorizar-se como um praticante de entrega inabalável. Esse acréscimo na sua cotização fá-lo-ia ser cobiçado por colectividades a lutar por objectivos de maior monta e a 1ª divisão, numa evolução deveras positiva, finalmente chegaria à caminhada competitiva do atleta.
As portas do escalão máximo ser-lhe-iam abertas pelo Vitória Sport Clube. No Minho, onde entraria acompanhado por Neno, seu colega no Estádio Dom Manuel de Mello, a época da sua chegada, a trabalhar às ordens do belga Raymond Goethals, correria de forma francamente positiva. Mesmo tendo em conta as prestações colectivas algo discretas, a verdade é que a época de 1984/85, em termos meramente pessoais, terá sido, por ventura, a mais bem conseguida na caminhada do jogador. Infelizmente, numa altura em que parecia estar a afirmar-se no convívio com os “grandes”, o médio não conseguiria dar continuidade às boas prestações ostentadas na época de arranque na “Cidade Berço”. Ainda assim, a cotação do atleta não sofreria um impacto irreparável e o Belenenses suceder-se-ia no seu trajecto.
Mesmo ao manter-se no patamar maior, a verdade é que Hilário não iria impor-se como um dos indiscutíveis dos “Azuis”. Nesse sentido, as duas épocas passadas no Estádio do Restelo, a de 1986/87 e a seguinte, ficariam aquém do espectável. O médio-defensivo, tanto a trabalhar sob o comando do belga Henri Depireux, como na temporada subsequente, onde seria orientado por Marinho Peres, pouco haveria de entrar em campo. Salvar-se-iam, em contribuições dignas de registo, a cooperação oferecida na qualificação para as provas de índole continental e, inserido o Belenenses na edição de 1987/88 da Taça UEFA, a sua presença em Camp Nou, na eliminatória frente ao FC Barcelona de Schuster, Lineker, Carrasco, Zubizarreta, entre outros craques mundiais.
De volta aos escalões secundários, a temporada de 1988/89 marcaria igualmente o seu regresso ao Estádio Dom Manuel de Mello. Daí em diante, ao envergar a camisola do emblema da Margem Sul por 5 campanhas consecutivas, o FC Barreirense tornar-se-ia na agremiação mais representativa da sua carreira. Porém, essa nova passagem pela colectividade aproximá-lo-ia dos derradeiros capítulos da caminhada desportiva. Já o fim dessa senda viria a emergir com o termo das competições agendadas para 1993/94 e depois de um ano a representar o Palmelense.
Artur Baeta foi uma figura incontornável do desporto português, nomeadamente no que ao futebol de formação diz respeito, onde, posso dizer com alguma segurança, terá sido um dos maiores pioneiros. No entanto, como em tantos outros casos, a sua passagem pela modalidade, tanto como praticante, como no papel de técnico, está parcamente documentada. Mesmo sem grandes fontes a assegurarem-me dados fidedignos, principalmente sobre a cronologia desses factos, ainda assim tomei a decisão de tentar compilar a maior quantidade de informação que consegui encontrar. Assim sendo, aqui deixo o meu singelo apanhado.
Tendo nascido no Barreiro, seria no Boavista (agremiação sediada naquela localidade) e no FC Barreirense que terá cumprido os primeiros anos como praticante da modalidade. Sem saber se nos dois emblemas da Margem Sul do Rio Tejo alguma vez terá participado nos desafios das respectivas equipas principais, a informação comummente conhecida, é que Artur Baeta, como sénior, haveria ser um dos notáveis atletas do Carcavelinhos. Com anotações a mostrá-lo como parte do plantel do conjunto lisboeta, o primeiro desses registos por mim encontrados reportar-se-ia à temporada de 1937/38, na campanha que terá tido, como parte dos calendários das provas lusas, as últimas edições do Campeonato da I Liga Experimental e do Campeonato de Portugal.
Na campanha seguinte à referida no parágrafo anterior, o Carcavelinhos, pelo método de apuramento que dependia dos resultados conseguidos nos “regionais”, seria colocado na 2ª divisão do Campeonato Nacional. Já a época de 1939/40, num plantel que também incluíam nomes como os de Francisco Lopes ou de Carlos Baptista, devolveria Artur Baeta ao convívio com os “grandes”. Daí em diante, nada mais achei sobre o prolongamento da carreira do defesa, nem sequer qualquer informação sobre um hipotético fim dessa caminhada, sendo as notas seguintes já com referências ao seu trajecto como treinador.
Num regresso à terra natal, na primeira metade da década de 1940 e numa data próxima à sua presença no primeiro curso de treinadores, ministrado por Cândido de Oliveira, em Portugal, Artur Baeta terá criado no FC Barreirense uma “escola” orientada para jovens praticantes a partir dos 15 anos. Também com o listado alvirrubro, para além da experiência como dirigente, o antigo jogador chegaria a técnico da equipa principal. Todavia, mais do que essa passagem, que terá decorrido durante a segunda metade da campanha de 1944/45, não logrei encontrar mais nenhum esclarecimento sobre esse período da sua vida.
Na segunda metade dos anos de 1940, como funcionário público transferido para a região Norte, Artur Baeta encetaria um trajecto ligado a diversas colectividades sediadas nessa parte do país. Para a campanha de 1946/47 seria apresentado como treinador do Vitória Sport Clube, época em que conseguiria o 8º posto na 1ª divisão, em que venceria o “regional” minhoto e durante a qual também criaria os escalões de formação da colectividade vimaranense.
Não muito tempo depois, sem saber exactamente a data, Artur Baeta ficaria à frente dos escalões de formação do FC Porto. O primeiro grande êxito saído do trabalho por si implementado surgiria na temporada de 1952/53, numa campanha em que também seria chamado a coadjuvar Cândido de Oliveira na equipa principal, com a conquista do primeiro título de juniores ganho na história dos “Azuis e Brancos”. Talvez amparado pelos louros desse feito, o treinador, de seguida, decidiria aventurar-se numa caminhada que o levaria a orientar os seniores de outros emblemas. Beira-Mar, Estarreja, Varzim, Boavista, Desportivo das Aves e Oliveirense, ao que parece e sem qualquer certeza na ordem, antecederiam o seu ingresso no Salgueiros. Com a entrada em Paranhos a acontecer em 1959/60, o técnico conseguiria a promoção ao escalão máximo. À frente do colectivo portuense, manter-se-ia na 1ª divisão nas duas épocas seguintes. Seguir-se-ia, ainda no convívio com os “grandes” o Feirense de 1962/63 e, de seguida, viria o regresso aos “Dragões”.
Logo na campanha de 1963/64, num conjunto a albergar Vieira Nunes, Ernesto Pereira e Artur Jorge, Artur Baeta conseguiria para os anais do FC Porto o segundo título de juniores. Continuando ligado ao emblema portista, também assumiria outros papeis como o de secretário-técnico ou de o treinador do conjunto principal. Neste último cargo, sempre de forma interina, terá tido 3 passagens: a primeira em 1951/51, onde terá orientado a equipa nas meias-finais da Taça de Portugal; em 1963/64, na transição de Janos Kalmar para Otto Glória; finalmente na época de 1971/72, ao substituir António Teixeira. No entanto, as funções onde mais conseguiria destacar-se seria, como já sublinhado nesta pequena biografia, a trabalhar com os jovens e nessas tarefas acabaria como responsável por lançar craques como Pavão, Fernando Gomes, Lemos, António Oliveira, Rodolfo Reis, entre muitos outros.
Paralelamente ao futebol, onde também seria seleccionador da Associação de Futebol do Porto, Artur Baeta abraçaria outras paixões. Como jornalista, colaboraria em periódicos como o Jornal de Notícias, o Mundo Desportivo, o Porto ou o Norte Desportivo. Já no teatro seria reconhecido pelos trabalhos feitos como dramaturgo ou como actor.
Com o percurso formativo terminado com as cores do Alverca, seria ainda como membro das “escolas” do emblema ribatejano que Eurípedes Amoreirinha seria chamado aos trabalhos da Federação Portuguesa de Futebol. Integrado nos sub-18, a estreia com a “camisola das quinas” aconteceria, pela mão de Carlos Dinis, a 6 de Junho de 2002. Essa partida frente à Noruega, a contar para o Torneio Internacional Cidade de Lisboa, serviria de tiro de partida para uma senda que levaria o defesa, em diversos escalões de formação, a atingir os 37 jogos pelos conjuntos lusos. Nesse total incluir-se-iam as presenças em diversos certames de monta, como o Euro sub-19 de 2003, onde Portugal conseguiria o 2º lugar, o Euro sub-21 de 2007 e as 3 participações no Torneio de Toulon, de onde o atleta e os colegas sairiam vitoriosos da edição de 2003.
No que diz respeito à caminhada clubística, a Amoreirinha, ainda em idade júnior, seria dada a oportunidade de fazer a estreia nas competições seniores. Lançado no decorrer da temporada de 2002/03, logo os tempos iniciais de primeira equipa proporcionariam um momento caricato – “Num jogo no Alverca, estava eu a começar a carreira, há um contra-ataque contra o Alverca, junto ao nosso banco, e o mister José Couceiro grita «mata, mata, mata», para eu matar a jogada. Mata, mata? Eu sempre fui um jogador impetuoso e lá fui eu dar uma porrada no adversário. O árbitro chega, dá amarelo e o Couceiro grita: «Porra, miúdo! Mata não é o jogador, é a jogada!»*.
Com uma ascensão deveras positiva, a segunda temporada no conjunto principal do Alverca, depois de consumada a subida de escalão na época anterior, serviria para Amoreirinha fazer a estreia na 1ª divisão. Apesar da pouca experiência do jogador, o defesa, ajudado pela sua polivalência, haveria de impor-se na agremiação ribatejana como um dos nomes mais utilizados. As boas exibições realizadas durante essa temporada de 2003/04, fariam com que começasse a ser cobiçado pelos principais emblemas portugueses. Com o FC Porto já na corrida pela sua contratação, seria o Benfica a convencê-lo a rubricar nova ligação. Na mudança para a Luz, o atleta encontraria, tanto na direita, como no centro do sector mais recuado, uma forte concorrência e esse factor faria com que fosse pouco utilizado por Giovanni Trapattoni.
Mesmo emprestado a meio da campanha de chegada ao Benfica, as partidas disputadas no Campeonato Nacional serviriam para que entrasse no rol de nomes vencedores daquela que é prova de maior destaque no calendário futebolístico português. Já no Estoril Praia, como nos dois anos seguintes, durante os quais seria cedido ao Estrela da Amadora, as indicações dadas pelo defesa, sempre a actuar no cenário primodivisionário, fariam prever um regresso à Luz. A verdade é que tal não ocorreria e o jogador, para a temporada de 2007/08, seria vendido ao CFR Cluj. Todavia, a única época passada na Roménia também não correria de feição, com Amoreirinha, depois de um empréstimo ao UTA Arad, a preferir voltar a Portugal. Curiosamente, os anos seguintes, ainda que na 1ª divisão, revelariam um praticante a perder o fulgor e nas 3 campanhas cumpridas pela Académica de Coimbra, como nas 2 subsequentes já ao serviço do Vitória Futebol Clube, o atleta nunca iria afirmar-se como titular.
Após o termo da época de 2012/13, o que restaria da sua caminhada profissional seria feita pelos escalões secundários. Nesse sentido, Benfica e Castelo Branco, Santa Clara e Penafiel anteporiam os derradeiros capítulos da carreira de Amoreirinha, a qual ainda teria algumas experiências nos “distritais”, nomeadamente no Sampedrense e, para finalizar, no plantel de 2018/19 do Moimenta da Beira.
*retirado do artigo publicado a 06/03/2018, em https://bancada.pt
Terminada a formação nas “escolas” do GD CUF, seria também no emblema do Barreiro que Francisco Abalroado, na campanha de 1957/58, faria a transição para o universo sénior. Após uma temporada no novo contexto competitivo, cumprido nas “reservas”, o defesa-esquerdo conseguiria estrear-se no conjunto principal. Sob a alçada de Cândido Tavares, o jovem atleta, ao tornar-se num dos elementos do grupo de trabalho com maior utilização, logo viria a merecer um lugar de destaque. Seguir-se-iam, nas épocas subsequentes, o mesmo registo e o jogador, com números sempre ambiciosos, acabaria por tornar-se- num dos históricos da colectividade.
Mantendo-se na agremiação sediada na Margem Sul do Rio Tejo, Abalroado, não só nas provas de índole nacional, como nas pelejas agendadas no contexto continental, participaria em inúmeros momentos dignos de registo. Internamente, o defesa canhoto, inscrevendo o seu nome no rol de intervenientes, contribuiria, depois de participar no 4º posto alcançado em 1961/62, num novo recorde classificativo na prova de maior relevo no calendário futebolístico português. Na edição de 1964/65 do Campeonato Nacional, curiosamente numa das épocas, em termos individuais, menos proveitosas para o atleta, o esquerdino, ainda assim, seria suficientemente utilizado, por Manuel Oliveira, na senda que levaria a CUF ao 3º lugar da tabela classificativa.
O sucesso referido nas últimas linhas do parágrafo anterior daria à CUF, numa estreia absoluta no cenário continental, o direito de disputar a Taça das Cidades com Feira. Em sorte calharia ao conjunto do Barreiro, o “todo-poderoso” AC Milan. No entanto, num grupo que contava com inúmeras estrelas de renome planetário, casos de Cesari Maldini, Giovanni Trappatoni, o alemão Schnellinger, Gianni Rivera, entre outros, o grupo luso constituir-se-ia, não só como uma agradável surpresa, mas como uma verdadeira dor de cabeça para os transalpinos. Logo na 1ª mão da mencionada eliminatória, no jogo disputado em solo luso, os “Rossoneri” seriam derrotados por 2-0. Abalroado, no papel de capitão de equipa, ao substituir-se aos usais cobradores do castigo, teria um papel de fulcral importância no desfecho do resultado e ao assumir, já bem perto do desfecho do encontro, a marcação de uma grande penalidade, seria dele o segundo golo concretizado pelos da camisola verde e branca – “Chutei para a esquerda. (…) os habituais marcadores, Espírito Santo e Vieira Dias, tiveram medo”*.
Uns meses antes da partida disputada frente ao AC Milan, Francisco Abalroado também participaria noutro grande momento para a história da CUF. Refiro-me à inauguração, a 30 de Junho de 1965, do Estádio Alfredo da Silva. Aliás, seria na nova infra-estrutura desportiva que o defesa-esquerdo viria a selar-se como um dos ícones do emblema barreirense. Todavia, a ligação entre o atleta e a agremiação conheceria o fim. Depois de 14 temporadas a representar o clube, 12 delas como sénior, o jogador, com o termo das contendas agendadas para 1968/69, daria por terminada a sua ligação à colectividade. Com 226 partidas disputadas na 1ª divisão, o jogador mudar-se-ia para bem perto. Sem sair da localidade que o havia acolhido ainda bem novo, o Luso tornar-se-ia na sua nova morada. Seria no Campo da Quinta Pequena, tirando os dois interregnos que o levariam ao plantel de 1973/74 do Torres Novas e a orientar temporariamente a CUF em 1975/76, que passaria o resto da carreira e onde, no final de 1978/79, decidiria “pendurar as chuteiras”.
*retirado do artigo de Fábio Rodrigues, publicado a 14/11/2011, em www.publico.pt
Extremo, João Carlos Pereira formar-se-ia no Marinhense. Após ser promovido a sénior no decorrer da campanha de 1983/84, as indicações deixadas seriam de tal forma positivas que, mesmo tendo apenas disputado os escalões secundários, o avançado começaria a gerar cobiça entre emblemas de maior monta. Atentos ao seu crescimento, seriam os responsáveis pela Académica de Coimbra a apostar na sua contratação. Com a chegada à “Cidade dos Estudantes” a acontecer na temporada de 1985/86, o jovem jogador passaria a trabalhar sob a alçada de Vítor Manuel. No entanto, a entrada no patamar primodivisionário faria com que o atleta não conseguisse as oportunidades necessárias para demonstrar o potencial exibido anteriormente e ao jogar pouco nas duas épocas a exibir-se pela “Briosa”, a mudança de rumo acabaria por emergir como a melhor solução para a sua, ainda curta, carreira.
O ingresso no plantel de 1987/88 do Moreirense, onde permaneceria durante um par de campanhas, significaria para o avançado, não só o regresso à 2ª divisão, mas a despedida, enquanto praticante, do patamar máximo do futebol português. Antes de voltar a representar o Marinhense, o jogador, numa caminhada a tornar-se um pouco errante, vestiria ainda, na temporada de 1989/90, a camisola do Trofense. Depois, como já destapado, surgiria o emblema da “Cidade dos Vidreiros” a preceder mais uma passagem pela agremiação sediada em Moreira de Cónegos. Daí em diante, João Carlos Pereira instalar-se-ia em definitivo na Beira Litoral e os anos seguintes cumpri-los-ia entre Mirense, Leiria e Marrazes e a terceira e ultima experiência a envergar a insígnia do Atlético Clube Marinhense.
Ao “pendurar as chuteiras” numa idade relativamente nova para um jogador profissional de futebol, os 32 anos de idade exibidos no termo da época de 1996/97, ainda deixariam imenso espaço para que o antigo extremo continuasse a alimentar a paixão pela modalidade. Nesse sentido, não demoraria muito tempo para que assumisse outras funções e já como treinador começaria, quase de forma inevitável, pelo Marinhense. Alguns anos após o referido arranque e numa altura que também já tinha passado pelo comando do Sporting de Pombal, surgiria a oportunidade que viria a lançá-lo para a berlinda. De regresso à Académica de Coimbra em 2003/04, primeiro como adjunto de Vítor Oliveira para, com a saída deste, assumir as rédeas da equipa principal, João Carlos Pereira teria nos anos seguintes as temporadas mais proveitosas como técnico. Para além da experiência à frente da “Briosa”, ainda em contexto primodivisionário, passaria também pelo Nacional da Madeira de 2004/05 e, com um interregno competitivo no mais alto escalão luso a levá-lo ao Moreirense, aos kuwaitianos do Al-Tadhamon e ao Estoril Praia, pelo plantel de 2009/10 do Belenenses.
Daí em diante a carreira de João Carlos Pereira far-se-ia mormente por emblemas estrangeiros. Os suíços do Servette e do Grasshoppers, intercalados pela longa experiência como Coordenador-Geral vivida no Aspire Qatar, ainda dariam espaço para dois regressos à Académica de Coimbra. Já em Maio de 2024, mais uma vez, decidir-se-ia a mudar de rumo e após vencer as eleições no Marinhense, assumir-se-ia como Presidente da colectividade onde, há mais de 4 décadas e meia, tinha despontado para o futebol.
Descoberto no Desportivo de Lourenço Marques, Fernando Perdigão, à chegada à “Cidade Invicta” seria inscrito, paralelamente, na equipa de futebol e no atletismo. Nas pistas, em Agosto de 1952, sagrar-se-ia campeão português do salto em altura, quebraria o recorde luso da disciplina e ajudaria o FC Porto a vencer, por equipas, o Campeonato Nacional. Já no rectângulo de jogo, a situação seria bastante diferente. Mesmo tendo conseguido, pela mão de Cândido de Oliveira, estrear-se no conjunto principal “Azul e Branco”, a temporada de 1952/53 seria ingrata para o avançado. Com Monteiro da Costa e Carlos Duarte à frente nas escolhas para o “onze”, o extremo pouco participaria nas provas agendadas para a referida campanha e ainda demorariam alguns anos para ser tido como um elemento essencial no sistema táctico dos “Dragões”.
A mudança de paradigma aconteceria na época de 1955/56. Ao posicionar-se como interior, o jogador passaria a ser uma das peças fundamentais para Dorival Yustrich. Nesse ano, como titular do FC Porto, o atleta tornar-se-ia de fulcral importância para as vitórias colectivas e um dos principais nomes na primeira “dobradinha” da história portista. Também nesse ano, resultado das boas exibições, Perdigão faria a estreia com a “camisola das quinas”. O jogo, no contexto das pelejas pensadas para a equipa “B”, decorreria a 18 de Dezembro de 1955. Depois dessa partida frente à Suíça, o atacante, dessa feita ao serviço do conjunto principal, ainda teria a oportunidade para voltar a representar Portugal. Chamado por Tavares Silva a uma das rondas correspondentes à Fase de Apuramento para o Mundial de 1958, o atacante, num encontro com a Irlanda do Norte disputado a 16 de Janeiro de 1957, conseguiria para o seu currículo 1 internacionalização “A”.
Indubitavelmente, a segunda metade da década de 1950 transformar-se-ia na fase mais prodigiosa da sua carreira enquanto futebolista. Impossível de desassociar o sucesso pessoal aos êxitos do grupo de trabalho “azul e branco”, o atacante, a par de nomes como Pedroto, Hernâni, Jaburú, Miguel Arcanjo, Teixeira, Virgílio, Osvaldo Cambalacho e outros já acima mencionados, ajudaria a construir uma das fases mais importantes na história do clube. Para além dos títulos aludidos no parágrafo anterior, há ainda a registar as vitórias na Taça de Portugal de 1957/58 e no Campeonato Nacional do ano seguinte. Impossível de esquecer seria igualmente a estreia do FC Porto nas provas clubísticas organizadas pela UEFA. Com a agremiação portuense a estrear-se nas competições de índole continental, o avançado seria um dos elementos a participar, numa ronda com o Athletic Bilbao, na 1ª eliminatória da edição de 1956/57 da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Chamado à contenda pelo brasileiro Flávio Costa, o jogador participaria na mão caseira, como na volta jogada no Estádio San Mamés. Os encontros frente aos bascos, apesar do afastamento do colectivo luso, serviriam para sublinhar Perdigão como um craque e um dos nomes míticos na longa narrativa dos “Dragões”.
Com o fim do contrato com o FC Porto a acontecer com o termo da temporada de 1963/64, Perdigão regressaria ao país natal. Voltaria a representar o Desportivo de Lourenço Marques, onde venceria os Campeonatos provinciais de 1964 e de 1966. Mormente como treinador-jogador, o avançado ainda estaria ligado às selecções de Lourenço Marques e de Moçambique, bem como ao Malhangalene e ao Clube Desportivo Indo-Português. Já no rescaldo do 25 de Abril de 1974, o antigo jogador voltaria a Portugal, instalar-se-ia em Aveiro e chegaria a treinar o Anadia.
Com boa parte do percurso formativo cumprido com as cores do Belenenses, Marco Botelho, filho do também guardião António Botelho, seria, ainda como elemento das camadas jovens dos “Azuis”, chamado aos trabalhos das equipas sob a intendência da Federação Portuguesa de Futebol. Integrado nos sub-17, o jovem guarda-redes, ao lado de outras promessas como Bruno Caires, Nuno Gomes ou Dani, faria parte do conjunto convocado para a disputa da edição de 1992 dos Jogos da CPLP. Orientado por José Alberto Costa, o atleta participaria nas jornadas frente a Cabo Verde e à Guiné-Bissau e desse modo enriqueceria o seu currículo com 2 internacionalizações.
No que diz respeito ao percurso clubístico, Botelho, ajudado pelos bons predicados revelados, acabaria, ainda em idade de júnior, por estrear-se na equipa principal do Belenenses. Depois desse arranque na temporada de 1994/95, o guarda-redes ver-se-ia emprestado a outras colectividades. As passagens pelo Oriental e pelo Santa Clara, ambos na disputa da 2ª divisão “B”, seriam suficientes para justificar o seu regresso ao Restelo. Nessa temporada de 1997/98, inicialmente orientado por Stoicho Mladenov para, com a saída deste, passar a ser treinado por Manuel Cajuda, o atleta começaria a dar sinais de estar a conquistar um lugar no “onze”. Como titular, teria uma noite inesquecível frente a um FC Porto a trabalhar para o “Penta”. Porém, a descida de escalão, resultado do último lugar no Campeonato Nacional, alteraria definitivamente o curso da sua caminhada competitiva e a contratação do brasileiro Marco Aurélio viria dificultar a expectável afirmação.
Já de volta ao escalão máximo, a segunda metade da campanha de 2000/01, significaria, para o jogador, o início de outra senda de empréstimos a agremiações a disputar os escalões secundários. Vitória Futebol Clube, Portimonense, Santa Clara e Louletano antecederiam o fim da ligação contratual ao emblema lisboeta. Daí em diante, dando seguimento aos últimos anos da caminhada desportiva, Marco Botelho manter-se-ia pelas divisões inferiores. Maia, Lagoa, Pinhalnovense, Atlético e Oriental preencheriam as derradeiras etapas de uma carreira que, no plantel do Amora de 2014/15, por razão de duas hérnias cervicais, conheceria o fim.
Sem abandonar o futebol, Botelho manteria a ligação à modalidade como treinador de guarda-redes. Num trajecto curto, o antigo guardião, nas novas funções, ainda estaria ligado ao Pinhalnovense, Amora e Cova da Piedade. Paralelamente abraçaria as mais diversas profissões que o levariam a ter experiências nas áreas da restauração, serralharia, distribuição de pão ou na construção civil.
Descoberto nas camadas jovens do Corinthians Alagoano, Kleper Laveran de Lima Ferreira, popularizado no mundo do futebol como Pepe, haveria de chegar ao Marítimo na temporada de 2001/02. Ao começar pela equipa “B”, o defesa-central depressa revelaria qualidades para integrar o plantel principal dos “Leões do Almirante Reis”. Ainda durante a campanha de chegada à Madeira, o jogador, sob a alçada de Nelo Vingada, faria a estreia na 1ª divisão portuguesa. Já na época seguinte, com o crescimento revelado, o atleta, mesmo com algumas partidas cumpridas pelo conjunto secundário dos “Insulares”, instalar-se-ia na primeira equipa e acabaria o ano desportivo aferido como uma das grandes promessas a actuar no futebol luso.
O potencial revelado levá-lo-ia a treinar, no início da temporada de 2002/03 com o Sporting. Contudo, algo haveria de falhar nas negociações e a mudança acabaria por abortar – “As coisas estavam acordadas. O período de experiência que o Sporting tinha pedido ao Marítimo estava a terminar e pelo que o treinador do Sporting (Boloni) me disse, queriam contratar-me. Já estava no ponto de procurar casa em Lisboa, mas à tarde o presidente do Marítimo ligou e disse-me que tinha um voo a determinada hora e tinha de regressar ao Funchal, porque não tinham chegado a acordo. Meti-me no avião e fui...”*.
Apesar da normal desilusão, Pepe manteria uma atitude inabalável e cumprida mais uma temporada ao serviço do Marítimo, a oportunidade para transitar para um emblema de outra monta voltaria a surgir. Dessa feita, o interessado seria o FC Porto e o defesa-central acabaria apresentado como reforço dos “Dragões” para a campanha de 2004/05. Os 3 anos passados na “Cidade Invicta”, muito para além dos títulos colectivos ganhos, serviriam para catapultar o jogador para um nível ainda superior. Com as vitórias em 2 Campeonatos Nacionais, 1 Taça de Portugal e 1 Supertaça a abrilhantarem o seu palmarés, seria a vez do Real Madrid vir a interessar-se no concurso do atleta. A transferência aconteceria na preparação da época de 2007/08 e os “Merengues”, numa ligação de uma década, tornar-se-iam no emblema mais representativo da sua carreira.
Seria no começo da ligação à agremiação da capital espanhola que Pepe, de naturalidade brasileira, veria o seu processo de naturalização concluído. Ao puder optar por duas selecções, a escolha do defesa-central recairia na equipa portuguesa. Com a estreia, pela mão de Luíz Felipe Scolari, a acontecer a 21 de Novembro de 2007, a partida frente à Finlândia marcaria o arranque de uma caminhada que, para além das 141 internacionalizações, levaria o atleta a participar nas fases finais dos mais importantes certames a nível global. Nesse campo, num total de 4 Mundiais, 5 Europeus, 1 Taça das Confederações e 1 Liga das Nações, o destaque iria naturalmente para os títulos conquistados. Com a presença na final, o primeiro triunfo emergiria no Euro 2016. Sensivelmente 3 anos após o referido sucesso, viria a “final four” da edição de 2019 da Liga das Nações e, do certame disputado em Portugal, surgiria o segundo troféu ganho com a “camisola das quinas”.
Ao serviço do Real Madrid também seriam os troféus que maior destaque mereceriam. Quase sempre tido como um dos nomes imprescindíveis no alinhamento inicial da equipa, Pepe, que durante esse longo período, para além de partilhar o balneário com inúmeros craques bem conhecidos do futebol português, ainda jogaria ao lado de Cristiano Ronaldo, Fábio Coentrão e Ricardo Carvalho, seria um dos pilares do sucesso “madridista” dentro e fora de portas. Mais uma vez a enriquecer um currículo já deveras faustoso, o atleta adicionaria ao palmarés pessoal as vitórias em 3 La Ligas, 2 Copas del Rey, 2 Supercopas, 3 Ligas dos Campeões, 1 Supertaça da UEFA e 2 Campeonatos do Mundo de Clubes da FIFA.
Apesar do êxito alcançado em Espanha, a ligação ao Real Madrid conheceria o fim com o tremo da temporada de 2016/17. Seguir-se-ia a experiência de ano e meio ao serviço do Besiktas, onde encontraria Ricardo Quaresma. Contudo, por razão da fraca situação financeira do clube, a ligação ao emblema turco terminaria abruptamente, dando azo ao seu regresso ao FC Porto. De volta aos “Azuis e Brancos” na abertura do “Mercado de Inverno de 2019”, o defesa-central, mesmo como um veterano da modalidade, não deixaria de, mais uma vez, assumir a titularidade dos “Dragões”. Assim conseguiria manter-se durante as campanhas seguintes, mesmo que as últimas épocas já tenham revelado algumas debilidades em termos de lesões. Ainda assim, conservar-se-ia em bom plano até ao final das provas agendadas para 2023/24, com o Europeu disputado na Alemanha a registar as suas derradeiras aparições como futebolista.
*retirado do artigo publicado a 11/04/2016, em www.ojogo.pt
Formado no Benfica, seria nos Leões de Santarém que António Botelho, na edição de 1965/66 da 2ª divisão, faria a estreia como sénior. Porém, as suas exibições logo haveriam de pôr o jovem intérprete a caminho do mais importante escalão do futebol português e na campanha seguinte à referida no começo deste parágrafo, o jogador seria integrado no plantel primodivisionário do Atlético. Comandado por Angel Oñoro, o guarda-redes rapidamente ultrapassaria, nas opções do mencionado técnico, os seus colegas de posição, nomeadamente o experiente Orlando Ramin. Ainda assim, as prestações colectivas não permitiriam que o jogador cimentasse a carreira no patamar máximo e os anos seguintes seriam cumpridos entre os dois maiores degraus lusos.
Curiosamente, seria numa das épocas em que, pelo emblema de Alcântara, estaria a disputar a 2ª divisão que a sua caminhada competitiva começaria a mudar. Inicialmente, a 12 de Outubro de 1969, emergiria a primeira internacionalização da sua carreira. Essa chamada aos “esperanças”, cumprida numa partida frente a França, como que serviria de estímulo para o que viria a acontecer no começo da temporada subsequente. Já com um estatuto bem alicerçado nas exibições feitas pelo Atlético, o guarda-redes veria o Sporting a interessar-se na sua contratação. A mudança concretizar-se-ia no início de 1970/71, mas a verdade é que a presença, no plantel à guarda de Fernando Vaz, de Vítor Damas e ainda de Carvalho, empurrariam o guardião para as “reservas”. Sem fugir a tal senda, os anos seguintes pautar-se-iam exactamente por um idêntico ocaso e com o termo das provas agendadas para 1973/74, uma nova mudança ocorreria no trajecto do atleta.
Com o palmarés enriquecido pela “dobradinha” conquistada no último ano de “leão” ao peito, Botelho seria apresentado como reforço do plantel de 1974/75 do Boavista. A trabalhar sob a intendência de José Maria Pedroto, o guarda-redes, com a entrada no Bessa, encetaria provavelmente a melhor fase da carreira. Em termos de títulos, com o guardião a marcar presença na final de ambas as edições, há a destacar as 2 Taças de Portugal vencidas logo nas duas primeiras temporadas nos “Axadrezados”. Reflexo também dessas boas campanhas, viriam as internacionalizações “A”. Nesse campo, com a primeira partida a acontecer a 3 de Dezembro de 1975, o jogador estrear-se-ia, pela mão do seu treinador nas “Panteras”, numa jornada a contar para a Fase de Apuramento do Euro 76. Depois desse embate frente ao Chipre, o atleta ainda teria a oportunidade de voltar a vestir as cores de Portugal e desse modo somaria ao currículo 2 jogos com a principal “camisola das quinas”.
Dando continuidade aos 3 anos de grande competência passados ao serviço do conjunto portuense, Botelho voltaria a Alvalade em 1977/78. Novamente no Sporting, o guardião conseguiria manter-se como titular e na época de regresso a Lisboa, chamado por Rodrigues Dias à final, ajudaria a vencer a Taça de Portugal. Porém, mesmo sendo um dos preferidos dos diferentes treinadores contratados para orientar os “Leões”, a verdade é que o atleta, numa polémica contenda entre os rivais da 2ª circular, decidiria, ao lado de Laranjeira e no sentido contrário de Fidalgo e de Eurico, apresentar-se como novo reforço do Benfica. Na Luz a partir de 1979/80, a verdade é que a troca não iria ser muito favorável para si e nas 3 temporadas cumpridas com os “Encarnados”, mesmo ao dar ao palmarés 1 Taça de Portugal e 1 Supertaça, o guarda-redes nunca haveria de sair da sombra de Manuel Bento.
Com o termo da ligação ao Benfica, o resto da sua carreira teria início, ainda na 1ª divisão, ao serviço do Amora. Daí em diante, numa caminhada caracterizada pela errância, teria passagem por diversos emblemas. A Sanjoanense, segundo o “site” da Federação Portuguesa de Futebol, ou o Seixal, tendo em conta outras referências, precederia a época de 1985/86 ao serviço dos Pescadores da Costa da Caparica. Os anos seguintes, sem ter conseguido saber se cumpridos como sénior ou já como veterano, levá-lo-iam, num trajecto consensual em diferentes fontes, mormente a revisitar antigas agremiações, ou seja, Pescadores, Seixal, Amora e, por fim, GD Marinhais.
Produto das “escolas” do Nacional da Madeira, Miguel Fidalgo, que, no ataque, podia posicionar-se à direita ou num lugar mais central, subiria à equipa principal dos insulares na temporada de 2000/01. Na Choupana, a disputar a divisão de Honra, o jovem atleta, nas duas primeiras campanhas como sénior, não conseguiria conquistar muitas oportunidades no conjunto orientado por José Peseiro. Mesmo tapado por atletas mais experientes, casos de Serginho Cunha, Herivelto ou Rômulo, o potencial demonstrado levá-lo-ia a ser chamado às jovens selecções portuguesas. A trabalhar sob a alçada da dupla Rui Caçador/Francisco Ramos, o atacante seria convocado para a edição de 2002 do Torneio de Toulon. No embate agendado a 12 de Maio, o atleta, ao lado de Moreira, Ricardo Costa, Miguelito, Carlos Martins, Manuel José, Mário Sérgio ou Bruno Aguiar, entraria como titular no embate frente a Inglaterra e, apesar da derrota por 1-0, o jogo serviria para adicionar ao seu currículo 1 internacionalização no escalão sub-20.
À procura de jogar mais, Miguel Fidalgo, na temporada de 2002/03, encetaria o primeiro de vários empréstimos. Ao serviço do Camacha, o avançado completaria duas épocas, com os resultados apresentados a justificarem o seu regresso ao emblema funchalense. De volta aos “Alvinegros”, o jogador apanharia o clube no patamar maior do futebol luso. Nesse sentido, seria na intendência do treinador Casemiro Mior que o atleta faria a estreia na 1ª divisão. Porém, apesar do feito registado no decorrer da época de 2004/05, a verdade é que o atacante continuaria sem segurar um lugar como titular. A solução, mais uma vez, emergiria de novas cedências e os cipriotas do AEK Larnaka e o União da Madeira, respectivamente nas campanhas de 2006/07 e 2007/08, surgiriam a preencher o seu itinerário.
Ao repetir a senda de anos anteriores, Miguel Fidalgo regressaria ao Nacional na temporada de 2008/09, para, depois de contribuir para o histórico 4º lugar no Campeonato Nacional, ser novamente emprestado. Dessa feita, seguindo os passos do seu colega Bruno Amaro, seria o plantel de2009/10 da Académica de Coimbra a recebê-lo. Na “Cidade dos Estudantes”, mesmo com uma primeira temporada algo modesta, a insistência de André Villas-Boas para que continuasse no clube fá-lo-ia, após terminar a ligação à agremiação madeirense, rubricar um novo contrato com a “Briosa”. Curiosamente, seria sob a alçada de Jorge Costa que a época seguinte começaria para o conjunto conimbricense. No entanto, a mudança de técnico não afectaria o avançado. Aliás, a campanha de 2010/11, durante a qual conquistaria um lugar no “onze”, acabaria por ser um dos melhores ciclos do jogador.
Estranhamente, o jogador, que apenas tinha assinado um contrato de um ano com a Académica, ao invés de continuar em Coimbra, decidiria mudar de cidade e de emblema. Todavia, o ano passado ao serviço do Vitória Futebol Clube, tornar-se-ia numa quase nulidade para o jogador. Sem qualquer partida disputada na temporada de 2011/12, Miguel Fidalgo abalaria de Setúbal para regressar a um emblema já antes envergado por si. De volta ao União da Madeira, a ligação encetada na campanha de 2012/13 abriria caminho para aquele que viria a tornar-se no laço mais representativo da sua caminhada competitiva. Com a camisola amarela e azul, o avançado seria muito importante para o regresso do emblema funchalense ao convívio com os “grandes”. Orientado por Norton de Matos, 2015/16, num trajecto com um total de 7 épocas na 1ª divisão, tornar-se-ia no derradeiro ano do atacante a competir no degrau maior. De seguida, com a carreira a aproximar-se do fim, o jogador, sempre num par de anos, teria ainda tempo para retornar ao Camacha e para no União da Madeira, com o termo das provas agendadas para 2019/20, “pendurar as chuteiras”.
Após a estreia sénior, na temporada de 1950, pelo Siderúrgica, Avatênio Antônio da Costa, popularizado no futebol como Ceninho, manter-se-ia na colectividade de Minas Gerais durante os primeiros anos da carreira. Os bons préstimos do jovem ponta-de-lança, que também podia posicionar-se como interior, levá-lo-iam a ser cobiçado por um dos grandes nomes do futebol brasileiro. Porém, a mudança para o Fluminense em 1953, fá-lo-ia partilhar o balneário com grandes craques, com Didi a assumir-se como um dos principais concorrentes à sua posição. Essa forte competição por um lugar no “onze” faria com que o avançado pouco jogasse nas duas campanhas cumpridas pelo conjunto “carioca” e a época de 1955 apresentá-lo-ia já como atleta do Guarani.
Com uma curta passagem pelo emblema paulista, Ceninho, num regresso ao Rio de Janeiro, prosseguiria a carreira com as cores do América, seguindo-se, segundo algumas fontes, a experiência com o Vasco da Gama. No entanto, o melhor período da sua caminhada competitiva surgiria com a campanha de 1957. Atleta do Vitória, logo no ano da sua chegada à agremiação sediada no Estado da Bahia, o avançado-centro sagrar-se-ia campeão estadual. Ainda assim, apesar do importante título, o grande destaque tinha já acontecido em Janeiro desse ano. Por razão da disputa da Taça Bernardo O’Higgins, a Confederação Brasileira dos Desportos, actual CBF, encomendaria à Federação Baiana de Futebol a convocatória para os embates frente ao Chile e na primeira volta desses encontros, agendada a 15 de Setembro de 1957, o atacante conseguiria 1 internacionalização pelo “Escrete”.
Antes ainda da primeira aventura do avançado pelo estrangeiro, o Internacional de Porto Alegre, nas temporadas de 1958 e de 1959, entraria para o currículo do jogador. De seguida emergiria então essa travessia atlântica e o Sporting de Braga. Com a chegada a Portugal a acontecer na campanha de 1959/60, Ceninho faria parte de um grupo de trabalho que contava para o sector mais ofensivo com Fernando Mendonça, Carlos Baptista, José Maria, José Caraballo, Livinho ou Teixeira. Todavia, mesmo com o entusiasmo causado pela sua contratação, a verdade é que o jogador brasileiro não conseguiria impor-se no futebol dos minhotos. Nesse cenário, já com a época seguinte à da sua chegada em andamento, o atleta decidiria regressar ao país natal – “Viajando pelo transatlântico português "Vera -Cruz" chegou ao Rio há dias o atacante ituiutabano Avatênio Antônio da Costa, o popular Ceninho, que após jogar em várias equipes categorizadas do Rio, foi tentar a sorte em gramados portugueses, contratado pelo Sporting de Braga. Rescindindo o contrato com o clube lusitano por questões pessoais., Ceninho retornou ao Brasil disposto a contrair matrimônio, segundo suas próprias declarações à imprensa carioca. A noiva, pelo que se anuncia, é comerciária na Velhacap e o craque, tão logo resolva sua situação afetiva, voltará à prática do "soccer" disposto a reconquistar um posto numa das equipes cariocas”*.
Ao contrário do projectado no recorte de jornal apresentado no parágrafo anterior, Ceninho, na temporada de 1962, rubricaria um contrato com o Audax Italiano. Após a passagem pelo emblema chileno, o regresso ao Brasil, ainda no decorrer da campanha iniciada com a agremiação de Santiago, encaminhá-lo-ia para uma fase da carreira particularmente prolífera. Nesse sentido, ao representar em 1963 o Cruzeiro do Sul e, nas duas campanhas seguintes, o Rabello, o avançado sagrar-se-ia campeão do Distrito Federal por 3 vezes consecutivas. Para além dos títulos colectivos, mereceriam destaque o prémio de Melhor Marcador no “estadual” brasiliense de 1963 e as chamadas à Selecção do Distrito Federal.
Já com o termo da época de 1965 a assinalar o fim das suas lides de futebolista, a ligação à modalidade manter-se-ia noutras tarefas, nomeadamente como Presidente da Associação de Treinadores de Brasília ou como treinador, com passagens, respectivamente em 1974 e 1976, pelo CEUB e pelo Grêmio Esportivo Brasiliense e ainda, na fase de Apuramento para o Mundial de 1982, a experiência como seleccionador da Indonésia.
NOTA: No "cromo" que ilustra esta publicação estão referencias a uma segunda internacionalização e à passagem pelo S.Bento. Contudo, em mais sítio algum encontrei informações a corroborar estes dados.
*retirado do artigo publicado em “Folha de Ituiutaba”, a 4 de Fevereiro de 1961