
Cumpridas as etapas formativas com as cores da Associação Atlética Portuguesa, seria em 1959 que José Morais Rodrigues viria a rubricar o primeiro contrato profissional. Como é hábito em muitas das carreiras de atletas brasileiros, o avançado, ou médio-ofensivo, começaria no Auto Esporte Clube um percurso caracterizado, por razão das várias mudanças de emblema, pela errância. Nesse sentido, seguir-se-ia no seu trajecto a entrada no plantel de 1961 do Campinense Clube. Ao serviço da “Raposa”, logo no ano de chegada à colectividade e também na temporada seguinte, emergeriam as vitórias no “Estadual” de Paraíba. Por fim viria o interesse da Portuguesa dos Desportos comandada por Otto Glória e a mudança para São Paulo.
Integrado na “Lusa” por empréstimo do seu antigo clube, Morais, já na campanha de 1963, para além do técnico aludido no final do parágrafo anterior, acabaria a trabalhar sob as ordens de outro conhecido do futebol português, o treinador Aymoré Moreira. Com a estreia a dar-lhe ao currículo um golo frente ao Santos, as exibições conseguidas ao longo da temporada valer-lhe-iam a transferência para o Fluminense. Poucos seriam os meses passados no Rio de Janeiro, pois, nesse ano de 1964, o médio-ofensivo ainda envergaria a camisola do América (falta saber em qual das agremiações com essa designação) e o equipamento do Sport Recife. No emblema sediado no Estado de Pernambuco, o jogador continuaria a alimentar a sua cotação e acabaria por ver a cobiça de colectividades europeias a levá-lo até ao outro lado do oceano.
Ao plantel de 1965/66 do Vitória Sport Clube, Morais chegaria acompanhado de outro colega vindo Sport Recife, o avançado Djalma. Numa equipa comandada pelo gaulês Jean Luciano e onde brilhavam nomes como Peres, Gualter, Daniel Barreto, Manuel Pinto, Joaquim Jorge ou Mendes, o destaque merecido pelas suas exibições, não só ajudariam ao 4º lugar atingido na tabela classificativa com o final do Campeonato Nacional da 1ª divisão, como cevaria o interesse de emblemas de monta maior. Porém, a mudança para um Sporting campeão pelas mãos de Otto Glória complicar-se-ia por razão de alguns problemas burocráticos e a passagem pelo Treze de Campina Grande desemaranharia a mudança para Alvalade.
À entrada para o emblema lisboeta, Morais já não encontraria o mencionado treinador seu conterrâneo. Nos “Leões”, tendo a estreia pelo Sporting acontecido à 15ª jornada de 1966/67, só por duas rondas trabalharia com o espanhol Fernando Argila. Seguir-se-ia Armando Ferreira. No entanto, o atleta, que no primeiro jogo pelos “Verde e Brancos” concretizaria dois golos frente ao FC Porto, veria o azar a bater-lhe à porta após meia dúzia de partidas realizadas. Com uma grave lesão a afastá-lo da competição durante um largo período, o regresso aos relvados, dar-se-ia somente no começo da época seguinte. De volta à competição, talvez afectado por alguma mazela, a verdade é que não conseguiria convencer Fernando Caiado a dar-lhe, de forma indiscutível, um lugar no “onze”. A titularidade alcançá-la-ia na temporada de 1968/69 e ao realçar-se como um excelente médio-centro. Já no que diz respeito à campanha de maior proveito, o destaque iria para 1969/70, período durante qual inscreveria o seu nome no rol dos pupilos que, sob as ordens de Fernando Vaz, ganhariam o Campeonato Nacional.
Como uma dupla surpresa, primeiro surgiria a sua transferência para o Vitória Futebol Clube de 1970/71 e, em segundo lugar, erguer-se-ia uma época que, num grupo orientado por José Maria Pedroto, não traria qualquer partida à sendo desportiva de Morais. A suceder ao desaire vivido em Setúbal, assomar-se-ia o Marinhense e a experiência, na edição de 1972 da North American Soccer League, com as cores dos Toronto Metros. Por fim, de volta a Portugal, o médio ainda teria tempo para envergar as divisas d’ “Os Nazarenos” e do Vila Real. Já de regresso ao Brasil, ressurgiria o desejo de retornar aos estudos e a conclusão do curso de Direito.
Nota: por favor, tenham alguma reserva nas datas apresentadas, pois as mesmas referem-se às fontes que considerei mais fidedignas, sem, contudo, serem totalmente fiáveis.

Rui Miguel Batista Araújo ganharia a alcunha a popularizá-lo no mundo do futebol pelas supostas parecenças físicas com o defesa internacional brasileiro Carlos Mozer. No que diz respeito ao seu percurso desportivo, com a formação dividida entre o Pedras Rubras, o Boavista e o Rio Ave, a transição para o patamar sénior empurrá-lo-ia para os “distritais” da Associação de Futebol do Porto. Integrado no Grupo Desportivo de Vilar a partir da temporada de 1990/91, o médio-defensivo, já ao serviço do Pedras Rubras, continuaria a disputar o mesmo contexto competitivo por mais um par de anos. Ainda assim, a presença em tão modestos palcos não evitaria que colectividades de outra monta viessem a reparar nas suas prestações e para a campanha de 1993/94 o “trinco” seria apresentado como reforço do Leixões.
Com o emblema de Matosinhos inserido nas contendas da divisão de Honra, a época de entrada no Estádio do Mar terminaria com uma infeliz descida de escalão. Depois desse revés, seria já no 3º degrau do futebol luso que o jogador, mais uma vez, voltaria a alimentar a cobiça de outras colectividades. Aferido como um atleta possante e aguerrido, Mozer veria o Sporting de Braga a interessar-se pela sua contratação. A mudança, ocorrida na temporada de 1996/97, apresentá-lo-ia ao convívio como os “grandes”. Porém, o salto competitivo não amedrontaria o médio-defensivo que, sob a alçada do treinador Manuel Cajuda, rapidamente asseguraria um lugar de destaque no “onze” dos “Arsenalistas”. Como titular, logo na campanha de chegada ao Minho, contribuiria para o 4º posto na tabela classificativa do Campeonato Nacional e de seguida começariam a emergir alguns dos momentos mais marcantes da sua carreira.
O primeiro desses capítulos viria com o apuramento para as provas de índole continental. Com os “Guerreiros” inseridos na Taça UEFA, Mozer, arrolado para todos os “onzes” idealizados pelo espanhol Fernando Castro Santos, participaria nas 6 partidas correspondentes às eliminatórias disputadas frente ao Vitesse, ao Dínamo Tbilisi e ao Schalke 04. Depois, a assinalar o termo dessa temporada de 1997/98 e numa altura em que já era orientado por Alberto Pazos, surgiria a final da Taça de Portugal. No Jamor, com o FC Porto como adversário, o “trinco” voltaria a ser chamado ao conjunto inicial. No entanto, na importante contenda do Estádio Nacional, a sua ajuda seria insuficiente para levar de vencido o desafio e, como resultado da derrota por 3-1, acabaria por assistir aos “Dragões” a levar o desejado troféu.
A 3ª temporada ao serviço do Sporting de Braga ainda traria ao currículo do jogador a presença na Supertaça e a participação nos 4 encontros disputados pela colectividade minhota no âmbito da Taça dos Vencedores das Taças. No entanto, essa campanha de 1998/99 acabaria por ser a última em que Mozer conseguiria assumir-se como um dos nomes indiscutíveis na ficha de jogo dos “Guerreiros”. Daí em diante, com ênfase para a época de 2000/01, em que uma lesão nos ligamentos atirá-lo-ia para um prolongado período de convalescença, o médio-defensivo perderia a preponderância na edificação dos esquemas tácticos idealizados pelos diferentes técnicos à frente do clube. Tal carência levá-lo-ia a ser dispensado após ter ainda participado na preparação de 2001/02 e o Farense surgiria no horizonte do atleta como a solução encontrada para dar continuidade à sua carreira.
No Algarve, onde seria recebido por um balneário liderado por Alberto Pazos, Mozer viveria uma temporada que em termos colectivos, como individualmente, ficaria bem aquém das expectativas. Sem nunca conquistar a titularidade de forma inequívoca, o jogador veria igualmente a sua equipa a claudicar na luta pela manutenção. A descida dos “Leões de Faro” também castigaria o “trinco” que, apesar da aposta num novo clube, não conseguiria livrar-se da despromoção. De regresso ao escalão secundário, seriam as cores do Rio Ave a acolher o médio-defensivo nas campanhas seguintes. A escolha acabaria por revelar-se boa, pois, logo na época de 2002/03, a vitória no Campeonato levaria os homens do listado vertical verde e branco de volta à 1ª divisão. Seguir-se-iam mais 3 anos nas disputas da principal prova do calendário futebolístico português e a entrada naquelas que podem ser consideradas como as derradeiras etapas da sua caminhada desportiva.
Com 9 campanhas primodivisionárias a embelezarem o percurso do “trinco”, o começo da temporada de 2006/07, ao serviço do Trofense, marcaria, em definitivo, o seu afastamento do escalão maior. Seguir-se-iam uma curta passagem pelos espanhóis do Vecindario e, de volta a Portugal, a experiência no Santa Clara de 2007/08. Para finalizar surgiriam ainda o Sporting da Covilhã, o Rebordosa e, numa carreira a findar em 2010/11, o regresso ao Pedras Rubras.

Cumprido o trajecto formativo com as cores do Sporting, João António Rodrigues Leitão veria Armando Ferreira a chamá-lo aos desafios agendados para os seniores. Após a estreia pela equipa principal dos “Leões” a ocorrer na temporada de 1966/67, o avançado manter-se-ia por mais uma campanha ao serviço dos homens de Alvalade. No entanto, a presença no plantel de praticantes mais traquejados, a exemplo Marinho, Lourenço, Figueiredo ou Fernando Peres, inviabilizaria a afirmação do jovem futebolista no grupo de trabalho. Nesse contexto, a falta de presenças em campo no conjunto já às ordens de Fernando Caiado, levá-lo-ia a procurar um novo rumo para a carreira e o União de Tomar emergiria como a melhor opção para o atacante.
Nos “Nabantinos” a partir de 1968/69, Leitão, a trabalhar sob a alçada de Oscar Tellechea, depressa conseguiria assumir-se como parte importante dos desígnios do clube. A disputar a 1ª divisão, a colectividade ribatejana, ao contar com outros elementos chegados, nesse ano, de Alvalade, casos de Barnabé e Caló, cumpriria os objectivos traçados para a manutenção. Já a época seguinte desenhar-se-ia de formas bem distintas para o jogador e para o colectivo. No que diz respeito ao avançado, a campanha de 1969/70 até seria proveitosa, com a titularidade alcançada em boa parte das jornadas a deixá-lo com boa aferição. Em sentido oposto, no que concerne à equipa, nem mesmo a entrada de Fernando Cabrita para o comando técnico iria alterar o rumo descendente do União de Tomar e o último lugar da tabela classificativa tornaria a descida num facto inalterável.
A despromoção da equipa sediada na “Cidade dos Templários” empurraria o desportista de novo para a Lisboa. Com a entrada na Tapadinha a acontecer na temporada de 1970/71, o jogador, ainda assim, não evitaria a 2ª divisão. De forma engraça, a época seguinte ditaria o regresso tanto do Atlético, como da sua antiga colectividade, ao convívio com os “grandes”. De volta ao degrau maior do futebol luso, Leitão, ao envergar a camisola do emblema alcantarense, mais uma vez traria os bons números à sua caminhada. Todavia, mesmo ao vincar-se como um intérprete de natureza primodivisionária, o atacante, com o termo das provas executadas no decorrer de 1972/73, não evitaria nova descida. Após tal desaire, ainda manteria a ligação ao emblema “alfacinha” por mais um ano e, após a passagem pelo patamar secundário, ao trajecto do atleta surgiria outra agremiação.
A entrada no plantel de 1974/75 da CUF, sucedida da temporada de 1975/76 com as cores do Belenenses, serviria para que Leitão somasse mais um par de campanhas na 1ª divisão. Curiosamente, as referidas épocas trariam ao palmarés do avançado o mesmo título, com o emblema barreirense e a colectividade do Restelo a vencerem as respectivas “poles” da Taça Intertoto. De seguida, com o currículo do jogador a contar com 8 campanhas no patamar máximo, emergiria um novo ingresso nos escalões inferiores. Numa senda a dar continuidade à errância verificada em anos anteriores, Estrela de Portalegre, Desportivo de Chaves e União de Leiria afirmariam em definitivo a ligação do atleta às pelejas secundárias. Sem cambiar de universo competitivo, o atacante, com a passagem de 3 anos pelo Farense, ainda alimentaria uma fase mais estável na carreira. Por fim, surgiriam aqueles que viriam a tornar-se nos derradeiros capítulos do seu trajecto futebolístico e a experiência ao serviço dos algarvios da Juventude Campinense.

Luís Casimiro Vasques encetaria a caminhada sénior na época de 1944/45 e durante 3 anos consecutivos representaria os interesses do Glória FC. Mesmo a vestir a camisola da modesta agremiação de Vila Real de Santo António, as suas prestações fariam com que o Lusitano FC revelasse interesse na sua contratação. A mudança aconteceria na temporada de 1947/48 e o centrocampista passaria a partilhar o balneário com jogadores como Manuel Caldeira, Isaurindo ou o seu irmão mais velho, João Vasques. Na chegada ao Campo de Jogos Francisco Gomes Socorro, o atleta encontraria o novo emblema a disputar a 1ª divisão. Talvez a acusar o enorme salto competitivo, a verdade é que o atleta, mesmo vendo reconhecida a sua habilidade, teria muitas dificuldades em conquistar um lugar no “onze” do colectivo algarvio e na campanha seguinte seria apresentado como elemento de outra equipa.
Tendo viajado para a zona metropolitana de Lisboa, seria no FC Barreirense que, a partir de 1948/49, Vasques encontraria novo poiso competitivo. Inicialmente a envergar o listado alvirrubro nas pelejas da 2ª divisão, a temporada de 1951/52 devolveria o médio, que também sabia posicionar-se em lugares mais avançados do terreno de jogo, aos maiores teatros do futebol português. Integrado num grupo de trabalho a contar com nomes míticos da colectividade da Margem Sul, casos de Ricardo Vale, Carlos Silva, Francisco Silva, Faneca, entre outros, Vasques, como um dos mais utilizados no plantel, continuaria a desenhar um trajecto a encaminhá-lo para a galeria dos notáveis praticantes do emblema referido no começo deste parágrafo. Obviamente, muito desse prestígio viria dos embates primodivisionários e as 8 temporadas seguidas nesse contexto, elevá-lo-iam ao estatuto de lenda.
Obviamente, a longevidade de Vasques com as cores do FC Barreirense, 11 temporadas no total, assentar-se-ia na colaboração oferecida, pelos seus desempenhos, ao colectivo. Nesse sentido, a ajuda dada para a chegada às meias-finais da edição de 1951/52 da Taça de Portugal seria um dos momentos dignos de registo. O mesmo feito repetir-se-ia por mais um par de vezes, nomeadamente no decorrer das campanhas de 1956/57 e na seguinte. No entanto, seria mesmo o Campeonato Nacional da 1ª divisão a dar ao currículo do médio a maior glória. Naquela que é a prova de máxima monta no calendário futebolístico luso, o melhor conseguido, à data recorde para a colectividade, emergiria com o 5º posto da tabela classificativa. Tal posição, conseguida na época de 1952/53, teria como timoneiro o mítico Artur Quaresma, mas, acima de tudo, teria no médio o intérprete com mais presenças em campo.
A titularidade conseguida na maioria das temporadas cumpridas pelo colectivo, como aqui já foi mencionado, elevá-lo-ia à condição de mito. Assente esse princípio em diversos números, há um que não poderia apartar deste texto. O tal registo diz-nos que Vasques participaria em 155 jornadas do escalão máximo e esse cômputo de rondas na 1ª divisão transformaria o médio no 5º atleta com mais partidas disputadas, na história do FC Barreirense, entre os “grandes”.
Apesar da enorme ligação ao emblema sediado na margem esquerda do Rio Tejo, Vasques acabaria por terminar a carreira ao serviço de outro emblema. Com a saída da equipa a jogar os embates domésticos no Estádio Dom Manuel de Mello a ocorrer com o termo da temporada de 1958/59, o atleta prosseguiria o seu trajecto desportivo com as cores do Paio Pires e nas disputas dos “regionais” da Associação de Futebol de Setúbal, com o fim da campanha de 1961/62, viria a “pendurar as chuteiras”.

Filho de João Casimiro Vasques e sobrinho de Luís Vasques, João Manuel das Dores Vasques, tal como os seus familiares directos, começaria por brilhar com as cores do Lusitano Futebol Clube. Depois de terminar a formação na colectividade de Vila Real de Santo António, seria ainda a jogar em casa no Campo de Jogos Francisco Gomes Socorro que o extremo-direito, na temporada de 1966/67, subiria ao universo dos seniores. Mesmo a disputar o 3º escalão nacional, o jovem atleta viria a merecer os mais rasgados elogios. Ainda assim, seriam necessárias 4 campanhas para que conseguisse despertar a cobiça de emblemas de outra monta e a mudança para o Atlético, numa altura em que demonstrava possuir o traquejo necessário para voos maiores, surgira com o virar da década de 1970.
Com a entrada na agremiação do popular bairro “alfacinha”, Vasques começaria por disputar a 2ª divisão de 1970/71. No entanto, o poderio de uma equipa a contar com atletas de grande potencial, casos de Esmoriz, Baltazar ou Nogueira, levá-lo-ia, sensivelmente 1 ano após a chegada à Tapadinha, a atingir o degrau maior do futebol português. Curiosamente, já no convívio com os “grandes”, o extremo-direito, com capacidade para também actuar a médio-ofensivo, revelaria algumas dificuldades na altura de agarrar um lugar no “onze” escolhido inicialmente por Peres Bandeira. Mesmo com a chegada do britânico Ted Smith, a sua condição de suplente, no decorrer da época de 1971/72, e na seguinte, manter-se-ia inalterável. Aliás, tal estatuto só viria a modificar-se depois da despromoção ocorrida no final de 1972/73 e com o atacante, na nova promoção ao escalão máximo, a apresentar-se como um dos nomes mais vezes inscrito nas fichas de jogos.
A temporada de 1974/75 seria de vital importância para a carreira de Vasques. Ao vincar-se como um praticante de indubitável cariz primodivisionário, o jogador começaria a criar cobiça noutros emblemas. Nesse contexto, seria o Belenenses a apresentá-lo, ao lado de Esmoriz, como um dos praticantes a reforçar o plantel de 1975/76. Novamente treinado por Peres Bandeira, o extremo depressa conseguiria cimentar-se como um dos homens mais relevantes no cevar das ideias tácticas implementadas pelos “Azuis”. Logo no ano de entrada no Restelo, o avançado contribuiria para um honroso 3º lugar na tabela classificativa da 1ª divisão. Na época seguinte emergiriam as provas de índole continental. Com a sua equipa inserida na Taça UEFA, o atleta veria a sorte ditar uma peleja entre o emblema por si representado e o FC Barcelona. Nesse duplo embate, o seu nome não constaria no empate caseiro por 2-2. Já na 2ª mão, o avançado acabaria como um dos escolhidos, de Carlos Silva, para o jogo de Camp Nou e um golo seu, apesar da derrota por 3-2, faria com que saísse da Catalunha como um dos grandes destaques da inesquecível contenda ibérica.
No resto da carreira ao serviço do Belenenses, excepção feita à derradeira campanha, Vasques manter-se-ia sempre como um dos titulares da equipa. Tal estatuto dar-lhe-ia um total de 5 campanhas primodivisionárias, 129 partidas disputadas, 25 golos concretizados em jogos oficiais e o direito a usar a braçadeira de capitão. Seguir-se-ia o regresso ao Algarve para, em 1980/81, ingressar num Farense a militar no 2º escalão. Finalmente, como o último capítulo da sua caminhada como futebolista, surgiria, em 1980/81, o regresso ao Lusitano FC. A colectividade de Vila Real de Santo António serviria também para alimentar a sua senda como técnico, onde, após orientar as camadas jovens por várias ocasiões, também viria a assumir-se como o treinador-principal do conjunto sénior.

Ao cevar aquela que era a grande paixão de menino, Renato Gonçalves Paschoal encetaria o percurso formativo no Raposo Tavares. Passaria também pelo Vasco da Gama de Vila Madalena, pelo Vila Albertina, pelo Sete de Setembro até que, na temporada de 1964, ao assinar o primeiro contrato profissional, começaria a envergar a camisola do Palmeiras de Blumenau. Numa carreira caracterizada por alguma errância, seguir-se-iam várias mudanças de emblema, com o plantel de 1965 do Corinthians de Presidente Prudente, para onde haveria de mudar-se depois de um período a treinar no Santos de Pelé, a anteceder a sua integração no grupo de trabalho do Inter de Limeira. Depois das campanhas de 1966 e de 1967 no “Leão da Paulista”, ainda surgiriam no percurso do avançado-centro o União Agrícola Barbarense de 1968 e, ao cumprir apenas a metade inicial da época de 1969, o Guarani de Ponta Grossa.
Já como um intérprete experimentado, Renato apresentar-se-ia em Portugal. Aconselhado ao Olhanense por um jornalista luso que, numa viagem ao Brasil, havia conhecido um familiar do ponta-de-lança, o jogador chegaria ao Algarve como reforço para o plantel de 1969/70. Com o colectivo “rubro-negro” a militar na 3ª divisão, logo na temporada da sua chegada, numa equipa onde brilhava Osvaldo Silva, o atleta transformar-se-ia numa das figuras do título de campeão e da consequente subida. No degrau secundário manteria a preponderância conquistada anteriormente e no termo de 1972/73, num conjunto orientado por Artur Santos, seria a vez de o atacante ajudar à promoção ao escalão maior.
Como uma das figuras centrais no plantel do Olhanense, a época de 1973/74 serviria para o jogador cumprir a estreia entre os “grandes”. Mesmo com duas mudanças de treinador ao longo da temporada, o atacante, ao sublinhar-se com um dos preferidos, primeiro de Jim Lopes, depois de Mário Fuzaro e finalmente de Manuel Oliveira, marcaria presença, sempre como titular, em todas as 30 jornadas do Campeonato Nacional. Como grande destaque da sua participação na prova de maior monta no calendário luso, ficaria registado um golo frente ao FC Porto. Já na campanha subsequente, o mesmo registo de 30 partidas em 30 rondas e os remates certeiros a vitimizar, não só os “Azuis e Brancos”, como também o Benfica.
Infelizmente, numa altura em que o avançado era o capitão de equipa, o colectivo algarvio, do qual faziam parte nomes como os jovens Dinis e Jorge Jesus ou ainda Ademir e Guaraci, não conseguiria, com termo das provas agendadas para 1974/75, cumprir o objectivo da permanência. A despromoção faria com que o jogador tomasse outro rumo e seria o Famalicão a acolhê-lo nos 2 anos seguintes. Após a experiência no emblema minhoto, surgiria na sua caminhada desportiva o Académico de Viseu. No Fontelo, como um dos nomes habituais no “onze”, contribuiria para a chegada aos lugares de subida à 1ª divisão. Talvez justificada a cisão pela grave lesão sofrida no decorrer da campanha, a ligação do ponta-de-lança à agremiação da Beira Alta findaria com o final da temporada de 1977/78. Já a virar as derradeiras páginas da carreira como futebolista, Renato ainda viria a rubricar um contrato com o Lusitânia de Lourosa, onde permaneceria até ao fim de 1979/80.

Com a formação concluída ao serviço do FC Porto, Francisco Lage Pereira Nóbrega, por altura da sua promoção a sénior, seria emprestado ao Tirsense. Envolvido no negócio da ida de Alberto Festa para as Antas, a época de 1961/62, seria cumprida pelo extremo-esquerdo nas pelejas do 3º escalão. No entanto, mesmo afastado das exigências competitivas endereçadas aos “grandes”, o ano ao serviço dos “Jesuítas” serviria para que ganhasse traquejo suficiente para justificar o seu regresso aos “Azuis e Brancos”. Cumprido o tal desígnio, o atacante, num grupo de trabalho comandado por Jeno Kalmár, seria incluído no plantel de 1962/63 dos “Dragões” e no decorrer dessa campanha faria a estreia na 1ª divisão.
Aferido como um intérprete dotado de uma técnica sublime e de uma velocidade estonteante, Nóbrega não demoraria muito para vir a fixar-se no “onze” do FC Porto. Ao ultrapassar a concorrência de colegas mais experientes, o jogador, já sob a alçada de Otto Glória sublinhar-se-ia, no decorrer da temporada de 1963/64, como uma das principais figuras da colectividade portuense. Nesse sentido, a campanha seguinte traria alguns capítulos inolvidáveis para a caminhada do atleta. O inicial vivê-lo-ia na 1ª mão da 1ª eliminatória da Taça dos Vencedores das Taças, com os “Azuis e Brancos”, numa peleja frente aos gauleses do Olympique Lyon, a estrearem as vitórias no contexto das provas continentais. Já o segundo momento surgiria sensivelmente dois meses depois, com o avançado a ser arrolado à principal selecção lusa. Com a mais importante “camisola das quinas”, pela mão da dupla Manuel da Luz Afonso e do já mencionado Otto Glória, a partida de preparação frente a Espanha serviria de arranque a um trajecto que, para além das presenças com as cores da equipa “B” e “militar”, traria ao currículo do extremo-esquerdo 4 internacionalizações “A”. Nessa senda faltar-lhe-ia a chamada ao Mundial de 1966, feito que esteve à beira de acontecer por razão da sua inclusão na lista de pré-convocados para o certame realizado em Inglaterra.
Outro episódio de incontestável importância na caminhada do atleta emergiria com a chegada do FC Porto ao derradeiro desafio da edição de 1967/68 da Taça de Portugal. Depois de, em 1963/64 e frente ao Benfica, ter tido a primeira aparição na final da “Prova Rainha”, Nóbrega voltaria ao Jamor para, dessa feita, enfrentar o Vitória Futebol Clube. Contrariamente à experiência anterior, os “Dragões”, com o treinador José Maria Pedroto aos comandos da equipa, conseguiriam derrotar os seus adversários e com o golo do extremo-esquerdo a selar o triunfo por 2-1, o conjunto sediado na “Cidade Invicta” partiria do Estádio Nacional na posse do tão almejado troféu.
O que restaria do seu trajecto a envergar a camisola do FC Porto serviria para cimentá-lo como uma das grandes figuras dos “Azuis e Brancos” e, sem dúvida, como um dos melhores executantes no panorama futebolístico português. Os números tirados dessa senda revelariam 12 épocas passadas com os “Dragões”, 277 partidas disputadas e 44 golos concretizados em jogos oficiais. De seguida emergiria o regresso à terra natal, o ingresso no plantel de 1974/75 do Vila Real, as quase 3 temporadas cumpridas na agremiação de Trás-os-Montes e a sua saída do clube em solidariedade com o amigo Custódio Pinto, após este ter sido polemicamente demitido do cargo de treinador. No entanto, tendo decidido “pendurar as chuteiras”, Nóbrega manter-se-ia ligado ao futebol e numa carreira como técnico feita nos escalões secundários, o antigo atacante mereceria grandes louvores ao orientar colectividades como o Felgueiras, o Lixa, o Feirense, o Avanca ou o Atlético de Rio Tinto.

Nascido em Angola, Edson de Jesus Nobre, por razão da mudança da família, chegaria a Portugal com 6 anos de idade. Tempos mais tarde, apaixonado pelo futebol, começaria por representar as camadas de formação do Anadia. No entanto, a passagem para o patamar sénior, numa altura em que ainda era obrigado a conciliar o desporto com o trabalho, levá-lo-ia, na temporada de 1999/00, a envergar as cores do Mealhada – “Desde os dezoito anos que sempre trabalhei. Comecei na construção civil, como trolha, estive depois no atendimento numa loja de tintas, mas as coisas correm mal, tive de sair, e foi o presidente do Oliveira do Bairro que me arranjou emprego na fábrica dele de louças e sanitários. Trabalhava na secção de banheiras”*.
O Mealhada, o regresso ao Anadia e a entrada no já mencionado Oliveira do Hospital, com 2 épocas cumpridas em cada uma das colectividades, transformar-se-iam nos primeiros 6 anos da carreira sénior do extremo. Até aí a militar nos escalões secundários, Edson, aferido pela estonteante velocidade e por uma técnica bem acima da média, haveria de despertar os sentidos a outros emblemas. Contratado pelo Paços de Ferreira e orientado por José Mota, a campanha de 2005/06 acabaria por oferecer ao atacante a estreia no escalão máximo luso. Pouco amedrontado pelo salto dado, o atacante rapidamente conseguiria alcançar a titularidade e como uma referência no sector ofensivo da agremiação sediada na “Cidade dos Móveis”, o jogador começaria a apontar a outros horizontes.
Ao revelar-se como um dos nomes habituais no “onze” do Paços de Ferreira, Edson veria o seleccionador angolano a interessar-se pelas suas habilidades. Convocado por Luís Gonçalves para a disputa, a 16 de Novembro de 2005, de um “amigável” frente ao Japão, o extremo acabaria igualmente incluído no grupo chamado a disputar a CAN de 2006. Ainda nesse ano, muito para além do torneio disputado na África do Sul, o grande destaque na caminhada do avançado surgiria com o Campeonato do Mundo. No certame organizado na Alemanha, numa equipa com inúmeras figuras bem conhecidas do futebol luso, casos de Mantorras, João Ricardo, Akwá, Kali, Rui Marques, Marco Airosa, Figueiredo, André Macanga, Marco Abreu, Mendonça, Mateus ou Zé Kalanga, o extremo entraria em campo por uma vez e logo na partida, a contar para a Fase de Grupos, frente a Portugal.
Seria ainda como atleta do Paços de Ferreira que Edson, com a chamada à edição de 2008 da CAN, disputaria o 3º grande torneio pelos “Palancas Negros”. No que concerne ao panorama clubístico, o extremo, durante os 4 anos a vestir as cores dos “Castores”, manter-se-ia como um dos melhores intérpretes a jogar em casa no Estádio da Mata. Seguir-se-iam, a experiência no plantel de 2009/10 do Ethnikos Achnas e o regresso, cumpridos poucos meses no Chipre, ao país natal, para representar o Recreativo do Libolo treinado por Mariano Barreto. De volta a Portugal e já a aproximar-se do final de carreira, o extremo, nas disputas dos escalões secundários, ainda vestiria as camisolas do Arouca e do Aliados do Lordelo.
*retirado do artigo de Sérgio Pereira, publicado a 3/10/2005, em https://maisfutebol.iol.pt

Seria como praticante das “escolas” do Sporting que Luís Tomás Martins Fernandes acabaria chamado aos trabalhos das jovens equipas sob a alçada da Federação Portuguesa de Futebol. A estreia com as cores lusas, no âmbito das disputas agendadas para a equipa de juniores, aconteceria pela mão de Peres Bandeira, a 22 de Março de 1977. Nesse jogo de preparação frente à Finlândia, onde também marcariam presença Zé Beto, Alberto Bastos Lopes, entre outros, o atleta, à altura a posicionar-se em lugares mais avançados do terreno, encetaria um trajecto a levá-lo a diferentes escalões e aos principais certames consignados às camadas de formação. O primeiro desses momentos seria a edição de 1978 do Torneio Internacional de Juniores da UEFA e no ano seguinte, ao dar seguimento a um trajecto no qual somaria 20 internacionalizações, surgiria a convocatória para o grupo arrolado ao Mundial sub-20 disputado no Japão.
Por altura do torneio nipónico, já o atleta tinha feito a estreia como sénior. Sem espaço em Alvalade, a oportunidade surgiria bem a norte, no Vianense. Mesmo a disputar a 2ª divisão de 1978/79, a verdade é que o jogador revelar-se-ia preparado para, na temporada subsequente, aceitar um desafio primodivisionário. No Beira-Mar, inicialmente orientado por Fernando Cabrita para, a partir da 18ª ronda do Campeonato Nacional, começar a trabalhar com Rodrigues Dias, o defesa-direito faria a estreia entre os “grandes”. Contudo, a sua passagem por Aveiro terminaria nos lugares de descida e com os homens do Estádio Mário Duarte a caminho do patamar secundário, Tomás voltaria a mudar de rumo.
A entrada na Académica de Coimbra na temporada de 1980/81 manteria o lateral nas contendas da 1ª divisão. Numa campanha deveras complicada para os “Estudantes”, a chegada de Mário Wilson, já com a época em andamento, não evitaria o último lugar da tabela classificativa e o consequente descalabrado da descida. Tomás, ainda assim, faria por merecer uma utilização com alguma regularidade. Seguir-se-iam 3 campanhas consecutivas nas contendas da 2ª divisão. Já o regresso ao escalão máximo dar-se-ia em 1984/85, com o atleta a apresentar-se como um dos titulares, mas a ser chamado preferencialmente ao sector intermediário. Ainda sob a alçada de Vítor Manuel, a época seguinte elevaria o médio à condição de capitão da “Briosa” e o jogador, daí em diante, passaria a ser aferido como uma das figurais centrais da colectividade beirã.
A temporada de 1987/88, a terminar um ciclo ininterrupto de 4 anos na 1ª divisão, devolveria à carreira de Tomás o cenário do patamar secundário. Após cumprir 2 campanhas no referido contexto competitivo, com 10 épocas ao serviço da “Briosa” e uma soma de 298 partidas disputadas com a camisola negra, sendo 147 a desempenhar as funções capitão, o jogador tomaria a decisão de deixar a agremiação conimbricense. Cimentado como um dos nomes históricos dos “Estudantes”, onde, pela inscrição no ISCAC, também daria corpo à mítica figura do atleta/estudante, seria a vez de o Penafiel surgir na sua carreira. Com o regresso ao convívio com os “grandes” intimamente ligado à escolha de Vítor Manuel para o comando técnico dos “Durienses”, o defesa emergiria como um elemento determinante nas manobras tácticas idealizadas para o clube rubro-negro. Durante a passagem de 3 anos pelo Estádio 25 de Abril, o atleta manter-se-ia como um jogador preponderante e com o fim da caminhada enquanto futebolista à espreita, tempo ainda para, em 1993/94, representar “Os Marialvas”.

Nascido na Guiné-Bissau, Samuel António da Silva Tavares Quina, seria descoberto, ainda no país natal, por Cavungi – “Ele tinha ido lá de férias e falou de mim ao treinador do Benfica. Pediram-me para ir lá fazer um treino e fiquei”*. Já em Lisboa, apesar do aspecto franzino, a inteligência apresentada pelo jovem defesa-central, permitir-lhe-ia usar outros atributos de forma bem discernida, com o principal destaque a emergir da velocidade. A revelar um notório crescimento, ainda como capitão dos juniores, as qualidades referidas levá-lo-iam a praticar com a primeira equipa das “Águias”. A atitude demonstrada agradaria aos responsáveis técnicos e numa altura em que ainda treinava nas equipas de formação dos “Encarnados”, Sven-Göran Eriksson chamá-lo-ia à estreia no conjunto principal.
Após o arranque pelos seniores, numa partida a contar para a edição de 1983/84 da Taça de Portugal, Samuel fixar-se-ia definitivamente no grupo principal. No entanto, com nomes como Oliveira, Humberto Coelho e António Bastos Lopes como competidores directos, novas oportunidades não surgiriam de imediato. Por outro lado, a partida frente ao Desportivo de Chaves abriria ao atleta as portas das equipas à guarda da Federação Portuguesa de Futebol. Com a primeira aparição a ocorrer a 15 de Fevereiro de 1984, essa partida a opô-lo aos sub-18 da Bélgica, contenda orientada por José Augusto, permitiria ao atleta encetar uma senda que, para além das pelejas cumpridas por diversos escalões de formação, encaminhá-lo-ia até à principal “camisola das quinas”. Nesse contexto competitivo, seria a 4 de Setembro de 1991, dessa feita pela mão de Carlos Queiroz, que pela primeira vez apareceria em campo. Seguir-se-iam, ao jogo com a congénere da Áustria, outras partidas e uma carreira que chegaria a somar um total de 27 internacionalizações, 5 das quais feitas pelo conjunto “A” de Portugal.
Regressando ao percurso clubístico de Samuel, a campanha a suceder à da sua estreia, já com Pal Csernai como treinador, revelaria o atleta a jogar com uma espantosa frequência. Nessa caminhada, ainda saberia manter o estatuto de titular na primeira época do regresso de John Mortimore à Luz. Todavia, a partir da campanha de 1986/87, primeiro pela chegada de Dito e de Edmundo, para depois enfrentar a concorrência dos internacionais brasileiros Mozer e Ricardo Gomes, o defesa-central voltaria a perder espaço no “onze” do Benfica. Seria, no entanto, com Eriksson de novo à frente as “Águias” que o jogador voltaria a participar com mais frequência nos embates da colectividade “alfacinha”. Porém, numa carreira que ficaria marcada por altos e baixos, 1990/91 marcaria mais uma temporada discreta e ditaria a consequente viagem, por empréstimo, até à cidade do Porto.
Ao serviço do plantel de 1991/92 do Boavista, Samuel edificaria uma campanha brilhante, a qual culminaria com a sua presença na final da Taça de Portugal e com a vitória frente ao FC Porto. Tais sucessos, alcançados pelos “Axadrezados”, abrir-lhe-iam, de novo, as portas da Luz. Contudo, mais uma vez, o jogador claudicaria perante a concorrência. Sem espaço, o final da campanha de 1992/93 marcaria, em definitivo, o termo da ligação entre o atleta e o “Glorioso”. Com o currículo recheado pela conquista de 3 Campeonatos Nacionais, 4 Taças de Portugal, 2 Supertaças e pela presença na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1989/90, onde, com o intuito de travar Ruud Gullit, jogaria na lateral esquerda, o defesa voltaria a viajar em direcção ao Norte e assinaria contrato com o Vitória Sport Clube.
Em Guimarães a partir de 1993/94, Samuel entraria na última fase da caminhada como futebolista. Depois de um par de épocas ao serviço dos homens da “Cidade Berço”, onde nunca chegaria a ser um nome habitual no “onze” dos “Conquistadores”, o defesa-central, integrado no plantel de 1995/96 do Tirsense, cumpriria a 13ª campanha consecutiva no escalão máximo luso. Seguir-se-iam as passagens pelo Odivelas, pelo Fanhões e fim da carreira com o termo das provas calendarizadas para 1998/99.
*retirado do artigo de Ricardo Gouveia, publicado a 19/02/2014, em https://maisfutebol.iol.pt

Ainda como júnior da União Desportiva da Tocha, Carlos Pereira Rodrigues, popularizado no mundo do futebol pelo diminutivo Carlitos, seria chamado à equipa sediada no concelho de Cantanhede no decorrer da temporada de 1999/00. Mesmo com o emblema “costeiro” a disputar os “distritais” da Associação de Futebol de Coimbra, as qualidades do jovem lateral-direito não passariam despercebidas e depressa alimentariam a cobiça de colectividades com outras ambições. Nesse sentido, seria a Naval 1º de Maio a apresentá-lo como reforço do plantel. Com a chegada ao novo clube a acontecer na campanha de 2001/02, o jogador encetaria nessa época a caminhada de 12 anos a inscrevê-lo como um dos nomes de maior relevo na história da secular agremiação da Figueira da Foz.
Mesmo não sendo um atleta consensual entre os vários treinadores com passagem pela Naval 1º de Maio, o que resultaria em épocas de grande utilização, com outras mais discretas, o defesa conseguiria segurar o seu lugar no plantel. Depois da estreia sob a batuta de José Dinis, a primeira época em que Carlitos viria a afirmar-se indubitavelmente como um membro do “onze” seria a campanha de 2004/05. Curiosamente, essa temporada tornar-se-ia num dos anos competitivos mais marcantes na existência da colectividade, tal como da carreira do jogador. Para ambos, a referida época dar-lhes-ia a subida ao escalão máximo e, como resultado, a estreia na 1ª divisão.
A campanha de 2005/06, apesar da roda-viva de treinadores, terminaria com números bastante favoráveis para o lateral-direito. Ao ajudar, como um dos principais rostos da equipa, a cumprir a meta da manutenção, o par de anos seguintes revelariam um Carlitos parcialmente eclipsado. Preterido, no correr desse biénio, em favor de outros colegas, mormente de Mário Sérgio, a verdade é que o início da temporada de2007/08, como resultado de uma grave lesão, entregaria o jogador ao cuidado do departamento médico da Naval 1º de Maio. Após 6 meses de recuperação e a trabalhar com o treinador Ulisses Morais, o defesa voltaria às épocas de grande calibre exibicional. No entanto, seria no Campeonato Nacional de 2009/10, numa época que findaria na intendência de Augusto Inácio, que, mais uma vez, sublinharia o seu papel como elemento fundamental nas manobras tácticas da colectividade. Com o lateral-direito a assumir a titularidade dos homens a envergar o listado verde e branco, não só o clube, com o 8º posto na tabela classificativa, atingiria a melhor posição de sempre na competição de maior monta no calendário luso, como a chegada às meias-finais da Taça de Portugal, igualando o feito de 2002/03, constituiria um marco de inolvidável importância.
Ironicamente, a época seguinte aos feitos listados no termo do parágrafo anterior acabaria com a relegação da Naval 1º de Maio. Carlitos, como um das figuras de maior representatividade no clube, razão pela qual haveria de envergar a braçadeira de capitão, acompanharia a colectividade figueirense na descida. No entanto, a participação na divisão de Honra seria acompanhada de uma crise desportiva e financeira, com 2012/13 a terminar com nova despromoção. Dessa feita, o jogador tomaria a decisão de mudar de emblema, com o Farense de 2013/14, também na disputa do 2º patamar português, a acolher o jogador e com o Algarve a tornar-se na “casa” do atleta no par de anos seguintes.
Com o aproximar do final da caminhada competitiva do jogador, Carlitos ainda teria disponibilidade para cumprir mais algumas temporadas. Nesses derradeiros capítulos, o defesa regressaria ao Tocha e depois de representar o plantel de 2018/19 d’ “Os Marialvas”, viria a “pendurar as chuteiras”. Retirado das lides de futebolista, o antigo lateral-direito não abandonaria a modalidade e as camadas de formação d’ “Os Marialvas”, do Ginásio Figueirense e a experiência como adjunto no plantel principal do Tocha compõem, para já, o seu currículo como técnico.

Júnior no Benfica, Alexandre Alberto Marques Moreira, na altura de transitar para o universo sénior, veria na Académica de Coimbra uma belíssima oportunidade para dar seguimento à caminhada no futebol. Na “Cidade dos Estudante” a partir da temporada de 1961/62, o defesa-central, que também mostrava capacidades para jogar em lugares do meio-campo, seria incluído num grupo de trabalho onde também marcavam presença, só no que ao sector mais recuado diz respeito, atletas de enorme gabarito como Curado, Mário Torres ou Mário Wilson. Por essa razão, numa equipa orientada por Alberto Gomes, o jogador haveria de registar poucas aparições. Na época seguinte, já com a “Briosa” sob a alçada de José Maria Pedroto, os seus desempenhos apresentariam números bem modestos e o Serviço Militar Obrigatório surgiria, algum tempo depois, para dificultar ainda mais a sua situação desportiva.
Após a incorporação em Moçambique, onde passaria a envergar as cores do Sporting de Lourenço Marques, seria já no final da década de 1960 que o destino encaminharia o atleta até ao Montijo. Com o emblema aldegalense a competir nos escalões secundários, o defesa participaria, durante alguns anos, nas campanhas a preceder uma das mais importantes páginas na história da colectividade sediada na Margem Sul. A vestir de amarelo e verde, depois de, na época anterior ter ajudado à subida do clube, Alexandre Moreira teria, em 1972/73, o regresso à 1ª divisão. Com a referida temporada, no que concerne ao clube, a servir de estreia no convívio com os “grandes”, o grupo, do qual também fariam parte Celestino, Carolino, Rachão, Evaristo, ou Francisco Mário, daria boa conta de si nos objectivos traçados para a manutenção. Já em termos individuais, o jogador surpreenderia e, para além de consagrado como um dos titulares, conseguiria o espantoso feito de disputar todos os minutos dedicados ao Campeonato Nacional.
Na época seguinte, orientado pelo uruguaio José Caraballo, Alexandre Moreira perderia muito do protagonismo da campanha anterior. Igualmente, no plano colectivo, a equipa claudicaria e acabaria por, em 1974/75, voltar às disputas do 2º escalão. A entrar na veterania, o defesa, ainda assim, viria a contribuir para uma nova subida. Tal promoção transformar-se-ia num verdadeiro prémio de consagração para o jogador. Naquela que viria a mutar-se na derradeira campanha do atleta nas lides como futebolista a pelejar nas contendas seniores, o termo das provas agendadas para a temporada de 1976/77 coincidiria com a sua decisão de “pendurar as chuteiras”. Daí para a frente, conservando-se o “desporto rei” em paralelo com as suas actividades como professor de Educação Física, o antigo praticante manter-se-ia ligado à modalidade. Nesse sentido, haveria de experimentar as tarefas de treinador. Já como dirigente do Montijo, numa altura de grande aflição para a colectividade, assumiria o cargo de Director para o Departamento de Futebol e a militar nas “distritais” da Associação de Futebol de Setúbal mostraria uma enorme ambição – “O lugar deste clube é a II Divisão B, e por isso contratámos jogadores já com provas dadas para que na próxima época possamos disputar a III Divisão”*.
*retirado do artigo de Amândio Baptista, publicado em www.record.pt

Seria como membro das “escolas” do Benfica que Félix Marques Guerreiro acabaria chamado aos trabalhos das jovens equipas sob a alçada da Federação Portuguesa de Futebol. Incluído num grupo onde também marcariam presença notáveis atletas, casos de Melo, Godinho, Rui Rodrigues, Gervásio ou Alfredo Quaresma, o extremo viria a ser convocado para a disputa da edição de 1962 do Torneio Internacional de Juniores da UEFA. No certame organizado na Roménia, seria frente à “equipa da casa” que o extremo conseguiria a primeira internacionalização. No resto da carreira, o atacante ainda amealharia outras partidas feitas com a “camisola das quinas”. Num total de 13 pelejas cumpridas por Portugal, onde também estariam incluídas as contendas pelos “BB” e pelos “esperanças”, o principal destaque iria, como é lógico, para a chegada à equipa principal. O seu trajecto com a insígnia dos “AA” encetar-se-ia, numa altura em que já era um distinto membro do Vitória Futebol Clube, pela mão de José Maria Antunes. Nessa jornada da Fase de Apuramento para o Mundial de 1970, entraria em campo, como titular, ao lado dos “magriços” Eusébio, Simões, Peres e Hilário e o bom desempenho no embate frente à Suíça daria azo a outras duas participações com as mais importantes cores lusas.
Regressando ao seu percurso clubístico, Guerreiro, com a entrada na equipa principal da “Águias” a acontecer na temporada de 1964/65, ver-se-ia relegado para a condição de suplente. Tapado por José Augusto e com Iaúca igualmente à espreita de um lugar no “onze”, o extremo-direito poucas oportunidades conseguiria na equipa orientada pelo romeno Elek Schwartz. Também na campanha seguinte, já sob a alçada do regressado Béla Guttmann, o seu estatuto não sairia reforçado. Sem espaço no Benfica, o jogador, ao lado de Pedras e de Arcanjo, seria envolvido no negócio a fazer chegar Jaime Graça à Luz e acabaria, com o palmarés recheado pela conquista do Campeonato Nacional da época mencionada no início deste parágrafo, por partir em direcção à cidade de Setúbal.
Com a entrada na nova colectividade a acontecer na temporada de 1966/67, Guerreiro encetaria uma caminhada a levá-lo ao estrito rol dos jogadores mais respeitados no cenário luso. Comandado por Fernando Vaz e com um extenso rol de excelentes praticantes como companheiros de balneário, o extremo transformar-se-ia numa das figuras da campanha realizada pelo Vitória Futebol Clube na Taça de Portugal. Na edição da “Prova Rainha” referente à sua chegada ao Bonfim, com a agremiação setubalense no derradeiro desafio da competição, o atacante seria chamado à peleja disputada, frente à Académica de Coimbra, no Estádio Nacional. Numa partida deveras renhida, seria o seu golo, concretizado durante o primeiro prolongamento, a manter a esperança dos “Sadinos” bem acesa e o remate certeiro de Jacinto João aos 144 minutos, ao selar o 3-2 final, permitiria a saída do almejado troféu na posse dos homens a envergar o listado verde e branco.
Guerreiro também marcaria presença na final da Taça de Portugal de 1967/68, dessa feita perdida frente ao FC Porto. No entanto, para além da referida competição, outras marcas de inolvidável importância surgiriam na carreira do extremo. No que diz respeito às provas de índole continental, numa altura em que o Vitória Futebol Clube cruzava um capítulo áureo da sua história, o atacante seria uma das grandes figuras das pelejas fora de fronteiras. Nesse campo, com a colectividade setubalense a repetir anualmente a sua participação, os maiores destaques iriam para a eliminação de agremiações como a Fiorentina, o Liverpool ou o Inter Milan; para as edições de 1968/69 e de 1970/71 da Taça das Cidades com Feira e a Taça UEFA de 1972/73, com os “Sadinos” a chegarem aos quartos-de-final; ou ainda as 3 dezenas de presenças do atacante nessas partidas.
O trecho seguinte do trajecto competitivo do avançado surgiria, a partir de 1973/74, com as cores do Atlético. A entrada na Tapadinha apresentaria o jogador à 2ª divisão. Porém, apesar do cenário inédito na sua carreira, e numa equipa com inúmeros craques, casos de Franque, Caló, José Eduardo, Coelho, Nogueira, Vasques, Candeias ou Esmoriz, o regresso ao patamar maior assegurar-se-ia logo no ano seguinte. De novo a trabalhar com Fernando Vaz, o extremo encetaria aí um par de campanhas primodivisionárias, as quais precederiam uma derradeira época ao serviço do Viseu e Benfica e a decisão de “pendurar das chuteiras”, com o termo das provas agendadas para 1976/77.