Seria como praticante das “escolas” do Sporting que Luís Tomás Martins Fernandes acabaria chamado aos trabalhos das jovens equipas sob a alçada da Federação Portuguesa de Futebol. A estreia com as cores lusas, no âmbito das disputas agendadas para a equipa de juniores, aconteceria pela mão de Peres Bandeira, a 22 de Março de 1977. Nesse jogo de preparação frente à Finlândia, onde também marcariam presença Zé Beto, Alberto Bastos Lopes, entre outros, o atleta, à altura a posicionar-se em lugares mais avançados do terreno, encetaria um trajecto a levá-lo a diferentes escalões e aos principais certames consignados às camadas de formação. O primeiro desses momentos seria a edição de 1978 do Torneio Internacional de Juniores da UEFA e no ano seguinte, ao dar seguimento a um trajecto no qual somaria 20 internacionalizações, surgiria a convocatória para o grupo arrolado ao Mundial sub-20 disputado no Japão. Por altura do torneio nipónico, já o atleta tinha feito a estreia como sénior. Sem espaço em Alvalade, a oportunidade surgiria bem a norte, no Vianense. Mesmo a disputar a 2ª divisão de 1978/79, a verdade é que o jogador revelar-se-ia preparado para, na temporada subsequente, aceitar um desafio primodivisionário. No Beira-Mar, inicialmente orientado por Fernando Cabrita para, a partir da 18ª ronda do Campeonato Nacional, começar a trabalhar com Rodrigues Dias, o defesa-direito faria a estreia entre os “grandes”. Contudo, a sua passagem por Aveiro terminaria nos lugares de descida e com os homens do Estádio Mário Duarte a caminho do patamar secundário, Tomás voltaria a mudar de rumo. A entrada na Académica de Coimbra na temporada de 1980/81 manteria o lateral nas contendas da 1ª divisão. Numa campanha deveras complicada para os “Estudantes”, a chegada de Mário Wilson, já com a época em andamento, não evitaria o último lugar da tabela classificativa e o consequente descalabrado da descida. Tomás, ainda assim, faria por merecer uma utilização com alguma regularidade. Seguir-se-iam 3 campanhas consecutivas nas contendas da 2ª divisão. Já o regresso ao escalão máximo dar-se-ia em 1984/85, com o atleta a apresentar-se como um dos titulares, mas a ser chamado preferencialmente ao sector intermediário. Ainda sob a alçada de Vítor Manuel, a época seguinte elevaria o médio à condição de capitão da “Briosa” e o jogador, daí em diante, passaria a ser aferido como uma das figurais centrais da colectividade beirã. A temporada de 1987/88, a terminar um ciclo ininterrupto de 4 anos na 1ª divisão, devolveria à carreira de Tomás o cenário do patamar secundário. Após cumprir 2 campanhas no referido contexto competitivo, com 10 épocas ao serviço da “Briosa” e uma soma de 298 partidas disputadas com a camisola negra, sendo 147 a desempenhar as funções capitão, o jogador tomaria a decisão de deixar a agremiação conimbricense. Cimentado como um dos nomes históricos dos “Estudantes”, onde, pela inscrição no ISCAC, também daria corpo à mítica figura do atleta/estudante, seria a vez de o Penafiel surgir na sua carreira. Com o regresso ao convívio com os “grandes” intimamente ligado à escolha de Vítor Manuel para o comando técnico dos “Durienses”, o defesa emergiria como um elemento determinante nas manobras tácticas idealizadas para o clube rubro-negro. Durante a passagem de 3 anos pelo Estádio 25 de Abril, o atleta manter-se-ia como um jogador preponderante e com o fim da caminhada enquanto futebolista à espreita, tempo ainda para, em 1993/94, representar “Os Marialvas”.
Nascido na Guiné-Bissau, Samuel António da Silva Tavares Quina, seria descoberto, ainda no país natal, por Cavungi – “Ele tinha ido lá de férias e falou de mim ao treinador do Benfica. Pediram-me para ir lá fazer um treino e fiquei”*. Já em Lisboa, apesar do aspecto franzino, a inteligência apresentada pelo jovem defesa-central, permitir-lhe-ia usar outros atributos de forma bem discernida, com o principal destaque a emergir da velocidade. A revelar um notório crescimento, ainda como capitão dos juniores, as qualidades referidas levá-lo-iam a praticar com a primeira equipa das “Águias”. A atitude demonstrada agradaria aos responsáveis técnicos e numa altura em que ainda treinava nas equipas de formação dos “Encarnados”, Sven-Göran Eriksson chamá-lo-ia à estreia no conjunto principal. Após o arranque pelos seniores, numa partida a contar para a edição de 1983/84 da Taça de Portugal, Samuel fixar-se-ia definitivamente no grupo principal. No entanto, com nomes como Oliveira, Humberto Coelho e António Bastos Lopes como competidores directos, novas oportunidades não surgiriam de imediato. Por outro lado, a partida frente ao Desportivo de Chaves abriria ao atleta as portas das equipas à guarda da Federação Portuguesa de Futebol. Com a primeira aparição a ocorrer a 15 de Fevereiro de 1984, essa partida a opô-lo aos sub-18 da Bélgica, contenda orientada por José Augusto, permitiria ao atleta encetar uma senda que, para além das pelejas cumpridas por diversos escalões de formação, encaminhá-lo-ia até à principal “camisola das quinas”. Nesse contexto competitivo, seria a 4 de Setembro de 1991, dessa feita pela mão de Carlos Queiroz, que pela primeira vez apareceria em campo. Seguir-se-iam, ao jogo com a congénere da Áustria, outras partidas e uma carreira que chegaria a somar um total de 27 internacionalizações, 5 das quais feitas pelo conjunto “A” de Portugal. Regressando ao percurso clubístico de Samuel, a campanha a suceder à da sua estreia, já com Pal Csernai como treinador, revelaria o atleta a jogar com uma espantosa frequência. Nessa caminhada, ainda saberia manter o estatuto de titular na primeira época do regresso de John Mortimore à Luz. Todavia, a partir da campanha de 1986/87, primeiro pela chegada de Dito e de Edmundo, para depois enfrentar a concorrência dos internacionais brasileiros Mozer e Ricardo Gomes, o defesa-central voltaria a perder espaço no “onze” do Benfica. Seria, no entanto, com Eriksson de novo à frente as “Águias” que o jogador voltaria a participar com mais frequência nos embates da colectividade “alfacinha”. Porém, numa carreira que ficaria marcada por altos e baixos, 1990/91 marcaria mais uma temporada discreta e ditaria a consequente viagem, por empréstimo, até à cidade do Porto. Ao serviço do plantel de 1991/92 do Boavista, Samuel edificaria uma campanha brilhante, a qual culminaria com a sua presença na final da Taça de Portugal e com a vitória frente ao FC Porto. Tais sucessos, alcançados pelos “Axadrezados”, abrir-lhe-iam, de novo, as portas da Luz. Contudo, mais uma vez, o jogador claudicaria perante a concorrência. Sem espaço, o final da campanha de 1992/93 marcaria, em definitivo, o termo da ligação entre o atleta e o “Glorioso”. Com o currículo recheado pela conquista de 3 Campeonatos Nacionais, 4 Taças de Portugal, 2 Supertaças e pela presença na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1989/90, onde, com o intuito de travar Ruud Gullit, jogaria na lateral esquerda, o defesa voltaria a viajar em direcção ao Norte e assinaria contrato com o Vitória Sport Clube. Em Guimarães a partir de 1993/94, Samuel entraria na última fase da caminhada como futebolista. Depois de um par de épocas ao serviço dos homens da “Cidade Berço”, onde nunca chegaria a ser um nome habitual no “onze” dos “Conquistadores”, o defesa-central, integrado no plantel de 1995/96 do Tirsense, cumpriria a 13ª campanha consecutiva no escalão máximo luso. Seguir-se-iam as passagens pelo Odivelas, pelo Fanhões e fim da carreira com o termo das provas calendarizadas para 1998/99.
*retirado do artigo de Ricardo Gouveia, publicado a 19/02/2014, em https://maisfutebol.iol.pt
Ainda como júnior da União Desportiva da Tocha, Carlos Pereira Rodrigues, popularizado no mundo do futebol pelo diminutivo Carlitos, seria chamado à equipa sediada no concelho de Cantanhede no decorrer da temporada de 1999/00. Mesmo com o emblema “costeiro” a disputar os “distritais” da Associação de Futebol de Coimbra, as qualidades do jovem lateral-direito não passariam despercebidas e depressa alimentariam a cobiça de colectividades com outras ambições. Nesse sentido, seria a Naval 1º de Maio a apresentá-lo como reforço do plantel. Com a chegada ao novo clube a acontecer na campanha de 2001/02, o jogador encetaria nessa época a caminhada de 12 anos a inscrevê-lo como um dos nomes de maior relevo na história da secular agremiação da Figueira da Foz. Mesmo não sendo um atleta consensual entre os vários treinadores com passagem pela Naval 1º de Maio, o que resultaria em épocas de grande utilização, com outras mais discretas, o defesa conseguiria segurar o seu lugar no plantel. Depois da estreia sob a batuta de José Dinis, a primeira época em que Carlitos viria a afirmar-se indubitavelmente como um membro do “onze” seria a campanha de 2004/05. Curiosamente, essa temporada tornar-se-ia num dos anos competitivos mais marcantes na existência da colectividade, tal como da carreira do jogador. Para ambos, a referida época dar-lhes-ia a subida ao escalão máximo e, como resultado, a estreia na 1ª divisão. A campanha de 2005/06, apesar da roda-viva de treinadores, terminaria com números bastante favoráveis para o lateral-direito. Ao ajudar, como um dos principais rostos da equipa, a cumprir a meta da manutenção, o par de anos seguintes revelariam um Carlitos parcialmente eclipsado. Preterido, no correr desse biénio, em favor de outros colegas, mormente de Mário Sérgio, a verdade é que o início da temporada de2007/08, como resultado de uma grave lesão, entregaria o jogador ao cuidado do departamento médico da Naval 1º de Maio. Após 6 meses de recuperação e a trabalhar com o treinador Ulisses Morais, o defesa voltaria às épocas de grande calibre exibicional. No entanto, seria no Campeonato Nacional de 2009/10, numa época que findaria na intendência de Augusto Inácio, que, mais uma vez, sublinharia o seu papel como elemento fundamental nas manobras tácticas da colectividade. Com o lateral-direito a assumir a titularidade dos homens a envergar o listado verde e branco, não só o clube, com o 8º posto na tabela classificativa, atingiria a melhor posição de sempre na competição de maior monta no calendário luso, como a chegada às meias-finais da Taça de Portugal, igualando o feito de 2002/03, constituiria um marco de inolvidável importância. Ironicamente, a época seguinte aos feitos listados no termo do parágrafo anterior acabaria com a relegação da Naval 1º de Maio. Carlitos, como um das figuras de maior representatividade no clube, razão pela qual haveria de envergar a braçadeira de capitão, acompanharia a colectividade figueirense na descida. No entanto, a participação na divisão de Honra seria acompanhada de uma crise desportiva e financeira, com 2012/13 a terminar com nova despromoção. Dessa feita, o jogador tomaria a decisão de mudar de emblema, com o Farense de 2013/14, também na disputa do 2º patamar português, a acolher o jogador e com o Algarve a tornar-se na “casa” do atleta no par de anos seguintes. Com o aproximar do final da caminhada competitiva do jogador, Carlitos ainda teria disponibilidade para cumprir mais algumas temporadas. Nesses derradeiros capítulos, o defesa regressaria ao Tocha e depois de representar o plantel de 2018/19 d’ “Os Marialvas”, viria a “pendurar as chuteiras”. Retirado das lides de futebolista, o antigo lateral-direito não abandonaria a modalidade e as camadas de formação d’ “Os Marialvas”, do Ginásio Figueirense e a experiência como adjunto no plantel principal do Tocha compõem, para já, o seu currículo como técnico.
Júnior no Benfica, Alexandre Alberto Marques Moreira, na altura de transitar para o universo sénior, veria na Académica de Coimbra uma belíssima oportunidade para dar seguimento à caminhada no futebol. Na “Cidade dos Estudante” a partir da temporada de 1961/62, o defesa-central, que também mostrava capacidades para jogar em lugares do meio-campo, seria incluído num grupo de trabalho onde também marcavam presença, só no que ao sector mais recuado diz respeito, atletas de enorme gabarito como Curado, Mário Torres ou Mário Wilson. Por essa razão, numa equipa orientada por Alberto Gomes, o jogador haveria de registar poucas aparições. Na época seguinte, já com a “Briosa” sob a alçada de José Maria Pedroto, os seus desempenhos apresentariam números bem modestos e o Serviço Militar Obrigatório surgiria, algum tempo depois, para dificultar ainda mais a sua situação desportiva. Após a incorporação em Moçambique, onde passaria a envergar as cores do Sporting de Lourenço Marques, seria já no final da década de 1960 que o destino encaminharia o atleta até ao Montijo. Com o emblema aldegalense a competir nos escalões secundários, o defesa participaria, durante alguns anos, nas campanhas a preceder uma das mais importantes páginas na história da colectividade sediada na Margem Sul. A vestir de amarelo e verde, depois de, na época anterior ter ajudado à subida do clube, Alexandre Moreira teria, em 1972/73, o regresso à 1ª divisão. Com a referida temporada, no que concerne ao clube, a servir de estreia no convívio com os “grandes”, o grupo, do qual também fariam parte Celestino, Carolino, Rachão, Evaristo, ou Francisco Mário, daria boa conta de si nos objectivos traçados para a manutenção. Já em termos individuais, o jogador surpreenderia e, para além de consagrado como um dos titulares, conseguiria o espantoso feito de disputar todos os minutos dedicados ao Campeonato Nacional. Na época seguinte, orientado pelo uruguaio José Caraballo, Alexandre Moreira perderia muito do protagonismo da campanha anterior. Igualmente, no plano colectivo, a equipa claudicaria e acabaria por, em 1974/75, voltar às disputas do 2º escalão. A entrar na veterania, o defesa, ainda assim, viria a contribuir para uma nova subida. Tal promoção transformar-se-ia num verdadeiro prémio de consagração para o jogador. Naquela que viria a mutar-se na derradeira campanha do atleta nas lides como futebolista a pelejar nas contendas seniores, o termo das provas agendadas para a temporada de 1976/77 coincidiria com a sua decisão de “pendurar as chuteiras”. Daí para a frente, conservando-se o “desporto rei” em paralelo com as suas actividades como professor de Educação Física, o antigo praticante manter-se-ia ligado à modalidade. Nesse sentido, haveria de experimentar as tarefas de treinador. Já como dirigente do Montijo, numa altura de grande aflição para a colectividade, assumiria o cargo de Director para o Departamento de Futebol e a militar nas “distritais” da Associação de Futebol de Setúbal mostraria uma enorme ambição – “O lugar deste clube é a II Divisão B, e por isso contratámos jogadores já com provas dadas para que na próxima época possamos disputar a III Divisão”*.
*retirado do artigo de Amândio Baptista, publicado em www.record.pt
Seria como membro das “escolas” do Benfica que Félix Marques Guerreiro acabaria chamado aos trabalhos das jovens equipas sob a alçada da Federação Portuguesa de Futebol. Incluído num grupo onde também marcariam presença notáveis atletas, casos de Melo, Godinho, Rui Rodrigues, Gervásio ou Alfredo Quaresma, o extremo viria a ser convocado para a disputa da edição de 1962 do Torneio Internacional de Juniores da UEFA. No certame organizado na Roménia, seria frente à “equipa da casa” que o extremo conseguiria a primeira internacionalização. No resto da carreira, o atacante ainda amealharia outras partidas feitas com a “camisola das quinas”. Num total de 13 pelejas cumpridas por Portugal, onde também estariam incluídas as contendas pelos “BB” e pelos “esperanças”, o principal destaque iria, como é lógico, para a chegada à equipa principal. O seu trajecto com a insígnia dos “AA” encetar-se-ia, numa altura em que já era um distinto membro do Vitória Futebol Clube, pela mão de José Maria Antunes. Nessa jornada da Fase de Apuramento para o Mundial de 1970, entraria em campo, como titular, ao lado dos “magriços” Eusébio, Simões, Peres e Hilário e o bom desempenho no embate frente à Suíça daria azo a outras duas participações com as mais importantes cores lusas. Regressando ao seu percurso clubístico, Guerreiro, com a entrada na equipa principal da “Águias” a acontecer na temporada de 1964/65, ver-se-ia relegado para a condição de suplente. Tapado por José Augusto e com Iaúca igualmente à espreita de um lugar no “onze”, o extremo-direito poucas oportunidades conseguiria na equipa orientada pelo romeno Elek Schwartz. Também na campanha seguinte, já sob a alçada do regressado Béla Guttmann, o seu estatuto não sairia reforçado. Sem espaço no Benfica, o jogador, ao lado de Pedras e de Arcanjo, seria envolvido no negócio a fazer chegar Jaime Graça à Luz e acabaria, com o palmarés recheado pela conquista do Campeonato Nacional da época mencionada no início deste parágrafo, por partir em direcção à cidade de Setúbal. Com a entrada na nova colectividade a acontecer na temporada de 1966/67, Guerreiro encetaria uma caminhada a levá-lo ao estrito rol dos jogadores mais respeitados no cenário luso. Comandado por Fernando Vaz e com um extenso rol de excelentes praticantes como companheiros de balneário, o extremo transformar-se-ia numa das figuras da campanha realizada pelo Vitória Futebol Clube na Taça de Portugal. Na edição da “Prova Rainha” referente à sua chegada ao Bonfim, com a agremiação setubalense no derradeiro desafio da competição, o atacante seria chamado à peleja disputada, frente à Académica de Coimbra, no Estádio Nacional. Numa partida deveras renhida, seria o seu golo, concretizado durante o primeiro prolongamento, a manter a esperança dos “Sadinos” bem acesa e o remate certeiro de Jacinto João aos 144 minutos, ao selar o 3-2 final, permitiria a saída do almejado troféu na posse dos homens a envergar o listado verde e branco. Guerreiro também marcaria presença na final da Taça de Portugal de 1967/68, dessa feita perdida frente ao FC Porto. No entanto, para além da referida competição, outras marcas de inolvidável importância surgiriam na carreira do extremo. No que diz respeito às provas de índole continental, numa altura em que o Vitória Futebol Clube cruzava um capítulo áureo da sua história, o atacante seria uma das grandes figuras das pelejas fora de fronteiras. Nesse campo, com a colectividade setubalense a repetir anualmente a sua participação, os maiores destaques iriam para a eliminação de agremiações como a Fiorentina, o Liverpool ou o Inter Milan; para as edições de 1968/69 e de 1970/71 da Taça das Cidades com Feira e a Taça UEFA de 1972/73, com os “Sadinos” a chegarem aos quartos-de-final; ou ainda as 3 dezenas de presenças do atacante nessas partidas. O trecho seguinte do trajecto competitivo do avançado surgiria, a partir de 1973/74, com as cores do Atlético. A entrada na Tapadinha apresentaria o jogador à 2ª divisão. Porém, apesar do cenário inédito na sua carreira, e numa equipa com inúmeros craques, casos de Franque, Caló, José Eduardo, Coelho, Nogueira, Vasques, Candeias ou Esmoriz, o regresso ao patamar maior assegurar-se-ia logo no ano seguinte. De novo a trabalhar com Fernando Vaz, o extremo encetaria aí um par de campanhas primodivisionárias, as quais precederiam uma derradeira época ao serviço do Viseu e Benfica e a decisão de “pendurar das chuteiras”, com o termo das provas agendadas para 1976/77.
Chegaria a jogar, ao serviço do Paços de Brandão, ao lado dos irmãos Carlos, Tono, Zeca, Mário e Quim. Tal como o último da família Belinha a ser mencionado, o qual envergaria as cores do Boavista, Vitorino Oliveira Belinha também atingiria o patamar máximo do futebol português. Ainda assim, conseguiria ir um pouco mais longe do que o referido mano e, numa carreira a levá-lo igualmente a vestir a “camisola das quinas”, o extremo-esquerdo cumpriria uma boa parte do seu trajecto competitivo no convívio com os “grandes”. Júnior no Paços de Brandão, Vitorino, aos 16 anos, envergaria pela primeira vez a camisola sénior do emblema sediado na freguesia pertencente ao concelho de Santa Maria da Feira. Manter-se-ia como atleta do clube até que, na época de 1977/78, a sua presença na Zona Norte da 2ª divisão despertaria a atenção de colectividades de maior monta. Mantendo-se no mesmo escalão, a campanha de 1978/79 apresentá-lo-ia como reforço do plantel do Sporting de Espinho. Nos “Tigres da Costa Verde”, com Manuel José como treinador/jogador, o atacante, aos poucos, conseguiria conquistar um lugar de destaque. Nessa caminhada ascendente, o atleta viveria um dos melhores momentos com a estreia entre os “grandes” e a temporada de 1979/80 marcaria o arranque de uma senda a consagrá-lo como um dos históricos intérpretes a actuar nos palcos primodivisionários. Pertença de um sector ofensivo onde também marcariam presença nomes como Móia, Canavarro ou Reis, Vitorino, na estreia na 1ª divisão e ainda como suplente, daria um bom contributo para o 7º posto alcançado pelo Sporting de Espinho no final do Campeonato Nacional. Já a titularidade começaria a saboreá-la, de forma mais consistente, na temporada de 1981/82. A partir da mencionada campanha, o atacante cimentar-se-ia como uma das figuras de proa a trabalhar no clube. Os predicados apresentados dentro de campo chegariam a dá-lo veiculado a emblemas como o Sporting ou o Benfica. Contudo, cochichos à parte, a verdade é que seria o Boavista a convencê-lo a mudar de camisola e o jogador, com o crescimento da sua cotação assente em 4 épocas consecutivas no degrau máximo, entraria no Bessa no encetar de 1983/84. O reflexo inicial da chegada do extremo às “Panteras Negras” surgiria com o interesse, por parte dos responsáveis técnicos da Federação Portuguesa de Futebol, nas suas capacidades. Chamado aos desafios do conjunto “olímpico”, Vitorino entraria em campo com a “camisola das quinas”, a 4 de Outubro de 1983, numa partida frente à Republica Federal da Alemanha. Ainda nessa campanha de acesso aos Jogos organizados na cidade de Los Angeles, o atleta seria chamado a entrar em campo por mais uma vez e conseguiria, frente à congénere de Israel, uma 2ª internacionalização para o currículo pessoal. Apesar da visibilidade ganha com a transferência para o Boavista, a verdade é que os 3 anos passados por Vitorino ao serviço da agremiação da cidade do Porto, não transpareceria toda a qualidade patente no atacante. Por razão da parca utilização, o jogador, ao findar a ligação contratual com os “Axadrezados”, regressaria ao Sporting de Espinho orientado, em 1986/87, por Quinito. De volta ao emblema que o tinha catapultado, o extremo manter-se-ia nas pelejas da 1ª divisão por outras 2 campanhas. Daí em diante, com a despromoção dos “Tigres da Costa Verde”, o atleta, após juntar ao seu trajecto um total de uma dezena de épocas consecutivas no contexto primodivisionário, não regressaria ao patamar máximo. Continuando a envergar o listado branco e preto por mais um par de anos, seguir-se-iam, numa carreira a aproximar-se do ocaso, as cores do União de Lamas, onde, com o termo das provas agendadas para 1996/97, viria a “pendurar as chuteiras”.
Júnior no Benfica, Ulisses Manuel Nogueira Morais, na altura de subir à equipa principal, veria o inglês John Mortimore a excluí-lo da lista de atletas aptos ingressar no plantel principal. Tapado por Nené e por Vítor Batista, o jovem avançado-centro encetaria assim um périplo de 2 anos primeiro com as cores do União de Montemor, para depois passar a representar o Sporting da Covilhã. De seguida, dando seguimento a uma senda erguida à imagem de um verdadeiro “globetrotter”, suceder-se-iam, com mudanças de cores a cada campanha, mais umas quantas colectividades a militar nas contendas dos escalões inferiores e o Bragança, o Mogadourense, a AD Guarda e o União de Tomar precederiam uma das fases mais estáveis na carreira do jogador. Após a entrada no plantel de 1983/84 do Benfica e Castelo Branco, onde passaria a trabalhar sob a alçada do “magriço” Jaime Graça, o atacante manter-se-ia por 3 temporadas consecutivas ao serviço da colectividade da Beira Baixa. No entanto, com a última época dessa trindade a ser cumprida após a descida ao 3º escalão, o atleta voltaria a apostar na mudança de clube. Espantosamente, a experiência vivida ao serviço do Ermesinde, sem que abandonasse o 3º degrau do futebol luso, abrir-lhe-ia as portas do tão almejado patamar máximo. Contratado, em 1987/88, por um “O Elvas” orientado inicialmente por Mário Nunes, Ulisses Morais apresentar-se-ia na ronda inicial do Campeonato Nacional, partida disputada frente ao Penafiel, como titular dos “Azuis e Ouro”. Curiosamente, todas as inscrições do avançado-centro nas fichas de jogo dá-lo-iam como membro escolhido para o “onze” inicial. Porém, nem com o treinador já referido, nem posteriormente com Vieira Nunes, o jogador conseguiria ultrapassar a concorrência de Bartolomeu e terminaria a passagem pela agremiação raiana apenas com 3 jogos disputados. O resto da sua carreira enquanto futebolista, à imagem dos primeiros anos, voltaria a devolvê-lo à errância e aos palcos secundários. Varzim, Peniche, Mirense, Leiria e Marrazes e, por fim, o regresso ao Sporting da Covilhã precederiam o “pendurar das chuteiras”, com o termo das provas agendadas para 1994/95. Todavia, apaixonado pela modalidade, Ulisses Morais manter-se-ia ligado ao “jogo da bola”. Como treinador, numa senda a começar também pelos patamares inferiores, seria a Naval 1º de Maio a dar-lhe a oportunidade de, na campanha de 1995/96, assumir as rédeas de uma equipa sénior. Depois da colectividade sediada na Figueira da Foz, os anos cumpridos nos Dragões Sandinenses e no Machico, transformar-se-iam no trajecto para chegar ao Estoril Praia. Na “Linha de Cascais” a partir de 2001/02, as 2 promoções consecutivas, com a última a dar ao seu currículo o título de campeão da divisão de Honra, abrir-lhe-iam outras perspectivas de carreira. Tal horizonte seria, obviamente, o 1º escalão. Porém, contra todas as expectativas, os “Canarinhos” deixariam de contar com os serviços do técnico e o Gil Vicente passaria a ser o seu novo emblema. Em Barcelos, Ulisses Morais encetaria uma caminhada que, em definitivo, haveria de confirmá-lo como um treinador de habilidades primodivisionárias. No convívio com os “grandes”, com passagens a levá-lo também ao Marítimo, Naval 1º de Maio, Paços de Ferreira, Académica de Coimbra e Beira-Mar, o técnico somaria ao trajecto um total de 11 temporadas seguidas na 1ª divisão. Em Portugal ainda orientaria o Desportivo de Aves e o Famalicão. Depois viria o desafio lançado da Ásia e a vitória em 2 Taças e 1 Campeonato da Malásia – “(…) de repente, um argentino, o Martin Prest, que fora meu jogador no Marítimo, estava na Malásia a trabalhar com o príncipe (…). Ele disse que precisavam de um treinador para a seleção e fez-me uma exposição da situação. Fui lá para reunir com o príncipe e com ele. O príncipe achou que eu era mal empregue para aquele cargo. Porque eles não são nacionalistas, nem saudosistas, não olham para a seleção e choram como nós quando ouvimos o hino (…). O príncipe disse ao tal argentino para me convencer a ir para o Johor FC porque iam mandar o treinador embora (…)”*.
*retirado da entrevista de Alexandra Simões de Abreu, publicada a 27/03/2022, em https://tribuna.expresso.pt
Terminado o percurso formativo ao serviço do Botafogo, Paulo Marçal Campos, sem espaço no emblema “carioca”, decidir-se-ia pelo XV de Jaú para, na temporada de 1977, dar início à caminhada enquanto sénior. Seguir-se-ia, na campanha seguinte, o Anapolina e a viagem, poucos meses depois, até Portugal. Com a chegada ao Algarve, Paulo Campo, médio-ala ou extremo com propensão para amiúde aparecer em zonas de finalização, seria apresentado como reforço do plantel de 1978/79 do Portimonense. Com a colectividade do Barlavento orientada por Mário Lino, logo começaria por conquistar um lugar entre os mais utilizados do grupo de trabalho. Com a equipa a lutar pelos lugares cimeiros da tabela classificativa da Zona Sul do patamar secundário, o atleta, com vários golos, mas principalmente com exibições portentosas, depressa viria a cimentar-se como um dos membros mais badalados e como um esteio da luta pela almejada promoção ao escalão máximo. Já alcançada a subida, o jogador ainda teria um papel importantíssimo no desfecho da campanha. Nesse sentido, na última jornada da Fase de Apuramento do Campeão, seria seu um dos remates certeiros, numa peleja frente ao Sporting de Espinho, a decidir o triunfo por 2-1 para o listado alvinegro sulista e, por conseguinte, a selar a conquista do Campeonato Nacional da 2ª divisão. Com a estreia entre os “grandes” a acontecer na temporada de 1979/80, Paulo Campos, muito mais do que manter os índices exibicionais da campanha anterior, apresentaria um crescimento deveras excepcional. Ainda assim, mesmo tendo em conta os bons números conseguidos, seria a época de 1980/81, alicerçado como um dos principais destaques do Portimonense comandado por Manuel Oliveira e num colectivo também composto por nomes como Valter, Conhé, Joaquim Murça, Vítor Gomes, Rachão, José Rafael, entre outros intérpretes de peso no cenário futebolístico luso, a catapultá-lo definitivamente. Como resultado dessa grande evolução, o Benfica surgiria interessado na sua contratação, com a transferência para a Luz a concretizar-se na campanha de 1981/82. No entanto, apesar do potencial exibido, o ano passado ao serviço das “Águias” quedar-se-ia bem longe do esperado e sem lugar no grupo sob a intendência do magiar Lajos Baróti, o médio-ala acabaria por retornar ao Algarve. O regresso ao Sul do país, dessa feita para jogar com as cores do Farense, representaria, em certa medida, um retrocesso na sua carreira. Na capital do Algarve a partir de 1982/83, Paulo Campos encetaria um périplo de 3 anos que, para além da vincada errância, haveria de manter o jogador pelas contendas de índole secundário. Seguir-se-iam, ainda na aludida senda, as temporadas cumpridas pelo Marítimo e pelo Recreio de Águeda. Por fim, surgiria o convite a devolvê-lo à 1ª divisão. No entanto, a passagem pelo plantel de 1985/86 do Penafiel, apesar dos números condizentes com a sua categoria, não patentearia mais do que um fugaz retorno aos palcos maiores do desporto português. Logo de seguida, surgiriam o Beira-Mar, duas épocas de novo no 2º escalão e uma 3ª campanha, ainda a envergar a camisola da agremiação aveirense, mais uma vez entre os “grandes”. Seria a época de 1988/89, a defender os interesses da colectividade a disputar os embates caseiros no Estádio Mário Duarte, a apresentar, ao jogador, a última temporada na 1ª divisão. Seguir-se-iam, numa fase a vincar alguma veterania, as passagens pelo União de Santiago, onde chegaria a trabalhar sob a alçada de Almir Amorim, colega de balneário no Anapolina e no Portimonense, e o fim da carreira no Desportivo de Beja. Aliás, seria no emblema alentejano que faria a transição para as tarefas de treinador. Nas novas funções, a sua caminhada acabaria erguida, na quase totalidade, em emblemas algarvios. Por entre várias colectividades da região, onde podem ser incluídas o Lusitano de Vila Real de Santo António, o Silves ou o Imortal, seria no Padernense que maior destaque conseguiria obter e duas subidas consecutivas levariam o clube desde os “distritais” até à 2ª divisão “b” de 2001/02.
Após cumprir passagens pelo Santa Cruz e pelo Juventude, seria na temporada de 1968 que Pedro Morais da Silva, popularizado no mundo futebol pelo diminutivo Pedrinho, ingressaria no Treze de Campina Grande. Ao posicionar-se como médio, começaria a cimentar-se como um praticante fiável em termos tácticos e com uma postura combativa. A evolução da sua carreira, já com a campanha de 1970 em andamento, levá-lo-ia ao plantel do Ceará. Daí em diante, o atleta entraria num ritmo mais errante e o Náutico de 1971 e o América nas duas épocas subsequentes, ambas agremiações sediados no estado de Pernambuco, preencheriam a sua caminhada profissional e antecederiam a viagem do centrocampista até à Europa. Com a entrada em Portugal a ocorrer na temporada de 1973/74, seria o Gil Vicente e o treinador Joaquim Meirim a acolher o médio. No entanto, a passagem pela 2ª divisão seria curta, com as exibições do atleta a despertar a atenção de colectividades de outra monta. Quem viria a apostar na sua contratação acabaria por ser o Vitória Sport Clube de 1974/75, à altura comandado por Mário Wilson. Sob a orientação do “Velho Capitão”, Pedrinho, muito à custa da sua polivalência, revelar-se-ia de enorme valia para as metas colectivas do emblema de Guimarães. Podendo actuar, como já revelado, em posições mais centrais do terreno de jogo ou, resultado da boa técnica e velocidade, encostado mais às laterais do campo, o atleta, logo à chegada à “Cidade Berço”, consagrar-se-ia como titular e tal preponderância faria de si uma das figuras de proa do grupo de trabalho vimaranense. A época de 1975/76 ficaria marcada pela chegada do Vitória Sport Clube à derradeira partida da Taça de Portugal. Numa final agendada para o Estádio das Antas, Pedrinho seria, pelo técnico Fernando Caiado, chamado ao “onze” inicial da decisiva peleja. Com o referido treinador a posicioná-lo em tarefas mais ofensivas, o jogador, ao tornar-se no principal apoio ao sector mais ofensivo da equipa minhota, acabaria por transformar-se numa das grandes figuras da campanha referida no começo deste parágrafo. Ainda assim, apesar das belas exibições arquitectadas durante a temporada, qualidade mantida na partida frente aos “Axadrezados”, a sua prestação seria insuficiente para a conquista do almejado troféu e os “Conquistadores” sairiam da cidade do Porto derrotados por 2-1. Com a cotação de Pedrinho a subir em flecha, numa altura em que o jogador ainda tinha uma ligação contratual com o Vitória Sport Clube, o FC Porto convidá-lo-ia para seguir numa digressão pelo Peru. Devidamente autorizado pela entidade patronal, o médio seguiria viagem até ao aludido país da América do Sul e, ao rubricar excelentes exibições, dizem que seria convidado a prosseguir a carreira nos “Dragões”. Não ficaria ligado aos “Azuis e Brancos”, nem ao Boavista, emblema com o qual chegaria a ser veiculado um hipotético acordo. A verdade é que a época de 1976/77 voltaria a apresentar o médio como parte integrante do plantel minhoto. Em Guimarães, sempre com excelentes registos, manter-se-ia por mais duas temporadas, voltaria a participar na Taça Intertoto e no defeso estival de 1978 mudar-se-ia para uma colectividade diferente. Em Setúbal, a representar o Vitória Futebol Clube, Pedrinho, muito mais do que passar as suas derradeiras épocas em Portugal, completaria um ciclo de 7 campanhas a actuar nas provas lusas, sendo que 6 dessas temporadas seriam cumpridas nos desígnios primodivisionários. De seguida, surgira a viagem de volta ao país natal. Ao Brasil chegaria para integrar o plantel de 1980 do Botafogo de Paraíba e numa caminhada profissional que viria a conhecer o termo no ano de 1983, o médio ainda revelaria disponibilidade para um regresso ao América e para envergar a camisola do Paulistano.
Podendo também posicionar-se a lateral ou como “trinco”, seria como defesa-central que Mário Torres mais conseguiria destacar-se. Ao chegar a Portugal, muito novo, vindo da cidade angolana de Nova Lisboa, actual Huambo, o jovem jogador, cuja meta principal da viagem eram os estudos, passaria a integrar a equipa de juniores da Académica de Coimbra. Logo nessa temporada de 1949/50 ajudaria os “Estudantes” a vencer o Campeonato Nacional da categoria e, ao subir à categoria principal na campanha seguinte, depressa conseguiria afirmar-se como uma das principais figuras da colectividade sediada na Beira Litoral. Orientado na estreia como sénior pelo argentino Oscar Tellechea, Mário Torres, sem demonstrar qualquer temor pelas pelejas primodivisionárias, logo viria a consolidar-se como um dos homens mais utilizados no plantel. Tal estatuto levá-lo-ia, com grande naturalidade, à presença na final da edição de 1950/51 da Taça de Portugal. Ao lado de Capela, Bentes, Melo, Azeredo, entre outros, o jogador entraria no Estádio Nacional para defrontar o Benfica orientado por Ted Smith. Mesmo tendo a “Briosa” começado o desafio praticamente a vencer, o golo de Macedo seria insuficiente para derrotar as “Águias” e um “poker” de Rogério de Carvalho serviria para cimentar a vitória por 5-1, com que os “Encarnados” sairiam do Jamor. Seguir-se-iam diversos anos como figura maior dos combates futebolísticos no escalão máximo português. Aliás, seria a dupla que, durante largos anos, haveria de fazer com Mário Wilson, a oferecer um dos grandes esteios de uma Académica de Coimbra consolidada entre os “grandes”. Nessa caminhada, numa altura em que “Velho Capitão” já tinha deixado as lides de futebolista para passar a comandar os “Estudantes”, a 4ª posição conquistada na tabela classificativa da edição de 1964/65 do Campeonato Nacional surgiria como um recorde para a colectividade conimbricense. Para além desses registos colectivos, emergiriam as distinções pessoais. Um dos melhores prémios que receberia pelas excelsas exibições conseguidas ao serviço da “Briosa” surgiria a 22 de Dezembro de 1957. Nesse dia, na cidade de Milão, Mário Torres, pela primeira vez na carreira, seria laureado com a honra de envergar a principal “camisola das quinas”. Chamado à peleja frente a Itália pelo seleccionador José Maria Antunes, o atleta encetaria em San Siro uma caminhada que o levaria a outras chamadas à equipa nacional. No trajecto por Portugal entraria em campo em outras 4 ocasiões e somaria, desse modo, um total de 5 internacionalizações “A”. No que diz respeito à Académica de Coimbra, a juntar às prestações dentro de campo, há igualmente que destacar Mário Torres como a verdadeira personificação da mítica figura do jogador/estudante. Nesse contexto, paralelamente ao futebol, o defesa-central jamais descuraria os estudos e chegaria a licenciar-se em Medicina ainda na condição de atleta. Depois viria a especialização em Genecologia e um trajecto que o levaria, anos após “pendurar as chuteiras”, a Director da Maternidade dos Hospitais da Universidade de Coimbra. No que diz respeito aos registos conseguidos com as cores dos “Estudantes”, há a sublinhar as 16 épocas, sempre na 1ª divisão, ao serviço do clube e os 373 jogos oficiais cumpridos pela agremiação beirã, 320 dos quais nas lutas primodivisionárias.
Com o percurso formativo concluído ao serviço do Partizan, seria igualmente na colectividade de Belgrado que Andrija Delibasic, na temporada de 1999/00, transitaria para o patamar sénior. Logo nessa época de arranque na equipa principal, o ponta-de-lança, num conjunto onde já brilhava Mateja Kezman, daria um sinal positivo para o futuro. Nesse sentido, a campanha de 2000/01 apresentá-lo-ia como um dos mais utilizados na equipa a vestir o listado branco e preto. Competitivamente a crescer, a sua evolução ficaria positivamente marcada pelas vitórias no Campeonato de 2001/02 e no de 2002/03. Essas conquistas empurrá-lo-iam até à Liga dos Campeões. A edição de 2003/04 daquela que é a mais importante competição de clubes a nível mundial, num grupo de trabalho onde também marcavam presença Drulovic e Ivica Kralj, serviria de montra para o avançado e tamanha visibilidade abrir-lhe-ia as portas de outros cenários competitivos. O emblema a apostar na sua contratação surgiria de um dos melhores cenários europeus e, em Espanha, seria o Mallorca a apresentá-lo como reforço no “Mercado de Inverno” de 2003/04. No jogo de estreia pela equipa das Baleares, uma vitória forasteira frente ao Zaragoza, Delibasic até conseguiria marcar um golo. No entanto, o arranque auspicioso não teria continuidade nos tempos seguintes e essa primeira passagem pela La Liga ficaria aquém da expectativa criada em seu redor. Sem grande espaço nos “Barralets”, a solução passaria por um empréstimo ao Benfica. Na Luz a partir de Janeiro de 2005, o ponta-de-lança, com a concorrência de Nuno Gomes, Sokota e até de Mantorras, também não conseguiria ganhar um lugar no conjunto às ordens de Trapattoni. Salvar-se-ia o troféu ganho no termo dessa época e o atacante sairia de Lisboa com a vitória no Campeonato Nacional. Com idêntico resultado ao obtido nos meses cumpridos pelas “Águias”, as épocas seguintes, em sucessivos empréstimos ao Sporting de Braga, ao Aris de Salónica e ao Beira-Mar, não serviriam para catapultar o avançado. A excepção surgiria na campanha de 2007/08, naquela que viria a ser a última cedência por parte do Mallorca. Com as cores da Real Sociedad, o jogador ganharia um novo fôlego e em San Sebastian retornaria a números bastante aceitáveis. Curiosamente, um novo contrato levá-lo-ia, não ao escalão máximo espanhol, mas ao patamar secundário. Ainda assim, a experiência no Hercules seria suficiente para levar o atleta a ser chamado à selecção do seu país. O jogador que, nas camadas de formação, tinha, ainda com as cores da Sérvia e Montenegro, marcado presença no Europeu sub-21 e, ainda no mesmo ano, nos Jogos Olímpicos realizados em Atenas, faria a estreia pela equipa nacional de Montenegro a 10 de Outubro de 2009. Chamado por Zoran Filipovic, a partida frente à Geórgia serviria para encetar uma caminhada a levá-lo a diversas Fases de Qualificação e a um total de 21 internacionalizações “A”. Em termos clubísticos, a passagem pelo emblema de Alicante precederia a contratação por parte do Rayo Vallecano. No emblema da capital, o avançado ainda faria uma campanha no 2º escalão. Todavia, essa época de 2010/11, com a promoção alcançada no termo da aludida temporada, serviria para o seu regresso ao patamar maior. Já o par de anos disputados entre os “grandes” antecederia as etapas finais da sua caminhada enquanto praticante. Nesse sentido, os tailandeses do Ratchaburi e o FK Sutjeska, emblema que Delibasic também tinha representado nos trilhos formativos, viriam a tornar-se nos seus últimos capítulos como futebolista. Praticamente logo de seguida, o antigo ponta-de-lança virar-se-ia para as funções de técnico. Como adjunto, passaria pelo Partizan e pelo FK Buducnost e como treinador-principal abraçaria o plantel de 2022/23 do FK Mornar Bar.
Com passagens pelo Benfica e pelo Sporting no decorrer do percurso formativo, Leonel Augusto Graniço Morais, segundo a informação retirada do “site” da Federação Portuguesa de Futebol, seria inscrito como sénior dos “Leões” na temporada de 1987/88. Contudo, o jovem defesa-esquerdo, nem sob a batuta do inglês Keith Burkinshaw, nem já na alçada de António Morais, teria qualquer oportunidade no conjunto principal dos “Verdes e Brancos”. Tapado por Fernando Mendes e por Vítor Santos, a falta de presenças em campo levaria o lateral a procurar outro rumo para a carreira. Nesse sentido, o plantel de 1988/89 do Salgueiros abrir-lhe-ia as portas e as próximas 3 temporadas seriam cumpridas ao serviço do emblema portuense. Curiosamente, a estadia no bairro de Paranhos poderia ter dado a Leonel a estreia na 1ª divisão. Contudo, o ocaso verificado na temporada de 1990/91 adiaria o início desse capítulo competitivo. Seguir-se-ia a transferência para a União de Leiria treinada pelo seu conterrâneo Amândio Barreiras. Na colectividade da “Cidade do Lis”, o lateral canhoto, mesmo de volta ao 2º escalão, começaria a jogar com bastante regularidade. Tal frequência torná-lo-ia num dos pilares dos esquemas tácticos dos diferentes treinadores escolhidos para orientar a equipa. Nesse sentido, Leonel tornar-se-ia numa das figuras de proa da agremiação sediada na Beira Litoral, contribuiria de forma vincada para o regresso do emblema ao convívio com os “grandes” e conseguiria, finalmente, a tão almejada partida no patamar maior do futebol luso. A época de 1994/95, tal como destapado nas últimas linhas do parágrafo anterior, apresentaria a 1ª divisão a Leonel. A trabalhar sob as ordens de Vítor Manuel, o defesa-esquerdo manter-se-ia como um dos nomes mais badalados da União de Leiria. Ao contribuir para o 6º lugar na tabela classificativa do Campeonato Nacional, seria com alguma estranheza que os adeptos viriam o jogador, na campanha seguinte, ser apresentado como reforço do Desportivo de Chaves. Em Trás-os-Montes, região de onde é natural, encetaria uma nova fase da carreira que, ao mantê-lo no escalão máximo, fá-lo-ia entrar numa senda mais errante. Todavia, nada disso afectaria a sua cotação e mesmo com a descida dos “Flavienses”, o lateral veria rapidamente surgirem outros interessados na sua contratação. No Sporting de Braga de 1996/97, Leonel manteria os bons números de anos transactos. Ainda assim, depois de ajudar à qualificação dos “Arsenalistas” para as provas de índole continental, o jogador voltaria a mudar de rumo. Dessa feita, a transferência encaminhá-lo-ia para o Alto Alentejo. No distrito de Portalegre, mais concretamente a envergar a camisola do Campomaiorense, o defesa, naquela que viria a tornar-se na 4ª campanha consecutiva em contexto primodivisionário, perderia algum do protagonismo vivido até então. A consequência imediata seria a despedida dos palcos principais. No entanto, a caminhada desportiva do lateral, longe do fim, ainda daria diversas cores ao seu currículo. Em definitivo a actuar nos cenários secundários, o Varzim surgiria como a colectividade seguinte e mais adiante, nomeadamente a partir de temporada de 2000/01, a Madeira tornar-se-ia na nova casa do jogador. O União da Madeira, o Pontassolense e o Câmara de Lobos, por essa ordem e num total de 7 campanhas passadas na aludida região insular, inscrever-se-iam no percurso profissional de Leonel como os derradeiros capítulos dessa caminhada. Já época de 2005/06 transformar-se-ia na última etapa da sua senda enquanto futebolista.
Saído das “escolas” do FC Porto, Manuel Fernando da Silva Teixeira, popularizado no mundo do desporto como Teixeirinha, chegaria à equipa principal dos “Azuis e Brancos” na temporada de 1975/76 e já com o estatuto de internacional a colorir-lhe o trajecto. Por Portugal, o defesa-central haveria de ser chamado à estreia no contexto competitivo dos actuais sub-18. Essa partida frente aos Países Baixos, disputada a 23 de Março de 1975, serviria de arranque para uma senda a levá-lo a um total de 17 jogos cumpridos com as cores lusas. Nessa vivência com a “camisola das quinas” viriam igualmente a ser incluídas as pelejas pelos “esperanças” e pela equipa “B” e o maior destaque surgiria com as chamadas para o Torneio de Toulon de 1976 e de 1977. De regresso ao FC Porto, inicialmente ultrapassado por elementos mais experientes, casos de Simões ou de Carlos Alhinho, a estreia sénior para o defesa-central chegaria, no decorrer da campanha aludida no parágrafo anterior, pelas mãos de Monteiro da Costa. Porém, após a estreia numa partida a contar para a 1ª divisão, o jovem jogador, nas temporadas seguintes, poucas oportunidades conseguiria alcançar. Sem espaço nos “Dragões”, o atleta arrancaria num périplo a levá-lo a diferentes colectividades. Já com o palmarés recheado pelas conquistas de 1 Taça de Portugal e de 1 Campeonato Nacional, ambos os troféus vencidos sob a intendência de José Maria Pedroto, a entrada no plantel de 1978/79 do Académico de Viseu, muito mais do que conferir experiência, começaria por ajudá-lo a cimentar-se como um praticante de qualidade bem acima da média. Sem sair do escalão máximo, depois da época cumprida no Fontelo, o defesa ainda envergaria as camisolas do Beira-Mar e do Vitória Futebol Clube. Tanto no emblema de Aveiro, como a representar os “Sadinos”, Teixeirinha, com a titularidade assegurada em ambas as agremiações, categorizar-se-ia como um intérprete de indubitável cariz primodivisionário. Tal preponderância, onde o treinador Rodrigues Dias desempenharia um papel fulcral, empurrá-lo-ia de novo para as cogitações dos “Azuis e Brancos” e o regresso às Antas aconteceria na temporada de 1981/82. Outras 3 campanhas no plantel dos “Dragões”, não trariam ao defesa-central muito mais do que algumas partidas disputadas nas provas agendadas para as respectivas temporadas. Com o triunfo numa Supertaça a preencher o seu currículo e a participação na caminhada da Taça dos Vencedores das Taças a levar o FC Porto, em 1983/84, à primeira final nas competições organizadas pela UEFA, Teixeirinha acabaria por abandonar o conjunto da “Cidade Invicta”. Outra vez sem grandes oportunidades sob a alçada de José Maria Pedroto, seguir-se-ia, dessa feita, o Vitória Sport Clube orientado por Raymond Goethals. No entanto, apesar de aceitáveis os números alcançados na passagem de 2 anos pelo emblema minhoto, a modéstia da temporada de 1985/86, na qual trabalharia com um velho conhecido do tempo nas Antas, o técnico António Morais, levá-lo-ia a mudar de colectividade e a escolher o Marítimo para prosseguir a carreira. Na Madeira acabaria por conhecer o emblema mais representativo da caminhada enquanto futebolista. Nos “ Leões do Almirante Reis”, as 4 temporadas aí cumpridas, entregar-lhe-iam, quase sempre, o lugar de titular. Muita da tranquilidade das campanhas feitas pelo Marítimo na 1ª divisão, dever-se-ia à segurança oferecida pelo jogador ao sector mais recuado dos funchalenses. Mesmo tendo em conta a veterania ou a concorrência de diversos craques, como Oliveira, Carlos Jorge, Colin Hill, entre outros, o defesa saberia conservar o estatuto dentro da equipa. Para consolidar uma caminhada notável, faltaria juntar à carreira a passagem pelo Penafiel de 1990/91, a qual daria ao atleta um cômputo de 16 campanhas feitas no patamar maior do futebol luso. Para terminar, resta-me apenas fazer alusão à campanha de 1991/92, ao serviço da Ovarense, onde Teixeirinha viria a “pendurar as chuteiras”.
Com a formação terminada com as cores do FC Barreirense, seria na colectividade alvirrubra que António Alfredo Costa Bandeira conheceria também os primeiros desafios como sénior. Com a mencionada estreia a acontecer na temporada de 1961/62, o jogador, orientado pelo espanhol Manolo Ibáñez, começaria por disputar o 2º escalão. Porém, com a vitória conseguida no Campeonato Nacional da 2ª divisão, a campanha seguinte iria apresentá-lo aos maiores palcos lusos. Acompanhado por nomes míticos da histórica agremiação sediada na margem esquerda do Rio Tejo, como Faneca, Albino Lança, Ludovico, Silvino Preto, Mira, Francisco Candeias, entre outros, o jovem praticante encetaria o seu trajecto ainda como um dos elementos à procura de conquistar um lugar no “onze”. Aliás, o estatuto de titular só conseguiria cimentá-lo alguns anos depois, após outra passagem pelo degrau secundário e com um novo regresso ao convívio com os “grandes”. A verdade é que a primodivisionária temporada de 1965/66, numa altura de alguma instabilidade desportiva para o FC Barreirense, desembocaria em mais uma incursão do conjunto, e do jogador, pela 2ª divisão. Aliás, essa inconstância provocaria um perseverante sobe e desce de escalão do emblema a jogar em casa no Estádio Dom Manuel de Mello. Contudo, pelo meio emergiria um momento importante e a conquista da edição de 1967/68 da Taça Ribeiro dos Reis, com Bandeira já a envergar a braçadeira de capitão e com Manuel Oliveira como treinador, entregaria aos escaparates da agremiação o primeiro troféu de expressão nacional. Já a alternância referida nas linhas iniciais deste parágrafo terminaria em 1969/70 e logo com um recorde batido. Na mencionada campanha, a colectividade terminaria o Campeonato na 4ª posição da tabela classificativa e, por razão daquela que seria a melhor posição de sempre da divisa da Margem Sul, abrir-se-iam as portas das competições de índole continental. Como já destapado, a temporada de 1970/71 daria ao FC Barreirense a estreia na Taça das Cidades com Feira. Num grupo de trabalho abrilhantado por atletas como Nelinho, Henrique Câmpora, Manuel Bento, Serafim ou Valter, calharia em sorte ao colectivo português enfrentar os jugoslavos do Dinamo Zagreb. Com Bandeira a participar em ambas as partidas da eliminatória, a vitória caseira por 2-0 abriria outras perspectivas ao emblema luso. No entanto, o listado vermelho e branco claudicaria na 2ª mão e uma copiosa derrota por 6-1 ditaria o afastamento dos homens sob a intendência do brasileiro Edsel Fernandes. Com os últimos 5 anos de Bandeira no FC Barreirense a ditarem o mais longo período do atleta a competir no patamar máximo, o final da temporada de 1973/74, com mais uma despromoção, coincidiria com o fim da ligação entre o defesa e a colectividade. Mesmo já a acusar alguma veterania, ainda assim, as qualidades apresentadas ao longo de uma carreira construída com enorme seriedade, atributos dos quais mereceriam maior destaque a boa leitura do jogo e uma capacidade de desarme acutilante, o atleta ainda teria espaço para dar seguimento à caminhada competitiva. Surgiria então o Amora, onde, na época de 1974/75, entraria como treinador-jogador. Seguir-se-iam 5 campanhas na Medideira e o “pendurar das chuteiras” com o termo das provas planeadas para 1978/79.
Numa altura em que já exibia o estatuto de internacional, Manuel António Amaral Fonseca sairia dos escalões de formação do Atlético para fazer a estreia na equipa principal do conjunto sediado no lisboeta bairro de Alcântara. Antes da referida transição, a oportunidade sob a chancela da Federação Portuguesa de Futebol, com a orientação de José Maria Pedroto, surgiria no âmbito das partidas agendadas para os juniores. Depois desse jogo frente à Suíça, disputado em Alvalade a 27 de Março de 1974, desafio que também marcaria o arranque da caminhada de Fernando Gomes com as cores lusas, o atacante continuaria a ser arrolado às pelejas de Portugal. Com a “camisola das quinas” participaria num total de 18 contendas, divididas as mesmas, em partes iguais, pelo já aludido escalão e pelos “esperanças”. Já o grande destaque viria no final desse trajecto, com as suas presenças nas edições de 1976 e de 1977 do Torneio de Toulon. Clubisticamente, com o atleta ainda em idade de júnior, as primeiras jornadas disputadas como sénior surgiriam na temporada de 1974/75. Com a estreia a acontecer pela mão de Fernando Vaz, mas com Guerreiro, Arcanjo e Prieto a revelarem-se como as prioridades nos diferentes alinhamentos do Atlético, Manuel Amaral ainda demoraria algum tempo até conseguir asseverar-se como um dos atletas de maior calibre na colectividade “alfacinha”. Em abono da verdade, tal afirmação nunca viria a acontecer nos anos cumpridos pelo jogador no Estádio da Tapadinha e seria preciso uma mudança de emblema para que o atacante começasse a ver a frequência da sua utilização a crescer. Como membro do plantel do Belenenses a partir de 1976/77, a mudança de Manuel Amaral para o Restelo estaria intimamente ligada à contratação do seu último treinador no Atlético. Com Carlos Silva como “timoneiro”, o jogador, mesmo sem atingir a titularidade indiscutível, começaria a jogar com maior regularidade. Por outro lado, a grande novidade na primeira época ao serviço dos “Azuis” emergiria com a participação do clube nas provas de cariz continental. Nesse contexto competitivo, ao conjunto português, no sorteio da Taça UEFA, calharia em sorte defrontar o FC Barcelona. Com o atacante a ser chamado às duas mãos da 1ª eliminatória e apesar do afastamento do conjunto luso, o 2-2 no embate caseiro frente aos “Culés” de Neeskens ou de Cruyff, não deixaria de ser um momento inolvidável na carreira do avançado. Após 4 temporadas a representar o Belenenses e um cúmulo de aproximadamente um cento de partidas disputadas pela agremiação a jogar em casa no Estádio do Restelo, Manuel Amaral voltaria a cambiar de emblema. No Sul do país a partir da campanha de 1980/81, o avançado passaria a envergar a camisola do Portimonense. No entanto, orientado por Manuel Oliveira, os números do jogador, ainda que a manter-se no escalão máximo do futebol português, cairiam drasticamente. Pior surgiria, na temporada seguinte, com a transferência para o Amora treinado por José Moniz e com a ausência de registos da sua presença em qualquer das rondas do Campeonato Nacional da 1ª divisão. A partir do termo dessa época passada na Medideira, não encontrei mais pistas sobre a sua carreira. Com Manuel Amaral a contar, por essa altura, apenas 25 anos de idade, não sei dizer-vos se terá posto um ponto final na carreira ou se terá dado continuidade à mesma. Noutro sentido, em jeito de curiosidade, encontrei na rede LinkedIn um perfil com o mesmo nome do antigo futebolista e com uma fotografia, mesmo tendo em conta os anos de diferença, a quase “jurar-me” o ex-avançado como consultor imobiliário.
Nascido na antiga Jugoslávia, Zlatko Zahovic, ainda como praticante do Kovinar, seria descoberto por Milko Gjurovski, atleta do Partizan a cumprir o Serviço Militar Obrigatório em Maribor. Por razão do enorme potencial apresentado, o jovem jogador acabaria recomendado ao colosso de Belgrado. Pouco tempo depois, na temporada de 1989/90, o médio-ofensivo viria a ser integrado no plantel dos “Alvinegros”, onde, ao longo dos anos, viria a partilhar o balneário com os ex-sportinguistas Budimir Vujacic e Ivica Kralj e ainda com Milan Djurdjevic e com Goran Stevanovic, também eles conhecidos do desporto luso. No entanto, a forte concorrência, originada por um grupo de trabalho recheado de internacionais, levá-lo-ia, na época seguinte à da sua chegada, a um empréstimo ao Proleter Zrenjanin. Já o regresso ao clube detentor do seu passe, entregá-lo-ia a uma utilização mais regular e o facto de ser visto como um intérprete cerebral e de enorme capacidade técnica abrir-lhe-ia as portas da selecção sub-21 jugoslava. Com o desmantelamento da Jugoslávia a dar ao currículo do jogador a primeira internacionalização “A” pela Eslovénia e com o palmarés recheado pela “dobradinha” conquistada, em 1992/93, nas provas da Sérvia, a Zahovic seria dada a oportunidade de escolher o estrangeiro para prosseguir a carreira. Com a chegada a Portugal a ocorrer em 1993/94, o médio-ofensivo seria apresentado como reforço do Vitória Sport Clube. Em Guimarães, inicialmente orientado por Bernardino Pedroto, o atleta não ficaria assustado pela qualidade do plantel minhoto. Ao lado de Dimas, Paulo Bento, N’Dinga, Pedro Barbosa, Ziad, entre outros, a facilidade com que conseguiria impor-se no “onze” espantaria até os mais optimistas. Como pilar das manobras tácticas idealizadas para os “Conquistadores”, os seus passes e a excelente visão de jogo depressa iriam pô-lo no topo dos melhores intérpretes a actuar nas provas lusas e, em paralelo, como grande referência da selecção do seu país. Pela Eslovénia, os números conseguidos ao longo dos anos haveriam de inscrever o seu nome no rol de notáveis do desporto daquela nação. Muito mais do que as 80 internacionalizações conseguidas durante o percurso profissional, registo a mantê-lo, até 2004, como o jogador com mais jogos feitos pelo país, ou para além dos 35 golos concretizados, recorde ainda hoje na sua posse, Zahovic, convocado por Srecko Katanec, faria parte das comitivas que encetariam o caminho da selecção eslovena em grandes certames. Nesse sentido, o médio-ofensivo, com Miran Pavlin como companheiro de viagem, marcaria presença no Euro 2000. Também seria chamado às pelejas do Mundial de 2002. Todavia, na prova organizada entre a Coreia do Sul e o Japão, o médio, como em outras ocasiões, envolver-se-ia numa enorme polémica com o já referido treinador e acabaria por abandonar o torneio, após disputar uma única partida. Regressando ao seu percurso clubístico, as boas exibições conseguidas com as cores do Vitória Sport Clube abrir-lhe-iam as portas de outros emblemas. No FC Porto a partir de 1996/97, o jogador daria um enorme contributo para os 3 últimos anos da inolvidável senda do “Penta”. Titular com António Oliveira, tal como sob a alçada de Fernando Santos, o médio-ofensivo seria uma das figuras da conquista de 3 Campeonatos, 1 Taça de Portugal e 2 Supertaças. A preponderância alcançada nos 3 anos a representar os “Dragões”, com a “Champions” a servir de principal escaparate, serviria para alimentar a cobiça de outros emblemas e com as transferências a envolver montantes significativos, o Olympiakos e o Valência seriam as colectividades seguintes na sua carreira. As passagens de Zahovic pela Grécia e por Espanha, tal como destapado anteriormente, muito para além das prestações desportivas, ficariam marcadas por algumas polémicas vividas com os treinadores. No emblema helénico, as contendas com Dusan Bajevic e, depois da saída deste, com Alberto Bigon, seriam devidamente badaladas. Já em Valência, o choque acabaria por ser com Héctor Cúper. Ainda assim, apesar de tanta celeuma, há que relembrar a sua importância nos marcos alcançados por ambos os clubes e, nesses dois anos, após ajudar à vitória na Liga grega, o jogador participaria pelos “Che” na final da edição de 2000/01 da Liga dos Campeões onde, frente ao Bayern München e no desempate por grandes penalidades, falharia o remate que viria a dar a vitória ao emblema bávaro. Depois de fracassadas as experiências relatadas no parágrafo anterior, o atleta, em 2001/02, chegaria ao Benfica. Com a colectividade lisboeta já a trabalhar sob a égide do Presidente Luís Filipe Vieira, a 3ª campanha do médio-ofensivo na “Luz” corresponderia ao regresso das “Águias” aos títulos. O troféu surgiria na disputa da Taça de Portugal de 2003/04. No Jamor, Zahovic começaria o desafio no banco de suplentes, mas no decorrer do segundo tempo seria chamado a jogo pelo treinador José António Camacho e contribuiria para o triunfo frente ao FC Porto. Nisso de conquistas, a campanha seguinte à última mencionada devolveria igualmente os “Encarnados” às vitórias no Campeonato Nacional. Contudo, mesmo ao ficar registado como um dos elementos vencedores da prova, o internacional esloveno, pouco utilizado por Giovanni Trapattoni, decidiria deixar Portugal a meio da época e, pouco tempo depois, viria a anunciar o final da carreira. Em abono da verdade o termo da sua caminhada enquanto futebolista não aconteceria em Janeiro de 2005. Em paralelo com as funções de director para o futebol do Maribor, Zahovic voltaria a calçar as chuteiras. Na temporada de 2008/09, e na seguinte, passaria a envergar as cores do modesto NK Limbus Pekre, emblema onde o filho Luka Zahovic, actual internacional pela Eslovénia, jogava, à altura, no escalão de juniores.
Nascido na capital do País de Gales, seria no Cardiff City que John Benjamin Toshack encetaria a caminhada no futebol profissional. Logo nessa época de 1965/66, com 16 anos apenas, revindicaria para si o título do jogador mais novo de sempre a actuar pela equipa principal do clube, recorde entretanto batido, em 2007, por Aaron Ramsey. Praticante fisicamente poderoso, forte nas disputas aéreas e com boa propensão para o golo, rapidamente o avançado-centro começaria a impor-se no alinhamento inicial dos “Bluebirds”. Mesmo com o clube a militar nos escalões inferiores de Inglaterra, as diversas conquistas da Welsh Cup, competição a dar acesso às provas sob a alçada da UEFA, dariam ao jogador o destaque necessário para ser notado por outras colectividades. Nesse sentido, uma das edições da Taça dos Vencedores das Taças, a de 1967/68, levaria o clube avante até às meias-finais, caindo apenas aos pés dos alemães do Hamburger SV. Claro que outras portas também viriam a abrir-se para o atleta e a selecção nacional também serviria para projectar a sua carreira. Com as cores do País de Gales, John Toshack estrear-se-ia a 26 de Março de 1969. Essa partida frente à Republica Federal da Alemanha, chamado por David Bowen, serviria de arranque para um trajecto que daria ao atacante, soma conseguida na passagem pelas três agremiações a comporem a sua carreira enquanto praticante, um total de 40 internacionalizações. Porém, a camisola que maior prestígio traria à sua senda enquanto desportista seria a do “todo-poderoso” Liverpool. Aos “Reds” chegaria com a temporada de 1970/71 já em andamento. Ainda assim, pouco tempo demoraria até ultrapassar a concorrência de outros colegas bem mais traquejados, como são exemplo Ian St. John, Ian Callaghan ou Peter Thompson. A partilhar o balneário com outro conhecido do cenário português, caso do antigo adjunto do Benfica Phil Boersma, seria com um dos nomes mais famosos do futebol mundial que formaria uma das duplas mais temíveis a actuar pelo emblema de Merseyside. No entanto, não seria apenas Kevin Keegan o único a dividir consigo o estrelato e, numa equipa orientada pelo mítico Bill Shankly e mais tarde por Bob Paisley, Ray Clemence, Emlyn Hughes, Kenny Dalglish, Graeme Souness, entre tantos outros, serviriam de esteio para uma série inolvidável de conquistas. Já com o currículo recheado por 8 temporadas ao serviço do Liverpool e o palmarés colorido pelas vitórias em 3 Division One, 1 FA Cup, 1 Charity Shield e principalmente em 1 Taça dos Clubes Campeões Europeus, 2 Taças UEFA e 1 Supertaça da UEFA, o avançado decidiria regressar ao País de Gales. Já numa fase de mudança na sua ligação ao futebol, John Toshack assumiria, em 1978/79, o cargo de treinador-jogador do Swansea City. Mais uma vez de volta aos patamares inferiores das ligas inglesas, os anos passados à frente dos “Swans” serviriam para engrossar o seu rol de conquistas com mais algumas vitórias na Welsh Cup e, muiito à custa da chegada ao escalão máximo, para cevar os créditos enquanto técnico. Curiosamente, com o desenrolar da caminhada enquanto treinador, a aposta na contratação do antigo avançado viria do estrangeiro. Apresentado no Sporting como o “timoneiro” para a campanha de 1984/85, a escolha do Presidente João Rocha não traria grandes sucessos para os lados de Alvalade. Ainda assim, durante a passagem de alguns meses por Portugal, ficariam nos registos a tentativa de implementar um sistema com 3 defesas-centrais e, acima de tudo, as estreias de Oceano, Litos e Fernando Mendes com a camisola dos “Leões”. Apesar do desaire na experiência lusa, a fama de John Toshack não sairia muito beliscada, com o convite da Real Sociedad a surgir logo de seguida. Aliás, grande parte dos êxitos da sua senda enquanto treinador emergiria das inúmeras épocas vividas em Espanha. Tendo estado também à frente do Real Madrid, do Deportivo La Coruña e do Murcia o técnico galês atingiria a glória com as conquistas, à frente dos “Merengues”, da La Liga de 1989/90, com o triunfo, ao liderar a referida agremiação basca, na Copa del Rey de 1986/87 ou com a vitória, com as cores do aludido emblema galego, na Supercopa de 1995/96. Para além do já referido, há também que registar os anos em que passou aos comandos do Besiktas, do Saint-Étienne, do Catania, dos azeris do Khazar, dos marroquinos do WAC, dos iranianos do Tractor ou ainda as experiências na selecção do País de Gales e na equipa nacional da Macedónia do Norte.
Começaria no “jogo da bola” à beira de casa. No modesto Maikes Fraião, essa temporada de 1992/93, a disputar os “regionais” da Associação de Futebol de Braga, serviria de arranque a uma carreira que, em abono da verdade, ninguém acreditaria que de tão forte viria a tornar-se. No entanto, bastariam 4 campanhas para que outro emblema reparasse nele. No Caçadores das Taipas continuaria a revelar-se como um praticante veloz, com boa técnica e dono de um remate certeiro e portentoso. Tais características, ainda que nas pelejas do 3º escalão, não tardariam muito a chamar a atenção de colectividades com outras ambições e o convite para o passo seguinte na sua caminhada competitiva surgiria com naturalidade – “O Mota foi ver dois jogos e deu aval para me contratar. Optei pelo Paços e fiz bem, longe de saber que, passado um ano, estava na Primeira Liga”*. Na colectividade da “Cidade do Móvel” a partir de 1999/00, José Manuel da Silva Fernandes seria um dos nomes, nesse ano da sua chegada, a preencher o rol de atletas campeões da divisão de Honra. Tal feito levá-lo-ia, ainda como membro do Paços de Ferreira, a estrear-se no patamar máximo do futebol luso. Titular indiscutível, o extremo começaria a ser cogitado para outros cenários competitivos. Como resultado dessa aferição, as portas dos grupos de trabalho à guarda da Federação Portuguesa de Futebol abrir-se-iam para si. A estreia com a “camisola das quinas” aconteceria no âmbito das contendas marcada para a selecção “B”. Nesse sentido, o primeiro jogo por Portugal, a 22 de Janeiro de 2002, viria a ser um embate frente à Noruega. Ainda com as cores do país natal, também no contexto da mesma edição do Torneio Internacional do Vale do Tejo, o jogador ver-se-ia no alinhamento escolhido para enfrentar a Grécia e, desse modo, juntaria ao currículo uma 2ª internacionalização. Após cumprir 5 temporadas pelos “Castores”, com 148 partidas e 31 golos a somar ao trajecto desportivo, José Manuel mudaria de clube. No plantel do Boavista de 2004/05, o atacante sublinhar-se-ia como um elemento de indubitável cariz primodivisionário. Orientado inicialmente por Jaime Pacheco, o atleta manter-se-ia, ao longo dos 3 anos a competir pelas “Panteras”, como um dos elementos mais importantes nas manobras tácticas idealizadas para a colectividade portuense. Ainda assim, a primeira ligação do extremo aos “Axadrezados” conheceria o fim. A agremiação seguinte seria o Sporting de Braga e ano de regresso ao Minho precederia um novo desafio arremessado por um velho conhecido – “Fui para o Leixões porque o José Mota convidou-me para ajudá-lo. E eu «tudo bem, vamos lá»”*. Ao serviço do emblema de Matosinhos completaria um ciclo de uma década a competir na 1ª divisão. Para além disso, logo no ano de entrada no Estádio do Mar, contribuiria para o 6º lugar da tabela classificativa, obtido com o termo do Campeonato Nacional de 2008/09. Já definitivamente afastado do escalão máximo, seguir-se-iam duas temporadas ao serviço do Trofense, o Boavista já nas garras de uma grave crise, o regresso ao Caçadores das Taipas e o fim da carreira como futebolista depois de uma época a envergar as cores do Académico Martim. Retirado da competição, José Manuel passaria a dedicar-se a outras actividades e, para além da dedicação dada à sua propriedade agrícola, o antigo avançado, na distribuição de bens, entregar-se-ia às tarefas de condutor de veículos pesados.
*retirado do artigo de Ricardo Jorge Castro, publicado a 25/04/2019, em https://maisfutebol.iol.pt