1641 - VAZ

Já como guardião principal do Penalva do Castelo, António Lopes Vaz veria o Serviço Militar Obrigatório a levá-lo para Viseu. Já na capital do distrito de onde era natural, o guarda-redes, com a fama em alta, receberia de Vieirinha, antigo internacional português e, na temporada de 1965/66, treinador do Académico de Viseu, um convite para participar, pelos “Viriatos”, num “particular” frente ao Sporting. Segundo relatariam as crónicas da altura, o atleta acabaria o desafio como o melhor homem em campo e a grande exibição, conseguida nessa partida frente aos “Leões”, viria a catapultar a sua carreira desportiva.
Com os “Dragões” à procura de reforçar o plantel, nomeadamente a posição de guarda-redes, Vieirinha, entretanto eleito, no FC Porto, como adjunto de José Maria Pedroto, aconselharia a contratação de Vaz. Apresentado como atleta dos “Azuis e Brancos” a partir da temporada de 1967/68, o guardião passaria a enfrentar a concorrência de Américo e de Rui. Tamanha qualidade, na disputa por um lugar à baliza, faria com que o jogador poucas vezes aparecesse em campo. Tal ocaso atenuar-se-ia apenas na terceira campanha do atleta nas Antas. No entanto, o acréscimo de jornadas disputadas ficaria também ligado à tremenda balbúrdia vivida pelo emblema nortenho e o 9º lugar, com que os portistas viriam a concluir o Campeonato Nacional de 1969/70, precipitaria enormes mudanças no grupo de trabalho.
Com o José Maria Pedroto à frente do Vitória Futebol Clube, a sua mudança para a cidade de Setúbal ficaria ligada à presença do referido treinador no comando técnico dos “Sadinos”. Com a entrada no Bonfim a acontecer na campanha de 1970/71, integrado em planteis que, ao longo dos anos, apresentariam Torres como um forte candidato ao “onze”, o guarda-redes nem sempre conseguiria assegurar um lugar como titular. Ainda assim, as 8 épocas vividas na defesa da camisola verde e branca, traduzir-se-iam no melhor período da sua caminhada competitiva. A prová-lo surgiriam as suas contribuições para o 2º lugar no Campeonato Nacional de 1971/72 ou para os quartos-de-final atingidos na edição de 1972/73 da Taça UEFA. Porém, mesmo tido como um dos grandes nomes do período mais áureo da história da agremiação setubalense, o termo da ligação, entre o guardião e o emblema, aconteceria em 1977/78 e, a entrar na fase final da carreira, Vaz ainda revelaria vitalidade para continuar a exibir-se ao mais alto nível.
A época de 1978/79, depois de, em 1966/67, ter estado bem próximo de rubricar um contrato com o clube, serviria para Vaz ingressar num primodivisionário Académico de Viseu. Mesmo com o colectivo beirão a claudicar no objectivo da manutenção, o guardião, com boas exibições, asseguraria nova transferência para um dos emblemas de maior monta no cenário luso. No Sporting, integrado no plantel de 1979/80, o atleta continuaria a sublinhar-se como um elemento capaz de prestações sóbrias e de uma entrega inquestionável. Tais qualidades, logo na temporada de entrada em Alvalade, contribuiriam para a conquista do Campeonato Nacional. Mesmo ao conseguir ultrapassar Fidalgo no segundo ano com os “Verde e Brancos”, a verdade é que a sua ligação aos “Leões” terminaria e o guarda-redes, em 1981/82, num Amora conduzido por José Moniz, seu antigo treinador no Fontelo, conheceria a derradeira presença no patamar máximo português. Por fim, surgiria o regresso à cidade de Setúbal e a conclusão da senda como futebolista, associado ao Comércio e Indústria de 1982/83.

1640 - BARROSO

Com o percurso feito nas “escolas” do Sporting de Braga, passagens pelo “satélite” Arsenal de Braga e a época de 1989/90 cumprida ao serviço do Maximinense, José Alberto da Mota Barroso estrear-se-ia na equipa principal dos “Guerreiros” na temporada de 1990/91. Chamado por Carlos Garcia a um encontro caseiro frente ao Benfica, essa 12ª ronda do Campeonato Nacional da 1ª divisão, marcaria o arranque de uma caminhada a transformá-lo num dos nomes maiores da história da agremiação sediada na “Cidade dos Arcebispos”. No entanto, tal estatuto ainda demoraria algum tempo a fazer parte do seu trajecto e mesmo a condição de titular só ficaria bem vincada após uma nova passagem por outro emblema.
O empréstimo ao Rio Ave, com a mudança no âmbito da contratação de Toni pelo Sporting de Braga, faria com que Barroso, na campanha de 1992/93, passasse a disputar a divisão de Honra. Contudo, mesmo afastado dos principais holofotes do futebol luso, o “trinco” não deixaria de demonstrar a sua qualidade. Assegurado o regresso ao Estádio 1º de Maio, a temporada de 1993/94, numa campanha em que o clube seria orientado inicialmente por António Oliveira para terminar sob as ordens do Professor Neca, revelaria o médio-defensivo como um dos esteios do “onze”. Essa posição, sublinhada nos anos seguintes, levá-lo-ia a ser cobiçado por outras divisas, mas antes da mudança para uns dos “grandes”, o atleta veria a Federação Portuguesa de Futebol a interessar-se pelas suas habilidades.
Tendo Barroso sido chamado, durante o percurso formativo, aos trabalhos das jovens equipas de Portugal, a verdade é que essa convocatória, feita por Carlos Queiroz, não daria ao seu percurso qualquer jogo com a “camisola das quinas”. Já a tão almejada internacionalização surgiria a 26 de Janeiro, ao serviço da equipa “A”, numa partida frente ao Canadá. O desafio, orientado por António Oliveira e a contar para a participação lusa no Torneio Skydome, daria azo a outras chamadas. Todavia, o médio-defensivo não mais entraria em campo pelo seu país e o percurso na selecção terminaria, em Janeiro de 1997, após uma “amigável” frente a França e envolto em alguma polémica – “(…) era o meu regresso ao 1º de Maio. Nessa semana, na televisão, só via gente a que ia ao estádio para ver o Barroso e eu tinha a certeza que ia a entrar. Pois chega o jogo, aquilo corre muito mal, o Artur Jorge começa a receber lenços brancos e quem é que ele não põe a jogar? O Barroso, que era de Braga, e o Rui Correia, que era guarda-redes do Sp. Braga (…). Depois falei com um jornalista e contei-lhe que estava triste por não ter jogado em Braga. No dia seguinte o título era «Barroso revoltado com Artur Jorge», que não tinha nada a ver com o que tinha dito. Nunca mais fui à Seleção”*.
Por altura da partida frente à congénere gaulesa, já Barroso envergava a camisola do FC Porto. Antes da mudança, a cobiça de outros emblemas, como o Benfica treinado por um Artur Jorge adjuvado pelo Professor Neca ou o Sporting orientado por Carlos Queiroz, em nada resultaria. Seria a proposta dos “Dragões” a convencer o atleta a mudar-se. Com a entrada nas Antas a acontecer na temporada de 1996/97, o “trinco” voltaria a ser orientado por António Oliveira e, acima de tudo, participaria numa das melhores fases da história dos “Azuis e Brancos”. Com a colectividade portuense a acumular as vitórias que culminariam no inolvidável “Penta”, o jogador arrecadaria para o seu palmarés pessoal as vitórias em 2 Campeonatos Nacionais, em 1 Taça de Portugal e em 1 Supertaça. Para além dos aludidos triunfos, também a participação na “Champions” viria a tornar-se num marco importante da sua carreira. Ainda assim, a passagem do centrocampista pela “Cidade Invicta” não terminaria sem outra controvérsia e a metade final da segunda época, sem que alguma vez fosse compreendida a razão, seria cumprida com o jogador a treinar à parte do restante plantel.
Após ter representado, por empréstimo, a Académica de Coimbra de 1998/99, o regresso ao Sporting de Braga, depois de recusada a transferência para o Oviedo, concretizar-se-ia. Com Manuel Cajuda ao comando dos “Arsenalistas”, treinador que, anos antes, tinha feito do jogador o capitão de equipa, Barroso voltaria a tornar-se num dos pilares, não só táctica idealizada pelo mencionado técnico, mas igualmente num dos símbolos da mística “braguista”. A prova dessa entrega surgiria no final da temporada de 1999/00, quando, com o conjunto “B” dos “Guerreiros” aflito na luta pela manutenção, o médio-defensivo, acompanhado por José Nuno Azevedo, disputaria, no grupo às ordens de Toni Conceição, as últimas jornadas da 2ª divisão “B”.
Por fim, numa caminhada competitiva a prolongar-se por mais algumas campanhas, Barroso ainda teria a oportunidade de disputar várias rondas no Estádio da “Pedreira” e seria já na nova casa do Sporting de Braga que, com o termo da temporada de 2004/05, o médio-defensivo decidiria “pendurar as chuteiras”. Final com uma pequena mágoa a manchar-lhe o trajecto, ou seja, o facto de nunca ter representado os “Guerreiros” nas provas de índole continental.

*retirado do entrevista conduzida por Lídia Peralta Gomes, publicada a 3/12/2016, em https://tribuna.expresso.pt

1639 - SEBASTIÃO

Sebastião Loureiro da Silva ingressaria no Estoril Praia na temporada de 1943/44. No entanto, seria apenas na campanha de 1946/47 que o guardião, nascido em Carcavelos, conseguiria estrear-se na categoria principal dos “Canarinhos”. Essa época de arranque, orientada a equipa pelo técnico Lippo Hertzka, levaria o jogador a ultrapassar a concorrência por um lugar à baliza e a assumir-se como um dos titulares no “onze” idealizado pelo treinador magiar. Na época seguinte, facto para o qual não consegui encontrar qualquer explicação, o guarda-redes, ao ver Laranjeira a substituí-lo no posto mais recuado do campo, acabaria o ano sem qualquer partida disputada. Ainda assim, essa curiosidade não viria a afectar o futuro da sua carreira e, daí em diante, o jogador voltaria a sublinhar-se como um dos pilares do conjunto da Linha de Cascais.
A provar a sua relevância, não só nos resultados colectivos do Estoril Praia, mas também no contexto do futebol luso, surgiria a temporada de 1948/49. Recuperada a titularidade, o guarda-redes passaria também a estar na ideia dos responsáveis pelas equipas a cargo da Federação Portuguesa de Futebol. Nesse sentido, a chamada à selecção “B”, ao lado de outros elementos estorilistas, casos de Alberto de Jesus, Vieira, António Nunes, Mota e Miguel Lourenço, a levá-lo-ia estrear-se a 20 de Março de 1949. Apesar da importância da partida frente a Espanha, disputada no Estádio Riazor, aquele que viria a tornar-se no momento mais alto do atleta com a “camisola das quinas” ocorreria a 14 de Dezembro de 1952. Arrolado por Cândido de Oliveira para um “particular” frente à Argentina, Sebastião, à internacionalização obtida na aludida peleja desenrolada na Galiza, juntaria outro desafio, dessa feita agendado para o Estádio Nacional do Jamor.
Naquela que viria a ser a primeira passagem de Sebastião pelo Estoril Praia, num total de 9 anos, as temporadas de maior destaque, em termos de desempenho individual, seriam, possivelmente, as de 1949/50 e de 1952/53. Em ambas as ocasiões, o guardião conseguiria afirmar-se como um dos totalistas da prova de maior monta no calendário luso, ou seja, o Campeonato Nacional da 1ª divisão. Todavia, na última campanha mencionada, o desaire da despromoção acabaria por alterar o trajecto do jogador. Desafiado pelo Benfica, o atleta trocaria os “Canarinhos” pelas “Águias”. Apresentado como reforço dos “Encarnados” em 1953/54, o guardião, apesar da qualidade mais do que comprovada, não conseguiria sair da sombra de Bastos. Tal contratempo fá-lo-ia, passado apenas 1 ano, regressar ao Estádio António Coimbra da Mota. De volta à Amoreira, seria o escalão secundário a acolher as suas exibições e, por um par de épocas, esse seria o seu cenário competitivo.
À procura de novos desafios, Sebastião, em 1956/57, aceitaria o repto lançado pelo Atlético e, com o propósito de disputar, de novo, o escalão máximo, transferir-se-ia para a colectividade nascida no “alfacinha” bairro de Alcântara. Na Tapadinha, sob a orientação de Severiano Correia, o guardião não iria para além da condição de segunda escolha. Para contrariar tal estatuto, nova mudança sucederia na caminhada desportiva do guarda-redes. Depois de concluída a transferência para o Minho, o atleta passaria a defender as divisas do Vitória Sport Clube. Em Guimarães recuperaria a titularidade de anos anteriores. Já a trabalhar com Fernando Vaz, ajudaria os “Conquistadores”, na época a encetar as suas actividades na “Cidade Berço”, a voltar às contendas primodivisionárias e seria esse regresso ao patamar maior a confirmar, com o termo da temporada de 1958/59, a sua decisão de “pendurar as luvas”.

1638 - MANUELZINHO


Atleta com a formação terminada ao serviço do Tirsense, Napoleão Manuel Ferreira Moreira Rego Goiana, popularizado no universo do futebol por Manuelzinho, progrediria para o patamar sénior com as cores dos “Jesuítas”. Essa temporada de 1979/80, com a colectividade a militar na 3ª divisão, daria azo a uma caminhada que, desde início, poria o jovem extremo em contacto com praticantes que também viriam a vingar no principal escaparate do futebol português. Ao longo dos primeiros capítulos da sua caminhada competitiva, o atacante haveria de conviver com Louro, Valério, Nini ou Jaime Graça. No entanto, apesar da companhia, o conjunto nortenho teimaria em manter-se na disputa do mencionado escalão. A mudança de paradigma emergiria na 4ª campanha do avançado como elemento da equipa principal e seria a promoção conseguida com o termo das provas agendadas para 1982/83 a despertar, por parte de outros emblemas, o interesse na sua contratação.
A mudança de Manuelzinho para o plantel de 1983/84 do Varzim promoveria um salto deveras qualitativo na carreira do extremo. Ainda assim, o acréscimo de exigência, resultado da passagem do 3º escalão para a 1ª divisão, não sacudiria as convicções competitivas do jogador. Pelo contrário, o atleta conseguiria impor-se como um dos principais elementos às ordens do “magriço” José Torres. Daí em diante, ao preservar, em grande parte das ocasiões, o estatuto de titular, o atleta começaria a reafirmar a sua presença no “onze” inicial. Porém, a época seguinte à da sua entrada nos “Lobos-do-mar”, numa campanha iniciada sob a intendência de José Alberto Torres para, a partir da 18ª ronda do Campeonato Nacional, passar para o comando de Mourinho Félix, traria o desaire da despromoção. Ainda assim, a passagem pelo degrau secundário seria curta e cumprido um ano no apontado patamar, o avançado retornaria ao convívio com os “grandes”.
De volta à 1ª divisão, a época de 1986/87 não só representaria o termo da ligação de Manuelzinho com o Varzim, mas também viria a confirmar o fim-de-linha do avançado naquela que é a prova de maior calibre no panorama luso de futebol. A verdade é que a referida campanha acabaria também por tornar-se, talvez por razão da forte concorrência por um lugar no “onze”, na temporada mais discreta do jogador a envergar o listado alvinegro. Tal conjuntura empurrá-lo-ia para novas mudanças de emblema. O Desportivo das Aves e o Sporting da Covilhã transformar-se-iam nas suas apostas para os 2 anos seguintes. Todavia, mesmo ao ter em conta a ambição de ambos os clubes, a subida de escalão não viria a concretizar-se. Seguir-se-iam, numa caminhada competitiva a aproximar-se do final, o ingresso no Cinfães e o presumível fim de carreira no Ruivanense. No entanto, após uma paragem sabática, o antigo extremo surgiria, em 1992/93, inscrito no futsal do CCDT Santo Tirso. Após essa passagem pelos pavilhões, tempo ainda para um regresso à variante de 11, ao serviço do plantel de 1993/94 da Associação Recreativa São Martinho.

1637 - ALBERTO

Produto das “escolas” leoninas, Carlos Alberto Alves Fernandes Nicolau teria no derradeiro ano como júnior uma temporada de grande importância. Em primeiro lugar surgiriam as convocatórias para as jovens equipas no peloiro da Federação Portuguesa de Futebol. Com as cores lusas, sob as ordens de Peres Bandeira, o extremo-esquerdo estrear-se-ia frente à Inglaterra. Nessa partida disputada a 13 de Novembro de 1978, ao lado de João Pinto, Coelho, Parente ou Dito, o atleta encetaria uma marcha a habituá-lo aos contextos competitivos dos actualmente denominados como sub-18. Com uma dezena de aparições conseguidas pelo referido escalão, o atacante, anos mais tarde, ainda teria a oportunidade de representar os “esperanças” e alcançaria, ao participar na edição de 1981 do Torneio Internacional de Toulon, um total de 11 desafios jogados com a “camisola das quinas”.
Também na temporada de 1978/79, chamado por Milorad Pavic, Alberto estrear-se-ia como sénior do Sporting. Avaliado como um intérprete de enorme potencial, a época seguinte, inicialmente orientado por Rodrigues Dias e depois por Fernando Mendes, traduzir-se-ia pela sua integração, a tempo inteiro, na equipa principal dos “Leões”. Apesar de não conseguir impor-se como um dos principais nomes nas estratégias delineadas pelos aludidos treinadores, a verdade é que as poucas aparições em campo dar-lhe-iam o direito de juntar o seu nome ao rol de atletas vencedores do Campeonato Nacional de 1979/80. Ainda assim, a falta de utilização levariam os responsáveis pelos “Verde e Brancos” a idealizar um plano para o seu futuro próximo e o avançado, na campanha de 1980/81, passaria a representar o Recreio de Águeda.
Após o empréstimo a conduzi-lo até ao emblema sediado no distrito de Aveiro, Alberto regressaria a Alvalade. Tal como anteriormente, o extremo, à altura a trabalhar com o inglês Malcolm Allison, poucas vezes seria chamado às pelejas agendadas para o Sporting. Ainda assim, as suas prestações seriam suficientes para ser ovacionado como um dos autores da “dobradinha” de 1981/82. No entanto, o final da temporada ditaria uma sorte diferente para o jogador. Sem conseguir assegurar um lugar no plantel dos “Leões”, o avançado seria transferido para o Farense. No Algarve encetaria uma senda a empurrá-lo, durante 5 anos consecutivos, para a disputa do patamar secundário. Nessa caminhada, caracterizada pela errância, Ginásio de Alcobaça, Marítimo, Estrela da Amadora e o regresso ao Recreio de Águeda transformar-se-iam também nas cores do referido trecho. Como curiosidade maior vivida durante esse período, surgiriam as vezes em que ajudaria o clube por si representado à subida de escalão. Porém, em nenhuma dessas ocasiões seguiria com a equipa para a 1ª divisão e depois do desapontamento vivido com as colectividades sediadas no Sotavento e na Madeira, seria necessária a entrada n’ “O Elvas” para que regressasse ao convívio com os “grandes”.
No conjunto raiano, Alberto, na época de 1987/88, conseguiria impor-se como um dos titulares. Ainda assim, as suas prestações, a somar às exibições dos seus colegas, não seriam capazes de alimentar o sonho da permanência. Com nova despromoção, o extremo despedir-se-ia, de vez, do escalão máximo português. Daí em diante, num trajecto que terminaria em 1992/93, o avançado ainda envergaria as divisas da AD Fafe, Amora e Sacavenense.

1636 - NANDO

Ao dividir o trajecto formativo entre duas agremiações com sede no extremo sul do país, Fernando Jorge Figueiredo Campos, tendo anteriormente representado o Portimonense, seria com as cores do Torralta que viria a concluir essa etapa do seu percurso. Tal transição, para o atleta que ficaria conhecido no mundo do desporto por Nando, levá-lo-ia, em 1982/83, a manter-se com as cores da colectividade associada ao mundo do imobiliário. Com o clube inicialmente a militar nos “regionais” algarvios, a verdade é que o forte investimento no futebol, por parte do referido grupo empresarial, depressa faria com que o emblema começasse a galgar alguns patamares competitivos. Individualmente, a presença no balneário de craques como Narciso, Toninho Metralha, Pacheco, Vado, Rui Manuel, Décio, Sota, Sabú, Florival, Norberto Rodrigues ou Matine contribuiria para o seu crescimento e o defesa-esquerdo rapidamente começaria a ser cobiçado por conjuntos de outra monta.
Antes ainda de dar o salto em termos clubísticos, Nando, ao revelar qualidades acima da média, começaria a ser chamado aos trabalhos das jovens equipas a cargo da Federação Portuguesa de Futebol. Integrado nos trabalhos dos sub-18, o lateral-esquerdo, que também sabia actuar no lado canhoto do meio-campo, teria a estreia com a “camisola das quinas” a 23 de Dezembro de 1980. Após essa partida frente a Espanha, orientado pelo “magriço” José Augusto, o atleta manter-se-ia nos planos das jovens selecções lusas. Nesse sentido, continuaria a ser chamado aos desafios agendados para Portugal e num rumo a encaminhá-lo igualmente às jornadas dos sub-16, o jogador conseguiria somar ao currículo um total 8 disputas efectuadas pelo seu país.
Seria já com o estatuto de internacional que Nando, na temporada de 1986/87, acabaria apresentado como reforço do Rio Ave. A transferência levá-lo-ia a estrear-se, sob a alçada de Mário Reis, no Campeonato Nacional da 1ª divisão. Em Vila do Conde, perfeitamente integrado nas metas colectivas do clube, o jogador, nessa época de arranque com o listado verde e branco, acabaria por disputar um número bastante aceitável de partidas. Aliás, essa condição sairia reforçada nas campanhas seguintes, com a titularidade, amiúde, a ser entregue ao seu cargo. Curiosamente, numa altura em que estava a cimentar-se como um praticante de categoria primodivisionária, a descida do emblema da caravela fá-lo-ia regressar ao espectro secundário das competições portuguesas e só uma nova mudança viria trazê-lo de volta ao convívio com os “grandes”.
Depois de 4 temporadas ao serviço do Rio Ave, as 2 últimas na disputa da 2ª divisão, seguir-se-ia a transferência para o Vitória Futebol Clube. No entanto, em abono da verdade, a entrada na colectividade de Setúbal, com os “Sadinos” a competir no escalão máximo, não traria ao jogador qualquer presença no Campeonato Nacional de 1990/91. Tal ocaso, já com o colectivo a sofrer os efeitos da despromoção, inverter-se-ia. Infelizmente para Nando, a campanha de 1991/92 daria início a um períplo que, durante alguns anos, conseguiria afastá-lo dos principais palcos portugueses. Nesse sentido, Penafiel e Ovarense seriam os emblemas a preencher os capítulos seguintes da sua caminhada profissional e a anteceder a chegada à agremiação a devolvê-lo ao contexto primodivisionário.
Integrado no plantel de 1994/95 do Leça, a experiência de Nando empurrá-lo-ia, de imediato, para um lugar no “onze” inicial. Como um dos pilares da equipa comandada por Joaquim Teixeira, o jogador, nesse ano de entrada no clube, seria umas das principais peças na conquista da divisão de Honra e na consequente subida de patamar. Com a agremiação do concelho de Matosinhos de regresso, mais de meio século depois, à 1ª divisão, o defesa, só por tal razão, conquistaria o direito a inscrever o seu nome nos anais da colectividade. Contudo, a ligação de 5 campanhas daria para muito mais. No período ainda agora sublinhado, destacar-se-iam as 4 épocas consecutivas no patamar maior, a partilha do relvado com Jaime Magalhães, Constantino, Vladan, Armando, Cao, Sérgio Conceição, Zé da Rocha, Serifo, Alfaia, Tozé, ou Cristóvão e as 97 partidas cumpridas na principal prova do calendário luso. Ainda assim, a separação entre o atleta e a colectividade surgiria numa altura periclitante para o emblema nortenho e a denotar algum ressentimento por parte do experiente praticante – “Por aquilo que fiz ao longo destes cinco anos, merecia mais respeito”*.
Numa altura em que já estava a aproximar-se do termo da carreira, Nando ainda revelaria disponibilidade para representar Marco, Vilanovense e Celoricense. Alguns anos depois, ao trocar as chuteiras pelas sapatilhas, o atleta voltaria à prática do desporto federado e entraria, em 2006/07, para a equipa de futsal do SS Montepio Geral.

*retirado do artigo de Renato Melo, publicado a 23/07/1999, em www.record.pt

1635 - VICENTE

Tendo dado os primeiros passos no futebol sénior não muito longe da sua Moita natal, Fernando José Ferreira Vicente faria na Quimigal a transição dos escalões de formação para a equipa principal. Com a referida mudança a acontecer na temporada de 1980/81, o defesa, ao serviço do emblema com casa no Lavradio, começaria por disputar a 2ª divisão. Ao posicionar-se tanto na direita, como no centro do sector mais recuado, o jogador começaria por enfrentar a concorrência de nomes como Crisanto, Manuel Quaresma ou Oliveira. Mesmo tendo em conta o contexto por onde começaria a escrever os capítulos iniciais da sua carreira, a verdade é que o atleta conseguiria o destaque suficiente para merecer a atenção de emblemas melhor posicionados no cenário competitivo luso e a transferência, ao fim de 3 campanhas cumpridas no emblema “fabril”, viria a concretizar-se.
Com a entrada no Vitória Futebol Clube a acontecer na campanha de 1983/84, Vicente passaria a ser orientado por um nome com uma forte ligação ao seu anterior clube. Porém, sob a alçada de Manuel Oliveira, o defesa, nessa época de estreia pelos “Sadinos”, não haveria de conquistar grandes oportunidades. Inicialmente tapado por Sobrinho, Artur ou Mota, tal paradigma alterar-se-ia rapidamente. Logo na 2ª temporada no Estádio do Bonfim, ainda a trabalhar na intendência do técnico mencionado no começo deste parágrafo, o jogador venceria a concorrência interna e abraçaria um lugar no “onze” inicial. Ao manter a titularidade, a descida de escalão, ocorrida no termo de 1985/86, empurrá-lo-ia, mais uma vez, para a disputa do patamar secundário. Ainda assim, numa altura em que já tinha, com a estreia a ocorrer a 24 de Setembro de 1985, alcançado 2 internacionalizações pelos “esperanças” portugueses, o ano passado longe dos principais palcos lusos não diminuiria a sua cotação e após ajudar a agremiação setubalense a regressar ao convívio com os “grandes”, a mudança para Trás-os-Montes apresentá-lo-ia àquele que viria a tornar-se no colectivo mais representativo da sua caminhada desportiva.
Com o Desportivo de Chaves a conseguir, pela primeira vez na história, a qualificação para uma prova de índole continental, Vicente faria parte do grupo de trabalho a estrear-se na Taça UEFA. Nesse contexto, o defesa, pela mão do treinador Raul Águas, marcaria presença em campo frente à Universitatea Craiova e ao Honvéd de Budapeste. Ao jogar 3 dos 4 desafios disputados pelos “Flavienses” na aludida prova, o atleta logo entraria para os anais do clube. Ainda assim, a meia dúzia de temporadas passadas em Trás-os-Montes, dar-lhe-ia outras razões para inscrever o seu nome como um dos mais notáveis da colectividade. Depois da entrada na agremiação transmontana na campanha de 1987/88, os anos seguintes, não só dariam outras 6 épocas primodivisionárias ao seu currículo, como fariam com que conseguisse somar, pelo listado azul e grená, 139 jornadas disputadas no escalão máximo. Tal facto, a arrolá-lo como um dos elementos com mais partidas efectuadas pela agremiação na prova de maior calibre no calendário português, serviria para cevar a sua importância e para frisá-lo como uma das figuras preferentemente estimadas pelos adeptos.
Já a entrar nos derradeiros capítulos da senda como praticante profissional, Vicente tomaria a decisão de regressar à Margem Sul. Acolhido, nesses últimos passos, pelo Montijo, o defesa ainda disputaria duas temporadas. Após “pendurar as chuteiras” no final de 1994/95, o antigo jogador ainda voltaria a ligar-se ao futebol e, num regresso à “casa” onde havia concluído o percurso formativo, passaria a assumir-se como “Team Manager” do Fabril.

1634 - JOSÉ ANTÓNIO

Seria no Leixões, histórico emblema da sua cidade natal, que José António Novo Pereira da Silva completaria o percurso formativo. Na condição de praticante deveras promissor, o defesa-lateral, durante a referida etapa cumprida nas “escolas” da colectividade matosinhense, viria a ser chamado aos trabalhos das jovens equipas sob a égide da Federação Portuguesa de Futebol. Infelizmente para si, essa convocatória não terminaria com uma internacionalização. Ainda assim, os seus predicados continuariam a ser muito apreciados para os lados do Estádio do Mar e na temporada 1994/95 dar-se-ia a sua integração no plantel principal dos “Bebés”.
Com o Leixões, por altura da sua subida a sénior, a militar na 2ª divisão “b”, José António, ainda assim, não deixaria de sublinhar uma qualidade de jogo superior à média. Chamado ao conjunto principal por Álvaro Carolino, o atleta passaria a partilhar o balneário com um plantel baseado num misto de juventude e veterania, onde, por um lado, pontuavam nomes como Frederico, Tiano ou Alain Thiriart e, por outro, cresciam promessas e futuros jogadores primodivisionários como Mozer, Fangueiro ou Marco Aleixo. No entanto, apesar do contexto promissor, a verdade é que a equipa com sede em Matosinhos continuaria, ao longo dos anos, a teimar nas pelejas do 3º escalão e seria necessária uma mudança de emblema para que o defesa-lateral, que também sabia jogar mais adiantado no terreno, conseguisse mostrar-se no patamar máximo.
A transferência para o Desportivo das Aves, consumada na temporada de 1998/99, apresentaria José António a uma realidade competitiva mais exigente. Com a agremiação do concelho de Santo Tirso a lutar por objectivos cimeiros na tabela classificativa da divisão de Honra, o defesa-lateral passaria a ser tido como uma das peças fulcrais nos esquemas tácticos desenhados pelo Professor Neca. Com tamanha ambição a vincar-se, cada vez mais, de jornada a jornada, a tão almejada subida de escalão viria mesmo a concretizar-se com o termo de 1999/00. O derradeiro posicionamento no pódio corresponderia a um dos lugares da aludida promoção e a campanha de 2000/01 tornar-se-ia, para o jogador, na época de estreia entre os “grandes”.
Num grupo de trabalho onde Douala, Abílio, Quinzinho, Jorge Duarte, Camberra, Rui Lima, Nuno Afonso, José Soares ou Tó Luís eram nomes de peso no cenário futebolístico luso, José António não deixaria intimar-se por tamanha experiência e saberia, ao ombrear com os nomes mencionados no começo deste parágrafo, manter um lugar no “onze” inicial. Porém, com o Desportiva das Aves a falhar o objectivo traçado para a manutenção, o jogador veria o regresso à casa onde tinha feito grande parte da carreira, como uma boa solução para dar continuidade ao percurso profissional. Nesse sentido, o defesa-lateral voltaria ao Leixões para fazer parte de um plantel histórico na vida do clube. Com Carlos Carvalhal ao leme de um conjunto matosinhense inserido nas contendas da 2ª divisão “b”, essa campanha de 2001/02 levaria os “Bebés do Mar” até ao derradeiro encontro da Taça de Portugal. Já no Jamor, onde encontraria um poderosíssimo Sporting, o atleta, ao lado de Abílio, Ferreira, Besirovic ou Antchouet, também marcaria presença em campo. Infelizmente para o seu lado, os “Leões” levariam o troféu para Alvalade. Todavia, a aventura leixonense não terminaria no Estádio Nacional e a disputa da “Prova Rainha” ainda levaria o listado alvirrubro a comparecer em outros dois inolvidáveis capítulos.
Tendo disputado a edição 2002/03 da Supertaça, José António também faria parte do rol de atletas a ser chamado às pelejas agendadas, nesse mesmo ano, para a Taça UEFA. Na prova de índole continental, onde defrontaria o FK Belasica e o PAOK, o defesa-lateral entraria em campo em todas as 4 partidas discutidas. Não só por essa razão, mas também por tal motivo, o seu nome sublinhar-se-ia como um dos históricos do clube nortenho. Esse estatuto levá-lo-ia igualmente a merecer a braçadeira de capitão. Contudo, um enorme infortúnio haveria de encurtar a sua carreira e o diagnóstico médico a revelar esclerose lateral amiotrófica, acabaria na época de 2003/04, a ditar o termo precoce do seu trajecto competitivo.

1633 - NÉLSON MOUTINHO

José Nélson de Almeida Moutinho, ainda em tenra idade, entraria para as “escolas” do Benfica, onde cumpriria o seu percurso formativo. Ao destacar-se como um elemento dotado de uma boa técnica e com aptidão para o golo, nem a baixa estatura viria a impedir as suas presenças em campo com as cores da selecção. Chamado aos trabalhos dos sub-16 sob a alçada da Federação Portuguesa de Futebol, o avançado-centro estrear-se-ia com a “camisola das quinas”, no âmbito da disputa do Torneio Internacional de Saint-Malo, a 17 de Abril de 1976. Depois dessa partida frente à Polónia, contenda para a qual partilharia o balneário com Ademar, Francisco Silva, Pereirinha, Freire ou Diamantino, o atacante manter-se-ia nos planos dos agregados lusos e ao passar por diversos escalões, o jogador amealharia, para a sua ainda curta carreira, um total de 16 partidas cumpridas com as divisas de Portugal.
Apesar de ser um praticante promissor, a verdade é que a transição para o patamar sénior, mesmo tendo em conta uma participação num “amigável” de fim de época, ditaria o seu afastamento da Luz. Ainda assim, a solução para o seu trajecto enquanto futebolista profissional não viria a apartá-lo dos cenários primodivisionários. Nesse sentido, seria o Portimonense, inicialmente orientado por José Augusto, que, na temporada de 1977/78, daria a oportunidade a Nélson Moutinho para dar seguimento à carreira desportiva. Mesmo com a mudança no comando técnico a apresentar Mário Lino como o novo timoneiro, o atacante conseguiria manter-se como um dos titulares. No entanto, a despromoção do emblema algarvio travaria a afirmação do ponta-de-lança no patamar maior luso e a campanha de 1978/79 seria passada no escalão secundário.
O regresso de Nélson Moutinho à 1ª divisão aconteceria na temporada de 1979/80. Contratado pelo Beira-Mar, o avançado passaria a trabalhar na intendência de Fernando Cabrita. Curiosamente, tal como na época de arranque no algarve, o atleta veria uma “chicotada psicológica” a entregá-lo, dessa feita, às ordens de Rodrigues Dias. Similarmente, também a campanha cumprida na agremiação sediada na cidade de Aveiro, terminaria com o clube por si representado nas posições de descida. Apesar da titularidade assegurada no emblema da Beira Litoral, o referido desaire colectivo levá-lo-ia a procurar novas oportunidades, numa colectividade diferente. Infelizmente para o ponta-de-lança, a entrada no plantel de 1980/81 da União de Leiria afastá-lo-ia, em definitivo, das sendas destinadas ao patamar máximo e, daí em diante, o atacante encetaria uma caminhada a revelar uma boa mescla clubes.
FC Barreirense, Benfica e Castelo Branco, Olhanense e Silves, transformar-se-iam nas cores a colorir um trajecto que findaria com o termo das provas agendadas para a época de 1991/92. Logo de seguida, mantendo a ligação à modalidade, Nélson Moutinho, sem sair do Algarve, começaria a carreira como treinador. Principalmente na disputa dos “regionais”, mas com algumas presenças nos “nacionais” ou ainda como técnico dos escalões de formação, o antigo avançado teria experiências no Mexilhoeira Grande, Messinense, Lagoa, Silves, nas camadas de formação do Portimonense, na Escola de Futebol de Portimão e na Escola de Futebol João Moutinho, instituição baptizada com o nome de um dos seus filhos.

1632 - CARAÇA

António Joaquim Caraça começaria no futebol, na temporada de 1949/50, ao serviço dos juniores do Juventude de Évora. Com um brilhante trajecto no Campeonato Nacional da categoria, campanha a levar o emblema alentejano até às meias-finais, as prestações do jovem ponta-de-lança alimentariam a cobiça de outras agremiações. CUF, Lusitano de Évora, Vitória Futebol Clube e Benfica surgiriam como os principais interessados na sua contratação. Porém, seriam as “Águias” a convencer o avançado a mudar de camisola e o jogador, a partir da época de 1950/51, passaria a envergar as divisas dos “Encarnados”.
No Benfica, na campanha de estreia, Caraça passaria a dividir o tempo entre os juniores e as reservas. Já a temporada de 1951/52, num grupo inicialmente orientado por Ted Smith e depois por Cândido Tavares, corresponderia à época de arranque no seu trajecto enquanto futebolista sénior. No entanto, apesar da inegável qualidade, sublinhada pelo poderio físico, pela astúcia e pela mobilidade dentro da grande-área, o avançado-centro apenas viria a mostrar-se nas “reservas” e em jogos amigáveis. Tal ocaso, provocado essencialmente pela presença de José Águas, levá-lo-ia a mudar-se para o Minho e, acompanhado na viagem por José da Costa e Cesário, seria apresentado como reforço do plantel de 1952/53 do Vitória Sport Clube.
Na “Cidade Berço”, numa campanha que até começaria sob a intendência do magiar Sándor Peics, Caraça voltaria a trabalhar com Cândido Tavares. Ao integrar-se, com distinção, no esquema táctico da colectividade sediada em Guimarães, o ponta-de-lança rapidamente passaria a ser tida como uma das principais figuras do clube. Nessa temporada de entrada no Campo da Amorosa, o atleta, para além de totalista no Campeonato Nacional da 1ª divisão, viria igualmente a consagrar-se como o goleador máximo da equipa. Também a época seguinte seria de grande relevo e, mais uma vez, o jogador conseguiria ser o melhor marcador do Vitória Sport Clube.
Já aferido como um dos grandes atacantes a disputar as provas lusas, Caraça envolver-se-ia numa polémica transferência. Cobiçado pelo Lusitano de Évora, o avançado-centro, na pré-época de 1954/55, acabaria por não marcar presença no arranque dos trabalhos do Vitória Sport Clube. Sem qualquer autorização, por parte da agremiação minhota, para que negociasse uma possível mudança, seria através de um emprego oferecido na Câmara Municipal de Évora que o ponta-de-lança forçaria a desvinculação com os “Conquistadores”. Apesar dos protestos, o regresso à sua cidade natal dar-se-ia mesmo e seria de verde e branco que o jogador prosseguiria a caminhada no futebol.
Ao ingressar no Lusitano de Évora em 1954/55, Caraça voltaria a trabalhar com Cândido Tavares. Com a colectividade alentejana a viver os anos de ouro da sua história, o atacante, quase sempre como titular, manter-se-ia na disputa do escalão máximo e acabaria a participar em momentos de grande importância para o clube eborense. Nesse campo, destaque para o 5º lugar alcançado como o fim do Campeonato Nacional de 1956/57, melhor classificação de sempre para o listado verde e branco, ou as meias-finais atingidas na edição de 1958/59 da Taça de Portugal.
Para além dos capítulos já aludidos, a passagem de Caraça pelo Campo Estrela traria à caminhada competitiva do ponta-de-lança outros focos de interesse. Um deles seriam as 11 campanhas primodivisionárias vividas com o emblema alentejano. Ora, tamanha quantidade de temporadas resultariam num número igualmente elevado de partidas disputadas, pelos “Giraldos”, naquele que é o patamar maior do futebol luso. Nessa longa senda, que viria a terminar com o fecho das provas agendadas para 1964/65, o jogador disputaria 221 jornadas na 1ª divisão e tornar-se-ia no 5º atleta do Lusitano de Évora com mais desafios cumpridos no contexto da principal prova do futebol português.

1631 - ARTUR JORGE


Formado pelo Vitória Sport Clube, seria ainda com idade de júnior que Artur Jorge Fernandes Ferreira, pela mão de António Oliveira, conseguiria estrear-se pelos seniores. Ainda nessa época de 1987/88, e nas seguintes, o avançado-centro, muito devido à concorrência de nomes como Kipulu, Décio, N’Kama ou Ebongué, poucas oportunidades conseguiria para aparecer na ficha de jogo. Só voltaria a surgir em campo na temporada 1989/90, chamado pelo brasileiro Paulo Autuori. A falta de utilização levá-lo-ia, ao serviço de outras colectividades, a procurar uma solução para alimentar o seu crescimento e a campanha de 1990/91 encetaria, no trajecto competitivo do atacante, uma boa série de empréstimos.
Depois do Benfica e Castelo Branco, do Varzim e de um regresso a Guimarães na temporada de 1992/93, seriam o Vila Real e o Desportivo das Aves os emblemas a antecederem um novo retorno à “Cidade Berço”. No entanto, tal como anteriormente, a época de 1994/95 acabaria a mutar-se em mais uma cedência. Nesse contexto, ainda que a manter-se nas disputas dos escalões secundários, o Sporting de Espinho, muito mais do que uma agremiação de passagem, transformar-se-ia no grupo de trabalho mais representativo da sua experiência enquanto futebolista. Nesse aspecto, após a entrada no Estádio Comendador Manuel Violas, o avançado-centro rapidamente assumiria um papel de protagonista e logo na época de 1995/96 contribuiria para o 3º posto na tabela classificativa da divisão de Honra e para a consequente subida ao escalão máximo.
Já no convívio com os “grandes”, numa equipa a contar, também para o miolo do sector ofensivo, com Artur Jorge Vicente, a temporada começaria sob a intendência técnica de Zinho. Porém, os “Tigres da Costa Verde” não conseguiriam a estabilidade necessária aos objectivos traçados e numa campanha onde Artur Jorge haveria de assumir o papel de titular, o 16º lugar devolveria o Sporting de Espinho aos escalões inferiores. Apesar da descida, o avançado decidiria manter-se fiel ao clube, prolongando a sua ligação por um total de 6 anos. No que diz respeito ao regresso ao patamar máximo do futebol luso, apesar de ter integrado projectos que viriam a conseguir a tão almejada promoção, casos do Varzim de 2000/01 e do Moreirense de 2001/02, a verdade é que o atacante não mais voltaria a pisar tais palcos.
A aproximar-se do fim da caminhada enquanto desportista, Artur Jorge, num trajecto a tornar-se um pouco mais errante, para além dos dois últimos emblemas referidos no parágrafo anterior, teria ainda a oportunidade de envergar outras camisolas. Esse desígnio levá-lo-ia, então, a representar os planteis do Sporting de Espinho, do Lixa, do Vizela e, numa carreira também ela cheia de regressos, voltaria a Moreira de Cónegos, onde, com o termo das provas agendadas para 2007/08, tomaria a decisão de “pendurar as chuteiras”.

1630 - GRANCHAROV

Com a primeira aparição sénior a ocorrer na temporada de 1973/74, Nikolay Atanasov Grancharov iniciaria essa fase da carreira na disputa do escalão máximo da Bulgária. Mantendo-se com as cores do Cherno More por um par de campanhas, desde logo o defesa-central começaria a despertar a cobiça de emblemas de maior monta e numa altura em que já tinha envergado, nos escalões de formação, a camisola do seu país, surgiria o interesse do Levski de Sófia.
Com a mudança para a colectividade sediada na capital a ocorrer na época de 1975/76, Grancharov, após o encetar da nova ligação clubística pela mão do treinador Ivan Vutsov, não demoraria muito tempo para que assumisse um papel de relevância no seio do plantel. Tal importância ficaria bem vincada na temporada a seguir à sua entrada nos “Sinite”, com a convocatória à principal selecção búlgara. Com as cores do seu país, chamado a jogo pela dupla Hristo Mladenov/Yoncho Arsov, o defesa-central estrear-se-ia a 22 de Setembro de 1976. Essa partida frente à congénere da Turquia serviria de arranque a um trajecto que o levaria a totalizar um conjunto de 22 internacionalizações “A” pelas cores da sua bandeira. Ainda assim, mesmo tendo em conta o número de desafios efectuados, ao jogador faltaria a presença num dos grandes certames de futebol e o melhor que conseguiria alcançar seria a presença na Taça dos Balcãs.
Mesmo não tendo atingido um grande feito colectivo com a camisola da selecção, o seu percurso ao serviço do Levski de Sófia dar-lhe-ia o direito a comemorar a conquista de diversos títulos. O primeiro, na época de entrada no clube, seria a edição de 1975/76 da Taça Soviética. Voltando a marcar presença nas derradeiras pelejas da competição, as campanhas de 1976/77 e de 1978/79 também acrescentariam o referido troféu ao seu currículo. Para embelezar ainda mais o caminho do defesa-central, as duas últimas épocas mencionadas, atribuindo-lhe ao palmarés um par de “dobradinhas”, corresponderiam igualmente a duas vitórias no Campeonato Nacional. Para finalizar o campo das glórias, tenho ainda de fazer referência àquela que, por essa altura, era considerada como a segunda taça no calendário futebolístico do país, ou seja, falta-me mencionar o triunfo de Grancharov na Taça da Bulgária de 1981/82.
Com o percurso cheio de momentos altos e com a abertura do antigo Bloco de Leste a possíveis mudanças de atletas para emblemas do Ocidente, o jogador arriscaria fazer o derradeiro trecho do seu percurso competitivo em Portugal. Com a entrada no Farense a apresentá-lo como reforço para a temporada de 1983/84, o defesa-central passaria a trabalhar sob a intendência de um treinador bem conhecido da sua carreira, o antigo seleccionador búlgaro Hristo Mladenov. Integrado num conjunto a contar com grandes nomes, como Meszaros, Carlos Alhinho, José Rafael, Alexandre Alhinho, Mário Wilson ou Jorge Jesus, Grancharov conseguiria conquistar um lugar no centro do sector mais recuado do emblema algarvio. Tendo sido, à custa da titularidade, um dos principais pilares da almejada manutenção, existem fontes a garantirem a sua continuidade nos “Leões de Faro”. A verdade é que não encontrei qualquer registo de jogos cumpridos pelo internacional nas provas agendadas para 1984/85. Por essa razão, é impossível asseverar o prolongamento da sua caminhada desportiva ou, em sentido oposto, o final da mesma.

1629 - PAIVA

Com a formação terminada nas “escolas” do Marítimo, seria nos “Leões do Almirante Reis” que Marco Paulo Paiva Rocha, no decorrer da campanha de 1990/91 faria a transição para as provas de índole sénior. Chamado ao conjunto principal por Ferreira da Costa, o médio defensivo, após a partida do referido técnico e com a chegada ao comando dos “Insulares” do brasileiro Paulo Autuori, depressa conseguiria consolidar-se como um dos elementos mais importantes dos esquemas tácticos idealizados para as pelejas dos “Verde-rubro”.
Não só como um dos titulares do Marítimo, mas igualmente a sobressair-se como uma das grandes figuras da formação funchalense, Paiva seria chamado aos trabalhos dos grupos sob a alçada da Federação Portuguesa de Futebol. Incluído nos planos dos sub-21, o “trinco”, a 14 de Novembro de 1991, faria a estreia, no mencionado escalão, num desafio de preparação agendado frente a Angola. Depois dessa partida comandada pelo treinador Nelo Vingada, o jogador continuaria a merecer a confiança dos responsáveis técnicos da selecção e viria, por mais algumas vezes, a ser convocado a envergar a “camisola das quinas”. Nessa caminhada, a incluir um somatório de 7 jogos feitos pelos “esperanças” e a abranger também a participação na edição de 1993 do Torneio Internacional de Toulon, o médio-defensivo teria ainda a oportunidade de representar a equipa “A”. Numa altura em que já vestia as cores do Vitória Sport Clube, Humberto Coelho chamá-lo-ia para um “amigável” e frente a Moçambique, a 19 de Agosto de 1998, o atleta adicionaria ao currículo 1 internacionalização pelo principal conjunto de Portugal.
Com as cores do Marítimo, Paiva manter-se-ia, ao longo de 4 temporadas, como um dos principais pilares da equipa. Nesse contexto, seria uma das caras a ajudar o emblema da Madeira a atingir o 5º posto na tabela classificativa do Campeonato Nacional da 1ª divisão de 1992/93. Tal feito, levaria o emblema sediado na cidade do Funchal a conseguir a qualificação para as provas de cariz continental. Já na disputa da Taça UEFA de 1993/94, o jogador, chamado à contenda por Edinho, participaria naquela que viria a tornar-se na ronda de estreia dos “Insulares” em competições além-fronteiras. Tamanha preponderância faria com que emblemas de outra monta começassem a interessar-se pela sua contratação. O Benfica seria a colectividade a convencer o atleta a mudar-se. No entanto, após ter participado, pelas “Águias”, na pré-temporada de 1994/95, o “trinco” seria dispensado por Artur Jorge e, emprestado ao Famalicão, acabaria a disputar a divisão de Honra.
Incluído no negócio da ida de Hassan para a Luz, Paiva, na campanha de 1995/96, daria continuidade à carreira ao serviço do Farense. No Algarve, mais uma vez à custa de uma estreia nas provas continentais, o atleta inscreveria o seu nome na história de outro clube. Comandado pelo catalão Paco Fortes, disputaria a Taça UEFA, numa ronda a contar também com o Olympique de Lyon. Seguir-se-ia mais uma temporada em que, para além de cimentar o estatuto de elemento primodivisionário, ainda conseguiria afirmar-se como um dos praticantes mais apetecíveis a jogar na sua posição. Essa aferição levá-lo-ia a nova transferência e a mudança para o Vitória Sport Clube dar-lhe-ia um novo impulso ao trajecto enquanto desportista.
No Minho a partir de 1997/98, um dos marcos alcançados pelo jogador, como já aludido neste texto, seria a internacionalização “A” por Portugal. Ainda nos anos a representar os “Conquistadores”, o médio-defensivo daria o seu contributo para diferentes momentos na história colectiva do clube, com principal realce para o 3º lugar no Campeonato Nacional, alcançado na temporada da sua chegada à “Cidade Berço”, ou para as qualificações para as provas sob a intendência da UEFA. Nesse contexto, onde poderei afirmar as 4 épocas por si passadas em Guimarães como o período mais consistente da sua carreira, a surpresa da sua partida apanharia desprevenido até o mais atento. De seguida, apresentado no Santa Clara como reforço do plantel de 2000/01, o atleta encetaria em Ponta Delgada o último trecho cumprido entre os “grandes”. Já com a descida da agremiação micaelense, a época de 2003/04 daria azo ao regresso de Paiva aos escalões secundários. Nesse cenário competitivo, naqueles que viriam a tornar-se nos últimos capítulos da sua caminhada como futebolista, o “trinco”, após envergar as camisolas do Maia, do União da Madeira e do Machico, decidir-se-ia pelo fim da senda competitiva, com o termo das provas agendadas para 2009/10.
Logo de seguida assumiria o comando técnico do Machico, numa carreira como técnico que, alguns anos depois, levá-lo-ia também a aceitar um cargo na estrutura de formação do Marítimo.

1628 - ELIAS

Praticante formado no clube, Fernando Elias Oliveira da Silva subiria à equipa principal do Penafiel na temporada de 1982/83. Médio de enorme entrega, que podia jogar ao centro ou mais descaído para o lado direito do sector intermediário, o jovem intérprete teria em António Medeiros o homem a lança-lo na alta-roda do futebol profissional. Ainda assim, mesmo tendo conseguido estrear-se no contexto sénior, essa época de arranque poucas oportunidades traria ao atleta. Ainda assim, pouco tardaria para que esse cenário viesse a alterar-se e o arranque da campanha seguinte revelaria um elemento com uma preponderância completamente diferente.
Após ter ajudado à subida de escalão, a época de 1983/84 assinalaria a estreia de Elias na 1ª divisão. Mesmo ainda não possuindo grande experiência no conjunto principal, a verdade é que o médio, como aposta inicial de Fernando Tomé, conseguiria, ao lado de nomes como Ferreira da Costa, Branco e Afonso, conquistar um lugar no “onze” titular. Daí para diante, as suas boas exibições justificariam a manutenção do estatuto de titular. Aliás, os anos seguintes serviriam para apresentá-lo como um nome icónico da colectividade duriense e um dos esteios de feitos como a chegada às meias-finais da edição de 1985/86 da Taça de Portugal, onde o Penafiel só seria afastado após a partida de desempate disputada frente ao Benfica.
Depois de uma curta passagem do Penafiel pela 2ª divisão, o regresso ao convívio com os “grandes” na temporada de 1987/88 daria azo a que Elias completasse a sua primeira passagem pelo clube nos palcos maiores do futebol luso. Com alguma surpresa, apresentando-se, por essa altura, como um dos preferidos da massa adepta e um dos elementos de maior importância no plantel, o jogador, com o termo das provas agendadas para 1988/89, deixaria os “Rubro-negros” para abraçar outro projecto. Convidado pelo Estrela da Amadora orientado por João Alves, o médio entraria no Estádio José Gomes numa altura de especial importância para a história dos “Tricolores”. Logo nessa campanha de chegada à Reboleira, o atleta participaria na caminhada a levar o emblema sediado na Linha de Sintra até à final da Taça de Portugal. No Jamor, após não ter entrado em campo na final, seria chamado a jogo pelo “Luvas Pretas” no desafio a contar para a finalíssima e, desse modo, ajudaria à inolvidável conquista da “Prova Rainha”.
Apesar do troféu conquistado pelo Estrela da Amador e de, sem o brilhantismo de anos anteriores, ter alcançado pelo clube números aceitáveis, a despromoção sofrida no final de 1990/91 precipitaria a saída do jogador. Curiosamente, seria também na divisão de Honra que Elias encontraria o novo interessado no seu concurso. No Tirsense a partir da temporada de 1991/92, o jogador, a trabalhar sob as instruções de Rodolfo Reis, ajudaria à promoção dos “Jesuítas”. Porém, apesar da titularidade na aludida subida, aquela que viria a tornar-se na última campanha primodivisionária do médio, devolvê-lo-ia à condição de suplente. Seguir-se-ia mais um ano a envergar as cores da agremiação de Santo Tirso, o regresso ao Penafiel e o fim do seu trajecto no “futebol 11”, após 4 épocas com os “Durienses”, no termo de 1997/98.
Por fim, e “penduradas as chuteiras”, Elias ainda revelaria disponibilidade competitiva para encetar uma pequena senda no futsal e, nas 2 campanhas após deixar os relvados, calçaria as sapatilhas pelo Jazz Baltar.

1627 - ANTÓNIO CAIADO

Irmão mais velho da trindade saída de uma das famílias mais afamadas do futebol português das décadas de 1940 e de 1950, onde também figurariam Fernando Caiado e José Caiado, António Augusto Amaral Caiado, apesar da naturalidade em Leça da Palmeira, teria no sul do país o arranque da sua carreira na modalidade.
Como indicaria a revista “Crónica Desportiva”, publicada a 17 de Novembro de 1957, o jogador teria no Atlético a sua primeira aparição oficial no “jogo da bola”. Nesse sentido, indo até contra algumas fontes a dá-lo anteriormente como praticante do Almada, seria no emblema da Tapadinha que disputaria, na temporada de 1942/43, a 2ª divisão nacional e o escalão máximo do Campeonato de Lisboa. No entanto, essa campanha que, após a junção do União Lisboa com o Carcavelinhos, corresponderia ao arranque das actividades futebolísticas do recém-criado clube do bairro de Alcântara, seria a única do médio na capital. Logo na temporada seguinte viajaria para o Algarve e encetaria um período de 3 anos, durante o qual passaria a envergar as divisas do Farense.
Com a agremiação do Sotavento a manter-se nas pelejas secundárias, seria no regresso às proximidades da sua terra natal que António Caiado viria a ingressar no emblema mais representativo da sua carreira. Nesse sentido, com a entrada no Boavista a acontecer na temporada de 1946/47 o médio que, no desenovelar da sua caminhada desportiva, jogaria em todas as posições de campo, passaria a partilhar o balneário com os dois irmãos mencionados no começo deste texto. Para além dessa curiosidade, o grande destaque no encetar da sua ligação aos “Axadrezados” emergiria da estreia do atleta no escalão maior do futebol luso. Brilhantemente, ao não acusar o salto dado, o jogador, num plantel a contar igualmente com o futuro internacional Serafim, rapidamente conquistaria um lugar de destaque e, muito mais do que a habilidade a dar-lhe a louvada polivalência, seria a sua entrega ao jogo a empurrá-lo para a galeria de figuras notáveis do colectivo portuense.
Nos 12 anos passados com as “Panteras Negras”, António Caiado viveria diversos momentos, uns de maior sucesso, outros de menor glória. Sem desprimor para as 8 temporadas que, durante o aludido período, o jogador cumpriria nas contendas primodivisionárias, o maior destaque surgiria com as prestações colectivas conseguidas no decorrer da campanha de 1951/52. Nessa época, orientado o Boavista pelo técnico Lino Taioli, o médio, à imagem dos números conseguidos até então, assumir-se-ia como um dos esteios da estratégia idealizada pelo treinador argentino. Numa caminhada de excelência, com vitórias frente ao Belenenses, ao FC Porto e ao Sporting, os “Axadrezados” somariam pontos suficientes para terminar o Campeonato Nacional da 1ª divisão no 5º lugar, posição à altura a constituir um recorde na história do clube.

1626 - AGATÃO

Após terminar o percurso formativo com as cores do Zona Azul, o salto para os seniores, sem sair da sua cidade natal, levá-lo-ia a ser apresentado como reforço do Desportivo de Beja. Ao juntar-se ao plantel de 1979/80 do emblema alentejano, Francisco José Matos Agatão acabaria a partilhar o balneário com Delfim, um dos seus 5 irmãos, todos mais velhos que o médio-defensivo e todos futebolistas com passagem pela agremiação rubro-negra.
Principiada a caminhada competitiva pela Zona Sul da 2ª divisão, o “trinco”, aquando da passagem pelo Despertar Sporting Clube de 1981/82, acabaria por cair nos “regionais”. Manter-se-ia, 1 ano depois e já de volta ao Desportivo, nas contendas distritais da Associação de Futebol de Beja. No entanto, no regresso ao conjunto mais representativo da fase inicial da sua carreira, o jogador conseguiria a proeza de chamar a atenção de emblemas bem melhor posicionados no cenário luso e seria um pouco mais a norte, com as cores d’ “O Elvas”, que viria a encontrar a rampa de lançamento para um trajecto invejável.
Com a chegada aos “Azuis e Ouro” na temporada de 1983/84, Agatão voltaria a competir na 2ª divisão. Seria ainda no referido escalão que, a trabalhar sob a alçada de Carlos Cardoso, começaria a prometer outros voos. Nesse contexto evolutivo, o médio-defensivo, um par de épocas após a entrada na agremiação raiana, veria o Boavista a apostar na sua contratação. Ao estrear-se no escalão máximo já com 25 anos de idade, o traquejo trazido de meia dúzia de campanhas a pelejar-se no futebol sénior permitir-lhe-ia fixar-se, com relativa facilidade, no plantel de 1985/86 dos “Axadrezados”. Avaliado pelo carácter determinado e aguerrido, o atleta, muito mais do que singrar no grupo de trabalho às ordens de João Alves, transformar-se-ia, ao partilhar o sector intermediário com Casaca e com Phil Walker, num dos pilares do colectivo portuense. Com excelentes exibições nos anos cumpridos no Bessa, o atleta ajudaria as “Panteras” na luta pelos lugares cimeiros da tabela classificativa do Campeonato Nacional e, acima de tudo, na qualificação para as provas sob a égide da UEFA.
Após 5 temporadas na “Cidade Invicta”, seguir-se-ia um período idêntico ao serviço do Estrela da Amadora. No emblema sediado no bairro da Reboleira, o “trinco” chegaria num ano deveras importante para os homens a jogar em casa no Estádio José Gomes. Nesse cenário histórico, Agatão participaria na disputa da Supertaça e na estreia dos “Tricolores” nas competições de índole continental, ou seja, entraria em campo na eliminatória da Taça dos Vencedores das Taças a opor o conjunto português ao Neuchâtel Xamax. Porém, a importância de tais momentos não evitaria a descida do emblema da Linha de Sintra no termo do Campeonato Nacional de 1990/91. Mesmo como um dos mais utilizados na equipa, o desaire colectivo arrastaria o jogador, mais uma vez, para o panorama secundário do futebol português. Já o regresso ao convívio com os “grandes” dar-se-ia na campanha de 1993/94 e permitiria ao médio-defensivo adicionar ao currículo outras 2 épocas primodivisionárias.
A campanha de 1995/96 viria a assumir-se de vital importância para a ligação de Agatão ao futebol. Por um lado, a aludida temporada, durante a qual vestira a camisola do Estoril Praia, tornar-se-ia na última da sua carreira enquanto praticante. Depois, como resultado de ter sido orientado por Carlos Manuel, emergiria a oportunidade de abraçar as tarefas de técnico. Como adjunto do referido treinador, o antigo “trinco” passaria por diversos emblemas do escalão maior. Salgueiros, Sporting, Sporting de Braga, Campomaiorense e Santa Clara coloririam essa fase do seu trajecto. Mais tarde, ao assumir-se como o “timoneiro” principal, regressaria aos cenários insulares onde, para além de voltar ao Santa Clara, encetaria uma longa ligação ao Operário.
Trajecto como treinador, há ainda a destacar as suas passagens pelo Recreativo de Caála e pelos iranianos do Sanat Naft, períodos onde integraria, respectivamente, as equipas de Formosinho e, mais uma vez, de Carlos Manuel. De seguida não resistiria a novo apelo dos Açores e aceitaria os convites do Praiense, do Fontinhas e do Rabo de Peixe. Finalmente, o regresso a casa e o desafio de liderar as “escolas” do Desportivo de Beja.

1625 - PEIXOTO

Formado pelo Atlético, seria ainda como membro das “escolas” do emblema alcantarense que Carlos Manuel dos Santos Peixoto viria a ser chamado aos trabalhos das jovens selecções a cargo da Federação Portuguesa de Futebol. Incluído nos actualmente denominados sub-18, o lateral estrear-se-ia com a “camisola das quinas” a 15 de Abril de 1968. Esse amigável frente à Bulgária servira de arranque a uma caminhada que, em Maio do ano seguinte, levaria o jogador a ser convocado para a disputa da edição de 1969 do Torneio Internacional de Juniores da UEFA. No certame organizado na Republica Democrática da Alemanha, o atleta acabaria por marcar presença em todas as partidas disputadas pela sua equipa e, num percurso internacional que terminaria com o fim da participação lusa na referida prova, o defesa passaria a somar 7 pelejas com as cores de Portugal.
Terminado o percurso formativo, a temporada de 1970/71 serviria para Peixoto fazer a transição para o universo sénior. Com a colectividade a jogar em casa na Tapadinha a militar no 2º escalão, as campanhas seguintes do defesa, a jogar pelo Portimonense e pelo Estoril Praia, seriam igualmente cumpridas nas contendas dos patamares inferiores. No entanto, contrariamente à sua experiência na agremiação algarvia, a integração no emblema sediado na Linha de Cascais serviria para encetar a ligação mais representativa da sua carreira desportiva. Com a entrada no Estádio António Coimbra da Mota a acontecer na época de 1973/74, o atleta desceria um degrau competitivo e passaria a exibir-se na 3ª divisão. Ainda assim, orientado inicialmente por Jimmy Hagan e depois por António Medeiros, o lateral seria peça importante nas duas subidas em dois anos consecutivos e, desse modo, constituir-se-ia como uma das caras a levar os “Canarinhos” ao patamar máximo.
O regresso do Estoril Praia à 1ª divisão, com Carlos Pereira a ocupar a primazia nas escolhas de António Medeiros, não seria de todo prodigiosa para Peixoto. Contudo, a campanha de 1975/76 não deixaria de marcar a estreia do lateral no convívio com os “grandes”. Esse percurso primodivisionário prolongar-se-ia nas épocas seguintes e uma das boas marcas conseguidas durante esse percurso de 4 anos seria a presença do lateral, chamado pelo treinador José Bastos, na final da Taça da FPF de 1976/77. Já no plano estritamente pessoal, o defesa haveria de merecer mais oportunidades no “onze” dos “Canarinhos” e as provas agendadas para 1977/78 acabariam por marcar o início da titularidade atribuída ao jogador.
Apesar da importância conquistada na esquematização táctica da colectividade da Amoreira, a época de 1979/80 apresentaria o defesa como reforço do plantel do Amora. De regresso à 2ª divisão, o atleta passaria a trabalhar sob as instruções de Mourinho Félix e, na Margem Sul, voltaria a contribuir para mais uma promoção. De novo a actuar nos principais escaparates do futebol luso, a verdade é que os números retirados dessa temporada de 1980/81 ficariam bem aquém do currículo apresentado pelo lateral. Tal desilusão levá-lo-ia a deixar a Medideira e, nos anos seguintes, a abraçar os projectos de dois emblemas já por si bem conhecidos. Nesse sentido, após um par de campanhas a envergar as cores do Atlético, a campanha de 1983/84, outra vez ao serviço do Estoril Praia, marcaria a derradeira aparição do atleta nos cenários primodivisionários. Daí em diante, numa caminhada competitiva a durar até 1987/88, Peixoto ainda vestiria a camisola do Seixal.

1624 - BARRADAS

Encetaria a carreira sénior ao serviço do plantel de 1977/78 do Luso do Barreiro. Mantendo-se nas contendas da 2ª divisão, na campanha a seguir à referida estreia, seguir-se-ia a sua mudança para a Quimigal. Numa senda em que ganharia o traquejo necessário para outros desafios, faltaria ainda ao guarda-redes envergar outra camisola. No Salgueiros a partir de 1980/81, o atleta, no bairro de Paranhos, iniciaria a ligação a levá-lo até ao patamar máximo do futebol português. No entanto, tal meta ainda demoraria um par de anos a cumprir e seria na temporada de 1982/83 que António José Loureiro Barradas apareceria, pela primeira vez, numa disputa entre os “grandes”.
Orientado por Henrique Calisto nessa estreia primodivisionária, Barradas, muito mais do que ultrapassar a concorrência de Manuel Pinto, destacar-se-ia como um dos totalistas no Campeonato Nacional. Tal importância logo faria com que outras agremiações cogitassem o seu nome como um dos possíveis reforços para a campanha subsequente. Aferido como um intérprete que, apesar da baixa estatura, tinha na agilidade e na afoiteza as principais qualidades, seria o FC Porto a apostar na sua contratação. Todavia, a entrada nas Antas em 1983/84 apresentar-lhe-ia as dificuldades próprias de uma fortíssima competição por um lugar à baliza. Atrás, nas escolhas de José Maria Pedroto e de António Morais, de nomes como Zé Beto ou Amaral, o guardião, ainda assim, daria o seu contributo para uma época inesquecível na história dos “Dragões” e mais do que a ajuda na conquista da Taça de Portugal, o atleta faria parte do grupo de trabalho que disputaria a final da Taça dos Vencedores das Taças.
Sem espaço no plantel dos “Azuis e Brancos”, a campanha de 1985/86 marcaria a transferência do guarda-redes para o Sporting de Braga. No Minho voltaria a encontrar-se com o treinador Henrique Calisto. Regressaria igualmente a uma utilização mais regular, cumprindo essa primeira temporada, onde também viria a ser orientado por Frederico Passos, a dividir o lugar com Hélder. Já na época seguinte, durante a qual, com Humberto Coelho a dar o lugar a Manuel José, também trabalharia sob a alçada de dois técnicos diferentes, o jogador assumir-se-ia como titular. Por esse motivo, seria com alguma surpresa que o atleta deixaria os “Guerreiros” e, numa mudança a mantê-lo no patamar máximo, acabaria apresentado como elemento do Sporting da Covilhã.
Com a entrada no emblema serrano a acontecer para a campanha de 1987/88, Barradas teria na agremiação beirã a última aparição na 1ª divisão. Em abono da verdade, o guarda-redes, em cenário primodivisionário, ainda faria parte do plantel de 1988/89 do Beira-Mar. No entanto, sem jogar, o jogador, já com a época de chegada a Aveiro em andamento, decidiria mudar de rumo e assinar um novo contrato com o Joane. Daí em diante, não mais voltaria ao degrau máximo. Sempre a militar nos escalões secundários, passaria a defender os interesses de diversos emblemas do Alentejo e após representar o Lusitano de Évora, o Juventude de Évora e o Estrela de Vendas Novas, o termo das provas agendadas para 1995/96 coincidiria com o fim da sua caminhada enquanto futebolista.

1623 - MORAIS

Cumpridas as etapas formativas com as cores da Associação Atlética Portuguesa, seria em 1959 que José Morais Rodrigues viria a rubricar o primeiro contrato profissional. Como é hábito em muitas das carreiras de atletas brasileiros, o avançado, ou médio-ofensivo, começaria no Auto Esporte Clube um percurso caracterizado, por razão das várias mudanças de emblema, pela errância. Nesse sentido, seguir-se-ia no seu trajecto a entrada no plantel de 1961 do Campinense Clube. Ao serviço da “Raposa”, logo no ano de chegada à colectividade e também na temporada seguinte, emergeriam as vitórias no “Estadual” de Paraíba. Por fim viria o interesse da Portuguesa dos Desportos comandada por Otto Glória e a mudança para São Paulo.
Integrado na “Lusa” por empréstimo do seu antigo clube, Morais, já na campanha de 1963, para além do técnico aludido no final do parágrafo anterior, acabaria a trabalhar sob as ordens de outro conhecido do futebol português, o treinador Aymoré Moreira. Com a estreia a dar-lhe ao currículo um golo frente ao Santos, as exibições conseguidas ao longo da temporada valer-lhe-iam a transferência para o Fluminense. Poucos seriam os meses passados no Rio de Janeiro, pois, nesse ano de 1964, o médio-ofensivo ainda envergaria a camisola do América (falta saber em qual das agremiações com essa designação) e o equipamento do Sport Recife. No emblema sediado no Estado de Pernambuco, o jogador continuaria a alimentar a sua cotação e acabaria por ver a cobiça de colectividades europeias a levá-lo até ao outro lado do oceano.
Ao plantel de 1965/66 do Vitória Sport Clube, Morais chegaria acompanhado de outro colega vindo Sport Recife, o avançado Djalma. Numa equipa comandada pelo gaulês Jean Luciano e onde brilhavam nomes como Peres, Gualter, Daniel Barreto, Manuel Pinto, Joaquim Jorge ou Mendes, o destaque merecido pelas suas exibições, não só ajudariam ao 4º lugar atingido na tabela classificativa com o final do Campeonato Nacional da 1ª divisão, como cevaria o interesse de emblemas de monta maior. Porém, a mudança para um Sporting campeão pelas mãos de Otto Glória complicar-se-ia por razão de alguns problemas burocráticos e a passagem pelo Treze de Campina Grande desemaranharia a mudança para Alvalade.
À entrada para o emblema lisboeta, Morais já não encontraria o mencionado treinador seu conterrâneo. Nos “Leões”, tendo a estreia pelo Sporting acontecido à 15ª jornada de 1966/67, só por duas rondas trabalharia com o espanhol Fernando Argila. Seguir-se-ia Armando Ferreira. No entanto, o atleta, que no primeiro jogo pelos “Verde e Brancos” concretizaria dois golos frente ao FC Porto, veria o azar a bater-lhe à porta após meia dúzia de partidas realizadas. Com uma grave lesão a afastá-lo da competição durante um largo período, o regresso aos relvados, dar-se-ia somente no começo da época seguinte. De volta à competição, talvez afectado por alguma mazela, a verdade é que não conseguiria convencer Fernando Caiado a dar-lhe, de forma indiscutível, um lugar no “onze”. A titularidade alcançá-la-ia na temporada de 1968/69 e ao realçar-se como um excelente médio-centro. Já no que diz respeito à campanha de maior proveito, o destaque iria para 1969/70, período durante qual inscreveria o seu nome no rol dos pupilos que, sob as ordens de Fernando Vaz, ganhariam o Campeonato Nacional.
Como uma dupla surpresa, primeiro surgiria a sua transferência para o Vitória Futebol Clube de 1970/71 e, em segundo lugar, erguer-se-ia uma época que, num grupo orientado por José Maria Pedroto, não traria qualquer partida à sendo desportiva de Morais. A suceder ao desaire vivido em Setúbal, assomar-se-ia o Marinhense e a experiência, na edição de 1972 da North American Soccer League, com as cores dos Toronto Metros. Por fim, de volta a Portugal, o médio ainda teria tempo para envergar as divisas d’ “Os Nazarenos” e do Vila Real. Já de regresso ao Brasil, ressurgiria o desejo de retornar aos estudos e a conclusão do curso de Direito.

Nota: por favor, tenham alguma reserva nas datas apresentadas, pois as mesmas referem-se às fontes que considerei mais fidedignas, sem, contudo, serem totalmente fiáveis.