1683 - HUGO COSTA

Filho de Vicente Costa, antigo avançado de equipas como o Tramagal ou o Sintrense, Hugo Alexandre Esteves Costa acabaria a seguir as passadas desportivas do pai. Antes ainda de terminar o período formativo com as cores do Benfica, já o defesa-central era visto como uma das grandes promessas do futebol luso. A provar o seu valor surgiriam as chamadas às equipas sob a guarda da Federação Portuguesa de Futebol. Nesse trilho, começaria por representar os actualmente denominados sub-16. A estreia, a 27 de Dezembro de 1989, levaria o jogador a entrar em campo frente à Hungria. Depois dessa partida, à qual seria chamado por Carlos Queiroz, o atleta continuaria a avançar no seu trajecto internacional. Participaria em grandes competições como o Euro sub-16 de 1990, o Euro sub-18 de 1992, a edição de 1993 do Torneio de Toulon ou, no mesmo ano do certame francês, no Mundial sub-20.
O acumular de partidas com a “camisola das quinas” levá-lo-ia até às 48 pelejas disputadas por Portugal. Contudo, a riqueza do seu trajecto enquanto praticante das camadas jovens, não daria o direito a Hugo Costa para conquistar um lugar na equipa principal do Benfica. Sem lugar nos “Encarnados”, o defesa-central acabaria cedido a outras colectividades. Ao descobrir um espaço na 1ª divisão, o capítulo inicial da carreira sénior levá-lo-ia a envergar as cores do plantel de 1992/93 do Gil Vicente, grupo comandado por Vítor Oliveira. De seguida, ainda por empréstimo das “Águias”, surgiriam o par de anos passados com o Beira-Mar e finalmente o Estrela da Amadora. No entanto, e mesmo tendo em conta que, com excepção feita à agremiação da Reboleira, o jogador conseguiria apresentar-se sempre como titular, a verdade é que o regresso à Luz nunca viria a acontecer e a solução, para a época de 1996/97, haveria de emergir vinda do estrangeiro.
A entrada no Stoke City, à altura a disputar o segundo escalão de Inglaterra, não seria assim tão proveitosa quanto o projectado inicialmente. Esse pequeno desaire levaria o jovem jogador, a meio da campanha britânica, a equacionar o regresso a Portugal. Já com o tal plano em marcha, seria o Alverca, numa altura em que o emblema ainda era “satélite” do Benfica, a abrir as suas portas ao defesa-central. A entrada no novo clube fá-lo-ia também participar noutro capítulo de enorme monta para os ribatejanos e a estreia da colectividade na 1ª divisão daria ao atleta a oportunidade de voltar, em 1998/99, às pelejas do patamar máximo luso.
Os 4 anos e meio cumpridos com as cores do Alverca, transformaria o clube na camisola mais representativa da sua carreira. Ainda assim, impulsionado pela perda da titularidade, a ligação de Hugo Costa com a agremiação ribatejana conheceria o fim com o termo das provas agendadas para 2000/01. Seguir-se-ia o também primodivisionário Vitória Futebol Clube, onde, durante as duas épocas seguintes, o defesa-central regressaria aos melhores índices exibicionais. Os números apresentados no Bonfim, alimentar-lhe-iam nova aventura além-fronteiras e seria na Alemanha que o atleta decidiria dar seguimento ao trajecto profissional.
Está bem que no escalão secundário germânico, mas a entrada no RW Oberhausen serviria para que Hugo Costa voltasse a sonhar com outros voos. Curiosamente, seria nessa experiência pela Alemanha que o defesa-central entraria numa fase menos consentânea com o valor já antes demonstrado. Mesmo ao revelar algum decréscimo exibicional, a 1ª divisão portuguesa, na temporada de 2005/06, voltaria a acolhê-lo. Porém, como destapado neste parágrafo, a entrada na União de Leiria não devolveria à sua carreira a ambicionada titularidade. Após 3 anos na “Cidade do Lis”, o atleta ainda viria a aventurar-se brevemente nos cipriotas do Atromitos Yeroskipou. Por fim, surgiria o Pinhalnovense e o “pendurar das chuteiras” na conclusão da campanha de 2010/11.
Já com a carreira de futebolista terminada, Hugo Costa manter-se-ia ligado à modalidade e no papel de treinador ainda viria a trabalhar com clubes dos escalões inferiores, como são exemplo o Fabril do Barreiro, a AD Oiras ou o Mineiro Aljustrelense.

1682 - KEITA

Quando tentei fazer a minha procura sobre um atleta de nome Keita que, em 1977/78 teria jogado no Académico de Viseu e na temporada seguinte acabaria a envergar as cores do Beira-Mar, deparei-me com algumas curiosidades. Em abono da verdade o termo usado no final da frase anterior, tendo em atenção a trapalhada de informações, só pode ser considerado um eufemismo. Sem querer alongar-me muito nesta nota introdutória passemos aos factos.
Logo no “zerozero” dei com as fichas de dois jogadores que, apesar de serem considerados pelo “site” como pessoas distintas, expunham semelhanças biográficas e curriculares deveras espantosas. Na primeira ficha, temos o futebolista apresentado como Cheick Keita (1). Já na segunda encontramos o atleta revelado como Fantamady Keita (2). Agora vamos às tais curiosidades. Em ambas as fichas os nomes completos têm algumas semelhanças. Vejamos. No caso assinalado por mim como (1) temos Cheick Fanta Mady (separado) Keïta, enquanto no marcado como (2) temos Fantamady (tudo seguido) Keita. Até aqui, os dados poderiam ser aferidos como coincidências, sendo os dois homens aproximadamente homónimos. No entanto, a seguir passei às datas de nascimento e qual não é o meu espanto – pior ainda, se tivermos em conta a nacionalidade maliana de um e do outro – ao constatar que os dois teriam nascido no mesmo dia! Como não há duas sem três, aparece-nos então um percurso desportivo que, em vários pontos, é espantosamente parecido (como os anos das passagens por um emblema de Bamako) ou coincidente na totalidade (temos para o caso a campanha de1975/76 no AS Angoulême ou algumas das épocas ao serviço do ECAC Chaumont)!
Ao profundar um pouco mais a minha investigação, deparei-me com dois artigos provenientes da mesma fonte (3) (4). Em ambos fala-se de uma antiga glória do futebol maliano que, em 1972, ter-se-á consagrado como o melhor marcador da CAN, ao mesmo tempo que terá ajudado a sua selecção a chegar à final do referido troféu. Nas duas notícias é referido Cheick Fantamady Keïta. Porém, se compararmos o nome com as fichas do “zerozero” facilmente reparamos que o jogador com uma identificação mais parecida com o atleta apresentado no “Maliweb” é aquele que não é internacional, nem tem qualquer referência à participação na CAN de 1972. Por outro lado, a servir para confundir mais as coisas, temos, no “site” maliano, a alusão a uma caminhada competitiva que, ao invés de ser uma das duas apresentadas pelo “zerozero”, é, se assim pode ser dito, uma mistura de ambas as carreiras!
Para baralhar outra vez este raciocínio, temos então mais duas informações. A primeira é dada pelo “RSSSF” (5) e identifica-nos o goleador máximo da CAN de 1972 como Fantamady Salif Keita, ou seja, um nome, na sua totalidade, diferente dos anteriormente apresentados. Por fim, deixo-vos o artigo do “Malijet” (6), no qual fazem menção a um jogador que, na maioria da biografia, coincide com o avançado patenteado pela segunda ficha do “zerozero” (2).
Mesmo ao não conseguir montar este puzzle de uma forma que possa ser vista como fidedigna, ainda assim tentei pôr alguma ordem nesta tremenda balbúrdia. Ora, a minha suposição leva-me a dar, para o internacional do Mali com presença na CAN de 1972, um trajecto mais parecido com o que, sem ter grandes certezas, em seguida vos deixo:

1970/71 a 1971/72 – Real Bamako (Mali)
1972/73 a 1974/75 – Rennes (França)
1975/76 - AS Angoulême (França)
1976/77 – Pontevedra (Espanha)
1977/78 – Académico de Viseu (Portugal)
1978 – Philadelphia Fever (EUA)
1978/79 – Beira-Mar (Portugal)
1979 – Philadelphia Fever (EUA)
1979/80 a  1983/84 – ECAC Chaumont (França)
Faltará descobrir em que período terá passado pelo Moutiers (Antilhas Francesas), se ainda jogou a época de 1984/85 no ECAC Chaumont e se terá representado o AS Plombières de 1985/86 (França).

Para finalizar, não posso deixar de fazer duas referências. Primeiro, ao facto de o Keita do Académico de Viseu ter sido um dos pilares da primeira subida da colectividade beirã ao escalão máximo do futebol português. A segunda, mais uma curiosidade, prende-se com o recorte de jornal encontrado em “A Magia do Futebol” (7) a assegurar-nos este Keita como primo da antiga estrela leonina Salif Keita.

1 – https://www.zerozero.pt/jogador/cheick-keita/253831
2 – https://www.zerozero.pt/jogador/fantamady-keita/316282
3 – https://www.maliweb.net/sports/que-sont-ils-devenus-cheick-fantamady-keita-le-goleador-de-yaounde-72-2757655.html
4 – https://www.maliweb.net/people/portrait/cheick-fantamady-keita-legende-vivante-1357942.html
5 – https://www.rsssf.org/tables/72a-scor.html
6 – https://web.archive.org/web/20090629060746/http://www.malijet.com/actualite_sportive_au_mali/palmares_des_joueurs_maliens/footballeur_fantamady_keita.html
7 – https://a-magia-do-futebol.blogspot.com/2013/09/recordar-keita.html

1681 - JULINHO

Nascido na “Cidade Invicta”, Júlio Correia da Silva, popularizado pelo diminutivo Julinho, teria no Boavista, onde chegaria para o lugar de guarda-redes, os anos dedicados à formação. Depressa convertido em avançado-centro, seria já na nova posição que, em 1936/37, ocuparia o seu espaço na equipa principal. Apesar de bastante novo, o atacante depressa conseguiria afirmar-se como um dos bons valores dos “Axadrezados”. Ainda assim, com as “Panteras” a militar na 2ª divisão lusa, ainda passariam alguns anos até à sua estreia no patamar máximo. Tal marco aconteceria após a transferência para um novo clube e, para o caso, já na segunda campanha ao serviço do Académico do Porto.
Com a mudança referida no parágrafo anterior a ocorrer na temporada de 1940/41, a época seguinte à da sua chegada ao emblema estudantil levaria o avançado, pela primeira vez na carreira, a disputar a 1ª divisão. Tamanha seria a sua prestação naquela que é a prova de maior importância no calendário futebolístico português que, rapidamente, passaria a ser disputado por equipas de maior renome. Nessa corrida, Julinho, a troco de quantias bem avultadas para a época – 25 mil escudos para o clube e 10 mil escudos para o atleta – acordaria a mudança para o Benfica. Logo de seguida, o FC Porto, com números bem mais tentadores, faria chegar ao jogador a sua proposta. No entanto, com a palavra já dada às “Águias”, o avançado manter-se-ia fiel ao inicialmente combinado e, em 1942/43, viajaria até Lisboa.
Como praticante das “Águias”, Julinho, acolhido pelo técnico Janos Biri, depressa iria impor-se no centro do ataque. A prova do impacto do avançado na estrutura benfiquista surgiria de imediato no ano da sua chegada, com o jogador a sagrar-se como o Melhor Marcador do Campeonato Nacional da 1ª divisão. Tal feito repeti-lo-ia na época de 1949/50. Contudo, nem só de feitos individuais viveria a carreira do ponta-de-lança. Caracterizado como um intérprete muito inteligente e sagaz na hora de rematar à baliza, os seus inúmeros golos contribuiriam, e de que maneira, para diversos sucessos colectivos dos “Encarnados”. Nesse sentido, o destaque iria para as conquistas de 3 Campeonatos Nacionais, 6 Taças de Portugal e obviamente para a vitória na Taça Latina.
O feito continental ainda agora referido, aconteceria na edição de 1949/50 da prestigiada prova. No trajecto até ao triunfo, Julinho não haveria de posicionar-se somente como um dos jogadores no “onze” das diferentes rondas altercadas. Chamado por Ted Smith às pelejas agendadas para o Estádio Nacional, não só o avançado-centro marcaria presença na meia-final frente aos italianos da Lazio, como seria um dos escolhidos para a final e para finalíssima do torneio disputado em Lisboa. Aliás, seria no último encontro que o atleta assumiria um papel fulcral. Num jogo arrastado até ao 3º prolongamento, sairia dos pés do atacante, que já tinha atirado uma bola para o fundo das redes adversárias na partida anterior, o golo que, aos 134 minutos, faria cair a resolução da contenda a favor do conjunto português.
Apesar da preponderância atingida com as cores do Benfica, Julinho, com o facto parcialmente justificado pelo desenrolar da 2ª guerra mundial, não teria, na selecção nacional, números nada semelhantes aos conseguidos no clube. Ainda assim, depois da convocatória para, a 3 de Maio de 1947, disputar, frente à França, uma partida pela equipa “B” de Portugal, o dia 21 de Março de 1948 assinalaria a sua oportunidade no conjunto principal luso e o jogo marcado com a Espanha, chamado o avançado por Virgílio Paula, representaria para o atleta a sua única internacionalização “A” com a “camisola das quinas”.
Após cumprir mais de uma década com as cores do Benfica e de ter registado 202 golos em 200 partidas oficiais (outras fontes referem 272 golos em 269 jogos), seria já com a época de 1953/54 em andamento que Julinho deixaria o Benfica. Nos anos subsequentes, na mescla de tarefas dadas a um treinador-jogador, passaria por Coruchense e Benfica e Castelo Branco. Seria igualmente na aludida agremiação do distrito de Santarém que o antigo avançado decidiria passar a desempenhar, em exclusivo, as funções de técnico e, na nova carreira, ainda orientaria Marinhense, Alverca, Casa Pia, Torres Novas, Sacavenense, Alhandra e Vilafranquense.

1680 - SERRA

Artur Tavares Serra Santos completaria o percurso formativo ao serviço do FC Barreirense. Seria igualmente com as cores do emblema sediado na Margem Sul que o jovem praticante, no decorrer da campanha de 1969/70, haveria de estrear-se como sénior. Nesse arranque, o defesa-lateral, com habilidade para também actuar no centro do sector mais recuado ou a médio-defensivo, viria a ser orientado por Manuel Oliveira. Ao dar boas indicações, o jogador, começaria a ver o referido treinador a escolhê-lo para participar nas pelejas do listado alvirrubro e as suas entradas em campo contribuiriam para o histórico 4º lugar no Campeonato Nacional. A classificação mencionada no final do parágrafo anterior, no escrever de mais uma admirável página na existência do FC Barreirense, resultaria no apuramento e estreia da agremiação nas provas de índole continental. Chamado à peleja pelo brasileiro Edsel Fernandes, o defesa teria a oportunidade de participar em ambas as mãos da ronda inicial da Taça das Cidades com Feira de 1970/71. Contudo, a esperança ganha com a vitória no Estádio D. Manuel de Mello esfumar-se na partida forasteira e o conjunto português acabaria eliminado pelos jugoslavos do Dinamo Zagreb. A temporada de 1971/72 e a seguinte não mostram qualquer registo seu nas provas lusas. Sem grande certeza na informação que passarei a veicular, tal hiato poderá corresponder ao período em que Serra terá cumprido o Serviço Militar Obrigatório. Se quisermos ter esta afirmação como correcta, então, o defesa, resultado da sua incorporação em Angola, acabaria por representar o plantel do FC Moxico. Já no regresso à Metrópole, o jogador voltaria ao FC Barreirense. No entanto, essa campanha de 1973/74 ficaria longe de ser proveitosa, tanto para o atleta, como para o colectivo por si representado. Sem conseguir fixar-se no “onze”, o lateral, pouco utilizado, acabaria por ver o conjunto da Margem Sul a claudicar na luta pela manutenção. Seguir-se-iam o escalão secundário e os 4 anos em que viria a manter-se afastado dos palcos principais. Apesar do desaire vivido pelo FC Barreirense, Serra manter-se-ia fiel à colectividade da margem esquerda do Rio Tejo. Como um homem caracterizado por uma dedicação ímpar, o defesa-lateral continuaria a eleger o listado vermelho e branco como o seu favorito. Tamanha lealdade levá-lo-ia a participar no regresso da sua equipa ao convívio com os “grandes”. Todavia, o panorama primodivisionário, mais uma vez, tornar-se-ia ingrato para os objectivos delineados no começo da campanha de 1978/79 e a aludida temporada tornar-se-ia na derradeira época do jogador, e da agremiação nascida no Barreiro, no patamar máximo do futebol português. Os anos seguintes, apesar de não tão relevantes em termos desportivos, serviriam para cimentar Serra como um dos nomes mais importantes a figurar nos anais do FC Barreirense. Se mais não houvesse para testemunhar a sua importância, então a prova emergiria da braçadeira de capitão amiúde entregue ao seu braço. A cumprir os últimos capítulos da caminhada enquanto futebolista, Serra, após deixar o FC Barreirense no termo das provas agendadas para 1982/83, ainda encontraria forças para outras duas experiências competitivas. Nesse sentido, a seguir a um par de campanhas a jogar pelo Estrela de Vendas Novas, a decisão de “pendurar das chuteiras” surgira no final da temporada de 1985/86 e após representar o Luso do Barreiro.

1679 - ARSÉNIO

Desde pequeno que revelaria um grande gosto pelo “jogo da bola”. Ainda em criança, a exibir a alcunha Pinga, o craque do FC Porto, Arsénio Trindade Duarte partilharia as pelejas de rua com Vasques. Um pouco mais velho, mas ainda em idade de formação, experimentaria o Galitos Futebol Clube, onde viria a encontrar-se com Albano. Já numa tentativa de caminhar um pouco mais a sério na modalidade, haveria de treinar-se na CUF. Agradaria ao treinador Raul Jorge, mas para sua infelicidade o conjunto “fabril”, naquele ano, decidiria não montar equipa de juniores. Surgiria então o FC Barreirense e o encetar de uma caminhada que depressa iria pô-lo na primeira categoria do listado alvirrubro.
Estrear-se-ia na equipa principal do FC Barreirense, com apenas 15 anos, numa partida de tributo ao colega Francisco Câmara. Logo na campanha seguinte, em 1942/43, fixar-se de vez nos seniores do conjunto sediado na Margem Sul. Mesmo a disputar a 2ª divisão, o jovem avançado conseguiria revelar-se como um goleador sagaz. Apesar de não ser muito habilidoso, Arsénio destacar-se-ia como um elemento veloz, muito esforçado e, acima de tudo, com uma enorme argúcia no momento de enviar a bola para as redes adversárias. Tamanhas habilidades levá-lo-iam a treinar-se, juntamente com o camarada de balneário Francisco Moreira, no Vitória Futebol Clube. Contudo, nem um, nem o outro, acabariam por ficar nos “Sadinos” e depois da tentativa falhada, e com Moreira já vinculado às “Águias”, chegaria a vez de o avançado-centro convencer os responsáveis do Benfica das suas qualidades.
Agradado com as suas características, Janos Biri anuiria à transferência do atacante. Contratado como reforço para a época de 1943/44, a campanha de entrada de Arsénio nos “Encarnados”, mesmo ao marcar na partida de estreia, não entregaria o jogador à titularidade indiscutível. Tal estatuto conquistá-lo-ia na temporada seguinte. A partir desse momento, a importância do avançado no seio do grupo de trabalho benfiquista cimentar-se-ia como fulcral. Nesse sentido, o atleta tornar-se-ia numa das peças centrais das conquistas colectivas do clube. Ao palmarés pessoal, no decorrer dos 12 anos a envergar a camisola das “Águias”, o ponta-de-lança juntaria a conquista de 10 títulos. Nas 6 Taças de Portugal que ajudaria a vencer, estaria presente em todas as finais e marcaria golos em 4 delas. Há igualmente a arrolar a esta lista, 3 Campeonatos Nacionais e, acima de tudo, o triunfo na Taça Latina de 1949/50.
Seria no primeiro grande feito continental do futebol luso que o avançado viveria um dos momentos mais espantosos da carreira. Com o Girondins de Bordeaux a vencer por 1-0, o aproximar do termo da finalíssima quase que dava o emblema gaulês como o dono do almejado troféu. Então, a 15 segundos do fim do tempo regulamentar, sairia da acção de Arsénio o golo a arrastar a decisão da partida para os diferentes prolongamentos e, principalmente, para o golo de Julinho que, aos 146 minutos de jogo, tombaria a resolução da Taça Latina para o lado do Benfica.
Outra circunstância importante, na sua caminhada enquanto futebolista, seriam as chamadas à selecção nacional. Com a estreia a acontecer no âmbito da Fase de Qualificação para o Campeonato do Mundo de 1950, Arsénio, pela mão de Salvador do Carmo, envergaria, pela primeira vez no trajecto desportivo, a “camisola das quinas”. Poucos dias passados sobre o embate disputado, a 2 de Abril de 1950, em Chamartin, o avançado voltaria a entrar em campo frente à “La Roja” e somaria, num cômputo notoriamente escasso para a sua categoria, a 2 internacionalização alcançada na carreira.
Apesar da importância dos seus desempenhos para os objectivos do Benfica, a profissionalização do futebol das “Águias”, mudança posta em curso com a chegada de Otto Glória, iria alterar a posição do atleta no seio do plantel. Relutante em deixar o emprego que mantinha paralelamente às actividades futebolísticas, Arsénio começaria a ser posto de lado pelo referido técnico brasileiro. Com a saída a posicionar-se como a melhor opção para a carreira do atacante, seria o Lusitano de Évora a primeira agremiação a abordar o jogador. Quase de imediato surgiria a CUF na corrida e a proposta apresentada pelo emblema “fabril” levaria o avançado-centro a representar a colectividade da cidade do Barreiro.
Com a entrada na CUF a acontecer na temporada de 1955/56, Arsénio passaria a trabalhar na alçada de Umberto Buchelli. Ao assumir-se como um dos preferidos do treinador uruguaio, o avançado arrancaria para uma colaboração a estender o seu trajecto primodivisionário por mais 4 campanhas. Pelo meio, outro feito fantástico, com o atleta a posicionar-se como o Melhor Marcador da edição de 1957/58 do Campeonato Nacional da 1ª divisão.
Após 16 anos no patamar máximo, 313 partidas disputadas e 212 golos concretizados na prova de maior relevância no calendário futebolístico português, Arsénio, já em plena veterania, ainda revelaria vontade para prolongar a sua caminhada competitiva. Afastado dos grandes palcos a partir do final de 1958/59, o avançado, nos anos seguintes, representaria o Montijo, o Cova da Piedade e o Monte da Caparica.

1678 - IAÚCA

Beira-Mar, Desportivo de Benguela e Sporting de Catumbela seriam os clubes que, na Angola dos primeiros anos da sua caminhada competitiva, lançariam para o estrelato o avançado António Fernandes, popularizado pelo apelido Iaúca – “Herdei a alcunha do meu avô e gosto muito dela. Mas não se escreve Yaúca, escreve-se Iaúca, com I, tal como ele escrevia”*.
Como um atleta veloz, com um bom drible e com um enorme sentido goleador, a fama de Iaúca depressa começaria a despertar os interesses dos maiores emblemas da metrópole. Nessa corrida pelos seus préstimos, à frente apareceria o Sporting. Depois, com uma proposta mais tentadora, viriam as “Águias” e finalmente surgiria o emblema que conseguiria convencer o atleta a deixar a família – “Se não fosse a rápida interferência do capitão Soares da Cunha eu tinha ingressado no Benfica. Felizmente acabei por ir para o Belenenses. E digo felizmente, porque sinto orgulho no meu clube e encontrei nele uma camaradagem e um espírito de solidariedade que me impressionou profundamente”**.
Curiosamente, não consegui descortinar, de forma segura, a época da chegada do avançado à agremiação “alfacinha”. Há fontes a garantirem-nos a entrada de Iaúca na temporada de 1957/58. Por outro lado, não parece haver qualquer tipo de dúvida quanto à participação do jogador, pelos “Azuis”, nas provas agendadas para 1958/59. Aquilo que aparenta ser igualmente certo é dizer-se do enorme impacto que a sua contracção haveria de ter nos esquemas tácticos do Belenenses. Nesse sentido, num plantel a contar, só para o sector ofensivo, com Matateu, Dimas, Martinho ou Tonho, o avançado, que podia exibir-se no centro ou nas pontas do ataque, depressa convenceria Fernando Vaz da mais-valia da sua titularidade.
Como um dos membros mais importantes do “onze” do Belenenses, a projecção de Iaúca levá-lo-ia, com naturalidade, a ser chamado às pelejas da selecção nacional. O avançado que, durante a caminhada competitiva, também envergaria as divisas dos “esperanças” e do conjunto “B”, teria a estreia com a principal “camisola das quinas” a 11 de Novembro de 1959. Após essa partida frente a França, chamado ao desafio gaulês por José Maria Antunes, o atacante continuaria nos planos de Portugal. Apesar de apenas ter voltado a representar o agregado luso sensivelmente 1 ano e 4 meses depois, o atleta, na segunda aparição, brindaria o Luxemburgo com um “hat-trick”. Daí em diante e com maior regularidade, o avançado somaria mais jogos e conseguiria, para o currículo, um total de 10 internacionalizações “A”.
A preponderância nos desempenhos colectivos do Belenenses levá-lo-ia a viver momentos de enorme importância para o clube. O primeiro desses feitos viria com a edição de 1959/60 da Taça de Portugal, na qual, chamado por Otto Glória, marcaria presença na final disputada no Jamor e ajudaria, frente ao Sporting, à vitória dos “Azuis”. Mais à frente, emergiria o arranque dos homens do Restelo nas competições de índole continental. Nessa estreia, alcançada no âmbito da Taça das Cidades com Feira de 1961/62, Iaúca entraria em campo em ambas as mãos frente ao Hibernian. Já na época seguinte, na disputa da mesma prova, o avançado participaria na ronda com o FC Barcelona e contribuiria para os dois inesquecíveis empates conseguidos frente aos “Culés”.
Com a cotação a subir acentuadamente, Iaúca, no reavivar de um “namoro” antigo, encetaria negociações com o Benfica, com vista à sua mudança para a Luz. Depois do pagamento de bem mais de 2000 contos, à altura o recorde português para uma transferência, o jogador chegaria às “Águias” para integrar o plantel de 1963/64. Nesse primeira época com os “Encarnados”, mesmo no seio de tantas estrelas, o jogador manter-se-ia como uma figura influente. Todavia, daí em diante, o avançado quase desapareceria das intenções tácticas dos diferentes treinadores e no final da temporada de 1967/68, com o palmarés recheado pelas conquistas de 4 Campeonatos Nacionais e de outra Taça de Portugal, o atacante daria um novo rumo à carreira.
À procura de outros desafios, Iaúca, acompanhado por Germano, Santana e Melo, seria apresentado, na campanha de 1968/69, como reforço do Salgueiros. No emblema da cidade do Porto ainda jogaria na época seguinte. Depois viria a passagem pela América do Norte, onde, nas épocas de 1969 e de 1970, ao lado de Matateu e de Uria, integraria os planteis do First Portuguese vencedores das referidas edições da Canadian National Soccer League. Finalmente, o regresso a Portugal, para representar o Famalicão de 1970/71.

*retirado do artigo de Afonso de Melo, publicado a 31/03/2021, em https://ionline.sapo.pt
**retirado da revista “Ídolos do Desporto – 2ª série, nº3”, publicada a 31 de Outubro de 1959

1677 - MENDES

Membro das “escolas” benfiquistas, António da Silva Mendes, ainda em idade júnior, conseguiria convencer Otto Glória a levá-lo à estreia pela equipa sénior das “Águias”. No entanto, essa partida da 1ª jornada do Campeonato Nacional de 1955/56 não teria a continuidade, por certo, desejada pelo jovem atacante. A sua plena integração no conjunto principal ocorreria na campanha de 1957/58. Já a época seguinte marcaria a chegada do avançado à titularidade. Porém, com a contratação de Béla Guttmann para o comando técnico do Benfica, o paradigma do atleta voltaria a mudar e o jogador, de 1959/60 em diante, ver-se-ia empurrado para a condição de elemento pouco utilizado.
Dizem que o afastamento da primeira linha do Benfica, em muito, terá sido perpetuado por questões de ordem disciplinar. A verdade é que o avançado pouco jogaria sob a alçada do referido técnico magiar, condição igualmente mantida com a chegada do chileno Fernando Riera. Ainda assim, Mendes, com as qualidades exibidas, onde o forte pontapé mereceria um enorme destaque, conseguiria feitos por poucos alcançados. Alguns deles seriam as chamadas às selecções nacionais, nomeadamente aos “esperanças” e à equipa militar. A representar o último conjunto mencionado, o atacante participaria naquele que viria a tornar-se no primeiro grande feito internacional do futebol luso. Na intendência da dupla Ribeiro dos Reis/Otto Glória, respectivamente o seleccionador e o treinador de campo, o jogador acabaria convocado para a edição de 1958 do Torneio Internacional Militar. Ao lado de nomes como Vicente, Vital, Raul Moreira, Miguel Arcanjo, Coluna, Hernâni, Rocha ou Fernando Mendes, o atleta entraria em campo na final e, frente a França, ajudaria ao triunfo, por 2-1, do colectivo português.
Sem lugar no Benfica, mas com o currículo recheado pelas conquistas de 2 Campeonatos Nacionais e de 2 Taças de Portugal, Mendes aceitaria fazer parte do negócio a envolver a chegada de Pedras à Luz. Em sentido contrário, o avançado partiria para o Campo da Amorosa, onde, com a temporada de 1962/63 já em andamento, passaria a representar o Vitória Sport Clube. No Minho, onde começaria a ser orientado pelo argentino José Valle, o jogador depressa viria a assumir um papel de destaque. Titular indiscutível, logo na época de chegada à “Cidade Berço”, o atleta participaria na final da Taça de Portugal perdida, infelizmente para a sua equipa, para o Sporting. Nisso de feitos, depois de dar o contributo para diversos 4ºs lugares, o jogador, na época de 1968/69, ajudaria à melhor classificação de sempre do conjunto de Guimarães, ou seja, o 3º posto na 1ª divisão. Tal posição na competição de maior calibre no calendário luso daria, aos “Conquistadores”, o direito à estreia nas provas de índole continental. Como uma das principais figuras da equipa, o atleta entraria em campo frente aos checoslovacos do Banik Ostrava e participaria na Taça das Cidades com Feira de 1969/70.
Claro que a década passada em Guimarães traria outras honras a António Mendes. Como um praticante tecnicista, com uma leitura de jogo excepcional, dono de um bom passe e, dando jus à alcunha “Pontapé Canhão”, possuidor de um remate mortífero, o atacante, que chegaria a posicionar-se como extremo-esquerdo, segundo avançado ou mesmo como ponta-de-lança, teria a oportunidade de regressar às equipas da Federação Portuguesa de Futebol. Nesse contexto, o jogador transformar-se-ia no primeiro elemento do Vitória Sport Clube a representar o mais importante colectivo de Portugal. Com a “camisola das quinas”, chamado por Manuel da Luz Afonso e treinado, mais uma vez, por Otto Glória, o atleta entraria em campo a 13 de Novembro de 1966 e, frente à Suécia, alcançaria 1 internacionalização “A”.
Com o final da união ao emblema vimaranense a acontecer com o termo das provas incluídas no calendário futebolístico de 1970/71, António Mendes manter-se-ia ligado à modalidade. Logo na campanha seguinte, no papel de treinador-jogador, passaria a representar o Paços de Ferreira. Já a abraçar exclusivamente as funções de técnico, orientaria o Felgueiras, a AR São Martinho do Campo e o Ponte da Barca. Pelo meio, um salto até França onde, de volta à condição de treinador-jogador, ficaria à frente do FC Laon.

1676 - ADEMAR

Com a formação terminada ao serviço do Sporting, Ademar Moreira Marques, ainda como membro das “escolas” leoninas, seria convocado às jovens selecções de Portugal. Na caminhada internacional, o médio-centro, a 17 de Abril de 1976, acabaria, pela primeira vez, por ser chamado a envergar a “camisola das quinas”. Depois da referida partida frente à Polónia, cumprida no âmbito dos sub-16, o atleta continuaria a envergar as cores nacionais. Ao passar por todos os escalões, incluindo os “esperanças”, o jogador também teria a oportunidade de exibir o seu talento no conjunto “A”. A primeira dessas aparições aconteceria, pela mão de Juca, num particular forasteiro frente à Bulgária. Seguir-se-iam ao desafio agendado a 16 de Dezembro de 1981, as contendas da equipa “B”, dos “olímpicos”, outra presença em campo pelo conjunto principal e uma soma a dar ao centrocampista um total de 23 jogos disputados com as insígnias lusas.
No que concerne ao percurso clubístico, a estreia de Ademar pela equipa principal do Sporting dar-se-ia no decorrer da temporada de 1977/78. Lançado por Rodrigues Dias num jogo, frente ao Benfica, a contar para a Taça de Portugal, seria na “Prova Rainha”, ainda na época de estreia como sénior, que o médio teria o primeiro grande título da carreira. Ao ser chamado pelo referido treinador à final e à finalíssima da competição, o jogador ajudaria o seu lado a derrotar o FC Porto.
Continuando a falar de troféus vencidos pelo “Leões”, então há também que fazer referência às vitórias no Campeonato Nacional de 1979/80 e à “dobradinha” de 1981/82. Ora, tanta preponderância no xadrez táctico leonino, onde, quase sempre, ocuparia uma posição de titular, tornaria ainda mais estranha a sua saída dos “Verde e Brancos” e o final da campanha de 1982/83, com alguma polémica à mistura, marcaria a sua partida de Alvalade – “(…)a opção do presidente João Rocha em 1983, ao dispensar grande parte do plantel, foi descabida. O Oliveira, o Jordão e o Manuel Fernandes eram os craques, mas os que tocavam ferrinho e bombo na parte de trás do palco, como eu, também eram”*.
De seguida, numa altura em que já era internacional “A”, apareceria uma fase da sua carreira caracterizada por uma vincada errância. Durante 4 anos, Ademar envergaria 4 camisolas diferentes. Tais experiências trariam sensações bem diferentes à sua caminhada desportiva. No Marítimo e no Vitória Futebol Clube disputaria o 2º escalão. Já no intervalo desses dois emblemas, o FC Porto de 1984/85, onde pouco jogaria, entregar-lhe-ia ao palmarés outra conquista do Campeonato Nacional. Falta fazer menção ao Belenenses e à temporada de 1985/86, período durante o qual veria o grupo de trabalho onde estava inserido, a chegar a mais uma final da Taça de Portugal.
Sucedendo-se a esse período da carreira que, convenhamos, terá sido menos conseguido, Ademar entraria no emblema que, atrás do Sporting, mais representatividade daria à sua carreira. No Farense a partir da campanha de 1987/88, o médio recuperaria a magia de temporadas pretéritas. No Algarve, com uma única passagem pela 2ª divisão, o atleta permaneceria durante meia dúzia de anos. Quase sempre como figura central das manobras idealizadas pelos diferentes treinadores, o jogador, muito mais do que contribuir para os objectivos do colectivo, tornar-se-ia, progressivamente, numa figura histórica da agremiação sediada no Sotavento. Já o fim do seu trajecto enquanto futebolista também surgira ao serviço dos “Leões” da capital algarvia e consumar-se-ia com o termo das provas disputadas em 1992/93.

*retirado do artigo de Pedro Jorge da Cunha, publicado a 8/7/2020, em https://maisfutebol.iol.pt

1675 - MARTINHO

Existem 2 questões na carreira de Martinho que não consegui ver respondidas. A primeira prende-se com a entrada do jogador no Atlético e com a possibilidade, ou não, de ter representado, anteriormente, outro emblema. Já a segunda dúvida surgiu-me pelo facto de não ter descoberto, na totalidade dos registos por mim pesquisados, qualquer referência à sua participação nas provas agendadas para a temporada de 1951/52. A hipotética falha levou-me, de seguida, a outra pergunta e, na tentativa de desvendar o mistério, muito menos encontrei qualquer justificação para o tal “desaparecimento”.
Adiantando este texto e contrariamente ao que está testemunhado em fontes mais recentes, que apenas mostram Carlos Martinho Gomes no Atlético a partir de 1947/48, as referências mais antigas, contemporâneas à carreira do avançado-centro, dizem-nos que a sua ligação ao emblema do popular bairro de Alcântara terá começado na campanha anterior, ou seja, durante a temporada de 1946/47. No entanto, naquilo que consegui investigar, nomeadamente nos registos do Campeonato Nacional da 1ª divisão, não achei qualquer dado que permita dizer que o jogador terá participado na prova de maior relevo no plano português.
O que consigo asseverar é a sua entrada em campo, pela equipa principal do Atlético, na edição de 1947/48 do escalão maior luso. Nesse contexto, não só o avançado apareceria como um dos nomes arrolado ao campo de jogos, como passaria, ao lado de Ben David, Armando Carneiro, Eduardo Vital ou Ernesto, a comparecer às pelejas da agremiação alcantarense na condição de membro regular do seu “onze”. Aliás, a titularidade conquistada levá-lo-ia a ser uma das escolhas do treinador Pedro Areso para a final da edição de 1948/49 da Taça de Portugal. Na partida disputada no Estádio Nacional, o ponta-de-lança inscreveria o seu nome no rol de marcadores. Porém, com a vitória a sorrir ao Benfica, o jogador veria o tão almejado troféu partir na direcção aos escaparates das “Águias”
Como uma das estrelas, não só do emblema “alfacinha”, mas do cenário futebolístico português, Martinho continuaria a sublinhar o alto gabarito das suas habilidades, a contrapor à baixa estatura física. Tais qualidades dariam um enorme contributo para os êxitos do conjunto a jogar em casa no Estádio da Tapadinha. Um bom exemplo desses sucessos colectivos viria com o 3º lugar alcançado na tabela classificativa do Campeonato Nacional de 1949/50. Ainda assim, a melhor honra surgiria com as chamadas aos trabalhos da Federação Portuguesa de Futebol. No contexto internacional, a 12 de Maio de 1951, numa digressão pelo Reino Unido, o avançado entraria em campo num “onze” onde também estariam Ben David e Ernesto. Passados apenas alguns dias sobre o jogo frente ao País de Gales, seguir-se-ia a sua entrada em campo, mais uma vez pela mão de Tavares da Silva, numa peleja a opor o grupo luso a Inglaterra. Na sequência dessas partidas de selecções, o atleta, como prova o planeamento do embate contra a Bélgica marcado para a 17 de Junho de 1951, ainda voltaria a ser chamado. Todavia, apesar de convocado, o ponta-de-lança não mais entraria em campo pelo seu país e, desse modo, acumularia 2 presenças com a “camisola das quinas”.
No resto da carreira, onde o tal hiato referido no parágrafo inicial poderá ser explicado por uma grave lesão ou até pela chamada ao Serviço Militar Obrigatório, outro momento de especial importância viria a ser a transferência para o maior rival do Atlético.Com os alcantarenses no 2º escalão, Martinho anuiria ao desafio lançado pelo Belenenses e, na campanha de 1958/59, passar-se-ia para o Restelo. Na sequência da aludida mudança, o jogador começaria por integrar o grupo de trabalho comandado por Fernando Vaz. No entanto, as 2 épocas seguintes, como resultado da veterania apresentada pelo avançado, entregá-lo-iam, na maioria das ocasiões, aos desafios dos “reservas”. Por fim, surgiria o plantel da CUF e fim da caminhada como futebolista com o termo das provas planeadas para 1961/62.

1674 - PAULO ROCHA

Que saiu do Luso do Barreiro para o Sporting, é factual. O que não consegui apurar, com um bom grau de certeza, foi em que altura terá ocorrido a transferência! Para essa dúvida, em muito contribuíram dois conjuntos de fontes diferentes. Assim sendo, há os que asseveram o médio, em 1971/72, como estreante na equipa sénior do Luso, para, na época seguinte, vir a integrar os juniores dos “Leões”. Por outro lado, temos os que dão o jogador como membro das “escolas” do emblema da Margem Sul até 1972/73 e a trabalhar, na campanha subsequente, no conjunto principal dos “Verde e Brancos”. Ora, esta falta de clareza tem outra implicação e tendo em conta que o atleta teve a estreia, com a “camisola das quinas”, a 10 de Fevereiro de 1973, então não tenho como garantir a partir de que agremiação veio a cumprir essas presenças pelos sub-18.
Ultrapassando esta pequena introdução, prelúdio a justificar a falta de clareza no que diz respeito aos primeiros anos da sua carreira, posso dizer-vos que Paulo José Rocha Beldroegas, pela mão de Mário Lino e numa altura em que já era internacional jovem por Portugal, estrear-se-ia na equipa principal do Sporting, no decorrer das provas arroladas a 1973/74. Mesmo não tendo sido, em termos individuais, a campanha mais proveitosa do médio-centro com a camisola dos “Leões”, os seus desempenhos, durante o aludido período, deixariam bons indicadores. Com a temporada seguinte sob a batuta de 3 treinadores diferentes – a saber: Di Stefano, Osvaldo Silva e Fernando Riera – o médio assumir-se-ia como um dos membros do plantel leonino com maior utilização. No entanto, contrariamente ao projectado, a verdade é que 1975/76 emergiria em contraciclo com o crescimento até aí revelado pelo centrocampista. Quase sem aparecer em campo pelos ”Verde e Brancos”, o jogador decidiria mudar de rumo e sairia de Alvalade, ainda assim, com o palmarés enriquecido pela “dobradinha” de 1973/74.
A temporada de 1976/77 marcaria o início da sua ligação ao Sporting de Braga. Na colectividade minhota, onde chegaria para trabalhar com Mário Lino, o médio depressa reconquistaria o papel perdido em Lisboa. Como um dos pilares do sector intermediário dos “Guerreiros” e logo na época de entrada no Estádio 1º de Maio, Paulo Rocha, nessa altura já treinado por Hilário, marcaria presença na final da Taça da Federação Portuguesa de Futebol e, frente ao Estoril Praia, ajudaria a conquistar o inédito troféu. Depois viriam outras 4 campanhas, quase sempre com os números a indicar a sua aptidão primodivisionária e uma chamada à selecção “B” a cimentar o seu valor desportivo.
Apesar de ter tido no Sporting de Braga o emblema mais representativo da caminhada sénior, seria no tempo vivido com as cores de outro clube que o jogador viveria um dos momentos mais importantes na carreira. Já como membro integrante do Portimonense, para onde entraria em 1981/82, Paulo Rocha acabaria incluído, por Juca, na comitiva a viajar para o Brasil. Como resultado dessa viagem transatlântica, o atleta, ao lado de outros colegas na equipa do Barlavento, casos de Norton de Matos, Delgado, Carlos Alhinho, Joaquim Murça e Coelho, inscreveria o nome na ficha de jogo a opor Portugal ao “Escrete” e, a 5 de Maio de 1982, adicionaria 1 internacionalização “A” ao currículo.
Terminado o capítulo de 2 anos vivido no Algarve, Paulo Rocha voltaria ao extremo norte do país e rubricaria um contrato com o Desportivo de Chaves. Em Trás-os-Montes a partir de 1983/84, o médio-centro, apesar de ter começado a referida aventura nas disputas do 2º escalão, viria, mais uma vez, a registar o seu nome num episódio de enorme importância. Com os “Flavienses”, há muito tempo, a perseguirem o objectivo da estreia na 1ª divisão, a temporada de 1984/85, já com Raul Águas no comando, selaria tal meta. Confirmada a subida, seria então a vez da época de 1985/86, com o centrocampista como uma das principais figuras do 6º lugar alcançado no Campeonato Nacional, a marcar o arranque dos “Azul-grená” nas pelejas primodivisionárias.
Com o fim da carreira a aproximar-se, Paulo Rocha, a partir de 1986/87, deixaria de vez o cenário maior do futebol português. Seguir-se-iam, após 11 campanhas entre os “grandes”, Beira-Mar, Trofense, Silves e por fim, já a abraçar os desígnios de treinador-jogador, o plantel de 1989/90 do Alvorense.

1673 - MARTINS

  • “Só conheceu estes dois clubes [referência a Sporting e Benfica], à excepção do «Onze Unidos de Santa Marta» - um grupo de rapazes a quem, ele, com os seus 13 anos de idade, já dava confiança ao posto de guarda-redes. Martins envergou a camisola dos «leões» quando decorria a época de 1933”*
  • “António Rodrigues Martins nasceu em Lisboa a 27 de Julho de 1913, e em 1931 apareceu a defender a baliza do Sporting”**.


Apesar da discordância das datas apresentadas nestas duas publicações, a verdade é que, pela mão de Joseph Szabo, António Rodrigues Martins estrear-se-ia na equipa principal do Sporting no desenrolar da campanha de 1936/37. No entanto, mesmo tendo em conta a posse de uma cotação promissora, o guardião, nos seus intuitos de conquistar a titularidade, ver-se-ia afrontado pela feroz concorrência de Azevedo. Já a campanha seguinte manteria o mesmo cenário, com a preferência do treinador luso-magiar a dar a primazia ao futebolista barreirense. Ao continuar na sombra do afamado colega, e numa altura em que, no palmarés, contava com a vitória na edição 1937/38 do Campeonato de Lisboa, o guardião preferiria dar um novo rumo à carreira e na temporada de 1938/39 encetaria a sua colaboração com o Benfica.
O primeiro resultado da entrada nas “Águias” seria, para Martins, a tão almejada titularidade. Já no termo dessa primeira temporada a envergar o “manto sagrado”, o guardião seria um dos escolhidos, por Lipo Hertzka, para disputar a final da edição inaugural da Taça de Portugal. A mencionada partida terminaria com o “placard” favorável à Académica de Coimbra. Porém, e recuperados do desaire, o conjunto “alfacinha” chegaria aos títulos logo na temporada seguinte. No contexto da época de 1939/40, com as vitórias no Campeonato de Lisboa e na “Prova Rainha” a pertencerem ao Benfica, o guardião passaria a sublinhar-se como uma das figuras em destaque no panorama futebolístico português. Embalados, os “Encarnados” reincidiriam nos triunfos e o guarda-redes, nos 8 anos que passaria ao serviço do “Glorioso”, daria um belo contributo na conquista de mais 3 Campeonatos Nacionais e, ao repetir a presença em ambas as finais, de outras 2 Taças de Portugal.
Não só em títulos seria erguido o sucesso de Martins. Também nas cores da selecção, o guardião haveria de encontrar um dos sustentos mais inolvidáveis da sua caminhada competitiva. Tal capítulo, deveras importante na sua consagração, chegaria pela mão de Cândido de Oliveira. A partida, agendada para 1 de Janeiro de 1942, oporia Portugal à sua congénere helvética. Das Salésias, o conjunto luso sairia vitorioso por 3-1 e o guarda-redes, ao lado de Gaspar Pinto e Francisco Ferreira, colegas no Benfica, alcançaria, na contenda disputada em Lisboa, 1 internacionalização com a “camisola das quinas”.
Apesar de ter iniciado a carreira no Sporting, seria o Benfica a tornar-se no emblema mais representativo do seu percurso sénior. Para tal contribuiriam as, já mencionadas, 8 temporadas passadas com a equipa principal dos “Encarnados”. Durante esse período, no qual raramente deixaria de ser titular, o guarda-redes também adicionaria ao currículo outros números merecedores de realce e os 265 jogos oficiais cumpridos ao serviço das “Águias” transformariam Martins, cuja carreira conheceria o termo com o fim das provas agendadas para 1946/47, numa das figuras mais importantes do clube, na década de 1940.

*retirado do artigo de Fernando Sá, revista “Stadium nº247”, publicado a 27/08/1947
**retirado do artigo da revista “Crónica Desportiva nº35”, publicado a 08/12/1957

1672 - JOSÉ RAFAEL

Com o percurso formativo feito no Farense, seria ainda inscrito como júnior que José António Silvestre Rafael acabaria chamado, por Manuel Oliveira, aos trabalhos da equipa principal. Nessa campanha de 1975/76, o avançado-centro, caracterizado por ser um praticante veloz, de enorme agilidade e com enorme faro para o golo, daria os primeiros passos numa carreira a entregá-lo, logo na época seguinte e resultado da despromoção do clube, às pelejas da 2ª divisão. No entanto, apesar do percalço competitivo, a cotação do jovem atleta não sairia beliscada e a prova surgiria, pouco tempo depois, com a chamada aos sub-18 de Portugal.
Com a primeira aparição a acontecer, pelas mãos de Peres Bandeira, a 26 de Outubro de 1976, as boas prestações que conseguiria com a “camisola das quinas” levá-lo-iam a manter-se como um dos elementos com presença assídua nas convocatórias das selecções. Ainda no escalão referido no termo do parágrafo anterior, o jogador conseguiria mais umas quantas chamadas, com a edição de 1977 do Torneio Internacional de Cannes a constituir o apogeu dessa experiência. Seguir-se-iam, bem mais à frente na carreira, as convocatórias para os “olímpicos”. Todavia, seria a passagem pelo conjunto “A” luso que mais embelezaria o currículo do ponta-de-lança. Nesse contexto, com José Torres como principal timoneiro, o atacante participaria na Fase de Apuramento para o Mundial de 1986 e surgiria, a 12 de Outubro de 1985, como um dos goleadores na vitória, por 3-2, frente a Malta. Passados uns dias voltaria a marcar presença em campo e, no inolvidável triunfo forasteiro frente à Republica Federal da Alemanha, ajudaria a selar a qualificação para o certame organizado no México.
Com o Farense longe dos principais palcos do futebol luso, as temporadas a seguir à primeira chamada de José Rafael à equipa principal seriam cumpridas no escalão secundário. Ainda assim, o avançado não ficaria afectado por tal desígnio e continuaria a revelar enormes habilidades futebolísticas. Nesse sentido, em 1977/78, o ponta-de-lança, que a meio da referida campanha deixaria o Algarve para uma curta passagem por Toronto e pelo First Portuguese, ainda conseguiria consagrar-se como o melhor marcador do conjunto do Sotavento. Pouco tempo depois da experiência na Canadian National Soccer League, dar-se-ia o regresso aos “Leões de Faro” e o atacante, algum tempo depois de voltar a Portugal, teria a oportunidade de fazer a estreia na 1ª divisão.
Apesar de ter regressado para representar o Farense, seria a transferência para o Portimonense a dar-lhe a oportunidade de conseguir exibir-se entre os “grandes”. Apresentado como reforço do plantel de 1979/80 dos “Alvi-negros”, onde voltaria a encontrar-se com Manuel Oliveira, José Rafael, por razão do Serviço Militar Obrigatório, não revelaria, na experiência de 2 anos, números condizentes com o seu real valor. Seria necessária nova mudança de emblema para que esses parâmetros emergissem como uma realidade segura. No Amora a partir de 1981/82, época em que a colectividade da Margem Sul faria a estreia na 1ª divisão, a sua passagem de 2 campanhas pela Medideira levá-lo-ia a consagrar-se como um dos bons intérpretes a exibir-se no mais alto patamar português. Tal acréscimo de valor fá-lo-ia ser cobiçado por diversas agremiações. Contudo, apesar de tentado por Académica de Coimbra, Vitória Sport Clube e Beira-Mar, seria a “paixão” pelo emblema onde havia cumprido toda a formação a apelar ao seu coração.
Titular no Farense de 1983/84, onde faria parte de um tridente ofensivo também composto por Gil e por César, José Rafael, apesar das belíssimas exibições, veria uma grave lesão a comprometer o seu desempenho. Ainda assim, o fim das provas agendadas para a campanha aludida no começo deste parágrafo, empurrá-lo-ia para uma nova colectividade. Com a entrada no Boavista, onde, em 1984/85, passaria a ser orientado por Mário Wilson, o avançado-centro, mesmo com a concorrência de colegas como Filipovic ou Coelho, conseguiria destacar-se. Tal relevo faria com que o avançado-centro iniciasse no Bessa, com as chamadas à selecção “A” e o convite para ingressar no Sporting como os pináculos desse capítulo, o melhor trecho da sua carreira. Também nesse contexto, com as “Panteras” na luta pelos lugares cimeiros do Campeonato Nacional, as competições organizadas pela UEFA passariam igualmente a fazer parte do seu percurso. Todavia, outra mazela física voltaria a assolá-lo durante aquela que viria a tornar-se na derradeira época realizada pelos “Axadrezados” e o avançado, cumprida a temporada de 1986/87, deixaria a “Cidade Invicta”.
Seguir-se-ia o Vitória Futebol Clube de 1987/88, a partilha do balneário com Jordão ou Manuel Fernandes e a ruptura do tendão de Aquiles. Mais uma lesão, com muitas complicações no pós-operatório a comprometer a recuperação, levaria a que José Rafael, mesmo com uma mudança a meio da temporada de 1988/89 para o Belenenses, não mais jogasse futebol. O terrível desfecho impeliria o atleta para um final precoce da carreira e, com apenas 30 anos de idade, acabaria por “pendurar as chuteiras”.

1671 - JOSÉ MOTA

Natural da freguesia de Santa Maria Maior, no Funchal, José Mota veria na temporada de 1936/37 a campanha de ingresso no Clube Sport Marítimo. Daí em diante, por não ter conseguido apurar qualquer outra informação acerca da sua carreira enquanto atleta dos “Leões do Almirante Reis”, nomeadamente em que categorias teria participado, não posso apresentar qualquer outro dado sobre a caminhada competitiva deste avançado madeirense. Ainda assim, posso excluir a sua participação em momentos como as edições de 1936/37 e 1937/38 do Campeonato de Portugal ou até da Taça de Portugal de 1939/40. Já com os emblemas insulares excluídos da participação no Campeonato Nacional e com as colectividades madeirenses, supostamente pela dificuldade nos transportes, a não participar, por vários anos, na “Prova Rainha”, falta-me saber da contribuição do atacante para os títulos conquistados pelos “Verde-rubros”, no Campeonato Regional do Funchal, em 1939/40 e 1940/41.
Certo é que a temporada de 1944/45 marcaria a entrada de José Mota no Estoril Praia. Logo nessa época de chegada à Amoreira, mesmo não sendo um dos habituais titulares dos “Canarinhos”, o avançado mereceria a confiança do treinador Augusto Silva e acabaria por estrear-se, tal como o emblema por si representado, na 1ª divisão. Já a época seguinte, com a presença no “nacional” a depender do desempenho classificativo conseguido no “regional”, traduzir-se-ia pelo afastamento da colectividade da Linha de Cascais da prova de maior monta no calendário futebolístico português. Já a campanha de 1946/47, muito para além de marcar o regresso do atacante ao patamar máximo, assinalaria o fim da qualificação a partir dos Campeonatos Regional, para passar ao sistema de promoções e descidas ainda hoje vigente.
Daí em diante, José Mota assumir-se-ia como um dos principais esteios dos esquemas tácticos idealizados para as pelejas do Estoril Praia. Tal razão faria com que, mais uma vez, fizesse parte de um novo recorde dos “Canarinhos”, isto é, o 4º lugar conquistado no Campeonato Nacional. Tamanha preponderância levaria a que o avançado-centro começasse a ser equacionado para os trabalhos da selecção nacional. No contexto internacional, o atacante começaria por ser chamado aos duelos do conjunto “B”, como prova a convocatória para a contenda frente à Espanha, realizada a 20 de Março de 1949. Não muito tempo depois desse jogo realizado no Estádio Riazor, no qual não chegaria a entrar em campo, viriam as presenças na equipa “A”. Com a principal “camisola das quinas”, o atleta teria a estreia, pela mão de Armando Sampaio, a 15 de Maio de 1949. A vitória com o País de Gales, brindada com um golo de sua autoria, seria sucedida por um “particular” com a República da Irlanda e, desse modo, o currículo do futebolista madeirense ficaria colorido por dois desafios cumpridos por Portugal.
Apesar de ser um dos pilares do Estoril Praia e com a agremiação da Linha de Cascais a manter-se nas lutas primodivisionárias, a temporada de 1950/51 daria à caminhada do avançado um novo emblema. Apresentado como reforço do Vitória Sport Clube, José Mota, na campanha já mencionada e na seguinte, ambas ao serviço do emblema minhoto, manter-se-ia como um dos praticantes do patamar máximo. Já após deixar a “Cidade Berço”, o atacante regressaria aos “Canarinhos” para, em 1952/53, ter a derradeira aparição entre os “grandes”. Com a descida do emblema da Amoreira, seriam os cenários secundários, daí para a frente, a preencher a sua usança desportiva, rotina que, segundo algumas fontes, duraria até 1956/57.

1670 - FEBRAS

Descoberto enquanto atleta das camadas de formação do Cracks de Lamego, Jorge Manuel Ribeiro Cardoso, popularizado pelo nome Febras, alcunha que ganharia por razão do talho do pai, cedo chegaria a Coimbra. Como juvenil da Académica, o jovem avançado partilharia o balneário com Sérgio Conceição. Nesse trilhar de caminho, alguns anos mais tarde chegaria a altura de transitar para o escalão sénior. No entanto, a forte concorrência por um lugar no ataque da “Briosa”, que contava com nomes como Lewis, empurrá-lo-ia, em 1992/93, para um empréstimo ao serviço da Naval 1º de Maio. Os 2 anos cumpridos na Figueira da Foz, respectivamente passados nas disputas do 3º escalão e da 2 divisão “B”, serviriam para sublinhar o seu valor. Já o regresso aos “Estudantes” dar-se-ia em 1994/95 e apesar das boas prestações, o início da temporada seguinte não surgiria sem uma pequena polémica – “Lembro-me de ter sido o melhor marcador da equipa, em 1994/95, e na época seguinte o treinador Vieira Nunes me querer emprestar. Até hoje, nunca percebi porque tinham essa intenção e disse-lhes que preferia sair de vez do que ser emprestado. Acabei por ficar e por regressar aos golos num jogo em que só fui convocado porque os outros avançados estavam lesionados. Nunca mais saí da equipa, nem com o treinador Eurico Gomes, nem com Vítor Oliveira”*.
Ao manter-se com as cores da “Briosa”, Febras tornar-se-ia numa das peças da caminhada que, em 1997/98, levaria a Académica de Coimbra a retornar aos cenários primodivisionários. Apesar da época periclitante em termos colectivos, a ampla utilização do atacante mantê-lo-ia como um valor seguro do plantel. Conseguida a manutenção na campanha de regresso ao convívio como os “grandes”, a época seguinte também viria a tornar-se numa árdua provação. Porem, pior do que os desempenhos do grupo de trabalho, a fraca utilização do atacante levá-lo-ia a ser empurrado para um novo empréstimo. Nesse sentido, a meio da época de 1998/99, o jogador acabaria por ser apresentado como reforço do Gil Vicente. Os meses no emblema sediado na cidade de Barcelos, passados nas contendas da divisão de Honra, serviriam para justificar um novo regresso. Todavia, com a descida dos “Estudantes” a manter o atleta nas disputas do patamar secundário, o ano sob as ordens de Carlos Garcia não seria, de todo, proveitoso e o termo da temporada 1999/00 transformar-se-ia no fim da sua ligação com a agremiação beirã.
Daí em diante, em definitivo longe do patamar maior do futebol luso, o avançado encetaria um périplo a levá-lo a diferentes clubes e até a uma curta experiência no estrangeiro. Académico de Viseu, Lousada, Vizela e os malaios de um Sabah FA orientado por José Garrido, antecederiam o regresso a Portugal e, mais uma vez, ao Lousada. Por fim, com Febras a escrever o último capítulo da carreira, a única presença sénior do jogador numa colectividade da sua terra natal e o plantel de 2006/07 do Sporting de Lamego a encerrar a caminhada do atacante enquanto futebolista.
“Penduradas as chuteiras”, Febras ainda voltaria a ligar-se à modalidade e como treinador trabalharia para colectividades como o Sporting de Lamego, Moimenta da Beira ou Sampedrense.

*retirado do artigo a 7/11/2013, em www.record.pt

1669 - ELISEU

Seria já como membro da equipa principal do Leixões que Eliseu António Teixeira Pinto entraria em campo, pela mão de Peres Bandeira, no Mundial sub-20 de 1979. O aclamado certame, disputado entre Agosto e Setembro do referido ano, serviria, para o jovem jogador, de remate a uma caminhada internacional encetada, ainda no âmbito dos sub-18, a 21 de Fevereiro de 1978. Tendo participado, ao lado de Alberto Bastos Lopes, Nascimento, Diamantino, Zé Beto ou Adão, no torneio organizado no Japão, o defesa-direito regressaria a Portugal com o currículo embelezado por um total de 8 partidas disputadas com a “camisola das quinas”. Tal tónico ajudá-lo-ia a afirmar-se como um dos bons elementos saídos dos “Bebés do Mar”. Porem, a estreia no principal escalão português ainda estaria longe e a alguns quilómetros de distância de Matosinhos.
Transferido para o plantel primodivisionário do Salgueiros na temporada de 1983/84 e após 5 anos na equipa principal do Leixões, Eliseu começaria por trabalhar sob as ordens de Octávio Machado. Titular no arranque da campanha, a verdade é que, com o avançar de época, mormente com a chegada de outros treinadores, o protagonismo que alcançaria inicialmente perder-se-ia. Sem lugar no conjunto de Paranhos, o defesa-direito procuraria dar seguimento à carreira noutras paragens. Com a oportunidade a surgir no Sporting de Espinho, o jogador acabaria por regressar às pelejas do escalão secundário. Já o regresso ao convívio com os “grandes”, viria a acontecer cumpridas algumas campanhas nas pelejas secundárias e apenas em 1987/88.
A trabalhar com Quinito, Eliseu, até pela condição de capitão de equipa, sublinhar-se-ia como um dos principais activos dos “Tigres da Costa Verde”. Outro factor que contribuiria para o acréscimo de valor na carreira do jogador, feito alcançado igualmente na última campanha referida no parágrafo anterior, seria o 6º posto obtido na tabela classificativa do Campeonato Nacional da 1ª divisão, ou seja, a melhor prestação de sempre conseguida pelo Sporting de Espinho na prova de maior relevo do calendário futebolístico português. Contudo, contrariamente ao bom desempenho feito no desenrolar de 1987/88, a época seguinte traduzir-se-ia pelo claudicar competitivo da agremiação a jogar em casa no Estádio Comendador Manuel Violas e, como consequência, a temporada de 1988/89 traria a inevitável despromoção.
Apesar do desaire colectivo, Eliseu manter-se-ia fiel ao listado alvinegro. Aliás, as 9 épocas cumpridas pelo Sporting de Espinho, não só fariam da agremiação sediada no distrito de Aveiro na mais representativa da sua caminhada desportiva, como transformariam o defesa num dos nomes históricos do clube. Outro aspecto importante emergiria com aquela que viria a tornar-se na derradeira campanha do jogador ao serviço dos “Tigres da Costa Verde”. Essa temporada de 1992/93, mais uma vez com Quinito ao leme da agremiação, marcaria o seu regresso aos palcos de maior monta e a despedida do lateral-direito do contexto primodivisionário.
Para completar uma carreira de 17 anos sobretudo a cirandar entre os dois principais patamares do futebol luso, Eliseu ingressaria, em 1994/95, no plantel do Feirense e cumpridas duas temporadas no Estádio Marcolino de Castro, o defesa-direito, com o termo das provas agendadas para 1995/96 tomaria a decisão de “pendurar as chuteiras”.

1668 - VÍTOR GOMES

Ao não conseguir aferir praticamente nada sobre os primeiros anos da ligação de Vítor Manuel Gomes Lopes ao futebol, o que parece ser certo é a sua primeira inscrição ter acontecido, em 1963/64, no Futebol Benfica. Assim sendo, e com o percurso iniciado nas camadas jovens do popular “Fofó”, também é certo dizer-se que o jovem médio haveria de prosseguir a carreira, sem saber o ano da transição, nas “escolas” da CUF.
No emblema do Lavradio terá terminado a etapa formativa. Se fez, ou não, a transição para o escalão sénior ao serviço da colectividade fabril, em lugar algum encontrei qualquer informação a esse respeito. No que concerne aos anos seguintes, sei, de fonte segura, que acabaria emprestado ao Tramagal. Já a época da sua presença na agremiação do concelho de Abrantes, após cruzar alguma informação a dizer-me do balneário partilhado com Nelinho e Vítor Manuel, aponta para 1968/69. Quanto ao resto, só posso afirmar que a estreia no principal conjunto da CUF, pelo menos no Campeonato Nacional da 1ª divisão, terá sido alcançada em 1970/71.
Com a estreia no escalão máximo luso a acontecer pela mão de Carlos Silva, Vítor Gomes encetaria um trajecto que, logo na campanha seguinte, traria o médio-defensivo para a linha da frente do “onze” idealizado por Fernando Caiado. Como interveniente em todas as jornadas da edição de 1971/72 do Campeonato Nacional e com o 4º lugar conquistado na tabela classificativa da 1ª divisão, a cotação do atleta depressa subiria. Para ajudar à sua valorização, à titularidade, a época de 1972/73 somaria a sua estreia nas competições de índole continental. Inserido o clube na Taça UEFA, o jogador, ao competir nas 4 partidas correspondentes à participação do emblema da Margem Sul na mencionada prova, entraria em campo frente aos belgas do Racing White e aos germânicos do Kaiserslautern. Já no plano interno, voltaria a trazer para o currículo a totalidade das partidas disputadas na principal prova do calendário português e nas épocas seguintes, em pouco a dever às antecessoras, ainda haveria a registar o centrocampista como um dos homens pertencentes a um dos conjuntos vencedores da Taça Intertoto de 1974/75.
Tamanha coerência exibicional, adjuvada pelos excelsos préstimos do colectivo da CUF, empurrá-lo-ia para a subida até um dos denominados “grandes”. No Sporting de 1975/76 encontraria um plantel com um sector intermediário recheado de craques. Com Fraguito como principal competidor à sua posição em campo, Vítor Gomes, num segundo plano nas escolhas de Juca, acabaria a época de entrada em Alvalade um pouco ofuscado pela concorrência. Porém, a mudança de paradigma perpetrada com a chegada de Jimmy Hagan, na qual o técnico inglês haveria de ver no jogador alguém com as capacidades para também ocupar a direita da defesa, levá-lo-ia a aparecer em jogo com maior frequência. Contudo, a época subsequente faria com que o atleta retrocedesse na sua afirmação. Ainda assim, erguido o momento num episódio carregado de ironia, a Taça de Portugal de 1977/78 traria o seu “canto do cisne” e seria um golo da sua autoria, naquela que viria a tornar-se na derradeira partida a envergar o listado dos “Verde e Brancos”, a abrir o marcador na vitória dos “Leões” na finalíssima da “Prova Rainha”.
Apesar de tido como um jogador abnegado, prova feita após um acidente de caça que, ao feri-lo gravemente num pé, não o impediria de continuar a dar uma bela ajuda ao clube, o fim da sua contribuição para os objectivos colectivos do Sporting, mesmo contra a vontade de Miroslav Pavic, viria com o termo da temporada de 1977/78. Seguir-se-iam, sem abandonar o escalão máximo, o ano passado num Marítimo inicialmente orientado por Fernando Vaz, a muito aludida recusa para regressar a Alvalade, as duas campanhas cumpridas no Portimonense e uma derradeira temporada no cenário primodivisionário, ao serviço do Belenenses. De seguida, numa época em que abraçaria, em simultâneo, as tarefas de jogador e de treinador, emergiria o Juventude de Évora de 1982/83. Aliás, seria a sua experiência no emblema alentejano encaminhá-lo-ia na direcção de uma carreira de técnico-principal e a trabalhar à frente de colectividades como o Esperança de Lagos, Ginásio de Alcobaça, Caldas, Paços de Ferreira, Moreirense, Gil Vicente, Trofense, Marco, Paredes ou Freamunde.

1667 - RODOLFO

Com o percurso formativo cumprido ao serviço do Estrela da Amadora, seria como praticante do emblema sediado na Linha de Sintra que Rodolfo Luís Costa Miguéns Correia acabaria chamado aos trabalhos das jovens selecções portuguesas. Com a primeira aparição a suceder pela mão de Nelo Vingada, essa partida dos sub-15, disputada a 14 de Abril de 1992, no âmbito do Torneio Internacional de Montaigu, serviria de arranque a uma caminhada a levá-lo aos mais diversos escalões e a somar 31 partidas com as cores lusas.
Já no que respeita ao percurso clubístico, haveria de ser também no Estádio José Gomes que o médio-defensivo faria a transição para o patamar sénior. Essa temporada de 1994/95, lançado em campo por Fernando Santos, transformar-se-ia no encetar de uma caminhada de vários anos a participar nas principais pelejas do futebol português. Impondo-se, progressivamente, como um dos elementos basilares dos desenhos tácticos dos “Tricolores”, a sua importância no seio do grupo amadorense, como recordaria o médio Lázaro, começaria a subir – “Era um jogador low profile, não se preocupava em termos individuais, era muito coletivo. Acabou por atingir alguma notoriedade, ao representar o FC Porto, mas sempre foi um jogador de grupo”*.
Com a cotação em alta e com 5 campanhas primodivisionárias a enriquecer-lhe o currículo, o jogador veria colectividades de outra craveira a interessarem-se pelos seus préstimos. Tal como destapado no parágrafo anterior, e como consequência da presença do já mencionado Fernando Santos no comando técnico dos “Dragões”, o “trinco” mudar-se-ia da Reboleira para as Antas. No entanto, a transferência para o FC Porto não correria como esperado e Rodolfo poucas oportunidades conseguiria conquistar na agremiação da “Cidade Invicta”. Ainda assim, o médio-defensivo teria o privilégio de fazer parte, no desenrolar da época de 1999/00, de algumas conquistas e ajudaria às vitórias na Taça de Portugal e na Supertaça.
Sem lugar nos “Azuis e Brancos”, Rodolfo daria início a uma fase da carreira um pouco mais errante. Com os dois primeiros passos a serem dados na sequência de um par de empréstimos, tal périplo levá-lo-ia ao Beira-Mar e ao Varzim. Com ambas as campanhas passadas no contexto competitivo da 1ª divisão, a manutenção dos “Lobos-do-Mar” empurrá-lo-ia para a assinatura, em 2002/03 e em termos definitivos, de um novo contrato com o emblema poveiro. De seguida, sem abandonar os palcos principais do futebol luso, emergiriam as duas temporadas ao serviço da Académica de Coimbra. Após a experiência nos “Estudantes”, onde seria muito afectado pelas lesões num joelho, o médio-defensivo, com o aproximar do termo da carreira, teria ainda tempo para dar um salto até França, onde seria apresentado como reforço do plantel de 2005/06 do Clermont.
No regresso a Portugal, o atleta, por desafio de Raul Oliveira e Vítor Vieira, seus antigos colegas no Estrela da Amadora, ainda viria a treinar-se e a participar em alguns “amigáveis”, pelo Lusitânia dos Açores. Porém, zangado com o futebol e antes do início da temporada oficial, o médio decidiria deixar a modalidade e voltar aos estudos. Já como estudante da Licenciatura de Educação Física e Desporto, surgiriam o Igreja Nova e o Linda-a-Velha, respectivamente no 3º escalão e na disputa dos “distritais” da Associação de Futebol de Lisboa.
Com os estudos terminados e com alguma experiência na orientação de várias equipas de jovens, Rodolfo teria no Panathinaikos, a cumprir o papel de treinador-adjunto, o regresso ao futebol de mais alto nível. Seguir-se-ia o Paraná, onde faria parte da equipa técnica de Milton Mendes. De seguida, após a experiencia no Brasil, já como adjunto de Jorge Paixão, passaria pelos polacos do Zawsza Bydgoszcz e pelo Olhanense. Porém, num trajecto à imagem de um verdadeiro “globetrotter”, o antigo futebolista ainda teria a oportunidade de passar, não só por outros países, como por outro continente. Nesse sentido, excluindo um ou outro capítulo, há ainda a destacar o trabalho efectuado no Tractor Club de Toni, na selecção do Irão a cargo de Carlos Queiroz, nos “olímpicos” do Bahrein, no Sporting de Marcel Kaizer, nos americanos do Harrisburg City Islanders, no Al-Hilal “B”, por conselho de Jorge Jesus, como técnico-principal dos sauditas do Al-Ula FC e, já nesta época de 2025/26, como responsável pelos sub-21 do Neon SC.

*retirado do artigo publicado a 6/11/2018, em https://bancada.pt

1666 - JOÃO LUÍS

Filho de Ivo Martins, notável dirigente do Marítimo, e bisneto de Cândido Gouveia, um dos fundadores do emblema insular, João Luís Gouveia Martins só poderia ter nos “Verde-rubros” o seu clube de eleição. Nesse sentido, seria nas “escolas” dos “Leões do Almirante Reis” que o defesa-central cumpriria toda a formação. Também na transição para sénior, o jovem atleta encontraria nos “Barreiros” a sua “casa”. No entanto, com a referida passagem a acontecer ainda na temporada de 1985/86, só a campanha seguinte veria o atleta a estrear-se em campo pela equipa principal e essa última ronda do Campeonato Nacional de 1986/87, depois de lançado por Manuel Oliveira, constituiria o arranque de uma caminhada na quase totalidade dedicada à colectividade do Funchal.
Apesar de ser um jovem talentoso, João Luís ainda demoraria alguns anos até conseguir impor-se como um dos principais elementos do plantel do Marítimo. Tal passo, após 4 campanhas de pouca utilização, dá-lo-ia na época de 1990/91. Orientado, no decorrer dessa temporada, inicialmente por Ferreira da Costa e, com a saída deste, por Paulo Autuori, o defesa-central ganharia a confiança de ambos os técnicos e, por consequência, conquistaria o estatuto de titular. Como um dos esteios do sector mais recuado da agremiação madeirense, o jogador tornar-se-ia um dos pilares do crescimento evidenciado pelo clube. Tal evolução consolidaria os “Insulares” na luta pelos lugares cimeiros da tabela classificativa e a 1ª divisão de 1992/93 terminaria com o emblema funchalense num brilhante 5º lugar.
A posição referida no final do parágrafo anterior encaminharia o Marítimo para a estreia nas provas de índole continental. No entanto, apesar do louvor merecido ao colectivo, a verdade é que a temporada de 1993/94, em termos do desempenho individual, seria um pouco madrasta para João Luís. Ainda assim, apesar de perder o lugar no “onze”, o defesa-central, escalonado por Edinho para entrar em campo na condição de capitão de equipa, teria o orgulho de participar, frente ao Royal Antwerp, na 1ª mão da 1ª eliminatória da Taça UEFA. Daí em diante, ultrapassado por outros colegas nas escolhas dos diferentes treinadores, a sua utilização ficaria bem abaixo daquilo a que tinha habituado os adeptos. Mesmo nas épocas seguintes, o atleta não voltaria, de forma incontestável, a recuperar a titularidade e, nesse sentido, assistiria à final da Taça de Portugal de 1994/95 a partir do banco de suplentes.
A temporada de 1995/96 tornar-se-ia na última de João Luís como atleta do Marítimo. Seguir-se-ia um par de campanhas com as cores do Machico e a decisão de “pendurar as chuteiras”, com o termo das provas agendadas para 1997/98. Alguns anos mais tarde, surgiriam na vida do antigo defesa as tarefas de técnico. Tais funções, encetadas à frente do Cruzado Canicense de 2003/04, levá-lo-iam a regressar aos “Leões do Almirante Reis”, para, durante alguns anos, treinar o conjunto “B”. De seguida, após as passagens por Pontassolense e Machico, surgiriam as oportunidades de trabalhar, como adjunto de Mariano Barreto, no Recreativo do Libolo, no Al-Ahli do Bahrain, nos sauditas do Al-Qadisiyah e no FC Stumbras da Lituânia. Aliás, seria no emblema de Kaunas que voltaria a estar à frente de uma equipa. Andando um pouco mais na sua cronologia profissional, ainda lideraria, sem sair do mencionado país báltico, o FK Zalgiris e o FK Panevezys. Depois retornaria a Portugal onde, novamente ao serviço dos “Verde-rubro” seria, entre 2021 e 2023, Presidente da SAD. Finalmente emergiria, mais uma vez, como treinador-principal, dessa feita ao serviço do plantel de 2024/25 do Camacha.