
Nascido no seio de uma família operária húngara, seria no Györ que Joseph Szabo viria a dar corpo à paixão pelo futebol. Com a caminhada sénior a começar em 1915, o médio-centro não demoraria muito tempo até chamar a atenção de outros emblemas. Transferido para o Ferencváros na temporada de 1919/20, a sua carreira, como elemento da colectividade sediada em Budapest, ganharia outro significado. Nesse sentido, também chegaria ao seu caminho o triunfo na Magyar Kupa de 1921/22 e, mais tarde, no Campeonato de 1925/26. Porém, seriam as chamadas à selecção do país a dar-lhe grande notoriedade e com o estatuto engrandecido pelas internacionalizações acabaria convidado pelo Szombately para, em 1926, participar numa digressão a passar por Portugal.
No Funchal seria convidado para ingressar no Nacional da Madeira. Ao aceitar o desafio, o centrocampista, na campanha de 1926/27, encetaria um trajecto a levá-lo, no ano seguinte, a envergar a camisola do Marítimo. Seria já com o listado dos “Leões do Almirante Reis” que, ao integrar uma selecção do arquipélago, ajudaria a derrotar o FC Porto. Por essa altura, nos “Dragões” exibia-se Mihaly Siska, que, impressionado com o desempenho do conterrâneo, lançaria ao médio o repto para uma mudança de ares. Na “Cidade Invicta” a partir de 1928/29, onde chegaria na condição de treinador-jogador, Szabo daria início a uma verdadeira revolução. Os resultados não tardariam a chegar e também seria da sua responsabilidade, para além dos títulos conquistados, a vinda para os “Azuis e Brancos” de um dos futuros mitos da colectividade nortenha, o atacante Artur Pinga.
Para além das 8 vitórias no Campeonato do Porto, as 8 campanhas com o cunho de Joseph Szabo nos “Dragões” também traduziriam, para a agremiação, as conquistas do Campeonato de Portugal de 1931/32 e do Campeonato da I Liga de 1934/35. Tal sucesso, numa altura em que começaria a ser especulado o interesse dos emblemas da capital na sua contratação, levaria a que os responsáveis dos “Azuis e Brancos” começassem a “proibir” a sua saída da cidade. O pior viria com o temperamento irascível do técnico húngaro que, a meio da temporada de 1935/36, após uma acesa discussão onde esmurraria um dirigente do clube, sairia da colectividade portuense para, pouco tempo depois, assumir o comando técnico do Sporting de Braga. A passagem pelo Minho serviria de interlúdio para o ingresso noutro conjunto e a campanha de 1936/37 marcaria o arranque da mais prolífera relação que o treinador viria a conhecer na carreira.
A entrada no Sporting, com a última campanha referida no parágrafo anterior já a meio, encetaria um processo a sublinhar Joseph Szabo como um dos maiores nomes do futebol português de todos os tempos. Em Lisboa, os títulos continuariam a surgir em catadupa e a primeira passagem do técnico magiar pelos “ Leões” traduzir-se-ia na conquista de 6 Campeonatos de Lisboa, 1 Taça Império, 1 Campeonato e Portugal, 1 Taça de Portugal e 2 Campeonatos Nacionais. Tal sucesso impediria que as relações azedas com os jogadores e com os dirigentes dessem jus a um despedimento mais precoce. Porém, tal separação viria mesmo a suceder e com a época de 1944/45 em andamento, o treinador, afastado do conjunto a trabalhar no Lumiar, arrancaria num périplo a levá-lo a diferentes emblemas lusos.
O regresso ao FC Porto, Sanjoanense, Olhanense, Portimonense, Oriental, Sporting de Braga e o Atlético, entre os dois principais escalões do futebol português, dariam corpo a pouco menos de uma década na carreira de Joseph Szabo. Voltaria ao Sporting a meio da temporada de 1953/54 e, logo na campanha seguinte, brindaria os adeptos leoninos com a conquista da “dobradinha”. Ainda assim, essa passagem pelos “Verde e Brancos” terminaria mais depressa que a anterior e, em 1955/56, o treinador daria início a outra senda a levá-lo ao Caldas, Sporting de Braga, Torreense, Leixões, Portimonense, Barreirense e Vila Real. Já no final da carreira, onde também passaria pelo comando de uma selecção de Angola ainda em eras coloniais, tempo ainda para outra presença, em 1964/65, à frente dos “Leões”.
Já no fim da vida, como um verdadeiro apaixonado pelo clube, entregou o seu destino aos cuidados da colectividade mais representativa da sua vida futebolística e as palavras de Octávio Barrosa traduziriam essa inquestionável dedicação – “Foi sempre tão Sporting que quis morrer em… Alvalade. Passou os seus últimos dias no centro de estágio. E foi aí que morreu. Como um leão. Dos mais verdadeiros da nossa história. E dos mais fascinantes. Era um trabalhador insano. Treinava, de manhã, todas as categorias e, à tarde, ia para a sede do clube dar massagens. Jamais o Sporting terá um treinador assim, tão honesto, tão empolgado”*.
*retirado de *retirado de “100 figuras do futebol português”, de António Simões e Homero Serpa; A Bola (1996)

Seria ainda como membro do Lusitânia dos Açores que João Manuel Soares Moniz receberia o convite do Sporting. A mudança da ilha Terceira para o continente levá-lo-ia, em 1970/71, a integrar os juniores leoninos. A passagem pelas camadas jovens dos “Verde e Brancos” seria curta e a época seguinte empurrá-lo-ia até ao universo sénior. No entanto, o jovem praticante ver-se-ia preterido tanto nas escolhas de Fernando Vaz, como, com a saída deste, nas selecções de Mário Lino. As opções dos aludidos técnicos levá-lo-iam, nessa campanha de 1971/72, a entrar em campo apenas ao serviço dos “reservas”. Já o desenrolar da temporada subsequente, ainda que pouco utilizado, faria com que Ronnie Allen desse ao atleta a oportunidade de fazer a estreia na equipa principal. Sem nunca conseguir libertar-se do estatuto de elemento secundário, o avançado, que também podia jogar mais recuado no esquema táctico, ainda integraria o plantel de 1972/73 e, mesmo com poucas inscrições nas fichas de jogo ao longo dos anos em Alvalade, o jogador amealharia para o currículo pessoal as conquistas de 1 Campeonato Nacional e de 1 Taça de Portugal.
Com a pouca utilização verificada no Sporting, Moniz acabaria por ver na mudança para o Atlético uma nova chance para potenciar a carreira profissional. Novamente a trabalhar sob a alçada de Fernando Vaz, o atacante, mesmo com a presença de Guerreiro e de Arcanjo no sector mais avançado do conjunto alcantarense, teria na temporada de 1974/75, comparativamente às campanhas anteriores, um acréscimo considerável de presenças em campo. Ainda assim, essa evolução em termos numéricos acabaria por não garantir o seu lugar na Tapadinha. Seguir-se-ia, no começo de 1975/76, o Sporting de Pombal. Todavia, a experiência no 3º escalão português serviria apenas como prelúdio para uma grande mudança na caminhada competitiva do jogador e o Canadá passaria a fazer parte da sua vida desportiva.
Após a travessia do oceano Atlântico, a época de 1976 marcaria a estreia de Moniz na Canadian National Soccer League. Ao serviço do First Portuguese, onde, ao longo dos anos, chegaria a partilhar o balneário com nomes como Bolota, Tito, Narciso ou Marinho, o avançado, logo na temporada de chegada, transformar-se-ia, numa prova a terminar em “play-offs”, numa das principais figuras da conquista do Campeonato discutido no referido país norte-americano. Já a disputar a competição numa configuração mais parecida com os formatos europeus, o avançado, em 1979, ajudaria à repetição do triunfo. Não muito anos depois, de forma um pouco surpreendentemente, o atleta, cimentado como um dos ícones do emblema fundado por emigrantes lusos, seria apresentado como reforço do grande rival da colectividade “portuguesa” e passaria a representar, em 1981 e sem sair da mesma cidade, o Toronto Italia.
Nos 3 anos cumpridos pela colectividade “transalpina”, Moniz também arrecadaria 2 Campeonato e 1 Taça. Curiosamente, sem que tenha conseguido aferir as campanhas de 1984, 1985 e 1986 como épocas de actividade desportiva para o avançado, a temporada de 1987 representaria o regresso do jogador ao First Portuguese e o fim da sua carreira.
Já em 2022, o antigo atacante, ao abraçar as funções de director-técnico, passaria a colaborar com o Grand Bank Gee Bees.

Concluída a formação pelo Benfica, João Luís Maló de Abreu, ajudado por alguma casmurrice de Otto Glória, treinador que tinha vaticinado no jogador qualidades insuficientes para os “Encarnados”, deixaria as “Águias” para passar a defender as balizas da Académica de Coimbra. A viver nas margens do Rio Mondego, muito mais do que o futebol, o jovem guardião encontraria nas actividades escolares outro sentido para a vida pessoal. Ainda assim, com a Licenciatura em Medicina a ocupar, obviamente, as suas prioridades, o atleta não descuraria as obrigações futebolísticas e na época de entrada na “Briosa”, ultrapassando os outros colegas de posição nas opções inicialmente idealizadas por Óscar Montez, rapidamente ocuparia um lugar de destaque no plantel dos “Estudantes”.
À frente de Gomes da Silva, também ele com um passado ligado às “escolas” do Benfica, Maló assumir-se-ia, logo na campanha de 1959/60, como um dos titulares da Académica de Coimbra. Mesmo com a saída do treinador argentino e a entrada do luso-magiar János Biri, o seu estatuto manter-se-ia inalterado. No entanto, o guarda-redes, muitas vezes prejudicado por algumas lesões, nem sempre conseguiria manter-se como um dos elementos habituais do “onze” do conjunto beirão. Essas excepções, ainda assim, não prejudicariam em demasia a sua evolução. A prova viria alguns anos depois quando, por altura de uma partida agendada para os “esperanças” lusos, o guardião veria os responsáveis técnicos da Federação Portuguesa de Futebol a incluir o seu nome numa peleja com a oposição da Grécia. Nesse “particular” frente ao conjunto helénico, disputado a 14 de Abril de 1963, o jogador iniciaria um trajecto a levá-lo, já em 1967, a nova chamada e numa partida pela equipa “B”, dessa feita contra a Bélgica, o atleta atingiria as 2 internacionalizações com a “camisola das quinas”.
No que diz respeito ao percurso clubístico, com a Académica a manter-se nas disputas do escalão maior, Maló, com o decorrer dos anos, muito mais do que ver reforçado o estatuto primodivisionário, ver-se-ia sublinhado como um dos melhores, da sua posição, a actuar em Portugal. Aferido como um dos símbolos da “Briosa”, reforçada essa visão pela situação de “estudante-atleta”, o guardião, a trabalhar sob as instruções de Mário Wilson, participaria numa das épocas mais faustosas do conjunto conimbricense. Nessa época de 1966/67, campanha na qual viria a ser totalista no Campeonato Nacional, o guardião contribuiria para o 2º posto, a melhor classificação de sempre do clube, alcançado na prova de maior monta no calendário futebolístico português. Também na Taça de Portugal, com a chegada à final, o colectivo sediado na Beira Litoral conseguiria brilhar. No Jamor, o guarda-redes seria escolhido para “onze”, mas numa partida a estender-se para além do prolongamento, a sorte calharia ao Vitória Futebol Clube e o troféu sairia do Estádio Nacional em direcção a Setúbal.
Curiosamente, daí em diante e com as presenças de Brassard, de Viegas e de Cardoso a atrapalharem as contas da titularidade, Maló perderia a preponderância de épocas anteriores. Ainda assim, numa carreira que terminaria com o fim das provas agendadas para 1969/70, o guardião, ao fazer parte de grupos de trabalho de inolvidável importância na história da agremiação, não deixaria de viver outros grandes feitos da Académica de Coimbra. O primeiro desses sucessos seria, com a entrada na Taça das Cidades com Feira, a estreia nas provas de índole continental. Ainda nessa temporada, surgiria a famosa final da Taça de Portugal de 1968/69 e os protestos estudantis. Finalmente, o brilhante percurso na edição de 1969/70 da Taça dos Vencedores das Taças, com a “Briosa” a atingir os quartos-de-final.

Apesar do início de carreira no modesto Torre de Moncorvo de 1969/70, Amândio Ramiro Barreiras depressa subiria uma boa quantidade de degraus no futebol português. Primeiro, um ano após o ingresso no emblema da sua terra natal, surgiria o interesse do Desportivo de Chaves. No entanto, com os “Flavienses” na disputa do 3º escalão, ainda faltavam ao defesa-central galgar mais alguns patamares para que conseguisse chegar ao topo. A oportunidade para dar tal salto surgiria na época de 1971/72 e o jogador, ao deixar Trás-os-Montes, passaria a fazer parte do plantel do Boavista.
Com a entrada no Bessa a ocorrer num altura em que os “Axadrezados” eram comandados por Joaquim Meirim, o jovem praticante, numa temporada com várias trocas de treinador, ainda conseguiria conquistar um número aceitável de chamadas a campo. Mesmo tendo em conta a sua inexperiência competitiva, a verdade é que não tardaria muito para que Amândio viesse a confirmar todo o potencial como futebolista e passasse, ao lado de Mário João ou de Bernardo da Velha, a tomar uma posição de destaque no sector mais recuado dos boavisteiros. Tal preponderância, sob a intendência do brasileiro Aimoré Moreira, levá-lo-ia a ser convocado aos trabalhos das equipas na alçada da Federação Portuguesa de Futebol. A estreia, incluída nas obrigações calendarizadas para os “esperanças”, aconteceria a 13 de Outubro de 1973. Após essa partida frente à Bulgária, sempre ao serviço do aludido escalão, o atleta ainda teria outras oportunidades para envergar a “camisola das quinas” e somaria, após cumprir mais um par de partidas, um total de 3 internacionalizações por Portugal.
Apesar da franca ascensão, a campanha verdadeiramente a catapultá-lo seria a época correspondente às provas agendadas para 1974/75. A trabalhar sob as instruções de José Maria Pedroto, o defesa-central assumir-se-ia de fulcral importância para as metas colectivas das “Panteras”. Nesse sentido, para além do 4º posto alcançado com o termo do Campeonato Nacional, a época referida no início deste parágrafo, destacar-se-ia pela chegada do Boavista ao derradeiro jogo da Taça de Portugal. Numa final disputada no Estádio de Alvalade, Amândio, apesar de começar o importante desafio sentado no banco de suplentes, teria a oportunidade, ao substituir o “amarelado” Mané, de contribuir para o triunfo frente ao Benfica e, dessa maneira, dar uma preciosa ajuda para levar, até cidade do Porto, o tão almejado troféu.
A conquista da “Prova Rainha”, mesmo que não tenha sido o principal motivo, daria ao Sporting outra razão para apostar na sua contratação. Como um elemento possante, com um bom jogo de cabeça e rijo na marcação, Amândio chegaria a Alvalade para integrar o plantel de 1975/76. Porém, com Juca como treinador-principal dos “Verde e Brancos”, a sua primeira temporada em Lisboa, ao ser ultrapassado nas preferências tácticas por José Mendes, Laranjeira e Zezinho, não correria de feição. Também na campanha seguinte, já com Jimmy Hagan como timoneiro, o atleta não conseguiria impor-se como um dos titulares. Sem grande espaço no “onze”, o jogador, em 1977/78, decidiria voltar ao Boavista, onde, após ter começado a trabalhar com Fernando Caiado, terminaria a época orientado pelo já mencionado técnico inglês. Aliás, seria com o britânico, depois de a época ter começado sob a alçada de José Carlos, que o defesa-central arrecadaria o segundo grande troféu da carreira. Com os “Axadrezados” a repetir a presença na mais importante ronda da Taça de Portugal, seria do banco que, na final e na finalíssima de 1978/79, sairia a sua ajuda para o triunfo frente aos “Leões”.
De forma um pouco surpreendente, Amândio, na temporada de 1979/80, seria apresentado como reforço do Sporting de Espinho. Logo nessa campanha de entrada no Estádio Comendador Manuel Violas, o jogador faria parte do grupo de trabalho que, comandado por Manuel José, atingiria o 7º lugar no Campeonato Nacional. Após ajudar, à altura, à melhor classificação dos “Tigres” naquela que é a prova de maior calibre no calendário luso de futebol, o defesa-central ainda viria a manter-se, por mais um ano, com o listado alvinegro. Seguir-se-ia, sem deixar a 1ª divisão, a contratação pela União de Leiria e a transferência para o plantel de 1982/83 do Vitória Sport Clube. A passagem por Guimarães antecederia um novo momento histórico na sua caminhada competitiva, com o regresso ao Desportivo de Chaves, em 1984/85, a permitir a sua participação na promoção e, sempre com Raul Águas à frente da agremiação transmontana, na posterior estreia dos “Flavienses” no patamar máximo português.
Já com o fim da carreira no horizonte, Amândio ainda voltaria a envergar a camisola do Sporting de Espinho. Nessa segunda experiência na colectividade sediada na Costa Verde, encetada na temporada de 1986/87, o defesa-central, num conjunto liderado por Quinito, muito mais do que contribuir para o regresso do clube ao convívio com os “grandes”, participaria no quebrar de outro recorde, ou seja, o 6º lugar alcançado na 1ª divisão de 1987/88. Curiosamente, numa soma de dezena e meia de campanhas no escalão máximo, a meta ultrapassada no emblema da Beira Litoral transformar-se-ia no último grande marco da sua senda enquanto futebolista.
Seguir-se-iam as funções de técnico. Ao assumir-se, ainda no Sporting de Espinho, como treinador, o trabalho empurrá-lo-ia para uma longa caminhada. Num trajecto mormente feito com as divisas, a si entregues, a disputar os escalões secundários, Amândio Barreiras passaria pelo comando de equipas como Leixões, União de Leiria, Feirense, Vila Real, União de Montemor, União de Lamas, Esposende, Torres Novas, Estrela de Portalegre, Paredes, Pampilhosa, Santana, Eléctrico de Ponte de Sor, Anadia e Boavista.

Pál Csernai começaria por ser futebolista. Segundo algumas fontes, principiaria a senda sénior, na temporada de 1948/49, ao serviço do Szentlörinci AC para, na época de 1950/51, passar a representar o Budapesti Postás. No emblema ligado aos correios húngaros, o médio-centro viria a ser orientado por Lajos Baroti, técnico com passagem pelo futebol luso, ao serviço do Benfica. No entanto, seria com as cores do Csepeli Vasas que o jogador, na sua experiência magiar, viveria um dos momentos altos da carreira. Tal episódio a surgiria com a primeira chamada à principal selecção do seu país natal. Na estreia a 8 de Maio de 1955, chamado por Gusztáv Sebes a uma peleja frente à Noruega, o centrocampista entraria em campo ao lado de nomes como Puskás ou Kocsis. Seguir-se-ia, alguns dias depois, outra partida forasteira, dessa feita em oposição à Finlândia, e o somar de uma segunda internacionalização “A”ao currículo pessoal.
Seria após representar a equipa nacional da Hungria que Pál Csernai veria o Karlsruher a interessar-se pela sua contratação. Depois de ter iniciado o percurso pelo estrangeiro já com a época de 1956/57 em andamento, o médio ainda permaneceria mais uma temporada nas provas germânicas. De seguida, numa espécie de interlúdio, transferir-se-ia para o plantel de 1958/59 do Chaux-de-Fonds. À passagem pela Suíça suceder-se-ia o regresso à Republica Federal da Alemanha, para envergar as cores do emblema mais representativo do seu trajecto competitivo. No Stuttgarter Kickers desde 1959/60, o atleta cumpriria meia dúzia de temporadas nas pelejas organizadas inicialmente para a Oberliga Süd, para, com a criação da Bundesliga, passar a disputar a Regionalliga Süd. Por fim, emergiria uma nova experiência no desporto helvético, concretamente no Blau-Weiss Zürich, e o termo da carreira no grupo de trabalho de1966/67 dos malteses do FC Valletta.
“Penduradas as chuteiras” não demoraria muito até que o antigo internacional magiar não viesse a assumir-se como treinador. Encetado um novo ciclo na Alemanha, Pál Csernai iniciaria as funções de técnico, em 1967, ao serviço do TuS Lindlar. Nos anos seguintes, preencheriam o seu percurso colectividades como o Wacker 04 Berlin, o SSV Reutligen, os belgas do Royal Antwerp, o regresso ao Chaux-de-Fonds e, novamente no cenário germânico, o Baden-Württemberg. O referido período, com capítulos mais ou menos modestos, daria azo a que o húngaro entrasse, em definitivo, na alta-roda do futebol alemão. Inicialmente como adjunto no Eintracht Frankfurt para, sempre na alçada de Gyula Lorant, ainda assumir idêntico papel no Bayern München, Pál Csernai tornar-se-ia no principal timoneiro do emblema bávaro a partir da campanha de 1978/79. Nos “Die Roten”, em grupos, ao longo dos anos, composto por Sepp Maier, Augenthaler, Hoeness, Paul Breitner, Gerd Müller ou Rummenigge, viveria os anos mais prolíferos da carreira e acabaria por vencer 2 Bundesligas e 1 DFB Pokal.
Em 1984/85, após uma curta passagem pelo PAOK, Pál Csernai seria apresentado como treinador do Benfica. Com o Presidente Fernando Martins à procura de um sucessor para Sven-Göran Eriksson, o rigor e a disciplina do treinador magiar surgiriam ao dirigente máximo das “Águias” como a solução certa para a direcção técnica da agremiação “alfacinha”. No entanto, a relação do técnico com os jogadores não seria a melhor e os constantes conflitos no balneário viriam, amiúde, à baila. Ainda assim, os “Encarnados”, depois de não vencerem o Campeonato Nacional e de perderem a Supertaça para o FC Porto, teriam no Jamor, mais uma vez frente aos “Dragões”, a oportunidade de conquistar um troféu e a vitória por 3-1 entregaria a Taça de Portugal aos escaparates da Luz.
Dando continuidade a uma fase do seu percurso caracterizada por alguma errância, Pál Csernai, após deixar Lisboa, assinaria pelo Borussia Dortmund. Seguir-se-iam, quase sempre em colectividades de grande tradição no futebol europeu, Fenerbahçe, Eintracht Frankfurt, Young Boys, Herta Berlin, a selecção da Coreia do Norte e, para finalizar uma grande caminhada no futebol, o regresso à Hungria para, em 1994/95, para orientar FC Sopron.

Já como guardião principal do Penalva do Castelo, António Lopes Vaz veria o Serviço Militar Obrigatório a levá-lo para Viseu. Já na capital do distrito de onde era natural, o guarda-redes, com a fama em alta, receberia de Vieirinha, antigo internacional português e, na temporada de 1965/66, treinador do Académico de Viseu, um convite para participar, pelos “Viriatos”, num “particular” frente ao Sporting. Segundo relatariam as crónicas da altura, o atleta acabaria o desafio como o melhor homem em campo e a grande exibição, conseguida nessa partida frente aos “Leões”, viria a catapultar a sua carreira desportiva.
Com os “Dragões” à procura de reforçar o plantel, nomeadamente a posição de guarda-redes, Vieirinha, entretanto eleito, no FC Porto, como adjunto de José Maria Pedroto, aconselharia a contratação de Vaz. Apresentado como atleta dos “Azuis e Brancos” a partir da temporada de 1967/68, o guardião passaria a enfrentar a concorrência de Américo e de Rui. Tamanha qualidade, na disputa por um lugar à baliza, faria com que o jogador poucas vezes aparecesse em campo. Tal ocaso atenuar-se-ia apenas na terceira campanha do atleta nas Antas. No entanto, o acréscimo de jornadas disputadas ficaria também ligado à tremenda balbúrdia vivida pelo emblema nortenho e o 9º lugar, com que os portistas viriam a concluir o Campeonato Nacional de 1969/70, precipitaria enormes mudanças no grupo de trabalho.
Com o José Maria Pedroto à frente do Vitória Futebol Clube, a sua mudança para a cidade de Setúbal ficaria ligada à presença do referido treinador no comando técnico dos “Sadinos”. Com a entrada no Bonfim a acontecer na campanha de 1970/71, integrado em planteis que, ao longo dos anos, apresentariam Torres como um forte candidato ao “onze”, o guarda-redes nem sempre conseguiria assegurar um lugar como titular. Ainda assim, as 8 épocas vividas na defesa da camisola verde e branca, traduzir-se-iam no melhor período da sua caminhada competitiva. A prová-lo surgiriam as suas contribuições para o 2º lugar no Campeonato Nacional de 1971/72 ou para os quartos-de-final atingidos na edição de 1972/73 da Taça UEFA. Porém, mesmo tido como um dos grandes nomes do período mais áureo da história da agremiação setubalense, o termo da ligação, entre o guardião e o emblema, aconteceria em 1977/78 e, a entrar na fase final da carreira, Vaz ainda revelaria vitalidade para continuar a exibir-se ao mais alto nível.
A época de 1978/79, depois de, em 1966/67, ter estado bem próximo de rubricar um contrato com o clube, serviria para Vaz ingressar num primodivisionário Académico de Viseu. Mesmo com o colectivo beirão a claudicar no objectivo da manutenção, o guardião, com boas exibições, asseguraria nova transferência para um dos emblemas de maior monta no cenário luso. No Sporting, integrado no plantel de 1979/80, o atleta continuaria a sublinhar-se como um elemento capaz de prestações sóbrias e de uma entrega inquestionável. Tais qualidades, logo na temporada de entrada em Alvalade, contribuiriam para a conquista do Campeonato Nacional. Mesmo ao conseguir ultrapassar Fidalgo no segundo ano com os “Verde e Brancos”, a verdade é que a sua ligação aos “Leões” terminaria e o guarda-redes, em 1981/82, num Amora conduzido por José Moniz, seu antigo treinador no Fontelo, conheceria a derradeira presença no patamar máximo português. Por fim, surgiria o regresso à cidade de Setúbal e a conclusão da senda como futebolista, associado ao Comércio e Indústria de 1982/83.

Com o percurso feito nas “escolas” do Sporting de Braga, passagens pelo “satélite” Arsenal de Braga e a época de 1989/90 cumprida ao serviço do Maximinense, José Alberto da Mota Barroso estrear-se-ia na equipa principal dos “Guerreiros” na temporada de 1990/91. Chamado por Carlos Garcia a um encontro caseiro frente ao Benfica, essa 12ª ronda do Campeonato Nacional da 1ª divisão, marcaria o arranque de uma caminhada a transformá-lo num dos nomes maiores da história da agremiação sediada na “Cidade dos Arcebispos”. No entanto, tal estatuto ainda demoraria algum tempo a fazer parte do seu trajecto e mesmo a condição de titular só ficaria bem vincada após uma nova passagem por outro emblema.
O empréstimo ao Rio Ave, com a mudança no âmbito da contratação de Toni pelo Sporting de Braga, faria com que Barroso, na campanha de 1992/93, passasse a disputar a divisão de Honra. Contudo, mesmo afastado dos principais holofotes do futebol luso, o “trinco” não deixaria de demonstrar a sua qualidade. Assegurado o regresso ao Estádio 1º de Maio, a temporada de 1993/94, numa campanha em que o clube seria orientado inicialmente por António Oliveira para terminar sob as ordens do Professor Neca, revelaria o médio-defensivo como um dos esteios do “onze”. Essa posição, sublinhada nos anos seguintes, levá-lo-ia a ser cobiçado por outras divisas, mas antes da mudança para uns dos “grandes”, o atleta veria a Federação Portuguesa de Futebol a interessar-se pelas suas habilidades.
Tendo Barroso sido chamado, durante o percurso formativo, aos trabalhos das jovens equipas de Portugal, a verdade é que essa convocatória, feita por Carlos Queiroz, não daria ao seu percurso qualquer jogo com a “camisola das quinas”. Já a tão almejada internacionalização surgiria a 26 de Janeiro, ao serviço da equipa “A”, numa partida frente ao Canadá. O desafio, orientado por António Oliveira e a contar para a participação lusa no Torneio Skydome, daria azo a outras chamadas. Todavia, o médio-defensivo não mais entraria em campo pelo seu país e o percurso na selecção terminaria, em Janeiro de 1997, após uma “amigável” frente a França e envolto em alguma polémica – “(…) era o meu regresso ao 1º de Maio. Nessa semana, na televisão, só via gente a que ia ao estádio para ver o Barroso e eu tinha a certeza que ia a entrar. Pois chega o jogo, aquilo corre muito mal, o Artur Jorge começa a receber lenços brancos e quem é que ele não põe a jogar? O Barroso, que era de Braga, e o Rui Correia, que era guarda-redes do Sp. Braga (…). Depois falei com um jornalista e contei-lhe que estava triste por não ter jogado em Braga. No dia seguinte o título era «Barroso revoltado com Artur Jorge», que não tinha nada a ver com o que tinha dito. Nunca mais fui à Seleção”*.
Por altura da partida frente à congénere gaulesa, já Barroso envergava a camisola do FC Porto. Antes da mudança, a cobiça de outros emblemas, como o Benfica treinado por um Artur Jorge adjuvado pelo Professor Neca ou o Sporting orientado por Carlos Queiroz, em nada resultaria. Seria a proposta dos “Dragões” a convencer o atleta a mudar-se. Com a entrada nas Antas a acontecer na temporada de 1996/97, o “trinco” voltaria a ser orientado por António Oliveira e, acima de tudo, participaria numa das melhores fases da história dos “Azuis e Brancos”. Com a colectividade portuense a acumular as vitórias que culminariam no inolvidável “Penta”, o jogador arrecadaria para o seu palmarés pessoal as vitórias em 2 Campeonatos Nacionais, em 1 Taça de Portugal e em 1 Supertaça. Para além dos aludidos triunfos, também a participação na “Champions” viria a tornar-se num marco importante da sua carreira. Ainda assim, a passagem do centrocampista pela “Cidade Invicta” não terminaria sem outra controvérsia e a metade final da segunda época, sem que alguma vez fosse compreendida a razão, seria cumprida com o jogador a treinar à parte do restante plantel.
Após ter representado, por empréstimo, a Académica de Coimbra de 1998/99, o regresso ao Sporting de Braga, depois de recusada a transferência para o Oviedo, concretizar-se-ia. Com Manuel Cajuda ao comando dos “Arsenalistas”, treinador que, anos antes, tinha feito do jogador o capitão de equipa, Barroso voltaria a tornar-se num dos pilares, não só táctica idealizada pelo mencionado técnico, mas igualmente num dos símbolos da mística “braguista”. A prova dessa entrega surgiria no final da temporada de 1999/00, quando, com o conjunto “B” dos “Guerreiros” aflito na luta pela manutenção, o médio-defensivo, acompanhado por José Nuno Azevedo, disputaria, no grupo às ordens de Toni Conceição, as últimas jornadas da 2ª divisão “B”.
Por fim, numa caminhada competitiva a prolongar-se por mais algumas campanhas, Barroso ainda teria a oportunidade de disputar várias rondas no Estádio da “Pedreira” e seria já na nova casa do Sporting de Braga que, com o termo da temporada de 2004/05, o médio-defensivo decidiria “pendurar as chuteiras”. Final com uma pequena mágoa a manchar-lhe o trajecto, ou seja, o facto de nunca ter representado os “Guerreiros” nas provas de índole continental.
*retirado do entrevista conduzida por Lídia Peralta Gomes, publicada a 3/12/2016, em https://tribuna.expresso.pt

Sebastião Loureiro da Silva ingressaria no Estoril Praia na temporada de 1943/44. No entanto, seria apenas na campanha de 1946/47 que o guardião, nascido em Carcavelos, conseguiria estrear-se na categoria principal dos “Canarinhos”. Essa época de arranque, orientada a equipa pelo técnico Lippo Hertzka, levaria o jogador a ultrapassar a concorrência por um lugar à baliza e a assumir-se como um dos titulares no “onze” idealizado pelo treinador magiar. Na época seguinte, facto para o qual não consegui encontrar qualquer explicação, o guarda-redes, ao ver Laranjeira a substituí-lo no posto mais recuado do campo, acabaria o ano sem qualquer partida disputada. Ainda assim, essa curiosidade não viria a afectar o futuro da sua carreira e, daí em diante, o jogador voltaria a sublinhar-se como um dos pilares do conjunto da Linha de Cascais.
A provar a sua relevância, não só nos resultados colectivos do Estoril Praia, mas também no contexto do futebol luso, surgiria a temporada de 1948/49. Recuperada a titularidade, o guarda-redes passaria também a estar na ideia dos responsáveis pelas equipas a cargo da Federação Portuguesa de Futebol. Nesse sentido, a chamada à selecção “B”, ao lado de outros elementos estorilistas, casos de Alberto de Jesus, Vieira, António Nunes, Mota e Miguel Lourenço, a levá-lo-ia estrear-se a 20 de Março de 1949. Apesar da importância da partida frente a Espanha, disputada no Estádio Riazor, aquele que viria a tornar-se no momento mais alto do atleta com a “camisola das quinas” ocorreria a 14 de Dezembro de 1952. Arrolado por Cândido de Oliveira para um “particular” frente à Argentina, Sebastião, à internacionalização obtida na aludida peleja desenrolada na Galiza, juntaria outro desafio, dessa feita agendado para o Estádio Nacional do Jamor.
Naquela que viria a ser a primeira passagem de Sebastião pelo Estoril Praia, num total de 9 anos, as temporadas de maior destaque, em termos de desempenho individual, seriam, possivelmente, as de 1949/50 e de 1952/53. Em ambas as ocasiões, o guardião conseguiria afirmar-se como um dos totalistas da prova de maior monta no calendário luso, ou seja, o Campeonato Nacional da 1ª divisão. Todavia, na última campanha mencionada, o desaire da despromoção acabaria por alterar o trajecto do jogador. Desafiado pelo Benfica, o atleta trocaria os “Canarinhos” pelas “Águias”. Apresentado como reforço dos “Encarnados” em 1953/54, o guardião, apesar da qualidade mais do que comprovada, não conseguiria sair da sombra de Bastos. Tal contratempo fá-lo-ia, passado apenas 1 ano, regressar ao Estádio António Coimbra da Mota. De volta à Amoreira, seria o escalão secundário a acolher as suas exibições e, por um par de épocas, esse seria o seu cenário competitivo.
À procura de novos desafios, Sebastião, em 1956/57, aceitaria o repto lançado pelo Atlético e, com o propósito de disputar, de novo, o escalão máximo, transferir-se-ia para a colectividade nascida no “alfacinha” bairro de Alcântara. Na Tapadinha, sob a orientação de Severiano Correia, o guardião não iria para além da condição de segunda escolha. Para contrariar tal estatuto, nova mudança sucederia na caminhada desportiva do guarda-redes. Depois de concluída a transferência para o Minho, o atleta passaria a defender as divisas do Vitória Sport Clube. Em Guimarães recuperaria a titularidade de anos anteriores. Já a trabalhar com Fernando Vaz, ajudaria os “Conquistadores”, na época a encetar as suas actividades na “Cidade Berço”, a voltar às contendas primodivisionárias e seria esse regresso ao patamar maior a confirmar, com o termo da temporada de 1958/59, a sua decisão de “pendurar as luvas”.
Atleta com a formação terminada ao serviço do Tirsense, Napoleão Manuel Ferreira Moreira Rego Goiana, popularizado no universo do futebol por Manuelzinho, progrediria para o patamar sénior com as cores dos “Jesuítas”. Essa temporada de 1979/80, com a colectividade a militar na 3ª divisão, daria azo a uma caminhada que, desde início, poria o jovem extremo em contacto com praticantes que também viriam a vingar no principal escaparate do futebol português. Ao longo dos primeiros capítulos da sua caminhada competitiva, o atacante haveria de conviver com Louro, Valério, Nini ou Jaime Graça. No entanto, apesar da companhia, o conjunto nortenho teimaria em manter-se na disputa do mencionado escalão. A mudança de paradigma emergiria na 4ª campanha do avançado como elemento da equipa principal e seria a promoção conseguida com o termo das provas agendadas para 1982/83 a despertar, por parte de outros emblemas, o interesse na sua contratação.
A mudança de Manuelzinho para o plantel de 1983/84 do Varzim promoveria um salto deveras qualitativo na carreira do extremo. Ainda assim, o acréscimo de exigência, resultado da passagem do 3º escalão para a 1ª divisão, não sacudiria as convicções competitivas do jogador. Pelo contrário, o atleta conseguiria impor-se como um dos principais elementos às ordens do “magriço” José Torres. Daí em diante, ao preservar, em grande parte das ocasiões, o estatuto de titular, o atleta começaria a reafirmar a sua presença no “onze” inicial. Porém, a época seguinte à da sua entrada nos “Lobos-do-mar”, numa campanha iniciada sob a intendência de José Alberto Torres para, a partir da 18ª ronda do Campeonato Nacional, passar para o comando de Mourinho Félix, traria o desaire da despromoção. Ainda assim, a passagem pelo degrau secundário seria curta e cumprido um ano no apontado patamar, o avançado retornaria ao convívio com os “grandes”.
De volta à 1ª divisão, a época de 1986/87 não só representaria o termo da ligação de Manuelzinho com o Varzim, mas também viria a confirmar o fim-de-linha do avançado naquela que é a prova de maior calibre no panorama luso de futebol. A verdade é que a referida campanha acabaria também por tornar-se, talvez por razão da forte concorrência por um lugar no “onze”, na temporada mais discreta do jogador a envergar o listado alvinegro. Tal conjuntura empurrá-lo-ia para novas mudanças de emblema. O Desportivo das Aves e o Sporting da Covilhã transformar-se-iam nas suas apostas para os 2 anos seguintes. Todavia, mesmo ao ter em conta a ambição de ambos os clubes, a subida de escalão não viria a concretizar-se. Seguir-se-iam, numa caminhada competitiva a aproximar-se do final, o ingresso no Cinfães e o presumível fim de carreira no Ruivanense. No entanto, após uma paragem sabática, o antigo extremo surgiria, em 1992/93, inscrito no futsal do CCDT Santo Tirso. Após essa passagem pelos pavilhões, tempo ainda para um regresso à variante de 11, ao serviço do plantel de 1993/94 da Associação Recreativa São Martinho.

Produto das “escolas” leoninas, Carlos Alberto Alves Fernandes Nicolau teria no derradeiro ano como júnior uma temporada de grande importância. Em primeiro lugar surgiriam as convocatórias para as jovens equipas no peloiro da Federação Portuguesa de Futebol. Com as cores lusas, sob as ordens de Peres Bandeira, o extremo-esquerdo estrear-se-ia frente à Inglaterra. Nessa partida disputada a 13 de Novembro de 1978, ao lado de João Pinto, Coelho, Parente ou Dito, o atleta encetaria uma marcha a habituá-lo aos contextos competitivos dos actualmente denominados como sub-18. Com uma dezena de aparições conseguidas pelo referido escalão, o atacante, anos mais tarde, ainda teria a oportunidade de representar os “esperanças” e alcançaria, ao participar na edição de 1981 do Torneio Internacional de Toulon, um total de 11 desafios jogados com a “camisola das quinas”.
Também na temporada de 1978/79, chamado por Milorad Pavic, Alberto estrear-se-ia como sénior do Sporting. Avaliado como um intérprete de enorme potencial, a época seguinte, inicialmente orientado por Rodrigues Dias e depois por Fernando Mendes, traduzir-se-ia pela sua integração, a tempo inteiro, na equipa principal dos “Leões”. Apesar de não conseguir impor-se como um dos principais nomes nas estratégias delineadas pelos aludidos treinadores, a verdade é que as poucas aparições em campo dar-lhe-iam o direito de juntar o seu nome ao rol de atletas vencedores do Campeonato Nacional de 1979/80. Ainda assim, a falta de utilização levariam os responsáveis pelos “Verde e Brancos” a idealizar um plano para o seu futuro próximo e o avançado, na campanha de 1980/81, passaria a representar o Recreio de Águeda.
Após o empréstimo a conduzi-lo até ao emblema sediado no distrito de Aveiro, Alberto regressaria a Alvalade. Tal como anteriormente, o extremo, à altura a trabalhar com o inglês Malcolm Allison, poucas vezes seria chamado às pelejas agendadas para o Sporting. Ainda assim, as suas prestações seriam suficientes para ser ovacionado como um dos autores da “dobradinha” de 1981/82. No entanto, o final da temporada ditaria uma sorte diferente para o jogador. Sem conseguir assegurar um lugar no plantel dos “Leões”, o avançado seria transferido para o Farense. No Algarve encetaria uma senda a empurrá-lo, durante 5 anos consecutivos, para a disputa do patamar secundário. Nessa caminhada, caracterizada pela errância, Ginásio de Alcobaça, Marítimo, Estrela da Amadora e o regresso ao Recreio de Águeda transformar-se-iam também nas cores do referido trecho. Como curiosidade maior vivida durante esse período, surgiriam as vezes em que ajudaria o clube por si representado à subida de escalão. Porém, em nenhuma dessas ocasiões seguiria com a equipa para a 1ª divisão e depois do desapontamento vivido com as colectividades sediadas no Sotavento e na Madeira, seria necessária a entrada n’ “O Elvas” para que regressasse ao convívio com os “grandes”.
No conjunto raiano, Alberto, na época de 1987/88, conseguiria impor-se como um dos titulares. Ainda assim, as suas prestações, a somar às exibições dos seus colegas, não seriam capazes de alimentar o sonho da permanência. Com nova despromoção, o extremo despedir-se-ia, de vez, do escalão máximo português. Daí em diante, num trajecto que terminaria em 1992/93, o avançado ainda envergaria as divisas da AD Fafe, Amora e Sacavenense.

Ao dividir o trajecto formativo entre duas agremiações com sede no extremo sul do país, Fernando Jorge Figueiredo Campos, tendo anteriormente representado o Portimonense, seria com as cores do Torralta que viria a concluir essa etapa do seu percurso. Tal transição, para o atleta que ficaria conhecido no mundo do desporto por Nando, levá-lo-ia, em 1982/83, a manter-se com as cores da colectividade associada ao mundo do imobiliário. Com o clube inicialmente a militar nos “regionais” algarvios, a verdade é que o forte investimento no futebol, por parte do referido grupo empresarial, depressa faria com que o emblema começasse a galgar alguns patamares competitivos. Individualmente, a presença no balneário de craques como Narciso, Toninho Metralha, Pacheco, Vado, Rui Manuel, Décio, Sota, Sabú, Florival, Norberto Rodrigues ou Matine contribuiria para o seu crescimento e o defesa-esquerdo rapidamente começaria a ser cobiçado por conjuntos de outra monta.
Antes ainda de dar o salto em termos clubísticos, Nando, ao revelar qualidades acima da média, começaria a ser chamado aos trabalhos das jovens equipas a cargo da Federação Portuguesa de Futebol. Integrado nos trabalhos dos sub-18, o lateral-esquerdo, que também sabia actuar no lado canhoto do meio-campo, teria a estreia com a “camisola das quinas” a 23 de Dezembro de 1980. Após essa partida frente a Espanha, orientado pelo “magriço” José Augusto, o atleta manter-se-ia nos planos das jovens selecções lusas. Nesse sentido, continuaria a ser chamado aos desafios agendados para Portugal e num rumo a encaminhá-lo igualmente às jornadas dos sub-16, o jogador conseguiria somar ao currículo um total 8 disputas efectuadas pelo seu país.
Seria já com o estatuto de internacional que Nando, na temporada de 1986/87, acabaria apresentado como reforço do Rio Ave. A transferência levá-lo-ia a estrear-se, sob a alçada de Mário Reis, no Campeonato Nacional da 1ª divisão. Em Vila do Conde, perfeitamente integrado nas metas colectivas do clube, o jogador, nessa época de arranque com o listado verde e branco, acabaria por disputar um número bastante aceitável de partidas. Aliás, essa condição sairia reforçada nas campanhas seguintes, com a titularidade, amiúde, a ser entregue ao seu cargo. Curiosamente, numa altura em que estava a cimentar-se como um praticante de categoria primodivisionária, a descida do emblema da caravela fá-lo-ia regressar ao espectro secundário das competições portuguesas e só uma nova mudança viria trazê-lo de volta ao convívio com os “grandes”.
Depois de 4 temporadas ao serviço do Rio Ave, as 2 últimas na disputa da 2ª divisão, seguir-se-ia a transferência para o Vitória Futebol Clube. No entanto, em abono da verdade, a entrada na colectividade de Setúbal, com os “Sadinos” a competir no escalão máximo, não traria ao jogador qualquer presença no Campeonato Nacional de 1990/91. Tal ocaso, já com o colectivo a sofrer os efeitos da despromoção, inverter-se-ia. Infelizmente para Nando, a campanha de 1991/92 daria início a um períplo que, durante alguns anos, conseguiria afastá-lo dos principais palcos portugueses. Nesse sentido, Penafiel e Ovarense seriam os emblemas a preencher os capítulos seguintes da sua caminhada profissional e a anteceder a chegada à agremiação a devolvê-lo ao contexto primodivisionário.
Integrado no plantel de 1994/95 do Leça, a experiência de Nando empurrá-lo-ia, de imediato, para um lugar no “onze” inicial. Como um dos pilares da equipa comandada por Joaquim Teixeira, o jogador, nesse ano de entrada no clube, seria umas das principais peças na conquista da divisão de Honra e na consequente subida de patamar. Com a agremiação do concelho de Matosinhos de regresso, mais de meio século depois, à 1ª divisão, o defesa, só por tal razão, conquistaria o direito a inscrever o seu nome nos anais da colectividade. Contudo, a ligação de 5 campanhas daria para muito mais. No período ainda agora sublinhado, destacar-se-iam as 4 épocas consecutivas no patamar maior, a partilha do relvado com Jaime Magalhães, Constantino, Vladan, Armando, Cao, Sérgio Conceição, Zé da Rocha, Serifo, Alfaia, Tozé, ou Cristóvão e as 97 partidas cumpridas na principal prova do calendário luso. Ainda assim, a separação entre o atleta e a colectividade surgiria numa altura periclitante para o emblema nortenho e a denotar algum ressentimento por parte do experiente praticante – “Por aquilo que fiz ao longo destes cinco anos, merecia mais respeito”*.
Numa altura em que já estava a aproximar-se do termo da carreira, Nando ainda revelaria disponibilidade para representar Marco, Vilanovense e Celoricense. Alguns anos depois, ao trocar as chuteiras pelas sapatilhas, o atleta voltaria à prática do desporto federado e entraria, em 2006/07, para a equipa de futsal do SS Montepio Geral.
*retirado do artigo de Renato Melo, publicado a 23/07/1999, em www.record.pt

Tendo dado os primeiros passos no futebol sénior não muito longe da sua Moita natal, Fernando José Ferreira Vicente faria na Quimigal a transição dos escalões de formação para a equipa principal. Com a referida mudança a acontecer na temporada de 1980/81, o defesa, ao serviço do emblema com casa no Lavradio, começaria por disputar a 2ª divisão. Ao posicionar-se tanto na direita, como no centro do sector mais recuado, o jogador começaria por enfrentar a concorrência de nomes como Crisanto, Manuel Quaresma ou Oliveira. Mesmo tendo em conta o contexto por onde começaria a escrever os capítulos iniciais da sua carreira, a verdade é que o atleta conseguiria o destaque suficiente para merecer a atenção de emblemas melhor posicionados no cenário competitivo luso e a transferência, ao fim de 3 campanhas cumpridas no emblema “fabril”, viria a concretizar-se.
Com a entrada no Vitória Futebol Clube a acontecer na campanha de 1983/84, Vicente passaria a ser orientado por um nome com uma forte ligação ao seu anterior clube. Porém, sob a alçada de Manuel Oliveira, o defesa, nessa época de estreia pelos “Sadinos”, não haveria de conquistar grandes oportunidades. Inicialmente tapado por Sobrinho, Artur ou Mota, tal paradigma alterar-se-ia rapidamente. Logo na 2ª temporada no Estádio do Bonfim, ainda a trabalhar na intendência do técnico mencionado no começo deste parágrafo, o jogador venceria a concorrência interna e abraçaria um lugar no “onze” inicial. Ao manter a titularidade, a descida de escalão, ocorrida no termo de 1985/86, empurrá-lo-ia, mais uma vez, para a disputa do patamar secundário. Ainda assim, numa altura em que já tinha, com a estreia a ocorrer a 24 de Setembro de 1985, alcançado 2 internacionalizações pelos “esperanças” portugueses, o ano passado longe dos principais palcos lusos não diminuiria a sua cotação e após ajudar a agremiação setubalense a regressar ao convívio com os “grandes”, a mudança para Trás-os-Montes apresentá-lo-ia àquele que viria a tornar-se no colectivo mais representativo da sua caminhada desportiva.
Com o Desportivo de Chaves a conseguir, pela primeira vez na história, a qualificação para uma prova de índole continental, Vicente faria parte do grupo de trabalho a estrear-se na Taça UEFA. Nesse contexto, o defesa, pela mão do treinador Raul Águas, marcaria presença em campo frente à Universitatea Craiova e ao Honvéd de Budapeste. Ao jogar 3 dos 4 desafios disputados pelos “Flavienses” na aludida prova, o atleta logo entraria para os anais do clube. Ainda assim, a meia dúzia de temporadas passadas em Trás-os-Montes, dar-lhe-ia outras razões para inscrever o seu nome como um dos mais notáveis da colectividade. Depois da entrada na agremiação transmontana na campanha de 1987/88, os anos seguintes, não só dariam outras 6 épocas primodivisionárias ao seu currículo, como fariam com que conseguisse somar, pelo listado azul e grená, 139 jornadas disputadas no escalão máximo. Tal facto, a arrolá-lo como um dos elementos com mais partidas efectuadas pela agremiação na prova de maior calibre no calendário português, serviria para cevar a sua importância e para frisá-lo como uma das figuras preferentemente estimadas pelos adeptos.
Já a entrar nos derradeiros capítulos da senda como praticante profissional, Vicente tomaria a decisão de regressar à Margem Sul. Acolhido, nesses últimos passos, pelo Montijo, o defesa ainda disputaria duas temporadas. Após “pendurar as chuteiras” no final de 1994/95, o antigo jogador ainda voltaria a ligar-se ao futebol e, num regresso à “casa” onde havia concluído o percurso formativo, passaria a assumir-se como “Team Manager” do Fabril.

Seria no Leixões, histórico emblema da sua cidade natal, que José António Novo Pereira da Silva completaria o percurso formativo. Na condição de praticante deveras promissor, o defesa-lateral, durante a referida etapa cumprida nas “escolas” da colectividade matosinhense, viria a ser chamado aos trabalhos das jovens equipas sob a égide da Federação Portuguesa de Futebol. Infelizmente para si, essa convocatória não terminaria com uma internacionalização. Ainda assim, os seus predicados continuariam a ser muito apreciados para os lados do Estádio do Mar e na temporada 1994/95 dar-se-ia a sua integração no plantel principal dos “Bebés”.
Com o Leixões, por altura da sua subida a sénior, a militar na 2ª divisão “b”, José António, ainda assim, não deixaria de sublinhar uma qualidade de jogo superior à média. Chamado ao conjunto principal por Álvaro Carolino, o atleta passaria a partilhar o balneário com um plantel baseado num misto de juventude e veterania, onde, por um lado, pontuavam nomes como Frederico, Tiano ou Alain Thiriart e, por outro, cresciam promessas e futuros jogadores primodivisionários como Mozer, Fangueiro ou Marco Aleixo. No entanto, apesar do contexto promissor, a verdade é que a equipa com sede em Matosinhos continuaria, ao longo dos anos, a teimar nas pelejas do 3º escalão e seria necessária uma mudança de emblema para que o defesa-lateral, que também sabia jogar mais adiantado no terreno, conseguisse mostrar-se no patamar máximo.
A transferência para o Desportivo das Aves, consumada na temporada de 1998/99, apresentaria José António a uma realidade competitiva mais exigente. Com a agremiação do concelho de Santo Tirso a lutar por objectivos cimeiros na tabela classificativa da divisão de Honra, o defesa-lateral passaria a ser tido como uma das peças fulcrais nos esquemas tácticos desenhados pelo Professor Neca. Com tamanha ambição a vincar-se, cada vez mais, de jornada a jornada, a tão almejada subida de escalão viria mesmo a concretizar-se com o termo de 1999/00. O derradeiro posicionamento no pódio corresponderia a um dos lugares da aludida promoção e a campanha de 2000/01 tornar-se-ia, para o jogador, na época de estreia entre os “grandes”.
Num grupo de trabalho onde Douala, Abílio, Quinzinho, Jorge Duarte, Camberra, Rui Lima, Nuno Afonso, José Soares ou Tó Luís eram nomes de peso no cenário futebolístico luso, José António não deixaria intimar-se por tamanha experiência e saberia, ao ombrear com os nomes mencionados no começo deste parágrafo, manter um lugar no “onze” inicial. Porém, com o Desportiva das Aves a falhar o objectivo traçado para a manutenção, o jogador veria o regresso à casa onde tinha feito grande parte da carreira, como uma boa solução para dar continuidade ao percurso profissional. Nesse sentido, o defesa-lateral voltaria ao Leixões para fazer parte de um plantel histórico na vida do clube. Com Carlos Carvalhal ao leme de um conjunto matosinhense inserido nas contendas da 2ª divisão “b”, essa campanha de 2001/02 levaria os “Bebés do Mar” até ao derradeiro encontro da Taça de Portugal. Já no Jamor, onde encontraria um poderosíssimo Sporting, o atleta, ao lado de Abílio, Ferreira, Besirovic ou Antchouet, também marcaria presença em campo. Infelizmente para o seu lado, os “Leões” levariam o troféu para Alvalade. Todavia, a aventura leixonense não terminaria no Estádio Nacional e a disputa da “Prova Rainha” ainda levaria o listado alvirrubro a comparecer em outros dois inolvidáveis capítulos.
Tendo disputado a edição 2002/03 da Supertaça, José António também faria parte do rol de atletas a ser chamado às pelejas agendadas, nesse mesmo ano, para a Taça UEFA. Na prova de índole continental, onde defrontaria o FK Belasica e o PAOK, o defesa-lateral entraria em campo em todas as 4 partidas discutidas. Não só por essa razão, mas também por tal motivo, o seu nome sublinhar-se-ia como um dos históricos do clube nortenho. Esse estatuto levá-lo-ia igualmente a merecer a braçadeira de capitão. Contudo, um enorme infortúnio haveria de encurtar a sua carreira e o diagnóstico médico a revelar esclerose lateral amiotrófica, acabaria na época de 2003/04, a ditar o termo precoce do seu trajecto competitivo.